Denúncia Anônima escrita por Amandinha


Capítulo 1
Capítulo 1 - Hades


Notas iniciais do capítulo

BEM VINDOS!!!!!
Oi gente, tudo bem??? Faz algum tempo que eu quero postar essa história mas eu ainda estava receosa; agora finalmente tive coragem suficiente para fazer isso. Espero, do fundo do meu coração, que vocês gostem! Boa leitura!!!



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15 de agosto, quarta-feira  

07:50 

 

Xinguei meus olhos mentalmente pois já não conseguiam mais focar no papel que estava estendido em minha escrivaninha. Minhas mãos massageavam minhas têmporas tentando, inutilmente, sumir com a enxaqueca que ali estava impregnada. Odiava ter que admitir, mas talvez eu realmente tivesse alguns sintomas relacionados ao vício em trabalhar, como Juvia dissera em nossa discussão do dia anterior. Não gosto de brigar com minha amiga, e a dor de cabeça que eu sentia era, em grande parte, por essa causa.  

Olhei para o relógio ao meu lado e não me surpreendi com o horário. Estava sem dormir por mais de 24 horas, apenas à base de café e barras de proteína. A pouca energia que eu sentia era resultado das jarras de energéticos que eu havia tomado no decorrer das horas, para tentar me manter acordada. Sem sucesso quando me faltava foco. Se Jellal ficasse sabendo disso me daria mais um de seus milhares sermões sobre boa alimentação e quão importante é o nosso descanso de cada dia.

Quando fui começar a ler o texto novamente, meu celular, que estava no bolso da minha jaqueta, vibrou. Peguei o smartphone e vi que era meu irmão me ligando; não estava com a mínima vontade de atender, mas eu sabia que se não o fizesse ele não desistiria até que eu desse sinal de vida. 

"Alô." - falei. 

"Quanta animação Lucy. Dia difícil?"  

"Sting, aproveita que eu ainda não estou de mau humor e fala logo o que você quer." - A pouca paciência que me restava ia embora de acordo com o contínuo e intenso latejar da minha dor de cabeça.

"Ok, ok. Seguinte, houve outro assassinato. Atrás da Catedral de Kardia. Makarov pediu pra te avisar e mandar você vir pra cá o mais rápido possível. A Crime Socière já está aqui e Levy também, só falta você." - disse Sting de maneira muito séria. Não combinava com ele.

"E por que você está me dizendo isso só agora!?” - Me levantei, peguei minhas coisas e saí em direção do estacionamento, dando, antes, uma espiada no relógio que marcava 8 horas da manhã.

"Mana, você não olha seu celular faz quanto tempo? Eu te mandei quinhentas mensagens! Não é minha culpa se você deixa ele no silencioso. Só vem logo, já estou com seu café." - disse Sting, desligando a ligação.

Ótimo, mais um copo de café para estragar meus órgãos.

Assim que sentei no assento do motorista, a exaustão se fez presente em meus ossos. Não tinha notado como eu estava tão acabada. Coloquei minha bolsa no banco do carona e fechei a porta. Olhei para frente sem saber qual seria o próximo passo. Então, me encostei no banco e olhei para o teto. Minha cabeça doía como sempre e eu suava. Fechei os olhos e respirei fundo, muito, muito devagar e me perguntei qual fora a última vez que tinha dormido bem. Eu estava enlouquecendo. Abri minha bolsa e comecei a procurar pelo analgésico que havia comprado na semana passada.

Quando encontrei a cartela do medicamento, meus ombros caíram. Sobravam apenas dois comprimidos e a desgraça da situação me deixou envergonhada. Alcancei uma garrafa de água que já fazia parte da decoração do interior do meu carro e tomei um comprimido de uma só vez. O gosto ardia na língua e causava enjoo ao passar pela garganta. A água estava quente e era velha, ela tinha um gosto adstringente.

Coloquei as coisas nos seus devidos lugares e posicionei minhas mãos sobre o volante abaixando a minha cabeça. Precisava muito falar com Juvia, e precisava de minha casa. Precisava dar um tempo. Eu não estava conseguindo raciocinar direito por causa do cansaço e por isso não avançava no caso. Três meses era muito tempo de procura sobre uma pista para não ter resultado algum e isso estava me deixando muito estressada.

Assim, decidi que logo que acabasse meu expediente, eu iria para casa, para o meu quarto, para a minha cama, e não para o sofá do meu escritório. Se eu quisesse resolver esse caso eu teria que poder me manter em pé, e eu queria muito resolvê-lo.

Levantei a cabeça e endireitei minha postura. Eu não tinha o direito de deixar de me cuidar quando meu estado físico e mental afetavam o progresso do meu trabalho. Eu precisava solucionar aquele mistério e iria prender aquele psicopata nem que fosse meu último feito. Faria isso por Leo.

Senti meu celular vibrar ao meu lado e tive que voltar para a realidade. Vi os montes de mensagens que meu irmão havia me mandado. "Merda!", pensei. Notei que haviam mais notificações de mensagens, mas já tinha perdido muito tempo ali. Olhei para frente e liguei o carro.

 Ao chegar no local descrito por Sting, avistei alguns curiosos que tentavam descobrir o que havia ocorrido. O local estava isolado por uma faixa amarela pela qual só pessoas autorizadas podiam passar. Reconheci Levy que estudava o corpo da vítima com ajuda de Erik. Mais ao fundo estavam meu irmão e Jellal debatendo com uma ruiva. 

"Aí está a moça!" - alertou meu irmão, fazendo os outros olharem em minha direção. 

"Obrigada pelo café." - agradeci assim que peguei o copo. 

"Já faz um tempo que eu te vejo fora daquela sala Lucy." - disse Erza me dando um abraço. 

"É verdade. O que tanto faz no seu escritório?" - perguntou Jellal, com malícia.  

"Trabalho, e é por isso que estou aqui. O que temos para hoje?" - falei ignorando sua intenção de me irritar, estava muito cansada para aquilo e a dor de cabeça ainda incomodava.  

"Direta e objetiva; minha irmã, senhoras e senhores." - disse Sting.  

“As boas notícias são que ela não foi desfigurada e que estava com o seu documento de identificação. Adoro quando facilitam nosso trabalho. Ela se chamava Tami Hellscott, 37 anos. Está morta há mais ou menos 4 horas. Era uma das empresárias ligadas ao encobrimento do tráfico de drogas da Grimoire Heart, assim como as vítimas anteriores. Com isso, podemos reforçar a conexão entre os mortos. Vocês terão que falar com Hades novamente." - disse Erza indiferente. Quando se trabalha em um meio onde existe muita violência por um longo período de tempo, coisa nenhuma te surpreende mais. 

"Nada muito diferente do que fizemos semana passada. Estou começando a me acostumar com a cara de besta dele, toda vez que vamos vê-lo." - disse Sting no momento em que seu celular tocou. Pediu licença e se distanciou quando Levy e Erick apareceram no nosso lado. 

"Bom dia, Lucy, como vai?" - perguntou Erick que recebeu um aceno de cabeça como resposta.  

“Lucy! Que saudade de você!” - disse Levy me dando um forte abraço. 

“Mas nos vimos ontem, Levy.” - respondi. O latejar em minha cabeça começou a diminuir e eu pude me sentir um pouquinho mais à vontade.

“Por um milésimo de segundo!” - ela replicou cruzando os braços.  

Levy me conhecia muito bem. Ela sempre sabia quando havia algo de errado só de olhar para mim, e foi isso que aconteceu naquela hora. Ela me analisou por apenas alguns segundos e levantou a sobrancelha esquerda. Já sabia que eu não tinha escolha. 

“Lucy, vamos almoçar juntas hoje! Eu, você e Erza. Topam? - Eu sabia que isso não era bem uma pergunta, mas uma ordem. Não tinha como escapar dela. 

“Só se formos no Lamia Scale! Eu amo a torta de morango que eles servem de sobremesa!” - falou Erza. - “E se um certo alguém colaborasse, essa torta poderia ser servida no meu casamento!” - acrescentou ela olhando para Jellal.  

“Erza, nós já conversamos sobre isso, a torta vai ser do meu gosto e todo o resto dos detalhes do casamento do seu.” - respondeu Jellal. 

Faz dois anos e meio que conheci Erza. Ela havia sido transferida para o nosso distrito para substituir o antigo sargento. Não foi fácil me aproximar dela. Erza é extremamente intimidadora, e tem um temperamento complicado de lidar, mas, com o tempo, comecei a entendê-la. Percebi o quão difícil foi para ela chegar naquele cargo e a sua vontade de se manter ali, ela faria qualquer coisa para ser sargento. 

A confiança era transparente para todos, era o que ela queria passar para as pessoas, mas no fundo, só os bem próximos sabiam que a insegurança a dominava e a corroía em momentos de estresse. Então, ela tentava realizar suas tarefas com muita precisão e comprometimento, tornando-a uma das melhores sargentos que já trabalhei junto. Jellal teve o mesmo trabalho para conhecê-la e sempre recorria a minha pessoa para pedir ajuda. Nos conhecemos quando crianças. Jellal era nosso vizinho da frente e éramos inseparáveis. Eu, Sting e Jellal vivíamos grudados, minha mãe nos chamava de “O trio da bagunça”, porque estávamos sempre nos aventurando por aí.

Hoje, Jellal trabalha na delegacia como escrivão e no final conseguiu conquistar Erza com seu charme irresistível, de acordo com ele. Alguns meses atrás, eu me perguntava se o casamento não havia sido uma decisão muito repentina. Mas o amor dos dois é tão puro, tão certo. Tenho muito orgulho de dizer que sou madrinha dessa união. Amor é uma coisa realmente muito linda, e quanto mais longe de mim, melhor.

A Levy eu conheci no colégio e, com o tempo, a amizade cresceu; devemos isso ao nosso amor por livros. Ficávamos horas discutindo sobre determinado autor ou personagem. Ela é uma pessoa incrível, tem o maior coração que já vi. Parece ingênua, mas não é, muitas pessoas acabam cometendo o erro de subestimá-la. Já faziam sete meses que se casara e estava sempre radiante. Acho que a vida de casada estava dando muito certo. Ela me olhou com aqueles olhos esperançosos e eu coloquei minha mão livre na testa fazendo uma cara de derrotada. Ela pulou de alegria e começou a discar um número no seu celular.

“Alô? Gajeel?” - Ela não parava de sorrir. - “Amor, vou almoçar com a Lucy. Não esquece que o Pantherlily tem consulta marcada!” - Tinha me esquecido que o gatinho deles havia se machucado. Levy havia comentado alguma coisa sobre uma briga entre gatos. Tinha que lembrar de checar com ela como estavam as coisas. - “Está bem, para você também. Te amo.” - Ela olhou para mim assim que desligou a ligação. - “Gajeel mandou abraços.”

*

Sting e eu tínhamos que fazer uma visita à Hades, então combinei com mas meninas que nos encontraríamos ao meio dia no LS para almoçarmos e colocarmos o papo em dia. Sting dirigia e tagarelava sobre Yukino, sua namorada. Enquanto isso, eu olhava minhas mensagens. Apareceram diversas notificações de minha conversa com Sting. “Ele disse que havia me mandado mensagens. Preciso dar mais atenção para meu celular.”, pensei. Haviam algumas mensagens de Levy e de Erza, querendo combinar de sairmos para dançar. Faziam meses que eu não saía para me divertir.

Entrei na conversa com Juvia e não tinha nada de novo. Meu coração pesou, estava com saudades dela. Resolvi falar que precisávamos conversar e que assim que possível eu entraria em contato novamente.

Antes que eu bloqueasse meu smartphone, uma mensagem me chamou atenção. Era Makarov, o capitão. Ele dizia que estava ausente devido a viagem que havia feito para Crocus e que voltaria no final de semana. Ele queria marcar uma reunião comigo e com outros para discutir o novo plano de ação do caso Avatar (esse que tanto assombrava meus pensamentos). Respondi que segunda-feira poderíamos realizar nosso encontro e perguntei se ele já havia entrado em contato com o resto da equipe.

Eu estava intrigada e curiosa para saber o que ele queria dividir conosco. Deve ser algo relacionado a sua viagem para a capital. Deve ter entrado em contato com os agentes federais. Se isso fosse verdade meu orgulho estaria seriamente ferido. Bloqueei a tela de meu celular quando Sting estacionou o carro.

“…e ela disse que iria parar de comer carne e que eu não era obrigado a fazer igual. Eu não sei se isso realmente é o que ela pensa ou se ela está esperando qual vai ser minha atitude. Mana, o que eu estou pedindo é: socorro!” – Sting parou de falar e eu abri a porta do carro.

“Homens.” - rolei meus olhos ao entender do que aquilo se tratava. Sting saiu do carro, trancou-o e guardou as chaves. Ele estava realmente preocupado; tadinho. “Sting, eu admiro muito a Yukino, essa atitude é muito nobre e vai fazer muito bem para a saúde dela e para a sua também. A sua alimentação é horrível! Sugiro que faça que nem ela.” - disse enfiando as mãos no bolso e começando a caminhar em direção ao casarão da Grimoire Heart.

Parei na frente da calçada e encarei o grande estabelecimento que se encontrava ali. Era uma residência comum, que antigamente poderia ter sido considerada muito bonita. Mas hoje, com a falta de interesse na preservação do espaço, ela parecia uma casa de filme de terror. Sua pintura estava descascando e muitas partes já mostravam tijolos. Pichações dominavam todos os espaços criando uma poluição visual extremamente enjoativa. O cheiro também não era muito agradável, eu tinha certeza que os cantos serviam de banheiro para muitas pessoas que passavam por local. O que era para ser o jardim estava revirado em lixo e as telhas estavam em um estado deplorável. Era apenas questão de tempo até que aquela casa caísse.

Antes, aquele lugar me dava medo. Agora, eu o ignoro. Já estivera ali tantas vezes que a indiferença era o sentimento presente. Sting estava com uma cara de nojo e fez algum comentário infeliz que eu não prestei atenção. Entramos.

A porta do bar da Grimoire Heart fez um barulho alto e todos os olhos viraram para nós. A guarda estava altíssima e parecia que a qualquer momento alguém pularia para nos atacar, fato que sempre ocorria assim que invadíamos o território deles. Enquanto eu encarava de volta os que ali se encontravam, Sting falava com o garçom. Disse que precisávamos falar com Hades e o empregado nos mostrou o caminho.  

Hades fora policial quando ainda não tinha cabelos grisalhos. Foi com a morte de sua esposa que desencantou-se pela carreira e seguiu os passos de seu pai no crime. Seria uma perda de tempo prendê-lo, até porque isso já foi feito muitas vezes antes e não valeu a pena. Ele sempre consegue sair de nossa supervisão.  

“Precht Gaebolg, como é uma bosta vê-lo novamente.” - Disse meu irmão com o sarcasmo na ponta da língua.

“Se não fossem vocês, eu acharia estranho.” - Respondeu Hades rindo. - “Tente me chamar pelo meu nome verdadeiro de novo para ver o que lhe acontece.” - Sua risada era rouca, e estranhamente confiante.

“Ameaças não vão diminuir sua ficha criminal.” - Respondi com os braços cruzados e com o rosto sério. Não estava lá para fazer joguinhos. Eu precisava, desesperadamente, de uma nova pista, principalmente quando suspeitava que os federais já haviam sido acionados.

“Sempre muito simpática, Lucy Heartfilia.”


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? É o começo de algo interessante ou não? Quais são os pensamentos de vocês sobre o primeiro capítulo de Denúncia Anônima (*falando com voz misteriosa e 'jazz hands' para dar um efeito visual)? Me contem tudo o que veio na cabeça de vocês nos comentários! Ainda tem muita história pela frente, e muitos personagens também!!! Fiz várias correções mas, como ninguém é perfeito, me perdoem se tiver algum erro de português e me avisem nos comentários se for possível por favor, muito obrigada! Mil beijos da Amandinha e um ótimo final de semana pra vocês!



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