Com Amor, Samantha Puckett escrita por JJAlbuquerque


Capítulo 2
Um - A Garota de Sorte




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― Eu não quero.

Fora a resposta final do rapaz antes dele seguir em direção e adentrar os grandes portões da St. Joseph. Sam ali ficou, parada na mesma posição, com os braços estendidos e a carta rejeitada em suas mãos acabar voando e ameaçando parar longe dali. Sam estava estática e quase não percebeu, mas logo o desespero se instalou e ela correu atrás do papel rosado contento todo o seu inocente amor pelo gênio mais cobiçado da escola. Da escola? Não, de Seattle, talvez do país inteiro.

Sam conseguiu pegar a carta enquanto os outros estudantes estavam rindo da sua tentativa estupidamente falha de se confessar ao gênio Freddie Benson. Os alunos se aproximavam e começavam a indagar sobre a tal carta, riam enquanto Sam tentava se desvencilhar.

― Me deixem em paz!

Sam adentrou os enormes portões de St. Joseph e correu por entre os alunos dos corredores. A noticia logo se espalharia e todos passariam a perturbá-la e uma notícia como aquela correria mais rápido que um vírus de internet. A sala F do terceiro ano ficava do outro lado do prédio e Sam logo correu para lá, a aula começaria em alguns minutos e logo todos estariam ocupados demais pensando em qualquer outra coisa.

― Samantha! Como assim você se declarou pro gênio de Seattle Freddie Benson?

Jade surgiu como um ninja de alguma parte da sala voando em cima da melhor amiga ao lado de Tori, exagerando em todas as suas ações e gritando para que toda a sala escutasse sua euforia.

― Você ficou louca? Por que fez isso?

Tori andava atrás de Sam e a mesma tentava se esconder atrás da própria bolsa. Sentou no seu usual lugar, revirando os olhos e tentando desviar das investidas das suas amigas, mas era impossível, a notícia da sua confissão rejeitada já deveria ter ultrapassado os portões da escola e estar nos ouvidos do presidente dos Estados Unidos da América.

― Eu pensei que era uma boa ideia! As aulas começaram na semana passada e já estamos no terceiro ano, eu poderia nunca mais reunir toda a coragem que eu tinha! E se ele também gostasse de mim? ― Samantha falava, olhando pensativa para o horizonte através da janela, imaginando um Freddie Benson apaixonado e aceitando sua confissão.

― Sammy, acorda! É o Freddie Benson, melhor aluno da escola, senão o melhor aluno do país! E você é só mais uma fanática da turma F. Sem chance ele gostar de você ― disse Jade, tentando fazer sua amiga a voltar para o mundo real.

― Você deveria pensar mais baixo e considerar alguém a sua altura...

― SAMANTHA!

Todos se viraram para olhar. A pessoa a altura de Sam estava com uma feição de decepção, encostado na entrada da sala. Robbie Shappiro estava quase que eufórico, caminhando de forma exageradamente triste em direção a sua amada, que já havia até mesmo virado o rosto novamente para o horizonte.

― Sam, ele rejeitou você? Como ele teve coragem de rejeitar a minha linda Sam? Aquele Freddie vai pagar por ter feito você chorar! Ele não merece você!

― Robbie, já chega. Está tudo bem ― todos logo silenciaram para que pudessem ouvi-la. ― Ele nem mesmo quis ler a minha carta, que fiz com muito cuidado. Eu até mesmo verifiquei no dicionário as palavras que eu estava em dúvida, só pra que tudo saísse perfeito. Ele é cruel e sem coração. Não vou ficar sofrendo por causa dele!

Com convicção, Sam lançou um sorriso ­– um tanto forçado – para que seus amigos pudessem relaxar um pouco. Desistir de Freddie Benson seria fácil, bastava se lembrar a todo momento da sua enorme grosseria e frieza... E beleza, inteligência.... Samantha seria mesmo capaz de esquecer Freddie?

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― Cuidado com a cabeça!

Sam bateu com muita força na mesa, quando levantou após deixar cair uma caixa cheia de livros velhos. Estava completamente distraída e era obvio que seu pai não deixaria de perceber. O senhor Puckett era um homem baixinho, usava um bigode e era um excepcional chef. Dono de um restaurante, cuidava da filha sozinho desde a morte da esposa, quando Sam tinha apenas quatro anos.

― Sente-se aqui. Você está bem? Está completamente distraída, descanse um pouco.

― Papai, foi só um descuido, eu estou bem.

― Sabe, querida ― ele sorriu enquanto acariciava os cabelos dela ― eu e sua mãe prometemos um ao outro que um dia teríamos a nossa própria casa... Ela não está aqui, mas eu estou feliz de poder realizarmos nosso sonho, com você aqui.

Por um momento, Sam pode esquecer a humilhação da manhã e ficou feliz pelo pai, desejando fortemente que sua mãe pudesse ver sua alegria, de onde que que ela estivesse. Estavam finalmente fazendo aquela mudança tão esperada por anos, para aquela casa construída com todo o esforço e amor do sr. Puckett. A campainha tocou por um momento, tirando Sam de seu transe, quem poderia ser naquela hora?

― Surpresa!

Jade, Robbie e Tori apareceram na porta, cada um com um presente em mãos. Logo eles adentraram a casa e se depararam com uma incrível arquitetura.

― Wow! Eu também quero uma casa dessa! Eu posso me mudar pra cá? ― Brincou Jade, entrando na casa sem qualquer cerimônia.

O sr. Puckett os recebeu com alegria e Robbie parecia ser o mais invasivo de todos.

― Jade, Tori! Que bom ver vocês! E você, quem é?

― Senhor Puckett ― Robbie quase gritou, segurando em sua mão e balançando com força. ― Eu sou Robbie Shappiro, eu e a Sam somos um incrível casal e todos nos invejam!

― Do que você está falando? Pare de contar mentiras ao meu pai!

O sr. Puckett sentiu-se um tanto perdido, mas logo sorriu e convidou todos para um rápido jantar que ele havia preparado. Robbie insistiu em ajudar o homem a organizar a mesa enquanto Sam levava suas amigas até o segundo andar.

― Meu Deus, Sam! Seu quarto enorme e olha essa vista!

Juntas, Tori e Jade, que nada eram sensatas, gritaram da janela para que toda a vizinhança pudesse ouvir; puxar uma risada demorada de Sam fora fácil, logo ela já havia esquecido sobre Freddie Benson e estava se divertindo.

Sr. Puckett havia preparado um jantar singelo, havia pouca comida e de rápido preparo, como ovos e um bife temperado. Eles reuniram na cozinha, que ainda não estava toda equipada, afinal, se mudaram há apenas um dia.

Robbie, ainda completamente eufórico, como sempre, não parava de elogiar o pai de Sam sempre que podia, ajudou a servir Sam e logo se pôs a falar da incrível comida preparada pelo chef Puckett. A excitação era grande, até Sam sentir um estranho tremor

― Eu senti uma coisa.

Seria coisa da sua cabeça?

― O que você sentiu, Sam? ― Perguntou Robbie.

― Foi um tremor?

― Não deve ter sido nada, querida. Vamos comer antes que esfrie ― disse o sr. Puckett.

Sam não se deu por convencida, mas escutou os pais. Eles logo voltaram a atenção para a deliciosa refeição, mas o que poderia ter sido apenas a imaginação de Sam, se tornou em um tremor muito mais forte ao ponto de começar a derrubar todas as coisas já postas pelo sr. Puckett, como o retrato do dia do seu casamento pendurado na parede.

― Te... Terremoto! Papai, temos que sair!

― Essa casa é muito segura, não tem com o que...

Mas o tremor parecia se tornar cada vez mais forte, a mesa já havia derrubado parte dos pratos e as garotas estavam em pânico; Robbie fora o primeiro a segurar Sam pelo braço e leva-la para fora da casa, seguido de Jade, Tori e do sr. Puckett. Fora questão de apenas segundos até chegarem do lado de fora da casa e a mesma vir a desabar completamente.

Segundos depois, o terremoto cessou.

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― Então, em qual hotel vocês ficaram hoje?

― Não ficaremos em um hotel. Um amigo antigo do meu pai ligou pra ele hoje de manhã e ficaremos lá um tempo ― respondeu Sammy.

― Então vocês vão hoje pra lá?

― Sim, papai fechará o restaurante mais cedo. Mas Tori... Você realmente acha que não vão nos reconhecer?

― Pode confiar em mim.

Tori, Sam e Jade andavam lado a lado, com mascaras e chapéus cobrindo os rostos, para que ninguém na escola pudesse reconhece-las, mas todos que passavam por elas, soltavam risadas e apontavam sem qualquer vergonha.

― Eu não tenho tanta certeza disso... ― Jade falou, sentindo-se completamente envergonhada.

Uma garota que parecia do primeiro ano se aproximou das três e logo soltou uma incrível perola:

― Sam Puckett, você é realmente alguma coisa! Você foi rejeitada e sua casa caiu no mesmo dia e ainda sim você consegue vir a escola! Eu já entreguei minha contribuição para o Robbie, boa sorte!

― Espere, o que disse? Contribuição ao Robbie?

― Sim, ele está no pátio do terceiro ano arrecadando dinheiro para sua casa nova!

― Eu vou matar ele!

Sam não se demorou a correr até o pátio do terceiro ano, onde uma multidão se reunia em volta de um Robbie Shappiro portando um enorme megafone enquanto Sinjin e Gibby andavam com enormes caixas penduradas no pescoço reunido de todos que passavam alguma quantia em dinheiro.

Sam estava tão envergonhada que não pode sequer impedir Robbie de fazer aquilo.

― Pessoal, nossa querida Samantha Puckett está passando por uma situação muito difícil! Sua casa foi derrubada pelo terremoto assustador de ontem a noite! Qualquer doação é bem-vinda, queridos colegas. Até mesmo um mísero dólar ajudara nossa colega Samantha Puckett... E olhem só! Nossa vítima está logo ali!

Sam tentou correr assim que todos que estavam ali se vivaram para ela, mas Sinjin foi mais rápido e a puxou para aquela multidão, retirando todo o seu “disfarce”. Jade e Tori a seguiram, tentando tira-la de lá, mas nada faria qualquer diferença naquele momento. Sua humilhação total era certa.

― Robbie, já chega! Você só está piorando a situação, eu já fui humilhada o suficiente!

― Mas Sam, estou tentando ajudar...

Sam logo se irritou e tomou o megafone de sua mão, o descontentamento e sua feição e tom de voz não pareciam suficientes para Robbie, que insistia que sua ação era uma ajuda para Sam.

― Podem sair da frente? Então atrapalhando.

― Freddie!

Sam queria imediatamente cavar em um buraco e se esconder dentro... Mas como ele era lindo! E convencido! Estava estático, sequer olhava para Sam ou para Robbie, apenas para frente. De onde ele tirava tanta arrogância?

― Sua mãe não te ensinou a se educado, Benson? De quem você acha que é a culpa pelo sofrimento da Sam?

Freddie piscou debochadamente e olhou para Robbie.

― Do terremoto.

― Como você é convencido! ― Robbie estava completamente alterado, enquanto Freddie exalava calma completa. ― É tudo culpa sua, você a rejeitou e a humilhou completamente. O que aconteceu depois foi tudo vindo daí!

Freddie respirou fundo e colocou as mãos no bolso da calça.

― Está me culpando por um fenômeno natural?

― Robbie, também não é assim... ― Sam tentou fazê-lo se acalmar, mas logo Freddie voltou a falar, ignorando completamente Sam.

― Nossa ― seu rosto completamente sem emoção dera vida a um sorriso completamente zombeteiro. ― Não sabia que eu tinha tanta força assim.

E finalmente ele tirou as mãos de dentro dos bolsos e procurou algo dentro da carteira. Puxou uma nota de 50 dólares e finalmente dirigiu seu olhar frio a Samantha, estendendo a mão.

― Está feliz agora?

Aquilo fora suficiente.

― Não zombe de mim! ― Sam bateu no braço de Freddie, que o fez derrubar o dinheiro oferecido de forma tão depravada. ― Eu passei dois anos gostando de um idiota como você, foi um completo desperdício. Eu nunca aceitarei sua ajuda ou sua perna.

― Você tem certeza disso? ― Indagou Freddie, pegando seu dinheiro e guardando novamente na carteira.

― É claro que sim! Eu tenho grandes amigos que me ajudam a todo momento. O que você tem? Eu tenho a Jade, Tori, o Robbie e até mesmo o Gibby e Sinjin. Nunca precisarei da sua ajuda, entendeu?

― Sammy, assim você me faz chorar... ― disse Robbie.

― Não se esqueça das suas palavras, Samantha Puckett.

Seu nome fora dito de forma debochada e ele saiu, dando completamente as costas para eles. Sam sentia-se muito mais humilhada, entretanto não pode deixar de ligar o megafone e disparar mais uma:

― Não se ache melhor do que nós só porque somos da turma F!

― Nossa Sam, ― começou Jade ― eu achava que você queria parar de chamar atenção, mas agora você foi a única na escola a enfrentar o Freddie...

― O que foi que eu fiz?

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Não havia praticamente nada na parte de trás do carro do sr. Puckett. Tudo estava soterrado, e o mais incrível de tudo aquilo era que a casa dos Puckett havia sido a única que havia caído, em toda a parte afetada pelo terremoto. Quase não deu pra acreditar em tudo o que havia acontecido.

Haviam perdido a casa que haviam acabado de construir, tudo estava perdido embaixo dos escombros, tudo o que tinham era um ventilador comprado no dia anterior e algumas roupas doadas por estranhos tocados pelo desastre dos Puckett.

Sam aparentemente estava sem sorte. Alguma coisa mudaria em sua vida?

― Sabe, esse me amigo estudou comigo no ensino médio, éramos muito próximos. Ele entrou em uma faculdade distante e nunca mais nos falamos, mas ele nos viu na TV, não é incrível?

― Sim, papai.

― Eu estou muito feliz por revê-lo! Depois de tudo o que aconteceu, eu realmente fiquei aliviado quando ele ligou. Eles moram em uma grande casa em Capitol Hill.

― Wow, sério? Devem ser muito ricos!

― Sim, meu amigo fez muito dinheiro abrindo uma empresa de jogos depois que ele saiu da faculdade. Ele é muito inteligente, você deve ser respeitosa com eles. E com a sra. Benson, ela é muito gentil.

― Benson? ― Um arrepio subiu sua espinha,

― Sim. Somos muito sortudos por eles tem nos encontrado.

Uma música começou a tocar no rádio e o sr. Puckett logo se distraiu e começou a cantarolar. Benson? Quais são as chances?

As luzes de Capitol Hill logo se tornaram um grande atrativo, a noite anunciava sua chegada e o coração de Sam ficava cada vez mais inquieto. Logo eles chegaram a região da 15h Avenida, onde ficavam as enormes residências familiares. Cada casa de uma beleza imensurável, uma região muito mais arborizada do que o seu bairro antigo, onde ficava sua casa derrubada. Quanto tempo será que eles ficariam ali?

Logo eles estacionaram em frente a uma casa de dois andares em azul-petróleo. Sam quase deixou seu queixo cair ao ver a caixa de correios com o nome Benson.

Assim que desceram do carro, um homem baixinho, careca e gordo apareceu na porta.

― Lucca! ― o velho na porta gritou, enquanto o pai de Sam apenas gritou e foi em direção ao velho amigo, onde eles não se desgrudaram por algum tempo. ― E você deve ser a Sam!

― Sim, sr. Benson!

Sam relaxou completamente ao ver o velhinho. Era completamente diferente de um Benson aleatório e esnobe que vivia por aí.

― Eu lembro de você, tão pequenina!

― Sammy, me ajude a tirar as coisas do carro ― pediu o sr. Puckett.

― Não, deixe que meu filho ajude você! Ele... Ah, ele está aqui

Sam estava ocupada demais virada para o carro, mas aquela voz era completamente inconfundível.

― Olá sr. Puckett. Meu nome é Freddie, eu sou o filho mais velho. É um prazer conhecê-lo.


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