Return to Paradise escrita por Lily


Capítulo 7
07. You Gotta Love Someone




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"You Gotta Love Someone"

I

Brooke não poderia negar que estava curiosa para saber quem era Margot e porque a simples menção dela havia mexido tanto com Hyde. Ela não poderia ser uma simples conhecida, era ela algo mais. Talvez algo tão inesquecível quanto Jackie. Algo que mexia com as emoções de Hyde em questão de segundos.

Brooke apenas desejava saber quem era Margot para perguntar que tipo de feitiço ela havia usado em Steven Hyde.

—Eu tenho uma coisa que vocês não tem. - Fez se gabou sorrindo. Brooke deitou a cabeça contra o ombro de Michael ignorando o amigo. Eles estavam na sala de estar dos Forman já que as crianças haviam tomado o porão para si quando Luke trouxe o maldito vídeo-game. O sr. e a sra. Forman haviam saído para acertar os últimos detalhes da festa que aconteceria no hotel no centro da cidade, Jackie e Hyde haviam ido com eles por insistência de Kitty. Mas Brooke sabia muito que aquilo era apenas uma cena para aproximar os dois. Ela tinha que se lembrar de contar a Kitty sobre as descobertas que haviam feito sobre o pseudo-casal em questão.

Os dedos de Michael acariciaram a pele do braço dela, relaxando-a instantaneamente. Era ótimo que algumas vezes Michael soubesse o que fazer e em que momento fazer.

—Fezzie, se for alguma coisa nojenta, eu te bato. - Donna ameaçou sem dar muita atenção ao amigo. Ela estava sentada no colo de Eric que por sua vez estava sentado na poltrona de Red.

—Como ousa? Eu sou um homem casado e sério agora. - Fez protestou. Brooke deu um meio sorriso e se aconchegou ainda mais contra Michael.

—Fez, semana passada você para minha casa tentando passar um trote. - Eric disse. - Você não é um homem sério.

—Ok. Então eu não vou falar sobre a foto que tenho da esposa de Hyde. Agora tenham um bom dia.

Brooke abriu os olhos e encarou Fez, assim como todos na sala.

—O que como assim? - Donna indagou confusa.

—Eu disse, bom dia. - ele repetiu cruzando os braços.

Brooke olhou para Donna com as sobrancelhas arqueadas. Era difícil saber se Fez estava falando a verdade ou não.

—Eu deixo você ver os peitos da Brooke se você me der.

—Michael! - ela gritou batendo no marido.

—Eu já tenho uma foto de recordação. - Fez afirmou e Brooke se sentiu invadida. Maldita amizade que não tinha limites.

—Fez mostra logo. - Donna insistiu.

—Da última vez que uma garota disse isso, eu fiz amor gostoso a noite toda.

Brooke fechou os olhos contando mentalmente até dez. Ela não iria bater nele. Ela não iria bater nele. Ela tinha filhos para cuidar e não podia ir para a cadeia.

—Fez. Agora. - Donna ordenou já sem paciência para as piadas do estrangeiro.

Fez se levantou do banco do piano e se sentou no sofá ao lado de Michael, ele então puxou uma foto do bolso e estendeu para eles. Brooke observou a mulher na foto, ela era linda e o bebê em seus braços era muito fofo.

—Ela me lembra a Jackie. - Michael disse depois de alguns segundos encarando a foto, então a passou para Donna.

—Onde você arranjou a foto, Fez? - Brooke indagou.

—Bem. Digamos que ela caiu em minhas mãos. - ele disse dando aquele sorriso de sugestivo.

—Oh Deus, você roubou de Hyde. - Eric murmurou. - Ele vai te matar se souber.

—Não se preocupe. Ele nem dará falta desta. - Fez disse dando de ombros. - Ele estará ocupado demais sugando a cara de Jackie.

—Isso é ridículo! Jackie e Hyde estão brincando com os sentimentos de outras pessoas. - Donna brandou se levantando e colocando uma das mãos na cintura enquanto com a outra movia a foto com indignação. - Não é apenas eles dois. Tem crianças envolvidas nisso. Eu não imaginava que eles fossem tão egoístas a este ponto.

—Donna, deve haver uma explicação lógica para isso tudo. - Brooke argumentou. Não queria acusar os padrinhos de sua filha sem ter provas, mas as coisas não pareciam realmente estar a favor deles.

—Não Brooke, isso não tem explicação. - Donna insistiu. Brooke suspirou passando a mão sobre o rosto. Ela sabia que Donna não deixaria isso para lá, como uma boa jornalista, ela apuraria os fatos e acharia a história que ambos escondiam. - Eu vou descobrir o que está acontecendo, nem que seja a  última coisa que eu faça.

Brooke abriu a boca para tentar acalmar a amiga, porém parou assim que a campainha da porta tocou. Donna, a única de pé na sala, caminhou até a porta e abriu. Brooke observou o rosto de sua amiga se contorcer no momento que notou a mulher loira parada na porta.

—Eu estou de volta! - a mulher gritou e seu grito foi entrelaçado com o gemido de Eric.

—Não!

 

II

Jackie gostava de rosas, tulipas e amor-perfeito. Sendo esta última sua favorita, porém ela não gostava muito quando todas se misturavam em arranjos ridiculamente desnecessários. Ela balançou a cabeça em desaprovação enquanto a florista demonstrava os arranjos que usaria para decorar a festa de aniversário de casamento dos Forman.

—Sra. Forman, eu convivi por anos com você e sei que o seu gosto é tolerável, por isso acho que entende quando digo que isso vai chamar uma atenção indesejável para sua festa. - Jackie disse  sentindo Steven a beliscar sua cintura em repreensão. Kitty a encarou um tanto perplexa. - Você me trouxe aqui porque sabe que tenho bom gosto, então deixe-me te ajudar.

—Você vai calar a boca se dissermos sim? - Red indagou já emburrado. Jackie assentiu alegremente.

—Eu até acho, sr. Forman. Que talvez seja melhor você e Steven saírem para saem um volta. - ela sugeriu. O olhar de Red de repente mudou de chateado para animado.  

—Gostei de ter trazido ela. - ele disse a Kitty.

—Você ama me ter ao se lado, sr. Forman.

—Não exagera, garota.

Jackie sorriu minimamente, mas ficou calada.

—Acho que Jackie está certa. Vocês realmente deveriam ir dar uma volta. - Kitty disse sorrindo para o marido e ombro filho adotivo. - Deixe que eu e Jackie cuidamos de tudo por aqui.

—Não precisa de dizer novamente. Vamos Steven, te pago um refrigerante no bar. - Red disse empurrando Steven para longe das mulheres.

Jackie mordeu o lábio observando-os se afastarem com preocupação no olhar.

—Você não precisa se preocupar, se Steven tentar beber algo, Red lhe chutará o traseiro e desta vez eu lhe darei razão por isso. - Kitty disse colocando a mão sobre o ombro dela. - Agora venha. Ainda temos o que fazer e está festa tem que ser linda. Poderá ser a última vez que eu tenha todos os meus bebês sob a minhas asas.

—Sra. Forman, não diga isso.  Olhe, Steven está voltando e Eric mora a apenas 10 minutos de sua casa. - Jackie falou tentando acalmar a senhora.

—Oh Jackie, você não sabe? -  Kitty olhou para ela com os olhos arregalados de surpresa, Jackie balançou a cabeça em negação sem saber do que a mulher mais velha estava falando. - Eric vai se mudar para Boston, aquela prostituta ruiva vai levar meu bebê para longe de mim.

A mulher mais nova não podia deixar de arregalar os olhos. Donna não havia mencionando uma mudança, mas também elas não tiveram tempo para se sentar e conversar sobre suas vidas. Jackie sentia falta de sua amiga, principalmente naquele momento em que vivia tão longe de todas as pessoas que ela amava.

—Donna conseguiu uma promoção e daqui a duas semanas eles já estarão lá. - Kitty explicou com aquele tom melancólico. Jackie colocou o braço ao redor da mulher.

—Mas pelo menos Steven está aqui. - ela disse. - E eu também. A gente nunca abandonaria a senhora, porque você e Red são os únicos pais que ficaram perto da gente por tempo o suficiente para saber um pouco mais sobre nós.

Kitty riu baixinho limpando as lágrimas que caiam.

—Isso é gentil de sua parte Jackie. Mas você também logo estará voltando para Califórnia e me deixando aqui sozinha.

—Sra. Forman, você pode guardar um segredo? - Jackie indagou. Kitty assentiu. Ela não sabia muito bem o que contar ou como contar. A notícia era recente demais e Jackie tinha medo das coisas não darem certo. Porém aquela era Kitty Forman, ela ficaria feliz com qualquer coisa que Jackie dissesse. - Eu não voltou voltar a morar em São Francisco, eu me candidatei a um emprego na emissora daqui e se tudo der certo, segunda eu terei uma resposta e mesmo se for negativa, pretendo ficar em Point Place.

Os olhos de Kitty se arregalaram enquanto sua boca era tomada por um sorriso. Jackie observou a mulher conter seu grito deixando seu pequeno corpo quase vibrando. Ela se segurou para não rir.

—Aí meus Deus! Meus bebês estão realmente voltando para casa. - ela disse colocando a mão sobre o coração. - Mal posso esperar para contar a Red.

—Sra. Forman, isso é segredo. Eu mesma quero falar isso pessoalmente ao sr. Forman.

Jackie na verdade queria apenas ver a cara cara de desespero de Red ao perceber que todos os anos que ele passou tentando expulsar a gangue do porão havia sido em vão.

—Steven sabe que você vai voltar? - Kitty indagou com aquele olhar cheio de pretensão.

—Não, sra. Forman. Ele não sabe.

—Bem, talvez seja o destino dizendo que vocês devem se resolver.

Jackie riu balançando a cabeça. Ela e Steven não iriam conseguir se resolver até que os fantasmas do passado desaparecerem. Principalmente o mais recente.

—Margot. - Jackie ouviu Kitty sussurrar, ela sorriu com a menção da mulher.

—Você não vai se conter até descobrir quem é ela, não é?

—Não mesmo. - Kitty disse séria. Jackie riu então puxou a mulher para uma das mesas que estavam sendo montadas no grande salão para a festa que aconteceria no dia seguinte. Ela respirou fundo enquanto tentava achar as melhores palavras para continuar aquela conversa.

—Steven a conheceu em New York há uns sete anos, ela o ajudou com alguns problemas e o aconselhou a entrar na AA. Foi ela quem o salvou. - Jackie disse sem conseguir evitar de apertar a aliança em seu dedo. - Ela dizia que eles estavam destinados a se encontrarem, Steven sempre ria disso. Mas no fundo acho que ele sabia ela estava certa.

—Então ele a ama. - Kitty comentou, a outra mulher apenas mordeu o lábio.

—Digamos que Margot é tão inesquecível quanto eu. E embora seja óbvio que eu tenha causado maior impacto na vida de Steven, Margot fez bem para ele. Ela sempre foi esse tipo de pessoa que se preocupa com os outros. Por Cristo, ela fazia trabalho voluntário! Quem faz isso sem estar pagando por algum crime? - Jackie piscou rapidamente sentindo as lágrimas começarem a se acumularem em seus olhos. Mas ela parou quando sua vista se tornou um pouco turva.

—Por que você fala sobre ela no passado? - a pergunta de Kitty soou como se ela estivesse debaixo da água. Jackie respirou fundo sentindo seu corpo adormecer.

—Sra. Forman, não estou me sentindo bem. - ela disse sentindo a cabeça pesar para frente, Kitty a segurou pelo ombros impedido-a de cair.

—Aí meu Deus, Jackie!

 

III

Red havia pagado uma soda para ele.

Hyde sabia que ousasse sugerir uma cerveja, Red o chutaria no traseiro. Hyde observou os vidros de bebidas na parede, onde tons escuros e claros misturados em uma arte abstrata alcoólica. Hyde não podia negar que sentia falta do gosto da cerveja ou do whisky, por um tempo ele se chamou de louco por não beber. Ele dizia a si mesmo que tinha autocontrole, que poderia parar quando quisesse. Mas isso não pareceu verdade quando acabou em uma ambulância em New York.

—Isso ainda te tenta? - Red indagou sem olhar para ele.

—Não muito. Não lembro do gosto, assim fica mais fácil. E também, minha cabeça está cheia de outras coisas para poder focar nisso. - ele disse levando a lata de refrigerante até a boca.

—Steven, você sabe que eu não sou de me meter em sua vida ou na vida de qualquer um daqueles idiotas que ainda insistem em viver na minha casa. Porém, Kitty não me deixará em paz até que você me diga algo sobre Margot. - Hyde olhou para Red pelo canto do olho, seus óculos escuros impediam que o homem mais velho visse aquela bagunça que estava a mente dele desde que Betsy mencionou Margot. Aquele assunto ainda era delicado demais para ele. - Você não precisa fazer isso. Posso mentir para Kitty.

—Não, Red. Sei que a sra. Forman apenas está preocupada comigo, é da natureza dela. - ele deu de ombros voltando seu olhar para sua bebida. - Margot era meu anjo da guarda. Ela salvou minha vida diversas vezes, mas a única vez que ela precisou de mim, eu não estava lá por ela.

Red não falou nada, mas Hyde sabia que ele havia entendido suas palavras. Era estranho como em menos de um ano, tudo em sua vida havia se modificado. Perdas e ganhos.

—Ela realmente parecia ser importante para você. - Red disse deixando o copo de cerveja de lado.

—Jackie diz que ela é inesquecível. - ele revela. E de repente olha para trás pensando onde ela poderia estar.

—E pelo visto a barulhenta também é inesquecível. - Red fala, em seus lábios tem um pequeno sorriso sugestivo.

—Sim. Totalmente. - Hyde deixa a soda de lado e se levanta da cadeira. - Acho que deveríamos voltar. Talvez consiga convencer a sra. Forman a sair daqui.

—Sim. Sim. Isso é bom. Deixei idiotas sozinhos na minha casa. - Red disse empurrando algumas notas de dinheiro no balcão. - Depois de hoje, Kitty ficará me devendo pelo resto da vida.

—Tenho certeza que sim, Red.

Hyde seguiu de volta para o salão onde eles haviam deixado Jackie e Kitty. Hyde colocou as mãos no bolso sentindo o toque gelado do pequeno círculo que ele carregava consigo.

Ela havia sido a única pessoa que tinha convencido-o a usar aquela maldita aliança, suas convicções que incluíam argumentos como “isso é apenas uma forma das indústrias lucrarem com a romanização do casamento, pois na antiguidade casamentos eram apenas uma forma de negociação entre famílias ricas”, foram completamente ignoradas por ela. Ele até que a agradecia por isso. Hyde gostava de como os caras se comportavam quando viam a aliança no dedo dela, era ótimo não ter que gritar para saírem de perto dela.

Hyde quase rir consigo mesmo quando as memórias divertidas dos olhares de alguns homens voltam a sua mente, ele quase faz isso, apenas não faz porque logo à sua frente, sra. Forman agita um dos braços enquanto o outro segura uma Jackie inconsciente com o outro. Hyde não hesitou e correu até elas tomando Jackie em seus braços.

—Jackie. - ele sussurrou baixinho olhando para a pequena mulher. Seus lábios antes vermelhos agora estavam pálidos assim como seu rosto. - O que aconteceu?

—Ela simplesmente desmaiou. - Kitty disse nervosa com a situação. - Temos que levá-la ao hospital.

—Steven, peguei ela. Vamos logo. - Red disse já puxando as chaves do carro. Hyde ajeitou Jackie em seus braços e erguendo da cadeira e a acomodou contra seu peitoral. Jackie tão pequena pareceu se encaixar perfeitamente contra ele.

Hyde não prestou atenção na lamúrias de Kitty ou nos resmungos de Red enquanto os quatro seguiam para o hospital. Seu coração batia acelerado enquanto observava Jackie ainda inconsciente. Ele segurou a mão gélida dela entrelaçando seus dedos, as memórias voltavam instantaneamente a sua mente.

“-Acho ridículo que não tenha uma estação feita especialmente para quem dirige. - Hyde desviou o olhar da estrada à sua frente para encarar a mulher ao seu lado. Seu cabelo escuro estava preso no topo de sua cabeça e ela segurava o copo de café com uma das mãos enquanto a outra mão estava esticada para o botão do rádio que ela girava incansavelmente. Ele riu baixinho sem dar muita atenção a ela. - Ainda temos alguns minutos antes de você me deixar, que tal me pagar um pedaço daquela torta que eu tanto gosto?

O semáforo abriu e ele acelerou o carro, mal podia esperar para deixá-la em seu trabalho para voltar para casa e dormir um pouco mais. Hyde estava um pouco distraído com seus pensamentos e com a mulher ao seu lado que não notou quando o carro, um Toyota cinza ultrapassou o sinal vermelho e acertou a lateral do passageiro com força. Ele apenas sentiu o impacto de sua cabeça contra a janela de vidro e o grito desesperado dela.”

—Minha filha está desmaiada e eu preciso de ajuda! - Hyde ouviu Kitty gritar assim que eles entraram no hospital, a comoção foi generalizada e irritante. Mas assim que trouxeram a maca e a tomaram de seus braços, para Hyde, tudo se silenciou. Ele não passaria por aquilo novamente. Ele não perderia mais ninguém que ele amava.

—Steven. - Red colocou a mão sobre o ombro do homem. - Ela vai ficar bem.

—Eu sei. - ele afirmou e então se afastou. Hyde entrou no banheiro e abriu a primeira cabine. Ele respirou fundo e retirou os óculos do rosto, colocou a mão no bolso e pegou a aliança. Ele observou o pequeno pedaço de metal prateado, então o deitou e leu a gravação feita três anos antes.

Sua para sempre.


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