Carta para você escrita por Carol McGarrett


Capítulo 78
Hiatus Parte 1 - A Despedida


Notas iniciais do capítulo

Bem... o título diz muito sobre o que vai acontecer.
AVISO: Peguem os lencinhos.
Eu não sou médica, fiz algumas pesquisas sobre amnésia, porém, como não posso garantir as afirmações peço desculpas por qualquer erro descrito aqui.
Uma Boa Leitura. Nos vemos nas notas finais.



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Kelly havia me ligado, não pude atender por estar em uma reunião com o Alto Comando, quando finalmente pude retornar à ligação, me preocupei só de ouvir a voz dela.

— O que aconteceu, Kelly? – Pelo bem dela, tive que me manter composta.

— Papai acordou, Jen. – Ela começou, ou melhor dizendo, recomeçou a chorar.

— E qual é o motivo desse choro, Kelly? Algum dano que não foi diagnosticado nos exames?

— Sim e não. Ele... ele não se lembra de mim!!! Não reconheceu o Ducky. Ele disse que a filha dele tem 8 anos. Jen, meu pai está preso em 1991. – Ela soluçava.

— Ei... calma. Você está no hospital, não está?

— Sim.

— Me espere. Estou indo para aí.

— Você acha que ele pode te reconhecer?

Se Jethro não foi capaz de reconhecer a própria filha, acho muito difícil ele me reconhecer, mas não quis apavorar ainda mais Kelly.

— Kells, você como médica, como residente em neurologia. Quais são os prognósticos da amnésia? – Tentei fazer o cérebro dela focar em outra parte, uma que eu sabia que ela saberia controlar.

E Kelly não me decepcionou, começou uma verdadeira dissertação sobre o tema. E era o que eu queria. Assim, fiquei por todo o trajeto escutando a garota falar sobre as causas, consequências e o tratamento para a perda de memória. Quando ela tomou fôlego, não sei se para uma segunda parte, ou para chorar, falei.

— Certo. Tudo isso que você me disse. O que se encaixa e não se encaixa no caso do seu pai? – Eu já estava dentro do hospital e acabei dando de cara com a Enfermeira Chefe que me barrara há três dias. Ela me olhou e logo abriu a porta. – Obrigada. – Murmurei e a mulher ficou espantada.

— Bem... nós não sabemos como foi o acidente em si. Uma concussão, ainda mais uma tão grave quanto a que ele teve, pode vir a causar uma amnésia, temporária ou não. Pode ser que ele jamais recupere a... – Ela parou assim que me viu, e veio correndo na minha direção.

Dei uma olhada pelo local, era possível ver o quarto onde Jethro estava, e ele parecia desorientado com a presença de Ducky. Doutor Gelfand estava fazendo alguns exames e eu nunca desejei tanto que o resultado da minha busca por alguém que conhecia Jethro na época da Guerra do Golfo, chegasse.

— Calma Kelly. Respira. Você estava me dizendo que pode ser temporária a amnésia. Que ele pode... - Disse enquanto a abraçava.

Ela fungou e olhando novamente para dentro do quarto onde o pai estava, e falou:

— Ele pode nunca lembrar da explosão em si.

— Isso não teria problema, Kelly. Nenhum. E quanto ao resto?

— Vai depender do quanto ele quer se lembrar da vida pós minha mãe. – Ela suspirou.

— Como assim?

— Eu não sabia, e acho que você não sabe. Papai ficou em coma por 19 dias depois que contaram sobre a morte de minha mãe. O Doutor Gelfand cuidou dele naquela época e me disse que os diagnósticos eram os mesmos. Parecia que ele não queria acordar.— Kelly enxugou os olhos com a manga do moletom que ela vestia.

— Kelly, dê tempo ao tempo. Seu pai vai recuperar a memória. Ele é um teimoso que gosta de viver e remoer o passado, mas ele sabe que um presente existe. Algo vai ser o gatilho que o trará de volta. Só o deixe se acostumar com a falta que a sua mãe faz a ele. Deixe-o se situar sobre tudo o que aconteceu depois. Aí ele será o Jethro que nós conhecemos. – Falei.

No mesmo instante, Ducky e médico saiam do quarto dele. Fiquei horrorizada de que pudessem deixá-lo sozinho.

Doutor Gelfand veio conversar com Kelly e comigo. E falou exatamente a mesma coisa que eu tinha acabado de dizer.

Levantei meus olhos e Jethro olhava em nossa direção. Quando nossos olhares se cruzaram eu pude ver que ele não fazia a menor ideia de quem eu era, ou talvez...

Talvez ele possa ter se lembrado de algo. Algo que ele jamais diria em voz alta.

Mantive o meu olhar preso no dele e pela primeira vez ele foi o primeiro a desviar o rosto.

Sim, Jethro, eu sabia que você iria lembrar de algo assim. Agora, por favor, lembre-se da sua filha! – Eu quis gritar, mas não podia.

— Kelly, você está exausta. Por que você não vai para minha casa, toma um banho, descansa um pouco e depois volta? Sophie ainda não chegou em casa e você poderá ficar bem à vontade lá.

Kelly olhou para dentro do quarto, encarando o pai que olhava para nós duas.

— Você vai ficar aqui com ele?

— Vou ficar aqui fora. Ele não se lembrou de mim. Mas vou manter um olho nele.

— Tudo bem. Acha que eu posso... que eu devo...

— Se despedir? – Completei.

Ela balançou a cabeça.

— Vá lá. Você é a filha dele. Talvez algo possa trazer uma lembrança. Tudo é bem-vindo.

Kelly se levantou e foi em direção ao quarto, notei que os olhos de Jethro nunca deixaram a filha. Assim que entrou, Kelly tentou não chorar, bancar a forte, mas era em vão. Rapidamente, ela deu a volta na cama e pegou a bolsa, parando ao lado do pai, deu um beijo na testa dele e saiu chorando.

Jethro permaneceu estático, tentando encaixar a jovem mulher que tinha parado na frente dele com a garotinha de 8 anos que ele havia deixado em Pendleton em 1991.

Kelly parou do meu lado, incerta sobre o que fazer.

— Meu motorista está lá fora, peça que te leve, eu volto com o seu carro, mais tarde.

— Você vai para casa nessa noite? – Ela me perguntou aflita.

— Tenho que ver Sophie, Kelly. Ela ainda está no escuro. E eu não a vejo desde o acidente.

— É claro. A Soph... ela.... como vamos falar com ela que o pai que ela tanto ama, não se lembra dela?

— Deixe isso comigo. Vá descansar, você precisa.

Ela me abraçou apertado e foi para a saída. Me deixando só no hospital. Eu podia sentir o olhar de Jethro em mim, contudo não olhei em sua direção. Eu sabia o que veria ali. Só dúvidas. Ele queria saber quem eu era e como eu me encaixava na vida dele.

E eu não fazia a mínima ideia de como respondê-lo.

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Eu até fui para a casa da Jen, porém eu não sabia nem o que eu iria fazer. Estava mais perdida do que tudo e só conseguia pensar nos olhos de meu pai que não me reconheceram, na cara de dúvida e desconfiança que ele tinha quando entrei no quarto para pegar as minhas coisas.

Ele era o meu pai e não era ao mesmo tempo.

Ele sabia que eu existia, porém não me reconhecia na minha idade.

Eu não sabia o que esperar de um futuro próximo.

Cansada me afundei entre as almofadas do sofá e tentei ignorar todos os problemas, pensar em algumas semanas atrás, onde tudo estava normal.

Aquele meu desejo de que o tempo parasse na minha festa de formatura nunca foi tão certo. Quisera eu poder voltar no tempo e impedir que tantas coisas acontecessem.

Noemi veio praticamente em silêncio até a sala e me deixou um sanduíche e um copo de suco.

— Não precisava. – Falei sem graça, eu não estava acostumada com ninguém me servindo assim.

E a adorável governanta apenas me respondeu com seu forte sotaque:

— Você não pode ficar sem comer.

— Não tenho vontade nem de me levantar daqui, Noemi. Quem dirá, comer.

A hispânica se sentou do meu lado e pondo uma mão no meu joelho disse:

— Eu já ouvi muita coisa a respeito do Señor Gibbs, a señora me disse que ele sobreviveu a muita coisa, ele vai sobreviver a isso também. Estoy cierta.

 Olhei para ela e para a confiança que ela exalava.

— Não sei, Noemi. Dessa vez é diferente. Muito.

Su padre necessita de tiempo. Tudo vai ficar bem.

— Ah, Noemi! Você não o viu... ele nem se lembrou de mim. Disse que a filha tem oito anos. Ele está preso em 1991, e só Deus sabe se a memória dele vai voltar. – Chorei.

E Noemi me consolou por um bom tempo, até que escutamos um carro parando. Pensei que já era Jen e me assustei, não queria que ela me visse chorando de novo.

No. Acalmate. Es la niña. La pequeña llegó.

O que era pior ainda. Sophie não sabia de nada e eu não fazia ideia de como contar para ela o que tinha acontecido com papai.

Noemi vendo o meu desespero, apenas disse.

— Suba para o seu quarto, eu não vou falar para a Pequeña que você está aqui.

Fiz o que ela falou e subi correndo. Sim, era covarde de minha parte, mas o que eu podia fazer? Encarar a Sophie e todas as perguntas que ela tinha, era impossível.

Fechei a porta e escutei Sophie entrar, perguntando para Noemi se ela tinha notícias do pai.

Escorei na porta e comecei a chorar, minha irmã não merecia passar por isso. Ela estava tão feliz por ter todos juntos.

Sem fazer barulho me deitei na cama e chorei. Chorei como no dia em que fiquei sabendo que minha mãe havia morrido.

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Parecia um jogo. Eu estava tomando conta de Jethro, mas ao mesmo tempo não podia ficar com ele lá dentro, porém, eu sabia que ele estava me observando. Lá do quarto ele me olhava e demandava respostas.

Vi enfermeiras indo e vindo, a certa hora, Tony apareceu. Perguntou sobre o Chefe e o olhou de longe. Aproveitei que Jethro tinha a sua atenção voltada para o Agente Sênior e prestei bastante atenção nas emoções que passaram pelo seu rosto.

E ele não reconheceu DiNozzo.

Tony notou isso também.

— Foi assim que ele olhou para a Kelly? – Ele me perguntou.

— Algo parecido.

— E você? Quero dizer... ele não lembrou de nada?

— Não, DiNozzo. Ele não me reconheceu.

Tony fez uma careta.

— E se a Sophie aparecesse? – Ele sugeriu.

— Não quero arriscar, Tony. Se ele não se lembra da Kelly, quais as chances dele se lembrar da filha mais nova?

Tony meneou a cabeça concordando comigo.

— Bem, eu já vou indo, senhora, qualquer coisa eu aviso. – Me falou, olhou novamente para dentro do quarto e saiu. Foi fácil notar que ele estava um tanto decepcionado pelo “Chefe” não ter se lembrado dele.

Porém, antes de fechar a porta soltou:

— E se você desse um tapa na cabeça dele? – Perguntou da porta.

Ele teve sorte de ter fechado a porta antes que eu pudesse pegar a minha arma.

Me sentei e fiquei esperando. O que? Eu não sei. Quando os medicamentos fizeram efeito, Jethro dormiu e foi só aí que eu tive coragem de entrar no quarto.

Passei duas horas lá dentro, Gibbs não deu sinais de que iria acordar, já era tarde e eu precisava ir para casa, precisava ver minha filha e, o mais importante, inventar uma desculpa para a Ruivinha que já devia estar desesperada para saber sobre o pai.

Ia me despedir dele e quando dei por mim, Jethro me encarava.

— Está melhor, Jethro? – Perguntei.

Ele me encarou, e por incrível que parece, Jethro ficou vermelho.

— Você lembrou de nós dois, não foi?

Ele desviou os olhos por um tempo e depois me encarou.

— Você... nós...

Eu entendi o que ele quis dizer.

— Eu não sou uma das suas ex-esposas, Jethro.

Ele ficou abismado.

Ex-esposas?

— Sim, Jethro. Você tem três.

Ele ficou surpreso, porém, continuou me encarando.

— Eu achei que nós... bem... – Ele começou.

— Você se lembrou de Paris, não foi? De nós dois dentro daquele quarto...

E mais uma vez Jethro ficou sem graça, porém não me respondeu nada.

— Bem, eu tenho que ir. Amanhã eu vou voltar. – Peguei a sua mão e a acariciei.

— Até amanhã... Jen. – Ele falou incerto quando eu já estava na porta.

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Jen só veio para casa tarde da noite. Sophie esperava por ela e assim que escutou a mãe, foi logo perguntando:

— Mamãe, e o papai? Ele já acordou?

Com a chegada dela, tomei coragem e desci.

— Kells?! – Minha irmãzinha perguntou. – Você estava aqui esse tempo todo?

— É, eu estava sim.

— Por que ninguém me falou? – Ela parecia ressentida.

— Porque su hermana precisava dormir, Pequeña. Por isso não te falei nada. – Noemi veio ao meu socorro.

— Ah... você ficou no hospital ajudando o papai? – Sophie me olhou com a maior adoração do mundo.

Olhei para Jen, ela meneou a cabeça me dizendo para manter essa linha.

— Fiquei. – E eu me senti péssima em mentir para ela assim.

— Ah... que legal. E como o papai tá? – Ela deu um passo para trás para nos encarar.

— Seu pai acordou. – Jen começou.

— Eba! Quando ele volta? A senhora falou para ele que eu o amo que eu não me importei dele não ter me colocado na cama naquele dia? Quando eu vou ver o papai? Pode ser amanhã? – Ela disparava.

— O papai não tem data para voltar para casa. – Me intrometi.

— Mas se ele já acordou... – Sophie disse confusa, tombando a cabeça para o lado.

— Ele vai ter que ficar no hospital mais um tempo. – Jen continuou, e o olhar de Sophie para ela dizia que a Moranguinho não estava acreditando muito nessa história toda não.

— Mas eu posso ir ver ele, não posso? Eu tô com saudade do papai. – Ela começava a ficar com os olhos marejados, e abraçou apertado seu Mike Wazowski.

— Eu tenho que conversar com o médico dele. – Jen tentou sair, jogando a batata quente na mão do Doutor Gelfand.

— Kells, quando? - Ela me perguntou em uma batida de coração.

— Eu não sou a médica do papai... - Falei.

— Mas você disse que ficou ajudando... e você é médica. – Ela insistiu, e eu não soube o que fazer.

— Ela não é a médica que está tratando do seu pai, Sophie. – Jenny engrossou o tom e Soph deu um passo para trás se afastando da mãe. – Eles deixaram a Kelly ajudar por cortesia profissional, mas não é ela a responsável por cuidar dele. E agora que você já sabe disso, pode ir se arrumando para ir para cama, porque já está tarde, tarde até demais. – Ela foi guiando a filha escada acima, encerrando o assunto.

E eu achei tão injusto, Sophie está verdadeiramente preocupada com papai, e mentir para ela assim não é certo. Talvez ela seja a peça que falta para a memória dele voltar.

Olhei para Noemi que estava parada perto de mim. E a Governanta me disse:

— A Señora está cansada, chateada. Ela não gosta de não ter o controle da situação. Tenha paciência com ela.

— Eu entendo a Jen, Noemi. Mas tadinha da Soph. Eu acho que ela podia ir ao hospital...

— E correr o risco de Jethro não a reconhecer, Kelly? – Jenny falou às minhas costas. – Pense no que isso pode causar a ela...

Era verdade. Sophie ficaria decepcionada.

Concordei com Jen, minha última esperança de poder trazer as memórias de meu pai se escorrendo pelo ralo.

— Consegui achar uma pessoa que trabalhou e esteve perto do seu pai desde 1991. Mike Franks. Você conhece? – Jen me perguntou, me trazendo para esse mundo.

— Conheço. Ele foi o agente que...

— Sim, e depois mentor do seu pai, pelo que vi na ficha deles. Achei uma boa ideia, apesar de não ter gostado muito de como ele me respondeu no telefone.

— Faz anos que eu não o vejo... a última notícia que tive era a de que ele estava no México.

— Sim. Exatamente lá.

 - Ele chega quando? – Perguntei ansiosa.

— De manhã. Se eu consegui entender o que ele falava naquela ligação horrível e barulhenta.

— Isso é ótimo! – Me animei. Eu sabia que Jen conseguiria achar alguém para ajudar o meu pai.

— Sim, contudo, cautela não faz mal. Não se anime tanto assim. – Ela me alertou.

— É tudo o que temos, Jen. Tudo. – Falei e me joguei no sofá.

Jenny passou a mão pelo rosto, ela parecia exausta.

— Gostaria de ficar com você e conversar mais um pouco, Kelly. Mas quero ir ao hospital cedo amanhã. Ou hoje, mais tarde. – Ela conferiu o relógio. – Tente dormir, porque sei que ficou chorando.

— Eu só vou fazer um chá de camomila para mim e vou seguir o seu conselho. – Avisei.

— Não desanime e sempre se lembre: seu pai tem o próprio tempo. – Jen me avisou e foi subir a escada na direção do quarto. – Boa noite, Kelly. Boa noite, Noemi. E muito obrigada por ficar de olho na Miniatura.

Buenas noches, señora. Buenas Noches, Kelly. Se precisar de algo. – Noemi se ofereceu.

— Eu vou ficar bem, Noemi. Tenha uma boa noite você também.

E as duas saíram. Eu fiquei um tempão sentada no sofá, olhando pela janela. Esperando encontrar lá fora as respostas para as minhas súplicas.

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Não era para isso ter acontecido. De jeito nenhum. E eu ainda estou tentando imaginar como Sophie pode ser tão silenciosa e rápida.

Porém, pouco importa agora. Eu tenho que dar um jeito de acalmá-la a qualquer custo. Trabalhar hoje parece que será impossível.

O que dez minutos não fizeram!

Dez míseros minutos.

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Levantei uma hora mais cedo e acordei Sophie. Eu tinha que passar no hospital para ver como Jethro estava antes de mergulhar de cabeça nos resultados da investigação até agora.

Eram seis e meia quando paramos na porta do Hospital. Sophie ainda estava sonolenta, ela detesta levantar-se cedo, ainda mais com o tempo do jeito que estava.

— E você fica aqui, não vou demorar. – Garanti a ela, dando-lhe um beijo na testa.

Ela só meneou a cabeça.

Desci e fiz o meu caminho até o Trauma 01 e o quarto de Jethro. Antes mesmo de entrar escutei a voz de Mike Franks. Isso tinha dado resultado pelo menos.

Parei na porta e observei os dois. Cumprimentei Franks que me olhou de cima a baixo e eu tive que conter a minha vontade de atirar nele.

— A Madame é? - Ele me perguntou com aquela voz de fumante inveterado.

— Diretora Shepard. – Anunciei.

— Diretora de onde?

— NCIS, ou seja, aquela que todo mês assina a ordem de pagamento da sua aposentadoria, Agente Franks.

— Pelo amor de Deus, Novato. Você recebe ordens dela? Tem uma mulher no comando da agência agora? Ainda bem que já saí de lá.

Jethro olhou para mim, tentando se lembrar de algo relacionado ao NCIS e ao fato de eu ser a Diretora de lá.

— Acho que sim. – Ele disse depois de um tempo.

Essa é a verdade, Jethro. - Confirmei, já perdendo a paciência.

— Se você está dizendo...

Ótimo! Agora ele ia jogar o joguinho chauvinista do ex-mentor.

— Está um pouco melhor? – Troquei de assunto.

— Defina melhor? – Ele me testou.

— Conseguiu se lembrar de algo? Qualquer coisa é importante. – Disse.

— A garota de cabelos castanhos é realmente Kelly? – Foi a resposta que recebi.

— Sim, é a sua filha. Estamos em 2006, Jethro. Faça as contas.

— Eu vi um caduceu na roupa dela. Eu tenho uma filha médica?

— Sim, ela se formou ano passado.

Jethro piscou. Esperava que fosse alguma memória da noite do baile.

— Ela foi a juramentista? Era realmente ela, lá, naquele palco?

— Sim, ela foi.

Ele concordou, creio que as memórias deveriam estar confusas, mas era um começo.

— Por que você foi? – Ele soltou.

— Na formatura?

— Sim.

— Fui convidada. Kelly me convidou.

— Tinha mais gente...

— Sua equipe.

— Eu não...

— Jethro, 2006. Você tem uma equipe. Tente fazer um esforço. – Respondi o mais mansamente que consegui.

Ele se negou e se voltou para Franks que ainda não tinha tirado os olhos de mim.

Pedi licença e fui procurar as últimas informações sobre o estado de Jethro.

Foi quando tudo aconteceu.

Não houve som de passos, não teve um suspiro mais alto.

A enfermeira-chefe estava me atualizando sobre os exames que Jethro faria e o tempo de internação, quando eu ouvi:

— Oi, papai! O senhor já tá melhor? – Era a voz de Sophie. Como ela tinha chegado aqui era desconhecido para mim, mas lá estava ela, na porta, com um sorriso imenso no rosto, feliz em poder ver o pai depois de quase cinco dias sem vê-lo.

Corria até a porta, queria tirá-la daqui antes que qualquer coisa ruim acontecesse.

Mas era tarde demais.

Jethro encarava a garotinha com uma enorme cara de dúvida. Ele não a reconheceu e não tentou disfarçar.

— Papai? – Sophie tentou de novo. Dessa vez a voz dela estava instável. – Sou eu, a Sophie. – Ela segurava o choro e o desespero.

— Desculpe, criança. Eu...

— Sophie vamos. – Cortei antes que ele terminasse a frase.

— Por favor! – Ela sussurrou e tentou entrar no quarto, eu a impedi.

Franks olhou para Sophie, depois para mim e para Jethro.

Sophie olhava para Jethro que a encarava de volta. Ela se soltou do meu aperto em seu ombro e parou do lado da cama do pai, sustentando o olhar que ele mantinha fixo nela. E nem um sinal de reconhecimento passou pelos olhos dele. Nenhum. Ele não tinha ideia de que tinha outra filha. E quando Sophie notou isso, se virou para a porta correu até onde eu estava, e já chorando, abraçou os meus joelhos.

— Vamos embora. – Falei quando consegui colocá-la em meu colo. Eu nem precisava passar o sermão sobre nunca me desobedecer. Ela presenciou em primeira mão, o que pode acontecer e isso acabou com ela.

Antes de me virar para a saída consegui ver a reação dos dois homens que estavam dentro daquele quarto. Franks tinha juntado dois com dois e olhava com pesar para a ruiva que agarrava meu pescoço e se debulhava em lágrimas, já Jethro tinha um olhar que beirava a culpa. Ele não reconheceu a filha, mas mesmo assim, não queria ver a menina chorando. Saí sem me despedir e fiz o caminho até o carro com minha filha em meus braços e uma sensação de desamparo em me estômago.

Assim que chegamos no carro, Melvin estava desesperado à procura de Sophie.

— Ela está aqui, Melvin. – Avisei já abrindo a porta. Tentei afastá-la para conversar com ela, mas ela não soltou o meu pescoço, chorava tanto que a gola da minha camisa já estava ficando ensopada.

— Para onde, Senhora?

— Para minha casa. – Não tinha jeito, eu não podia deixar a minha filha sozinha, não agora e muito menos desse jeito.

Mal tinha fechado a boca e Cynthia me ligava.

— Sim, Cynthia. – Atendi.

— A Senhora precisa vir para o Estaleiro, o Alto Comando está te esperando. Assim como o Agente DiNozzo e SECNAV.

E a vida tinha outros planos para mim.

— Melvin, mudança de planos, vamos para o Estaleiro. – Anunciei. Ainda era tempo de voltar atrás na minha decisão.

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Não tinha a menor possibilidade de atravessar toda a sala do esquadrão com Sophie em meus braços. Eu tenho certeza de que cada agente iria parar o que estava fazendo para observar a cena. Assim, pedi que Melvin entrasse pela garagem de provas.

E assim que o portão foi aberto, pude ver as marias-chiquinhas de Abby se movimentando em surpresa.

— Há algo que possa fazer, senhora? – Melvin perguntou olhando para a ruivinha que ainda não tinha me soltado.

— Não, não há, Melvin. Muito obrigada.

Abri a porta e Abby estava pulando do meu lado, dizendo que tinha uma ideia do que havia acontecido dentro da lavanderia do navio turco.

— Eu sei como Gibbs conseguiu sobreviver à explosão. – Ela falou e só notou que Sophie estava comigo quando era tarde demais. – Eu quero dizer...

— Não, Abby. Eu sei. Já volto aqui para você me atualizar. – Respondi, tentando acalmá-la, já bastava Sophie desesperada, não precisava de Abby também.

— O que aconteceu? – Ela veio caminhando do meu lado até o elevador.

— Ela viu Jethro.

— E o Gibbs não...

— Não. Ele não a reconheceu. – Tentei responder sem falar, sei que Abbs sabe ler lábios. Sophie se encolheu em meu colo, como se soubesse o que eu estava falando.

Abby deu dois passos para trás e, se fosse possível, suas marias-chiquinhas murchariam, espelhando as reações do rosto da cientista.

— Eu sinto tanto... – Falou devagar e praticamente sussurrando.

O elevador chegou e, antes de entrar, falei.

— Me aguarde aqui. Volto para que você me atualize. Enquanto isso, passe as informações para DiNozzo.

— Eu vou fazer isso, Jenny. Eu vou. – Ela me garantiu já pegando o celular.

Ao invés de ir direto para a minha sala, fui até a autópsia. Eu precisava de algo para acalmar Sophie, ela ainda não parara de chorar e não dava sinais de que pararia.

Parei diante das portas de metal e olhei para dentro, tudo estava imaculadamente limpo.

— Ah, Jennifer. Precisava conversar com você minha cara. – Ducky falou e depois parou. – O que houve com a nossa pequena princesa?

— Preciso de sua ajuda, Ducky. – Minha voz estava começando a me a trair e já falhava, toda a minha preocupação querendo tomar a melhor contra mim.

— Pode me dizer. Mas antes, sente-se aqui. Sophie já está grande e pesada demais para que você fique carregando-a. – Ele puxou uma cadeira para mim e agradeci, Sophie já estava pesada demais.

— Obrigada. – Agradeci. - Ducky, por favor, não me julgue a pior mãe do mundo, mas... – comecei.

— Do que você precisa? – Ele acariciava os cabelos de Sophie, e ela soluçava alto, ainda chorando. Entre um soluço e outro, ela falava baixinho “Eu sabia... Eu sonhei.”

— De algo para ela. – Respondi sem olhá-lo.

— O que aconteceu?

Foi Sophie quem respondeu por mim.

— O papai não se lembra de mim, Tio Ducky. Ele olhou para mim e não soube quem eu era. Ele não gosta mais de mim... – Ela virou para Ducky ao responder, e grossas lágrimas desciam pelo seu rosto. Seus olhos, que por ironia do destino estavam da cor dos do pai, estavam vermelhos e inchados.

— Ô minha criança. Não fique assim. Isso é temporário. Seu pai se lembra de você e te ama, mais do que você pode imaginar. Ele só não consegue por todas essas memórias no lugar. - O Bom Doutor tentou acalmá-la.

Sophie sacudiu a cabeça negativamente.

— Ele não gosta mais de mim. Eu sabia que ele não podia ir para aquele navio. – Ela tornou a esconder o rosto no meu pescoço.

Olhei para Ducky em desespero.

— Eu vou olhar se tenho o que preciso aqui, minha cara. Ela realmente precisa de um pouco de calmante. Daqui a pouco vou até a sua sala para levar. – Ele me garantiu.

— Muito obrigada, Ducky. O que eu faria sem você? – Agradeci e voltei para o elevador.

— Filha. – Chamei.

— Mamãe. Por favor.... – Ela choramingou.

— Eu sei. A mamãe também está com medo.

— O papai também não sabe quem a senhora é?

— Não. Ele não sabe. – Fui sincera.

E foi só aí que minha filha me encarou.

— De quem ele se lembrou?

— Ninguém. Ele também não reconheceu a Kelly.

— Nem a Kells?

— Não a Kelly que nós conhecemos. Ele pensa que ela ainda tem oito anos.

— Mas isso foi há muito tempo!

— Foi.

— Por que o papai não consegue se lembrar de nós? – Ela quis saber.

O elevador abriu as portas e eu me preparei para caminhar com ela pelo corredor até a minha sala. No meio do caminho, encontrei DiNozzo que assim que viu a expressão de Sophie me seguiu. Logo em seguida, Ziva e McGee estavam nos seguindo também.

— O que aconteceu com o Pingo de Gente? – Ziva passou na frente.

Eu não queria repetir tudo novamente na frente dela, minha filha já estava sofrendo demais.

— Ela vai ficar bem. – Foi o que eu consegui responder e o três entenderam.

— DiNozzo, peço só um momento e já vou conversar com você.

— Sim, Senhora. Se precisar de algo, para a Sophie.

— Eu agradeço.

Cynthia me seguiu para dentro do escritório, me atualizando das reuniões que eu não poderia adiar. Com pouco, Ducky chegou.

— Aqui está. – Ele me entregou uma xícara de chá.

— Chá?

— O remédio está dissolvido nesse chá de pêssego. Ela não vai sentir o gosto e será mais rápido para a absorção.

— Isso não vai fazer mal a ela, vai? – Olhei para Sophie que estava encolhida no meu sofá.

— Não. Uma vez não fará mal. Não se assuste se ela dormir por algumas horas e ficar sonolenta. É normal.

— Mais uma vez, Ducky. Muito obrigada.

— Eu volto em uma hora para ver como ela vai estar. Você poderá trabalhar tranquilamente, e ainda ficar do lado dela. Mas qualquer coisa é só me chamar, minha querida.

Meneei a cabeça em concordância. Ducky se virou para descer as escadas e eu pude ouvir três cadeiras se arrastando no andar de baixo.

— Soph. Filhota. – Chamei por ela assim que me ajoelhei do lado do sofá.

Com muito custo, ela se virou na minha direção.

— Oi mamãe?

— Olha o que o Ducky fez para você! Ele me disse que isso vai te deixar um pouco melhor.

Sophie olhou para a xícara de chá.

— É de pêssego?

— Sim. O seu favorito.

— A senhora não vai tomar? – Me perguntou se sentando.

— Não. Eu não vou. – Me sentei do lado dela e a coloquei em meu colo. – Aqui está.

Ela pegou a xícara com as duas mãozinhas e começou a bebericar o conteúdo.

O choro já tinha acalmado um pouco, mas não cessado. Aproveitei para acariciar os seus cabelos.

A cada golada ela parava e olhava para o quadro que eu havia colocado na parede.

— Será que um dia eu vou poder tirar uma foto com o papai no alto da Torre Eiffel, mamãe?

— Claro que vai, Sophie.

— Ele me prometeu isso. Será que ele vai se lembrar?

— Sophie, o que está acontecendo com o seu pai é temporário. Ele vai se lembrar de você.

— E da senhora?

— Também vai. Mas se ele se lembrar somente de você e da Kelly eu já vou ficar feliz.

— Ele tem que se lembrar de todo mundo. Esqueceu que somos família? – Ela perguntou logo depois que tomou o último gole de chá.

— E família sempre em primeiro lugar, não é?

— Sim. – Ela me respondeu dando um bocejo.

— Com sono?

— Sim... – Esfregou os olhos e se escorou em mim.

Comecei a niná-la, como eu fazia quando ela era um bebê e estava quase pegando no sono.

Sophie se deitou nos meus braços e com pouco tempo, sua respiração amansou e ela dormia profundamente.

Esperei um tempo, e quando eu vi que tudo estava normal e que ela não iria acordar, a deitei no sofá. Depois busquei pelo cobertor e pelo travesseiro que tinha guardado em um armário e a ajeitei para que ela ficasse confortável.

Era hora de encarar a outra parte do problema.

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Eu tinha que fazer alguma coisa. Eu tinha visto como cada um da equipe estava. Eu vi a tristeza de Kelly quando ela chegou algumas horas mais tarde para ver a irmã mais nova. E vi Sophie, seus olhinhos vermelhos e inchados.

Elas não mereciam isso.

Deixei o escritório e fui para o hospital.

Na hora que entrei no quarto, Gibbs não estava lá. Me perguntei onde ele havia se metido.

Escutei um barulho de porta se abrindo e, por instinto, busquei pela minha arma. Era Gibbs que saía do banheiro.

— Quem é você? – Ele me perguntou.

— Ziva. – Respondi.

Ele me encarou.

— Você tem que se lembrar. Ari. Eu matei Ari no seu porão. – Falei.

— Ele matou a outra agente. Que se sentava do meu lado. Kate. – Ele falou.

— Sim. – Me animei. – Se lembra de algo?

Ele não se lembrou de mais nada.

— Você tem que se lembrar, Gibbs. De qualquer coisa. Você tem uma equipe. Eu faço parte dela, tem o McGee e o DiNozzo. Você sempre faz isso com eles. – Dei um tapa na cabeça dele.

Gibbs olhou para mim. Algo passou pelos seus olhos. Reconhecimento?

— O que aconteceu com a fragata Cape Fear? – Ele falou de uma hora para outra.

— Gibbs?

— Sim, Ziva, eu me lembrei e nunca mais bata na minha cabeça, entendeu?

— Sim. Eu entendi.

— Está de carro?

— Mas é claro!

— Para o estaleiro.

— Você se lembrou de todos?

— Do que interessa. – Ele me respondeu e depois de arrancar o soro foi para a porta.

Eu dirigi o mais rápido que pude. E assim que Gibbs entrou na sala da equipe, todos se assustaram.

Abby deu um abraço tão apertado nele que achei que ele ia cair de costas. Em Tony ele deu um tapa na cabeça e depois foi para o MTAC.

— O que você fez? – Os três que estavam ali me perguntaram.

— Só dei um tapa na cabeça dele. Ele se lembrou do resto.

— Espero que tenha se lembrado de tudo. – Abby respondeu com um sorriso, enquanto olhava para a porta do MTAC.

Contudo eu ainda tinha a sensação de que algo ruim iria acontecer.

E não deu outra, minutos depois, Gibbs descia as escadas. O rosto sério. Jenny vinha atrás dele e acabou por parar no último lance de escadas e acompanhá-lo com o olhar.

Gibbs foi até a mesa dele, pegou a arma e o distintivo e entregou para Tony.

— A equipe agora é sua, DiNozzo.

Tony não soube como reagir.

— Mas Chefe...

— Você é o Chefe agora.

Depois foi em direção a Abby. Ela tentou falar algo, e ele só colocou um dedo sobre os lábios dela e deu um beijo em sua bochecha, Abby começou a chorar imediatamente.

Com Tim ele deu um conselho. Disse que não era para ninguém o rebaixar, que ele seria um grande agente um dia.

Quando ele parou na minha frente, me olhou e, me abraçando, disse:

— Eu te devo uma, Ziva.

— Eu vou cobrar, Jethro.

Achei que ele voltaria para se despedir de Jenny ou de Sophie e Kelly que estavam no prédio, mas ele só pediu uma carona para Ducky.

Olhei de relance para Jenny que estava parada, sua feição um misto de descrença, tristeza e desespero.

Quando Ducky e Gibbs pararam na frente do elevador, as portas se abriram.

Kelly quase os jogou no chão.

— Pai? Então é verdade?! O senhor fugiu do hospital?

— Oi Kells. Eu não preciso daquele lugar.

— O senhor... a sua memória...

— Me lembrei de tudo.

— Isso é ótimo!! – Ela abraçou o pai. – Mas o senhor precisa de exames. Precisa voltar para lá só pela autorização de alta.

— Eu não vou voltar para lá, Kelly.

— Mas sem a alta o senhor não pode voltar ao trabalho, não é, Jen? – Ela olhou para a Diretora que ainda estava calada, em choque.

— Eu não vou voltar para o NCIS. Estou me aposentando.

— Mas... o NCIS é a sua vida. O senhor...

Gibbs abraçou a filha mais velha.

— Você já está crescida o suficiente para viver sem mim, Kelly. Mas eu volto para o seu casamento.

Kelly o soltou como se tivesse levado um choque.

— O que? O que o senhor está dizendo?

— Estou me aposentando, Kelly.

— Mas... vai para onde? Eu preciso do senhor aqui. A Sophie, eu, todos nós...

À menção ao nome de Sophie, Gibbs deu um passo para trás e eu vi que ele não se lembrava da filha mais nova.

— Kelly, você já tem a sua vida, a sua carreira. Eu serei sempre o seu pai, mas não vou ficar aqui. – Ele deu um beijo na testa da filha.

— Pai... não faça isso. – Ela correu atrás dele.

Quando as portas se fecharam, nós quatro nos viramos para onde Jenny estava. Porém ela já tinha sumido.

— Eu entendi direito? – Tim perguntou.

— Ele não se lembrou da Sophie? – Abby murmurava.

Olhei para Tony que ainda olhava para o distintivo na mão dele.

— Você deveria ter dado um tapa mais forte na cabeça dele, Ziva. – DiNozzo falou e colocou a arma e o distintivo na primeira gaveta da mesa de Gibbs.

— Ele te entregou isso. – Apontei.

— O Chefe vai voltar. Ele só está confuso. – Tony garantiu.

Escutei uma porta ser aberta e bater na parede. Logo em seguida, Jenny saía com a filha nos braços, em direção ao elevador interno.

— Eu não consigo acreditar que o Gibbs realmente não se lembra da filha mais nova... – Abby disse com pesar.

— Não tem como ele ter esquecido da Sophie, Abbs. As coisas só devem estar um tanto misturadas na cabeça dele. – DiNozzo falou colocando a mochila nas costas.

— Aonde você vai? – Perguntei.

— O Chefe se foi. A Diretora também já está indo para casa. Podemos ir também. – Ele apagou a luz da mesa e foi para o elevador, Abby e Tim o acompanhando. Apaguei a luz da minha mesa e peguei as minhas coisas. Dei uma olhada na direção da mesa de Gibbs.

Por que eu tinha certeza de que ele não voltaria tão cedo?


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Notas finais do capítulo

E eu nunca fui adepta do gênero drama....
Bem... eu sei, fui muito ruim com Sophie... mas não fui eu quem inventou o arco da amnésia...
Muito obrigada a você que leu. Desculpe pelo choro.
Até o próximo capítulo.



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