- Meg? Você ta bem?- uma batida na porta.

 - Sim, não se preocupe.- Digo antes de vomitar mais, quando vejo que não tem mais nada pra sair dou descarga no vaso e lavo minhas mãos e rosto. William está do lado de fora com os braços cruzados e me ollhando preocupado.

 - Você precisa ir ao médico, pare de ser tão teimosa.- Ele me abraça e afaga meu cabelo.

 - Estamos num avião e quando chegarmos em Londres eu tenho uma reunião...- retruco enquanto ele me puxa de volta para os assentos.

 - Uma reunião que você vai adiar.- Diz autoritário.

 - Nem pensar, é muito importante, não posso simplesmente adiar.

 - Você é a porra da CEO daquela empresa, pode adiar todas as reuniões que quiser que a lista de procura não vai diminuir um porcento.- Ele bufa irritado.- Anjo, por favor.

 - Deve ser só uma virose.

 - Se o médico me disser que é só uma virose, vou ficar satisfeito.- Diz tão teimoso quanto eu.- De qualquer forma você vai ao médico.

 - Você não manda em mim, amor.- Ergo uma sobrancelha em desafio.

 - Mas mando na empresa e assim que eu ligar pra Senhorita Rosa, tenha certeza que todas as suas reuniões vão ser canceladas pelo próximo mês.- Ele me olha da mesma forma de desafio. 

 - Você não faria isso.

 - Quer apostar?- Suspiro, ele tem a mesma autoridade na empresa que eu e isso é um saco.

 - Tá, eu vou à essa reunião e depois você pode me levar em quantos médicos quiser.

 - Ótimo.- ele concorda e quando eu reviro os olhos ele ri.

 - Te odeio.

 - É, eu também.- diz e me puxa para o seu colo, me beijando. Ficamos ali até a aeromoça nos avisar que vamos pousar e que precisamos por o cinto. Mesmo eu indo para outra poltrona, Will não me solta, fica acariciando minha mão e eu sorrio com isso. Apesar dele ser um mandão protetor eu amava ele mais que tudo nesse mundo e não me lembrava mais de como era a vida sem ele. 

 Estávamos casados há quatro anos e a J&J era finalmente nossa, meu irmão vendeu toda a parte dele pra mim, disse que definitivamente não queria esse problema pra vida dele e continuou a atuar, seu verdadeiro dom. Meu pai e  ti Tony compraram uma grande mansão, onde vivem com as eposas, curtindo o resto da vida que ainda têm. Eu e William compramos um apertamento de luxo em um dos prédios de Londres com uma cobertura gigante e fantástica, não queríamos uma casa grande, viajávamos o tempo todo, compensamos comprando apartamentos em alguns outros países. Fiz questão de comprar um nos EUA, para mostrar ao babaca que me machucou que ninguém pode pisar em Margo Megan Jane, ou melhor... Margo Megan Jane Jeksforld. 

 Depois do voo ainda tivemos que pegar um helicóptero, o que admito que não me agradou muito, pois novamente senti como se fosse por tudo pra fora, mas me segurei, não queria deixar William mais preocupado ainda. Na empresa nos diretamente para a sala de reuniões, um grupo de importantes empresários já nos esperava lá.

 - Bom dia senhores.- Cumprimento eles, todos se levantam para apertar a minha mão e a do meu marido. Sentamos um em cada ponta da mesa e damos início a reunião. 

 Dados e mais dados nos são apresentados, mas logo minha cabeça perde o foco totalmente e não consigo entender duas palavras. Não aquentando mais me levanto derrubando a cadeira, as pessoas me olham sem entender, mas eu só sigo para a porta meio zonza. Ouço Will lhes dizer alguma coisa e vir atrás de mim, que já estou dentro do elevador, indo em direção a minha sala. Meu escritório não é mais o mesmo, divido o último andar inteiro com o Jeksforld, entro no local e me deito no sofá que há ali, tentando recuperar o equilíbrio.

 - Eu sabia que devia ter te levado direto ao médico.- Meu marido entra em seguida resmungando.

 - Foi só uma tonteira, pode continuar a reunião.- insisto.

 - Não vou a lugar nenhum Margo.- diz e se senta no chão à minha frente, passa de leve a mão pelo meu rosto.- Vou pegar as chaves...- Mas uma batida na porta o interrompe.- Quem é?- pergunta irritado ainda no chão.

 - Sou eu, Lou.- Ele suaviza e a manda entrar. Minha amiga aparece sorridente na porta com um pedaço de torta de chocolate em mãos e meu irmão atrás. Outra coisa maravilhosa que acontecera é que Louise estava terminando a faculdade de moda e era noiva do meu irmão, que finalmente havia aberto os olhos. Quando sito o cheiro do chocolate meu estômago se revira e eu sou obrigada a correr para o banheiro.

 - Mas é o seu preferido.- Meu irmão diz sem entender. 

 - Ela acordou assim, talvez seja algo que comemos ontem na França. 

 Louise aparece na porta do banheiro com um sorriso ainda maior, enquanto eu estou no chão, descabelada e ainda mais branca do que já sou de tanto vomitar.

—Tudo em dia?- Ela pergunta.

 - É, o trabalho ta meio corrido mas ta tudo na mais perfeita ordem...- De repente lembro de algo.- Minha menstruação...- Não consigo concluir, mas minha amiga não parece precisar que eu conclua. Ela tira da bolsa uma caixinha e taca pra mim.

 - É sempre bom andar previnida.- Encaro a caixinha em minhas mãos, desacreditada com as possibilidades. - Ligue primeiro pra mim.- Diz e sai do banheiro, fechando a porta atrás de si. Ouço ela arrastar meu irmão pra fora com a desculpa de uma emergência. 

 Faço tudo como manda a caixinha, leio pelo umas 4 vezes para ter certeza do que fazer e fico encarando o objeto fazer seu trabalho, com medo da resposta que eu receberia. E então ela aparece, me deixando totalmente boquiaberta, sem reação nenhuma. Mas aí a ficha cai e não aquento segurar as lágrimas, largo tudo no chão mesmo e arreganho a porta. William esta sentado na mesa do escritório, segurando minha bolsa e as chaves do carro. Quando me vê chorando seu rosto se contorce em desespero, ele larga tudo e vem até mim.

 - O que ouve anjo?- Pergunta, mas só continuo a chorar.- Você está me deixando preocupado Margo! O que aconteceu?

 - Você...você...vo- soluço.

 - O que eu fiz? Eu te machuquei? Ai meu Deus, anjo, não está chorando porque eu briguei com você, né? Porque eu estava só tentando te ajudar...

 - Eu estou grávida William!- Despejo de uma vez. Ainda soluçando o encaro, mas ele não diz nada, não parece feliz, ou bravo, ou triste e isso me deixa agoniada, esperando uma reação. Lembro-me da reação de Carl, que perdeu a cabeça e acabou me fazendo perder o bebê. Mas dessa vez o pai não era Carl e sim William, e Will não merece estar nem na mesma frase que aquele monstro. Eu não tinha com que me preocupar.

 - Você vai ter um bebê?- Ele pergunta ainda sem acreditar.

 - Nós vamos ter um bebê. Você vai ser pai, Will!- Um sorriso começa a surgir nos lábios dele. 

 - Isso é incrível.- Ele me pega no colo e me coloca na mesa, me beijando.- Eu sou o homem mais sortudo desse mundo. E você também, bebê.- ele beija minha barriga.- Vai ter a mãe mais linda e maravilhosa do mundo.