Carta para você escrita por Carol McGarrett


Capítulo 65
Confusão Tamanho Família


Notas iniciais do capítulo

Olha como eu estou boazinha nessa semana. Duas fics nova e atualização!
Bem, vamos continuar a bagunça no apto. de Jenny?
Boa leitura!



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Como eu havia dito, eu tinha que ter um plano B, já que agora Tony e o restante da equipe de meu pai sabiam do noivado. Tudo bem, culpa minha, vida que segue. Aí eu tive a brilhante ideia de antecipar o anúncio, para evitar que meu pai ficasse sabendo pelos canais não oficiais e começasse a falar tanto na minha cabeça quanto na de Jen. Assim, tendo em vista que todo mundo estaria reunido no apartamento da dita ruiva, chamei Henry para ir para lá, achei seguro, afinal, meu pai não daria um tiro no genro na frente da filha mais nova.

Bem, assim eu pensava...

Henry chegou no horário combinado, o problema, eu não contava com dois contratempos. Primeiro, Jen e Sophie não estavam à vista, segundo, Tony tê-lo chamado de Noivo do Ano, bem na cara do meu pai.

É óbvio que o grande Leroy Jethro Gibbs, o protetor das suas garotinhas, não iria gostar de receber uma notícia desse jeito, e foi dito e feito, logo que as palavras de DiNozzo foram processadas pelo cérebro do Marine, ele soltou aquele grito:

— NOIVO?!

E a feição dele não era das melhores, tive medo do meu pai infartar ali mesmo, ele estava vermelho e seus olhos estavam fixos no meu, agora oficialmente, noivo. E Henry, bem, ele foi ele e deu dois passos para trás, tentando ficar à uma distância segura dos punhos do meu pai, graças a Deus papai não estava armado. Ao ver Henry tentar se afastar, Tony e Ziva deram uma risada, claramente comprovando o que Tony dissera mais cedo, Henry tinha verdadeiro horror de meu pai. Só que com a olhadinha de um para o outro e a risada que os quatro – aqui incluo Abby e Timmy – deram, eu fiquei possessa. E na minha raiva, descuidei de papai, que em um piscar de olhos avançou na direção de Henry que acabou por esbarrar em um jarro cheio de orquídeas que estava na mesa.

O caos tinha se formado, porque papai tinha pegado Henry pelo colarinho da camisa. Ziva e Tony, eu tenho que dizer, até estavam tentando tirar o meu pai de cima dele, mas sem sucesso algum. Só tinha uma pessoa a quem eu poderia recorrer. Me desculpe Sophie, mas eu preciso da sua mãe:

— JEN, ME AJUDA!! – Eu gritei desesperada.

Em menos de um minuto ela apareceu, e com menos de dez segundos, já estava ao lado de meu pai, e o xingava:

— Pelo amor de Deus, Jethro, agora já é tarde para matar o garoto!

— Jen, esse assunto aqui é sério.

— Sempre é sério quando se trata de Kelly. Agora saia de cima de Henry. Você não vai matar ninguém dentro desse apartamento e muito menos vai matar o seu genro.

— Não fale essa palavra! – A raiva de papai agora era destinada à Ruiva que estava na frente dele.

— Pare com o ataque de ciúmes, ande logo, saia de perto dele. – Ela puxou meu pai para o outro lado da sala.

Pelo canto do olho, vi que Abby, McGee e Tony ficaram assombrados que existisse alguém no mundo capaz de enfrentar o Marine mal-humorado no meio de um rompante de raiva.

— Jen, me solta, eu vou dar uma lição nesse moleque! Quem ele pensa que é para....

Foi nesse momento que minha irmãzinha linda apareceu, vinda do seu quarto, parecendo uma boneca e logo que viu Henry veio cumprimentá-lo.

— Bom dia, Henry!! Tem um tempão que não te vejo! – Ela disse e o abraçou e deu um beijo na bochecha dele.

Meu pai ficou ainda mais vermelho com a cena, e Abby teve que se segurar para não rir, Tony deu um ataque de tosse e olhava de Henry para o meu pai, creio que calculando as chances de cada um sair vivo ou morto desse embate.

— Sophie... – Meu pai a chamou, naquele tom de voz que não permite discussão.

 Minha irmã, na mesma hora, olhou em direção a papai. Jen tinha uma mão em seu bíceps e apertava com força.

— Oi papai? – Ela perguntou.

— Vem para cá, agora. – Ele ordenou entre dentes.

A ruivinha olhou para ele e depois para Henry e, tombando a cabeça apenas disse:

— Peraí que eu só tenho que perguntar uma coisa pro Henry... – Ela se virou para a pessoa em questão e meu pai sibilou de ódio. – Você não fez a Kells chorar não, né? Porque se fez, você sabe que eu vou bater atrás da sua cabeça! – O olhar dela era ameaçador para Henry, eu diria ser a mistura perfeita entre o olhar paralisante de Jen e o matador de meu pai.

— Não, Sophie, eu não fiz não. – Henry garantiu.

— Mas você pode bater nele, Sophie, faça isso por mim! – Meu pai falou do outro lado da sala.

— Jethro, pode parar! Não fique incitando a violência na nossa filha! – Jen disse e deu um pisão no pé dele.

E eu vi que era seguro tirar Henry do chão e levá-lo até o sofá.

— Bem, eu sei que todos vocês já sabem, mas precisamos dizer formalmente. – Eu comecei, depois de estar sentada de frente para todo mundo. Bem, quase todo mundo, meu pai estava de pé, no fundo da sala e nos olhava como se preparasse um assassinato em sua mente.

Henry, nessa hora, tirou o anel que ele havia me dado há mais de um ano e o colocou no dedo certo.

— Estava na nossa cara esse tempo todo?! – Tony não acreditou.

— Senhor Gibbs, - Henry se levantou e foi até meu pai – o senhor me dá a sua benção para pedir Kelly em casamento? – Ele perguntou. Vi que Jen apertou ainda mais o braço de meu pai, com certeza ele ficaria com uma marca ali.

Papai não falou nada, apenas olhou na minha direção. E eu estava tão nervosa que só pude pensar em puxar Sophie para o meu colo, - ela estava ao lado de Ziva, as duas conversando algo em hebraico – e me esconder atrás dela.

— Kelly. – Ele usou o mesmo tom de voz que usara a pouco com Sophie.

— Senhor. – Falei e olhei para ele, mas ainda tinha a minha irmã mais nova como escudo.

O silêncio na sala era tanto, que se caísse um alfinete, todos escutariam.

— É o que você quer? – Ele falou sério, sem olhar para Henry.

Sophie me encarou, ela balançava as perninhas e eu vi que não poderia me esconder atrás dela, não agora, assim, a entreguei para Ziva, que a ajeitou no braço do sofá e fui em direção à Henry, pegando a mão dele e ficando de frente para meu pai:

— Sim. É o que eu quero. É o que nós dois queremos.

E foi só aí que meu pai olhou para Henry.

— Sabe o que a Sophie disse a pouco? – Ele começou em um tom de voz perigoso.

— Sim, senhor, que ela...

— É, isso mesmo. Só que eu vou fazer pior, muito pior, garoto. É muito bom que você trate a Kelly com respeito, que a faça feliz, e que cuide dela, senão, um tapa na sua cabeça vindo de uma criança será o menor dos seus problemas. Eu vou ser o seu pior pesadelo, entendeu? – Papai sibilava o final e até eu me encolhi.

— S.Sim, senhor, eu entendi. Eu vou cuidar bem dela. – Ele afirmou mais confiante.

Papai deu uma olhada para o anel no meu dedo e levantou uma sobrancelha.

— Isso está aí há mais de um ano, por que só agora?

Olhei para Henry e Henry olhou para mim.

— Jethro, não piore a situação. Ele fez o pedido para você. Mais tradicional, impossível. – Jenny falou puxando o braço dele.

— Você já sabia disso? – Ele perguntou para a ruiva.

— Já. Eu já sabia. Alguém tinha que ajudar o garoto na escolha do anel, não é mesmo? – Ela falou o encarando de verdade.

— Por que... – Ele parou.

— Exatamente. Não tinha como eu preparar o terreno dessa vez, Jethro. Eu até ia tentar, mas o DiNozzo é fofoqueiro e arruinou os meus planos. – Os dois olharam para Tony que fingiu não ouvir a acusação.

— Tony, por que você estragou a surpresa da Kelly? Você sabe que ela já morre de ciúmes de você, por que continuar a irritar ela? – Sophie perguntou.

Eu tinha a resposta na ponta da língua, estava prontinha para soltá-la quando a resposta de Tony para Sophie me pegou de surpresa.

— Não sei...

— Você não sabe mesmo? – Sophie tombou a cabeça e encarava Tony.

— Não, não sei.

— Então você vai pedir desculpas para a Kelly e para o Henry! – Ela ordenou.

Eu achei engraçado que ela se preocupasse comigo assim.

— Regra #06... – Abby começou.

— Não se aplica para a família! – Sophie a cortou. – Tony... – E a pequena ficou de pé e cruzou os braços.

— Kelly, Henry, me desculpem. – Tony atendeu ao pedido da Ruivinha e chocou todo mundo.

— Agora, Kelly, Henry, é a vez de vocês. Tony já se desculpou. – Ela nos olhou, de onde ela estava.

— Por que isso, Soph? – Perguntei em troca.

— Porque eu não quero ver ninguém brigando! E você e o Tony brigam o tempo todo. Podem parar, eu gosto de todo mundo igual e não quero ver ninguém triste!

Abby abraçou a minha irmã forte, tão forte que Sophie pediu para poder respirar, meu pai estava olhando para a filha mais nova como quem não acreditasse que alguém, além dele e de Jen, pudesse por ordem nesse caos todo. Jen estava incrédula.

— Eu aceito suas desculpas. – Falei para Tony.

Todos olharam para Henry. E se ele quisesse terminar o dia de hoje vivo, era muito bom ele obedecer a Sophie.

— Eu também aceito. – Ele falou.

— Agora tá tudo perfeito. – Sophie disse feliz.

— Só uma perguntinha, quando é o casamento? – Abby já parecia fazer planos.

— Nem tão cedo. – Nós dois respondemos. 

— Nem uma ideia? – Essa foi Ziva.

— Daqui uns cinco anos... – Eu falei.

— Isso tudo? Eu vou ter que esperar cinco anos para comer bolo de casamento? – Tony reclamou.

— Se você se casar com a Tia Ziva antes, pode comer o bolo mais cedo. – Sophie soltou essa pérola, olhando diretamente para os dois.

— Mas de onde você tirou isso, Pingo de Gente? – Ziva estava completamente desconcertada.

— Ficou maluca, Peste Ruiva?

— Não. Não fiquei. Vocês dois se olham como a Kelly e o Henry se olham, só isso!

E antes que a coisa piorasse de vez, apesar de que eu estava adorando ver a saia justa dos dois agentes, Jen mandou a filha ficar quieta e ir pegar a bolsa dela no quarto.

— Vocês resolvam essa bagunça aqui na minha casa, principalmente o vaso quebrado, e quando eu voltar com Sophie, quero todos vivos e um lugar decidido para o almoço, porque nem por decreto do presidente, eu vou armar vocês – Ela olhou de papai para Henry – e vocês – dessa vez o olhar matador foi para mim e para Tony, - em uma mesa dentro desse apartamento. Vocês vão ter duas horas. – Ela terminou assim que Sophie entrou saltitando na sala. – Se despeça de todos, Sophie.

E achei que teria privilégios de ganhar um abraço, mas esse só foi para o meu pai. Para mim e o restante só sobrou um:

— Tchau pessoal, até daqui a pouco.

E ficamos os sete nos encarando, Tony tinha trocado de lugar e se sentado na mesa da sala de jantar, Ziva estava batendo o pé no chão, papai ainda fuzilava Henry com o olhar, McGee jogava algo no celular e eu tentava manter o meu noivo do meu lado, quando Abby falou:

— Aonde vamos almoçar mesmo? – Ela perguntou depois de uns quinze minutos.

Ninguém tinha a resposta.

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Duas horas e um corte de cabelo depois, Jen e Sophie chegaram no apartamento, mais fácil dizer que a ruivinha entrou como um furacão, correndo direto na minha direção e me perguntando se eu havia gostado do seu novo cabelo.

— Já disse que não é um cabelo novo, filha, só cortamos. – Jen respondeu da porta.

— Papai? – Ela deliberadamente ignorou a mãe e me olhava com expectativa.

— Mas é claro que eu gostei.

— Que bom! – Sophie me abraçou e resolveu que era uma boa hora para olhar ao redor.

— Cadê todo mundo? Foram embora? – Ela perguntou, depois que não achou ninguém na sala. Jen me olhava estranho.

— Não, acho que estão no seu quarto... - Respondi para a pequena.

E ela nem se fez de rogada e saiu gritando pelo corredor, atrás da irmã, da Tia Ziva e de Tony.

— Ordem de preferência? – Perguntei para Jen que tinha ficado na sala.

— Talvez sim, talvez não...

— Tia Ziva?

— E Tio Ducky.

Na menção ao nome de Ducky ouvimos a voz de Abby:

— Eu já vi essa foto! Ducky tem uma cópia dela. Ele disse que era da neta de um amigo que morava em Londres...

Olhei para Jen.

— Ele sempre soube. Afinal, ele foi me visitar na Inglaterra e eu estava de cinco meses, meio impossível de se esconder... – Ela me respondeu. – Depois me pedia atualizações sempre, e a foto que estão vendo deve ser do aniversário de dois anos da Sophie.

— Kelly, Henry, Ducky, meu pai... tem mais alguém?

— Kate Todd sabia, mas foi Kelly quem contou. E eu só fiquei sabendo disso quando Kelly pegou o caderno de desenhos da Agente Todd e o folheou na minha frente, Kate tinha desenhado a foto que Kelly a mostrara.

— Eu sabia que Kate desenhava... mas nunca pensei que ela tivesse desenhado a Sophie.

— Pois é, nem Kelly.

Nisso ouvimos uma falação vinda do quarto, ao que parece os adultos que esqueceram de crescer estavam brigando por conta de alguma coisa.

— O que é agora? – Jenny me perguntou.

— Eu desisto de tentar parar aqueles lá.

— São a sua equipe. – Ela me apontou.

— Você é a Diretora. Se vire.

— Vieram por sua conta.

— Vieram pela Sophie. – Retruquei.

— Jethro....

— Jen....

Hoje eu vou acabar com a sua raça!— Essa foi Kelly quem gritava.

Só quero ver, vem com tudo Chefinha!— Tony respondeu.

— Meu Deus, desde quando DiNozzo virou o seu filho mais velho para Kelly ter tanto ciúme dele? – Jen se levantou do sofá e foi até o quarto de Soph.

E a segui, e no meio do caminho paramos. Aquilo não era uma briga propriamente dita, era algo muito pior, a julgar pelas contagens que tanto Ziva quanto Sophie faziam.

— Não me diga... – Jen arregalou os olhos.

— Se for isso, a ideia partiu de Kelly. – Avisei.

Apressamos o passo e abrimos a porta para sermos recebido por um travesseiro que tinham arremessado. Peguei o objeto e encarei as crianças que estavam dentro daquele quarto. Todas elas. Sophie e Ziva estavam sentadas no assento da janela, Abby e McGee estavam no chão, perto da estante de livros, Abby tinha o álbum de Sophie no colo, Henry estava muito à vontade, deitado na cama e no meio do quarto, cada um com um travesseiro na mão, estavam Kelly e Tony, e se era impossível de ver o chão ali, pois um travesseiro já tinha sido estourado há tempos.

— Mas vocês vão limpar isso, e vai ser agora! – Jenny foi quem xingou ao ver o estado do quarto da filha.

— Só um minutinho. – Kelly pediu e acertou Tony no meio do rosto. – Agora você vai ficar quieto, Di-No-zzo! – Ela falou depois que o segundo travesseiro foi estourado e as penas voaram por todo o quarto.

— Quantos anos vocês têm? – Perguntei.

— Melhor perguntar para o Tony, foi ele quem começou, de novo. – McGee respondeu do outro lado do quarto.

— Tony e Kelly, limpem isso. O resto, para a sala, Henry, tire esse sapato de cima da cama da Sophie, AGORA, ou será você quem vai lavar toda essa roupa de cama! – Jenny gritou a última parte e Henry deu um pulo.

— Sim, senhora. – Ele respondeu passando por nós.

— Quero tudo limpo e no lugar dentro de meia hora. Ou os dois brigões vão ficar aqui limpando enquanto almoçamos. Sophie, venha comigo. – Jenny deu as últimas ordens e ninguém ousou questioná-la.

Levou quase uma hora, até que Kelly e Tony conseguiram limpar o quarto de Sophie. A essa altura, a pequena já estava tão impaciente que estava cogitando deixar os dois para trás.

— Mas papai... – ela começou. – Eu tô com fome!

— É estou. Estou com fome, Sophie! – Jenny a corrigiu.

— Eu estou com fome! – Ela repetiu.

— E onde vamos almoçar, alguém já tem alguma ideia? – Abby perguntou.

— Não.... – Os outros três que estavam na sala responderam juntos.

— Eu tenho!! – Sophie falou, levantando a mão.

— E onde é? – Perguntei.

— Pode ser naquele restaurante italiano que a gente gosta, mamãe?

Todos olhamos para Jenny.

— Desde que todo mundo aqui goste de comida italiana, não vejo mal nenhum. – Ela respondeu, ainda observando DiNozzo e Kelly limpando o quarto.

— Eu gosto de comida italiana. – Tony falou enquanto levava um saco cheio de penas para fora.

Sophie olhou para o resto da sala. Todos concordaram.

Estava decidido o local do almoço.

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Nunca pensei que um almoço pudesse ser tão cansativo. Tudo bem, talvez a culpa tenha sido um pouco minha, mas vamos lá, tinham que ficar comentando do meu noivado a cada trinta segundos?

Isso foi irritante, para dizer o mínimo. E não teve quem me defendesse. Nem papai e muito menos Jen.

Ducky  - que foi avisado de última hora, isso porque Sophie implorou pela presença dele – foi quem mais tentou fazer com que o assunto do almoço fosse outro qualquer, creio que ele viu o mesmo que eu, uma veia pulsando no pescoço do meu pai que não era normal... porém não adiantou, Abby fugiu do controle, Ziva até acompanhou, interessada em saber como era um casamento tipicamente americano – ela nunca tinha ido a um – Tony só queria saber da comida e do bolo, McGee não comentou nada, só olhava aturdido demais para os outros para emitir a sua opinião.

Jenny resolveu prestar mais atenção na filha do que em mim e papai ignorava a conversa o quanto podia, mas eu posso jurar que vi um brilho assassino no olhar dele quando a Abby perguntou que cor eu queria a minha cinta-liga...

Em resumo, um desastre total.

A única parte interessante foi Sophie que, completamente alheia a tudo isso, se concentrava no seu prato e nem estava ligando para o que estávamos falando e vez ou outra buscava uma almôndega no prato da Jen. Quando ela foi fazer isso no prato do meu pai, ele travou o garfo dela com o dele. Sophie, muito contrariada, olhou para ele e perguntou o motivo dele ter feito isso. Papai, seriamente, respondeu:

— Porque você tem que comer as que estão no seu prato!

— Mas a mamãe me deixa pegar no prato dela! – Foi a resposta imediata que ela deu.

— Não, é não, Sophie. Você não vai pegar nada no meu prato. – Ele olhava zangado para a caçula.

Sophie ficou encarando o meu pai, até que disse.

— É só uma almôndega...

Papai ainda ficou prestando atenção na ruivinha, e, não sei como, não viu o movimento de Jen, que foi lá, e roubou para ela, a dita almôndega da discórdia.

— MAMÃE! ERA MINHA ALMÔNDEGA! – Sophie chiou.

— JEN! É assim que você dá exemplo? – Foi a vez de papai.

Jen, muito calmamente acabou de comer e respondeu:

— É só uma almôndega, Jethro.

— Era a minha almôndega! – Sophie continuou reclamando.

— Não era a sua almôndega. Era minha e pode parar de ficar reclamando. – Papai avisou para a pequena.

E o restante do almoço foi em silêncio por parte dos três, com uma Sophie bem revoltada por conta do que a mãe havia feito.

Assim, depois da sobremesa, todos nos despedimos, eu tinha a difícil missão de contar sobre o noivado para a família de Henry, Abby, Tony e companhia resolveram que era hora de curtir o final de semana, mas prometeram que deveríamos almoçar ou jantar mais vezes, principalmente na semana que vem. Papai ficou por conta de levar Jen e uma emburrada Sophie – que estranhamente não quis nem sobremesa – para casa.

E sobre a reação dela depois do incidente da almôndega, Tony só teve um comentário:

— Graças a Deus que ela só fica assim quando não a deixam comer alguma coisa, imagina se fosse todo dia?

Desnecessário dizer o tamanho do tapa que ele levou...

Depois desse, me despedi de todos e fiz Henry me levar em casa, eu tinha que me arrumar para anunciar o meu noivado à família Sanders. E eu estava começando a me arrepender de ter almoçado...

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Deixei Jen e Sophie em casa, essa última ainda não muito feliz por eu não a ter deixado pescar a minha almôndega, apenas me deu um abraço, se despediu e foi reclamar no ouvido de Noemi, que prometeu fazer o prato na janta para ela.

— Isso é sua culpa. Você que tem essa péssima mania! – Falei para Jen que estava parada ao meu lado, vendo até onde Sophie iria com essa história.

— Custava muito ter deixado a menina comer? E era só uma! – Ela me olhou enviesada.

— Custava. Eu não gostava quando você fazia isso, por que vou deixar a minha filha fazer?

— Ela tem cinco anos, Jethro. Você poderia tê-la deixado pescar a almôndega e depois você ia e falava com jeito que essa tinha sido a primeira e a última vez.

Eu realmente poderia ter feito isso...

Uma birrenta e marrenta ruiva veio da cozinha com uma barra de chocolate na mão, passou por nós tirando um pedaço e saiu andando para o quarto.

— Noemi... – Jenny suspirou do meu lado.

— Ela vai comer aquilo tudo? – Eu olhava para o corredor por onde Sophie tinha desaparecido, um pouco assustado com o tamanho da barra de chocolate que ela tinha nas mãos.

— Se ela comer tudo aquilo, Jethro, só vai parar de correr por esse apartamento na segunda de manhã... – Jen me avisou e foi atrás da filha, ordenando que ela devolvesse o chocolate.

Pouco tempo depois, voltam mãe e filha para a sala, Sophie mais descontente do que nunca, olha para mim e mergulha no sofá, escondendo o rosto entre as almofadas.

— E não adianta ficar emburrada. A mocinha teve a chance de comer a sobremesa no restaurante, não comeu de birra. Agora não vai comer mais nada até a hora do jantar e nada de doces por hoje. – Jen voltou avisando à filha.

Sophie, sem tirar o rosto da almofada, apenas respondeu:

— Hoje não é meu dia!

Eu tive que segurar a risada que tentava escapar, ainda bem que minha filha não estava vendo.  Jenny, vendo a minha reação, deu de ombros e apenas disse:

— Seu pai já está indo, seja educada e se despeça dele!

Sophie podia estar mal-humorada, mas tinha sido bem educada, sem reclamar, ela se levantou do sofá e veio se despedir.

— Tchau papai. Depois o senhor volta! – Ela disse me abraçando.

— Não ganho um beijo? – Tentei a sorte, mesmo que ela não estivesse lá muito feliz comigo.

— Tudo bem... – Ela fez um bico e veio na minha direção me dar um beijo na bochecha. – Te amo, papai. – Por isso eu não tinha pedido...

— Também te amo, ruiva. – Me despedi dela, a pegando no colo.

— Mamãe, posso levar o papai até no carro?

— Pode....

E Sophie desceu as escadas de mãos dadas comigo, seu mau-humor mostrando ser passageiro, quando chegamos no meu carro, ela ficou parada na calçada até que eu entrasse.

— Tchau papai. – A espoleta ruiva tornou gritar e correu para dentro do prédio. Vi quando os dois agentes do detalhamento de segurança, foram conferir se a porta tinha sido realmente fechada.

Agora que as duas ruivas estavam em segurança, eu tinha uma coisa para fazer, assim que chegasse em casa.

Estacionei o carro com duas ideias na cabeça.

Uma era o que Sophie havia me dito na nossa conversa na noite anterior, que o quarto dela ainda não estava montado. Como não tive a oportunidade de fazer o berço e todo o quarto dela quando ela nasceu, creio que poderia compensar agora.

Outra ideia, e era a que estava me corroendo por dentro, era conferir uma coisa que Jen havia me dito.

Ela falara que tinha me mandado duas cartas.

Eu lembro de receber uma, nunca vi a segunda. Assim, fui até aquela parte do porão que tinha ignorado nos últimos seis anos e tirei a caixa empoeirada de lá.

Abri, e lá estavam todas as memórias que tentei esquecer e não consegui. A carta e o casaco, as fotos que foram tiradas nas estadias de Kelly em Londres e Paris, outras tantas que Jenny tinha tirado, principalmente na noite em que tinha me decidido que não poderia viver sem ela e lá também estavam, o arquivo de Shepard, que eu atualizava religiosamente até a missão na Rússia, e que havia parado assim que voltei, pois tinha a certeza de que ela ficaria bem, independentemente do que ela estivesse fazendo e as duas alianças que usamos enquanto estávamos disfarçados.

Estes dois itens me chamaram mais a atenção e os tirei de dentro da caixa, depositando-os sob o esqueleto do barco. Devo ter colocado de qualquer jeito o arquivo, pois assim que o fiz, uma folha dobrada caiu.

Xingando, peguei a folha e abri para saber o que estava escrito ali. E era a segunda carta de Jen. Provando o que Kelly tanto tentou me dizer e as palavras da própria Jen.

Ela estivera nessa casa com a nossa filha. E, em hora nenhuma ela pede para que reatemos nada, mas pede que eu reconsidere cada decisão que tinha tomado.

E junto com a carta tinha uma foto. Uma bebê ruiva, com um olho verde e outro azul.

Sophie era a bebê que Stephanie havia visto no aeroporto de Londres e que por meros segundos eu não encontrei.

Eu estive perto de Sophie e não a vi. Aliás, acho que foram três vezes, pois tenho certeza de que ela estava dentro do carro de Jen naquela noite, tanto no estacionamento quanto na frente do prédio.

Me dei um tapa na própria cabeça. O que eu tinha feito?

E foi quando me dei conta que a garota ruiva que Abby falou que chamava Ducky de tio não era a neta de nenhum amigo dele, era a minha filha. Duck tinha viajado para a Inglaterra para ver a minha filha.

Me pergunto quantas outras oportunidades de saber que ela existia eu perdi.... Porém estava disposto a recomeçar. E como. E aquelas alianças me davam uma ideia.


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Notas finais do capítulo

Pobre Henry... esse coitado tá encrencado com o sogro, com a equipe que o sogro comanda, com a cunhada que nem tamanho tem e ainda tem a madrasta da noiva na conta... se ele sobreviver até o casamento, esse moço vai para o céu!
E sim, Sophie já é Tiva shipper desde sempre! E vai tentar colocar esses dois em rota de colisão podem ter certeza.
O que o Gibbs vai fazer com aquelas duas alianças? Ideias?
Muito obrigada por lerem!
Até o próximo capítulo!
xoxo



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