Protegendo-me, não me entrego tão fácil à seus caprichos, tudo parece uma grande mentira: o jeito como sorri apaixonado olhando em meus olhos, a mão ensaiada depois de tantas vezes, depois de tantas mulheres, indo lentamente em meu quadril, fazendo a trilha com o destino perfeito: um arrepio que nem a maior queda de montanha russa poderia trazer-me, o beijo que prende o ar dentro de meus pulmões de modo que me sufoco só de pensar sobre, o carinho, terno e até um pouco calmo demais para a situação, você ali, sendo só meu. E mesmo sabendo que meu único caminho é a desilusão -uma de muitas que já tive, ainda que penso às vezes causar as mesmas só por pensar demais em coisas tão decepcionantes – eu continuo, até minha mente recuperar o juízo.

Tiro sua mão que está quase para abrir os botões da minha calça enquanto nego silenciosamente, para mim, mais para o meu desejo do que para você. Fujo. Do meu desejo, da minha coragem, em caminho à covardia, em caminho à noites mal dormidas, onde lembro de cada momento que já tivemos, mesmo não sendo só nossos.

E é isso, assim vem mais uma desilusão, mais uma noite pensando no que poderia acontecer, em como seria minha primeira vez, em como poderia ser com você, ali, em um refúgio que mesmo sabendo ser o seu e o de mais milhares de mulheres, seria o que lembraria quando todos perguntassem como foi minha primeira vez, no entanto, eu não estava pronta pra isso.

Mas estava pronta pra você, de um jeito que você nunca estaria para mim.