Encontro pré-arquitetado escrita por hawktears


Capítulo 1
Capítulo Único




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Mista se olha no espelho, e ele está tão nervoso. Tinha finalmente decidido - por livre e espontânea pressão, que estava mais que na hora de tomar uma atitude. Confessaria seus sentimentos para Giorno naquela noite. Giorno, seu melhor amigo, e se fosse dar voz ao seu lado poético, o vento dourado que tinha lhe levantado e o guiado, mesmo que inconscientemente, de volta para os trilhos. Não que Mista estivesse contando com a certeza de que o companheiro de equipe iria retribuir seus sentimentos. Mista sempre foi ótimo em pensar de forma positiva, mas ainda sim, era um cara pé no chão. A ideia de que poderia ser rejeitado tinha, mais de uma vez, passado por sua cabeça. E sendo sincero? Não se importava tanto quando achou que iria, desde que tivesse a oportunidade de desfrutar da companhia de Giorno, não era realmente importante que estivessem se amando de maneiras diferentes, afinal, o amor ainda estaria ali. Sendo ele romântico ou não. Poderia superar isso, amava-o demais para deixar algo assim abalar o que tinham. Em um geral, Mista se sentia muito abençoado por ter alguém como Giorno exercendo um papel tão importante e sendo tão presente em sua vida. Poderia amá-lo mesmo que isso significasse não tê-lo para si, se a situação pedisse.

Ele encara o cabelo desarrumado e se pergunta se enfiar uma touca ali não seria uma opção mais viável, no entanto, uma de suas sex pistols chuta a sua cabeça. É número 6, e Mista não disfarça a carranca que se forma em seu rosto com a ação inesperada do stand.

“Será que eu posso pelo menos me arrumar pra ver ele!?”. Mista grunhiu, enquanto apoiava a mão na cintura. Se fosse fazer uma autocrítica sobre a sua aparência, Mista diria que era uma pessoa completamente normal. E esse era o provável motivo de ter adiado tanto aquela ocasião. Ser tão normal enquanto Giorno chamava a atenção de todos por si só. Giorno se destacava em tudo que fazia e isso o encantava, Mista se orgulhava do homem que Giorno era. Mas esse era o maior empecilho para Mista; Giorno sempre parecia estar inalcançável, superando a si mesmo mais e mais a cada dia, e apesar disso, ele não se cansava de constantemente lembrar Mista que eles eram iguais. Mista o achava bom. Mista sempre o achou bom demais.

“A touca é brega, Mista! Giorno tá sempre com aquele cabelo bem arrumado e cheio de frescura, e você vai ir com essa coisa fedida!?”. Número 6 gritou, enquanto chutava a touca longe. Já o número 5 tremia, na penteadeira, “Eu não acho a touca tão ruim…”, a pistol murmurou de forma sofrida.

Mista bufou, irritado, enquanto torcia o nariz. Deixaria o cabelo daquela forma desta vez, porque, no momento, o comentário sobre a touca tinha ferido gravemente o seu senso de moda - que ele já não tinha tanta confiança assim, para começar. Mista pegou uma colônia que tinha pedido - ou implorado, para que Buccellati o emprestasse. Tinha dito que tinha um encontro com uma garota, mas obviamente Buccellati sabia bem de que garota Mista estava falando. Ele sempre sabia. Nunca se sentiu tão constrangido como quando Bruno perguntou “E essa garota por acaso se chama Giorno Giovanna e tem um sonho?”. Pronto. Ele tinha congelado, sem reação,  não conseguia nem mesmo pensar no que dizer, o rosto do rapaz foi tomado inteiramente por tons vermelhos.

Outro tópico importante da lista: Trish tinha dito que o cheiro de Mista era estranho, quando pediu ajuda da garota para se preparar e ver uma pessoa especial. Ela disse basicamente que ele fedia, e o ajudou a cortar as unhas - porque Trish as achava muito feias e estranhas. De qualquer forma, precisava agradecer a seus amigos se tivesse algum avanço naquela noite, considerando que Giorno provavelmente nem sabe ao certo que aquilo é um encontro.

Mista saiu do quarto em que se arrumava, descendo as escadas, e apagando as luzes conforme passava pelos interruptores. Arrumou a jaqueta por cima da camisa fina que tinha pego na lavanderia, e andou a curta distância da rua até o restaurante que ficava logo na calçada em frente. De longe, Mista conseguia ver a cabeça loira acompanhada do blazer cor de rosa, digna de um príncipe, denunciando a posição escolhida por Giorno. Ele se sentava no balcão, o esperando. A trança enraizada caia pelo pescoço, e Mista sentiu uma vontade súbita de afastá-la e beijar a sua nuca.

Foco. Piscou, sentando-se ao lado dele, e atraindo os olhos tão azuis para si. Giorno sorriu ladino, enquanto ainda acompanhava os seus gestos com olhar, lhe estendendo o cardápio. “Que bom que chegou, Mista”.

Mista coçou o pescoço, enquanto abria o cardápio por ele entregue. “Te fiz esperar? Foi mal, cara…”. Mista disse nervoso, procurando na lista algo para comerem. Nesse tempo, Giorno empinou o nariz, chegando mais perto, e repentinamente assustando Mista.

“Você tá usando colônia?” Giorno sorriu, aproximando o rosto do pescoço dele. Mista sentiu seu corpo derreter, pela menção de ter agradado o outro. “Você tá tão cheiroso”.

“A-Ah! Você gostou…? Eu pedi umas recomendações pro Buccellati e tal…” ele disse, sorrindo orgulhoso, apesar do nervosismo. Giorno tombou a cabeça, enquanto voltava para o seu lugar. “Então, Giorno, eu tava querendo…”. Mista sentiu a coragem abandonar completamente o corpo quando se viu sendo o alvo daqueles olhos profundos. Engoliu em seco, tentando se lembrar do discurso que tinha preparado. Mas agora nada se passava em sua cabeça - que ele começava a acreditar ser tão oca quanto Trish dizia, e Mista queria enfiar a cara em um buraco.

“Você…?”

“O uísque que você pediu, senhor”. O atendente piscou para ele, e Giorno pareceu confuso. Mista tinha combinado aquilo bem antes de Giorno sequer receber o convite. O loiro sorriu, depois disso, se propondo a preencher os copos dos dois. “Oh, você me chamou para beber, Mista? Eu não sou tão fã de álcool… mas posso abrir essa exceção.”

Mista sorriu nervoso, enquanto suava frio. Aproveitou a distração de Giorno com a música que foi colocada para se virar para o lado, ativando rapidamente o seu stand, e seu papo era com dois bem específicos. Eles o julgavam descaradamente por ter amarelado. Ele suspirou, olhando para o loiro de canto. Por que era tão mais fácil na teoria?

“Fala que ele tá bonito, Mista… compara os olhos dele com o céu!” número 5 disse trêmulo, vendo uma careta do número 6, que o empurrou e foi para o ouvido de Mista, sussurrando “Esse aí é muito meloso. Eu vou te dizer como enlaçar esse cara: fala que você ativou a sétima sex-“

“Mista?”

Mista desfez o stand com uma rapidez que deixaria o Flash com inveja.

“Oi, cara”. Encarou os copos, forçando um sorriso. Pegou o seu próprio, deslizando o dedo pelo balcão.

“Você queria me dizer alguma coisa? Parece nervoso”.

“Eu? Nervoso?” Mista abanou a mão em negação. “Bobagem, cara. Eu to perfeitamente bem, olha, perfeitamente…” era o som do uísque escorrendo para fora do copo, e caindo no balcão de madeira “...bem”.

Giorno parecia preocupado, e nem ao menos tentou esconder. Ele sabia o que viria agora, ele se aproximaria, colocaria a mão na sua testa. Perguntaria se estava com dores e essas coisas que já eram pré-supostas para Giorno fazer.

“Eu to bem! Olha, cara, desculpa, eu sei que tá ficando estranho e eu só…”, Mista suspirou, fechando os olhos, e abrindo-os novamente. “Eu tenho que ser franco com você”. Giorno concordou, o rosto apoiado sobre a palma da mão e o cotovelo sustentado pelo balcão. Mista corou, enquanto reparava no quão bonito Giorno ficava focado daquela forma. “Então… sabe, a gente começou a passar muito tempo junto e você tá sempre sendo tão bom pra mim, eu tava pensando se a gente…”

“Se a gente…?”

“É que, porra, você é muito bonito”. Agora foi a vez de Giorno ficar com vergonha. Os lábios se entre abriram em um suspiro, enquanto os dedos abraçaram o copo mais próximo. Mista poderia passar a vida toda se deleitando com aquela visão. “E cara, eu te acho uma pessoa tão legal e eu genuinamente acho que…”

Mista parou de falar. Os lábios de Giorno se pressionaram de forma carinhosa contra os seus. Ele sentiu todo o seu preparo e controle abandonarem o corpo naquele momento, o que fez Giorno pensar que tinha entendido aquilo errado, e se preparar para recuar. Mas a mão de Mista agora segurava forte o seu cabelo e a boca dele passará a ser tão receptiva, Giorno sentiu a satisfação da correspondência, fazendo questão de dar continuidade ao gesto.

Mas como tudo que é bom dura pouco, não deu muito tempo para ambos escutarem um grunhido assustado. Narancia estava junto com Abbacchio, e Narancia estava chocado. O garoto colocou as mãos em torno da cabeça, balançando em negativo, tentando esquecer o segundo trauma que a dupla de amigos havia o causado. Abbacchio estava rindo, tanto da situação do garoto, quando da face incrédula e pálida de Mista. Giorno, no entanto, enroscava os fios caídos da trança entre os dedos, enquanto um bico formava em seus lábios.

“Nós podemos repetir depois?”

 

 


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