We Love You, Olivia! escrita por Sunny Spring


Capítulo 11
ღ CAPÍTULO 10


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde! Obrigada Shalashaska por comentar ♥
Espero que gostem. Bjs *.*



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Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o que, com frequência, poderíamos ganhar, por simples medo de arriscar.”

 

— William Shakespeare

 

Sabe aquela sensação de que você vai colocar tudo para fora de tanto nervosismo? É exatamente assim que estou me sentindo agora. Não que eu já não esteja acostumada, mas é sempre ruim de qualquer forma. Mordo o lábio inferior, batendo um pé no chão de forma frenética. É o dia do meu encontro com o Noah. O meu primeiro encontro de verdade. Sem mais ninguém. Só eu e ele. Pensar nisso faz meu estômago revirar ainda mais.

Rosie termina de passar o blush em minhas bochechas e esboça um sorriso. Estamos em meu quarto, novamente, e ela está me ajudando a terminar de me arrumar para o encontro. Enquanto isso, Henry não para de cantarolar “A roda do ônibus” só para implicar com Rosie. Ela tenta o ignorar, mas Brownie sabe ser insuportavelmente infantil quando quer.

— Está linda. - Diz por fim.

Dou um sorriso fraco. Aceitável. Corrijo mentalmente. Não estou pavorosa o suficiente para quebrar um espelho ao me olhar (eu acho que não), mas não estou nenhuma Afrodite. Me olho no espelho e confiro a minha roupa. Estou usando um vestido azul clarinho de um tecido esvoaçante e bem marcado na cintura, além de sapatos de salto. Rosie deixou meus cabelos soltos e endireitou os cachos das pontas. Dou um suspiro fraco.

—Liv - Henry se aproxima de mim. - Não precisa fazer isso se não quiser. - Ele diz baixinho. - Se precisar de documentos falsos para fugir do país, eu conheço um pessoal. - Sorri. Franzo o cenho.

—Não conhece não.

— Tem razão. Não conheço não. - Sibila. - Mas não deve ser difícil de arranjar. - Sorri.

—E desde quando você é um bad boy fora da lei, Henry? - Cruzo os braços, incrédula. - Vou ter que falar com o seu pai sobre isso. - Ele faz uma careta.

— Não use esse tom responsável comigo, Liv. - Resmunga, emburrado. Solto uma risadinha.

—A Liv não vai fugir. - Rosie se aproximou de nós. - Vai dar tudo certo, Liv. - Ela me encara. Henry arqueia uma sobrancelha.

— Você quer dizer para ela ou para você?

Rosie bufa e o ignora. Lanço um olhar de repreensão a  Henry, que apenas dá de ombros, nem um pouco arrependido do que disse.

—Se o Noah te incomodar, jogue spray de pimenta nos olhos dele e depois o acerte com um chute você sabe onde. - Diz Henry para mim. - Depois sai correndo. - Arregalo os olhos, assustada. - Garotos são pervertidos.

—O Noah não é pervertido. - Rosie defende.

—Mas é retardado! - Ele me encara de novo. - Se precisar de ajuda me ligue, que eu vou te buscar.

— Henry, você está deixando ela mais nervosa ainda! - Repreende. - Liv, não há com o que se preocupar. - Seu tom de voz é suave. - O Noah é muito gentil e nunca faria nada que te deixasse desconfortável. - Apenas assinto, nervosa.

Escuto o barulho da campainha lá em baixo e quase entro em pânico. Deve ser ele. Saio do meu quarto, sendo acompanhada de Rosie e Henry. Desço a escada com cuidado e quase tropeço por causa do salto. Eu deveria ter colocado sapatilhas. Ao chegar na sala, vejo que meu pai já atendeu a porta e está conversando amigavelmente com Noah. Talvez ele esteja fazendo uma análise psicológica do garoto sem que ele perceba. Noah parece confortável com a conversa e não percebe a minha presença até que eu me aproximo um pouco mais. Percebo que ele está vestindo um terno de veludo vinho e uma camisa social branca, perfeitamente alinhado. Vou em sua direção enquanto Rosie e Henry permanecem afastados.

—Oi. - Digo envergonhada. Noah esboça um sorriso sincero e meu pai me encara, surpreso.

— Ah, Liv. Estava conversando com o Noah. Fiquei sabendo que ele joga hóquei, meu esporte favorito. - Ele dá dois tapinhas no ombro de Noah. Dou um sorriso sem graça, diante da situação desconfortável.

— Bom, pai. Acho que está na hora de irmos. - Digo apressada. Meu pai franze o cenho.

— Tudo bem. Mas não chegue tarde.

— Pode deixar, sr. Carter. - Responde Noah calmamente. - Estaremos aqui na hora certa. - Ele me encara. - Vamos? - Me despeço de meu pai e acompanho Noah até seu carro, que está estacionado na porta da minha casa. Respiro fundo e ele dá partida.

Nosso caminho é completamente silencioso. Tão silencioso ao ponto de ser constrangedor. Nem Noah, nem eu sabemos o que falar. Nós praticamente não sabemos nada um do outro. Chegamos no clube onde o baile está acontecendo às oito. Paramos na porta do local e ele oferece um braço para mim. Eu hesito por um instante. Vamos, Liv. Precisa fazer a roda do amor girar. Finalmente, eu aceito seu braço e nós dois seguimos para o interior do salão.

O salão é enorme e luxuoso. O piso lustroso tem um tom pastel e o teto é tão alto que mal posso enxergá-lo. Há belos lustres de cristal presos no alto e mesas longas cheias de aperitivos. Algumas pessoas dançam uma música animada no centro do salão, enquanto outras estão no canto conversando entre si. Ainda não vi nenhum rosto familiar por aqui. Paramos em um dos cantos, observando os outros dançando. Novamente, um silêncio constrangedor pesa entre nós dois.

— Quer dançar? - Sugere.

— Ah, eu não sei dançar. - Respondo sem graça.

— Ah! - Sorri. Um sorriso que faz meu coração acelerar um pouco. Mais silêncio. - Gosta de esportes? - Ele tenta puxar assunto.

— Não muito. E você? - Droga, Liv. Você é tão burra! Eu me espraguejo mentalmente no mesmo instante. Noah é capitão do time de hóquei da escola. É óbvio que ele gosta de esportes. Como eu não pensei nisso? O problema é que quando fico nervosa eu sempre digo o que não devo. Sinto minhas bochechas esquentarem de nervosismo.

— Er… Eu acho que eu gosto um bocado de esportes. - Ele esboça um sorriso. Um minuto de silêncio.

— Astronomia?

— Hm?

— Gosta de astronomia? - Desta vez eu tento puxar assunto.

— Ah! - Ele coça a cabeça. - Não acredito muito nessas coisas de signo. - Franzo o cenho.

— Eu disse astronomia, não astrologia. — Sorrio. Ele dá um sorriso sem graça.

— Não é a mesma coisa? - O meu tapadinho preferido ataca novamente.

— Não. - Respondo baixo. - Astronomia é a ciência que estuda o universo sideral e os corpos celestes. E astrologia estuda os astros e como eles influenciam na vida das pessoas. - Explico. Ele franze a testa, compreendendo.

Ah. - Suspira. - Você é muito inteligente, Liv. - Elogia.

— Er… Obrigada. - Respondo sem graça. Mais silêncio. - Então?

— Então o que? - Pergunta confuso.

— Gosta ou não?

— Eu sou péssimo em todas as matérias desse tipo. Então, não. - Responde bem-humorado. Dou um sorriso fraco. Eu conto mentalmente quarenta segundos de mais silêncio até Noah falar novamente. - Vou pegar uma coisa para nós bebermos. - Avisa e some da minha vista logo que eu assinto.

Olho para os lados sem saber o que fazer enquanto espero. Encolho os ombros diante da demora de Noah. Onde será que ele se meteu? O DJ da festa aumenta o volume da música e eu quase coloco as mãos nos ouvidos por causa do barulho estrondante. Mais pessoas vão para o centro do salão para dançar e eu já não consigo ver mais ninguém com clareza.

—Liv! - Me viro e dou de cara com Noah, segurando dois copos. Ele entrega um para mim.

—Obrigada.

—O que foi que disse? - Pergunta no meio da música alta. É impossível conversar com tanto barulho assim. - Que tal irmos lá fora? - Ele grita para que eu possa ouvi-lo. Apenas concordo e o sigo para o lado de fora do salão.

Seguimos até um labirinto de flores diversas, no jardim do clube. O perfume é suave e relaxante, e as rosas brancas refletem sob a luz da lua. Acompanho Noah pelo labirinto e paramos em seu centro, redondo e espaçoso. Está bem mais silencioso e tranquilo aqui. Nós dois nos sentamos na beirada de um chafariz, observando as flores e o céu estrelado.

—Está bem melhor aqui. - Comenta, sem tirar os olhos do céu. Tomo um gole do meu ponche e deixo o copo do meu lado. - Gosto de um pouco de paz assim. Longe de tanta gente. - Suspira.

—Achei que gostasse de festas.

— Eu gosto. - Ele me encara. - Mas não o tempo inteiro. Sabe, as pessoas costumam pensar coisas sobre mim que nem sempre é verdade. - Sorri.

—O que quer dizer?

—Na maioria das vezes, as pessoas acham que, por ser capitão do time de hóquei, eu estou sempre em festas, bebendo e saindo com várias garotas diferentes. - Explica calmamente. - Mas, eu não sou assim. - Suspira. - Sou só um garoto normal tentando se formar na escola e ir pra faculdade sem nenhum problema. - Sorri. Dou um sorriso de volta.

Noah me encara tempo demais. Como um feitiço, eu não consigo desviar de seu olhar hipnotizante. Ele tem o rosto tão perfeito que parece ter sido desenhado à mão. Não estamos muito distantes um do outro, e nossas mãos quase se tocam na beirada do chafariz. Seu sorriso se fecha e ele inclina seu corpo na minha direção. Eu travo como uma estátua de pedra e meu coração martela forte demais contra o meu peito. Noah está se inclinando para me beijar. Eu nunca beijei em toda a minha vida e por muito tempo sonhei com esse momento. Noah, o garoto que eu sempre fui “apaixonada”, está prestes a me beijar, mas eu não sei se quero isso. Não sei se estou pronta. Ele só está apaixonado por mim por causa do colar. Ele ama a Rosie e ela é minha melhor amiga.  Não posso fazer isso. Não posso. Eu seria uma traidora e não conseguiria viver com a consciência pesada. Seu rosto está tão próximo do meu que sinto sua respiração quente. Seus lábios entreabertos estão quase encostando nos meus quando eu finalmente consigo ter o reflexo de me esquivar para trás. O meu movimento é bruto e inesperado, fazendo Noah se desequilibrar e cair com tudo dentro da água gelada do chafariz.

Me levanto rapidamente, colocando uma mão na boca.

—Noah, eu sinto muito. - Digo envergonhada. Ofereço uma mão para que ele saia de dentro do chafariz. Ele dá de ombros, completamente encharcado.

—Está tudo bem. - Ele dá um sorriso fraco. - Eu acho que desequilibrei. - Diz enquanto tenta tirar a água do paletó. Ou ele está sendo muito gentil e discreto, ou é tão lerdo que não percebeu eu me esquivar do beijo.

—Desculpa. Eu sinto muito. - Peço novamente. - Eu acho melhor eu ir embora. - Digo por fim.

—Mas já? Nós mal chegamos.

—É que… - Eu quase gaguejo. - Eu tenho que ajudar minha mãe a fazer uma coisa eu prometi. - Minto.

—Ah! - Ele franze a testa, desanimado. - Tudo bem. Eu te levo então.  

—Não precisa. - Respondo rápido, dando um passo para trás. - Fique e aproveite o baile.

—Bem, acho que não vou poder ficar por muito mais tempo. Estou encharcado. - Ele dá um meio sorriso.

—Obrigada, Noah. - Respondo baixo. - Vejo você na escola.

—Tem certeza que não quer que eu te leve?

—Tenho. Você está todo molhado, de qualquer forma. Não pode ficar com essa roupa por muito mais tempo ou pode pegar um resfriado.

—Se você prefere assim. - Dá de ombros.

—Sim! - Forço um sorriso. - Vejo você na escola. - Eu me despeço rapidamente e saio em passos apressados pelo labirinto.

Eu estou fugindo de Noah. Mais uma vez. É o que eu sempre faço. Porque tenho medo. E, porque sou uma covarde. Começo a pensar que eu nunca vou conseguir me livrar desse medo irracional. Diminuo os passos pelo labirinto, já estou longe o bastante de Noah e não preciso correr mais. Tropeço algumas vezes por causa do salto e tento não andar arrastando os pés. Tudo que eu menos preciso agora é um pé torcido. Eu poderia ter aproveitado a oportunidade. Talvez eu devesse ter feito isso. Não era isso que eu sempre quis? No entanto, eu sou boba e covarde demais para fazer qualquer coisa deste tipo. Tão boba, que se minha vida fosse um livro e eu fosse a protagonista, as pessoas desistiriam de ler nas primeiras cinco páginas. Seria frustrante. Continuo andando em passos lentos, no escuro da noite. Um vento gelado faz com que eu sinta um arrepio de frio. Esfrego meus braços na tentativa de esquentá-los, em vão, e sinto meu pé afundar em uma irregularidade do chão. Viro meu pé e sinto meu corpo batendo em algo na minha frente.


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