Carta para você escrita por Carol McGarrett


Capítulo 19
O Carma de Jethro – parte 2


Notas iniciais do capítulo

Gibbs sofre mais um pouquinho com a filhota nesse capítulo... logicamente, com uma pequena ajuda de Jenny, que não consegue ficar quieta quando se trata de ver o Marine se matando de ciúmes.
Boa leitura, e divirtam-se



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Eu tinha acabado de escrever a minha carta enquanto vi Jethro levantar da cama e caminhar em direção a mesinha onde eu estava. Sua cara não era das melhores. Porém, como que um milagre, dessa vez não tinha nada a ver comigo.

Ele pegou a carta e a fuzilou com os olhos, e eu pude ler em suas expressões que ele estava esperando algum tipo de notícia mais catastrófica do que apenas um namoro adolescente.

Levantei as minhas sobrancelhas em evidente curiosidade. Queria ver o que ele iria fazer com o envelope. Contudo, depois de um suspiro frustrado, ele rasgou a ponta e tirou algumas folhas de lá. Ele revirou todas e, pesadamente, se jogou na cadeira na minha frente e começou a ler o conteúdo.

Como eu não tinha mais nada para fazer, me permiti ficar por ali e observar suas expressões enquanto ele lia as palavras da filha. E não pude deixar de pensar no seguinte: um dia eu quero ter o prazer de poder gozar a cara dele de todo esse espetáculo de ciúme que ele está me proporcionando.

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 Alexandria, 30 de agosto de 1998.

Carta 12

Oi Pai!!!!

Começando com os últimos detalhes da sua carta: Eu e o Filho do Vento nos demos bem de cara, mas é claro que houve alguns tombos, isso é normal. Eu fiquei meio dolorida, mas nada de se assustar! Quanto a uma possível festa... bem, eu até fui. Nada para o senhor se preocupar. Estava com a Mer e a Maddie. Posso ou não ter usado o meu sapato novo, mas te prometo que me comportei direitinho. Ainda tive tempo de pegar um cineminha, o filme não valeu o preço do ingresso, mas, fazer o que, né? Não se pode ganhar todas. Por fim, estou levando o final das férias de verão bem tranquila. Resolvi que queria ter energia total antes de voltar as aulas.

E é aqui que as coisas ficam interessantes! Quer saber por que? Bem, primeiro eu quase entrei no NCIS e dei o berro com o seu chefe. Mas aí eu pensei melhor e desisti. Não iria dar em nada mesmo. Vai que ele proibia de vez que TODOS os agentes enviassem cartas para a família?  Isso e porque eu sabia que acabaria presa E essa notícia chegaria voando nos seus ouvidos. Então, sabe o que eu resolvi fazer?

Me matriculei na aula de Krav Maga!

Sua filhinha linda aqui agora está aprendendo a.... apanhar.... muito... praticamente o tempo todo... mas um dia eu viro esse jogo. Até porque eu só fiz duas semanas de aula, então deve ser normal, né? Assim, só apanhar... e, eu ponho isso na minha cabeça porque eu mentalizo o dia da virada, o dia em que eu vou me defender de todos aqueles pontapés e socos e chutes e de ser arremessada no chão... E quando eu aprender toda a técnica da defesa, meu Marine preferido, essa garota aqui vai virar aquele lugar de ponta cabeça!!! Guarde essa carta, porque isso aqui vai virar realidade!!

E quanto a todos esses roxos e hematomas e dores musculares que eu estou sentindo.... o senhor passou por isso no treinamento com os Marines, né? Assim, não teria uma dica bem esperta para me passar para aliviar isso não?... tem dia que eu mal consigo levantar da cama...

E, pai, o senhor não precisa ficar preocupado... pense que a sua ilhota agora sabe se defender de qualquer imbecil que ousar passar na frente dela!

Essa não foi a melhor das minhas ideias? Diz que foi pelo amor de Deus, para que eu não desista, já que eu não tô aguentando mais sentir dor....

Bem, mudando o foco do meu assunto para o senhor, eu preciso te perguntar uma coisinha, é bem simples e não precisa vir com sermão na resposta, só um simples sim ou não bastam.

É que eu não pude deixar de perceber, principalmente depois dos dois telefonemas, que o senhor e a Jen parecem se entender muito bem. Tipo, conseguem até ler o que o outro está pensando e agir de acordo um com outro sem ao menos trocar uma palavra... Assim, pai, eu estou aqui pensando nas coisas que aconteceram e no que ela fez e em como a sua voz está feliz – eu pude notar o seu sorriso – bem... depois do fracasso que foi a Rebecca, o senhor acha que, talvez, a Jen, sei lá... você a Jen possam vir a ser mais do que parceiros? Porque eu realmente gosto dela... e ela é bem o seu tipo (vi uma foto dela, é totalmente o oposto do que eu pensei).

Sabe, eu só estou perguntando isso porque eu te conheço pai. Eu, meio que sei como a sua cabeça e o seu coração funcionam, e... bem... o senhor me entendeu, né?

Não comentei nada com ela, até porque ela não tem que saber sobre isso, a menos que o senhor já tenha feito ou falado algo, mas eu gostaria de, quando essa missão maluca acabar, ver vocês dois juntos. Eu tenho quase certeza que vocês dois dariam um casal e tanto...

Bem... eu falei, vou te deixar pensando nisso.

Como vocês estão onde Judas perdeu as calças (as botas e as meias foram bem antes disso aí, eu posso provar!!) e eu estou voltando em aula, espero poder te mandar uma carta assim que a sua resposta chegar nas minhas mãos.

E sabe pai, eu estou feliz. Adivinha qual é o mês mais lindo do não? Sim!!! Este que começa dentro de dois dias! E sabe o que isso significa? Sim! Que essa que está escrevendo essa carta sem nexo algum, vai poder tentar tirar a carteira de motorista!!

Beijos, sinto a sua falta e tome cuidado e fique de olho na Jen!

Te amo,

Kelly

P.S.: Gostou do presente! Por favor, não fique mal-humorado, é só uma brincadeira!!

Agora eu vou embora!

Beijos!!

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Eu olhava incrédulo para a carta, três partes chamavam a minha atenção. Uma por algo não dito e que eu sabia muito bem o que era, e outras duas por serem extremamente inusitadas.

— Krav Maga? A Kelly está fazendo aula de defesa pessoal? – Eu falei sem pensar.

Na mesma hora ouvi uma risada que vinha de mais perto do que eu poderia imaginar.

— Isso é bom. – Foi o que ela disse com um sorriso.

— Ela tem quinze anos! – Eu gritei.

— E está aprendendo a se defender como deve! – Jen retrucou cruzando os braços.

— O que mais você sabe sobre isso? – Ela estava muito na defensiva para só ter a noção das aulas de defesa pessoal.

— Nada que você não saiba, ou desconfie. – Jen deu de ombros e me encarou.

— Não me diga que esse garoto....

— Jethro, por favor, não complique as coisas. Kelly entrou na defesa pessoal por um motivo um tanto diferente do normal. E você deve desconfiar qual seja, não desconfia?

Tentei trazer todas as conversar que tive com Kelly nos últimos tempos. Incluindo as cartas. Nada me veio à cabeça.

— Defesa pessoa, ainda mais uma arte israelense não tem nada a ver com o a carreira que ela quer seguir. – Disse finalista.

— Tem certeza disso? – Ela batia os dedos na mesa de maneira ritmada.

— Tenho. – Falei convicto.

Jen suspirou.

— Às vezes os pais não enxergam o óbvio. Bem, vamos começar. Apesar da minha dor de cabeça, e vou te ajudar nessa.

Eu a encarei, ela quer dizer o que com isso?

— Kelly sempre se sentiu orgulhosa de você ser um Marine, não é? – Jenny começou.

— Sim. – Isso, sem dúvida, era verdade.

Ela abriu um sorriso satisfeito.

— Bem, ela cresceu dentro de uma base militar, não é?

— Foi.

— Depois que você deixou os Marines, você foi direto para o NCIS, não foi?

— Fui.

— O que a Kelly achou disso?

— Nunca disse nada. Apenas aceitou.

— Aceitou o pai ficar fora o dia todo e, algumas noites também? Nunca falou nadinha?

— Kells sempre entendeu o que eu estava fazendo. Nunca reclamou. Ela sabe a importância do meu trabalho.

— Ponto dois. – Foi o que Jen me disse e eu ainda estava perdido na linha de pensamento dela.

— Você foi em alguma daquelas aulas da Semana da Profissão, explicar para a turma dela o que você faz?

— Fui. Ela estava na quinta série.

— A reação dela?

— Como assim?

— Ela ficou te encarando sorrindo ou evitou o olhar dos colegas?

— Kelly ficou sorrindo.

— E se você não pudesse ter ido?

— Mas eu fui!

— Jethro, não complica.  – Jen revirou os olhos - E se você não pudesse ter ido, o que você acha que Kelly iria fazer? Qual seria a reação dela pela sua ausência?

— Ela faria o que ela faz, quando eu tenho que trabalhar no dia do aniversário dela, ou em algum feriado. Teria dito que eu estou salvando o dia...

Foi aqui que eu entendi. E pelo tamanho do sorriso presunçoso de Jen, ela tinha me levado ao ponto principal.

— Então... qual é o motivo de Kelly ter entrado na aula de Krav Maga, além da proteção dela, Jethro?

— Ela não vai fazer isso! – Eu suspirei frustrado.

— Por que não? É o mais lógico. Ela quer ir para a faculdade de medicina. Isso é uma forma de ajudar o próximo, algo que ela aprendeu com você E ela quer se alistar. Defender o país e, ao mesmo tempo, poder ajudar aqueles que, como ela, estão defendendo o país também.

Eu fiquei calado. Porém percebi uma única coisa, isso era a Kelly. Era quem Kelly era.

— Justamente como você. Ela quer servir E ajudar o próximo. – Foi o que Jen disse diante do meu silêncio.

Olhei para a carta em minha mão e pensei na minha filha do outro do mundo. Será que, quando ela concluísse a faculdade, se alistasse e passasse por todo o treinamento, eu teria coragem de vê-la embarcando para passar dias em missão?

— Ah, não... não comece com essa cara... isso que você está pensando vai acontecer daqui a quase dez anos, Jethro. Apenas se acostume que você não será o único militar na sua casa. Fico aqui pensando... até onde você chegou?

— Sargento de Artilharia.

— Interessante, sniper, agora pense comigo.

— O que? – O sorriso dela me indicava que eu não gostaria da conclusão do raciocínio.

— Kelly já vai entrar como Oficial. Ou seja, daqui a alguns anos, e em uma muito absurda situação de você ter que colocar seu uniforme perto dela... já pensou que você, Sargento, terá que prestar continência para a sua filha?  

 Eu sabia que não iria gostar da conclusão.

— Situação bem impossível, mesmo, Jen. Eu não vou voltar para os Marines.

— Mas terá a sua patente para sempre, Jethro. Cuidado com esse impossível.

— Você é doida.

— Já estou acostumada com esses apelidos, invente uns novos. Agora você tem um dicionário para buscar novos apelidos para mim. – Jen riu da minha infelicidade e vou se deitar.

— O que você pensa que está fazendo? – Era incomum que era dormisse tão cedo.

— Dor de cabeça. Ressaca. Preparação mental para amanhã E você tem uma carta para escrever, não quero te distrair. Boa noite, Sargento Artilheiro. – Ela se despediu e apagou o abajur de perto dela.

— Com coisa que você já conheceu alguém de patente mais alta. – Murmurei na direção dela.

— Coronel. Do Exército. Você sabe disso. Meu pai. E se você o conhecesse teria que bater continência para ele. – Ela riu da piada interna.

— Marines e exército não se dão bem, Shepard.

— Ah, disso eu sei.... muito bem.

— Então, por que você virou uma agente do NCIS? - Era uma pergunta que eu queria fazer algum tempo. – Não seria mais fácil você cuidar dos casos do Exército? Se juntar à agência de investigação deles?

— É CID do Exército, para a sua informação. E me juntei à NCIS porque sou uma Shepard.

— E o que isso tem a ver?

— Para sair da sombra do Coronel. No NCIS eu não sou ninguém, no CID eu seria a eterna filha do Coronel. E tudo o que eu conseguisse, qualquer mínima coisa, teria sempre alguém para dizer que foi por conta do meu sobrenome. No NCIS, seja lá onde eu conseguir chegar, será por mérito meu, e só meu. Nada de ajudas ou privilégios.

Era um motivo justo. Ela queria fazer o próprio caminho. Deixe-a quieta, mesmo sabendo que ela não conseguiria dormir, e me concentrei em responder Kelly.

Afinal, o que eu poderia falar depois de todas essas notícias que ela me mandou? Ficar com raiva? Parabenizar. Não responder?

Kelly ainda iria me dar muito trabalho.

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Sérvia, 1998

Carta 10

Kelly.

Eu nem sei por onde eu começo a sua resposta. Mas acho que a mocinha deve saber o que eu realmente quero dizer.

Por que você contou para a Jen e não mencionou uma única palavra sobre o seu namoro comigo, Kelly? E, aliás, eu sei que nenhum namoro começa no meio do verão, ainda mais ele sendo da sua sala. Então, desde quando você está realmente namorando, Kelly? Achei que tínhamos sido bem claros. Você não me esconderia nada, e aqui está você, não me contando a verdade. E, ainda por cima teve a capacidade de dizer que o filme não valeu o ingresso...

Bem, não vou me alongar nisso, até porque não vai adiantar passar sermão por carta, certas coisas têm que ser faladas pessoalmente, e, para a sua sorte, eu só te verei no próximo ano. Até lá, só te peço uma única coisa, cuidado.

 Essa sua aula de defesa pessoal tem algum outro motivo, a não ser te proteger, Kelly? Ou você está testando o terreno antes de soltar outra bomba? E sobre o conselho que você me pediu, sim, eu fiquei doendo, e, a não ser uma compressa de água quente e um relaxante muscular, não há mais nada que você possa fazer. Ou tem, treine mais, quanto mais treinar, mais rápido deixará de ser o alvo.

Mas você tem certeza que quer continuar com isso? É realmente necessário ou é só uma mania para passar o tempo. Filha, eu te conheço, todo verão você começa a ficar entediada no final das férias e inventa mil e uma ideias mirabolantes para passar o tempo. Esse Krav Maga não é uma delas não? 

E, por fim, eu não sei de onde você tirou essa ideia sobre a Jen. Somos parceiros, e, depois de um tempo em uma missão como é essa, é normal que comecemos a pensar em conjunto. Isso é necessário para que nosso trabalho seja bem executado. Quanto ao fato de você querer conhecê-la pessoalmente, isso não é tão difícil. Resta saber se não haverá outra designação para ela quando isso aqui acabar. Já que é bem comum um agente emendar uma missão na outra ou até mesmo receber uma promoção. Mas, sempre antes de seguir, é obrigatório que vão ao escritório de Washington.

Então, Kelly, não crie expectativas onde não há. Não quero te ver decepcionada.

Eu sei muito bem o motivo de você gostar tanto do mês de setembro. Não me esqueci, apesar de seu aniversário ainda estar longe.

Sobre o dicionário, me recuso a comentar essa sua ideia de presente, apesar de que você fez a alegria da Jenny. Ela deu um bom ataque de risos quando o viu.

Cuidado com essa sua ideia de já tirar carteira de motorista. Meu carro está aí, mas eu não me lembro de ter te deixado dirigi-lo.

Bom retorno às aulas.

Também estou com saudades.

Papai.

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Acabei de escrever a carta e resolvi me juntar à Jen. Não me importei muito com o que ela falaria, apenas me joguei na cama e esperei pela sua reação, que não tardou.

— Será que você é incapaz de respeitar o meu sono? Isso lá é maneira de se deitar? – Sua voz era abafada pelo travesseiro.

— Considere isso uma parte do pagamento por você conspirar, com a minha filha, pelas minhas costas.

Essa frase causou um efeito imediato nela, quando notei, ela tinha se virado e seus olhos faiscavam de ódio.

— Primeiro, eu não conspiro com a sua filha. Kelly, simplesmente se abre comigo. E, dentro do possível, dou alguns conselhos, isso não é conspirar. E segundo, não conversamos pelas suas costas, você sabe muito bem quando as cartas chegam e quando eu as envio. E, não foi somente uma ou duas vezes que eu te ofereci as cartas para que as lesse. Você que sempre negou. Então, não venha bancar a prima-dona perto de mim a essa hora da noite, Jethro. Dessa vez você não tem razão nenhuma. Agora me deixe dormir. – E ela virou de costas para mim.

— Então quer dizer que eu tenho razão, na maioria das vezes? – Eu estava sem sono, e não há nada mais justo do que fazê-la ficar acordada comigo.

Recebi de resposta um rosnado.

— Isso aí não me deu medo. Se é que era essa a sua intenção.

Uma parede de silêncio foi erguida entre nós.

— Não vai me responder?

Nada.

— Isso é interessante, trocamos os papeis. Acho que agora você não tem mais motivos para ficar reclamando, já que faz a mesma coisa que eu.

A reação dela foi instantânea, mas eu não previ a intenção dela.

Em um instante ela tinha virado para o meu lado, e ficado bem próxima de mim. Só não contei que essa proximidade significaria perigo. Pois, assim que foquei nela, seu punho fechado desceu em direção ao  meu peito, e, junto com ele, algo duro de metal. Jenny me acertara com um soco-inglês.

— Vai me deixar dormir agora, ou vou ter que te socar com mais força?

 -Você dorme com um soco-inglês debaixo do travesseiro?!

— Não sei o motivo de você estar tão surpreso. E não só com um soco-inglês. Uma faca também, e minha arma não está muito longe. – Ela me respondeu se sentando na cama.

— Tem uma faca aqui? - Eu vasculhei o seu lado da cama para encontrar a faca. E não era uma faca qualquer. Era uma bem grande, de estilo militar. Leve e com poder de fazer um grande estrago. – Eu tirei o objeto e apontei para ela.

— Para que isso tudo? Você anda querendo me matar?

— Apesar de ser uma ideia tentadora, não, Jethro, não quero te matar. É para minha proteção.

— Deveria ter entrado em uma aula de Krav Magá quando era mais nova. – Disse na cara dela.

— E entrei, e também em outras artes marciais, mas para não se pega de surpresa, durmo com esses brinquedinhos aqui. – Ela tomou a faca da minha mão e tornou a se deitar.

— Você tem certeza de que está trabalhando no local certo?

— Cala a boca e vai dormir, Gibbs. Eu ainda estou com dor de cabeça.

— Eu também, e nem por isso fico repetindo.

Recebi um travesseiro na cara como a comprovação de que ela realmente queria silêncio.

— Exagerada, mas entendi o recado.

— Não parece... – Foi a resposta que ela me deu.

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 Não adianta, quanto mais eu tento ficar longe dele, mais perto eu fico. E dormir na mesma cama não ajuda em nada. Logicamente eu iria acordar tendo ele como meu travesseiro...

Rolei para o meu lado, apoiando a meu pescoço em minhas mãos. Eu mal tinha acordado e meu estômago já se contorcia de nervoso. Meu pressentimento ruim sobre o que iriamos fazer, que ontem eu tinha conseguido esquecer graças às cartas de Kelly, voltou com força total.

— Cansou de me usar de travesseiro? – Jethro se virou para o meu lado e me olhava, ainda com resquícios de sono.

— Não. – E era verdade. – Só acordei mesmo. – Respondi olhando para o teto.

— Ainda com aquele pressentimento?

— Sim. Eu não sei, Jethro, mas algo vai acontecer... – Virei para encará-lo.

— Não fique pensando nisso. – Foi a resposta prática que ele me deu,

— Fácil de falar e difícil de fazer. – Eu suspirei frustrada. Para ele era sempre tudo tão simples.

— Não é tão difícil, Jen. Você só tem que ficar parando de pesar todas as opções que você tem.

— Jethro, pode até ser que o seu cérebro funcione assim. Mas o meu não. Eu vejo várias possibilidades sobre o que estamos prestes a fazer, vejo resultados bons, mas ruins também. Meu cérebro funciona assim. Eu não posso simplesmente desligá-lo.

— Jenny...Jenny... eu vou estar lá para te dar cobertura. Não se esqueça disso. – Ele me disse e me puxou para um abraço.

Não disse mais nada, apenas me aninhei em seu peito e fiquei quieta. Queria pensar como ele, mas cada vez que eu notava que estávamos um pouco mais perto do horário do encontro, mais nervosa eu ficava.

— Só espero que ninguém morra hoje à noite. – Sussurrei para mim mesma enquanto olhava em direção a Jethro, que, apesar de não estar dormindo, tinha os olhos fechados e a expressão tranquila.


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Notas finais do capítulo

Bem... não vou comentar muita coisa... só digo que o próximo capítulo promete!!
E, uma explicaçãozinha: a ideia do soco inglês partiu diretamente da série, mais precisamente do episódio 21 da terceira temporada (Bloodbath) onde a Jenny dá para a Abby um soco inglês para que a nossa gótica favorita possa se proteger. E, pelo sorriso que o Gibbs dá quando a Abby menciona a arma, eu não consegui não imaginar uma cena ou história por trás dele. E aqui está!
Dito isto, muito obrigada por lerem. Prometo voltar rapidinho!
xoxo



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