Carta para você escrita por Carol McGarrett


Capítulo 14
Dúvidas


Notas iniciais do capítulo

Olha quem está de volta! Demorei mas voltei!
Capítulo curtinho, mas todinho com momento Jibbs para alegria de muita gente!!
Então, sem perda de tempo, boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/773385/chapter/14

— Porque eu não suportaria ver você morrer.

Com essa frase ela me fez ver tudo o que eu tinha feito até agora. Os últimos meses passando em flash. E eu me perguntei a mesma coisa: “Por que eu me importava tanto”?

Não podia ser pelo que ela fez em Positano. Eu sei que ela ficou de vigília na minha cabeceira. Por mais que ela tenha negado.

Não podia ser pelas cartas trocadas com a Kelly. Eu nem sabia o que elas conversavam. E, também não tinha interesse.

Não podia ser pelo que ela fez quando me viu preso ao passado há cinco dias atrás. Ela nem tinha ideia do que estava acontecendo ou o que aquele dia representava.

O telefone. A ligação. A conversa com a Kelly. A forma como ela pareceu ainda mais conectada com a minha filha.

Comigo.

Por quê?

Mas eu me importava. Me importava como há muito tempo eu não me importava com uma estranha.

Eu me irritei quando Decker disse que ela tinha um noivo. Mas ao mesmo tempo em que fiquei aliviado de saber que ele havia terminado com ela, eu quis ir atrás dele por tê-la feito sofrer.

Eu não gostava do modo como Zukhov olhou para ela. Mesmo sabendo que era esse o nosso intento. Não gostei quando ela foi forçada ao seu limite.

Eu só sei que me importava com ela. Com a segurança dela. Com o bem-estar dela.

Mas tenho certeza de que não é somente pelo fato de sermos parceiros.

Ou é?

Escutei o chuveiro ser desligado. E pouco tempo depois ela saiu do banheiro, com uma expressão de dúvida. Devagar se aproximou da cama e, sem me encarar, deitou de costas para mim. Pude ver que ela ainda tremia. Então joguei o cobertor em cima dela e esperei. Ou pelo menos tinha esperanças de que ela fosse me usar de travesseiro de novo.

Mas ela não virou. Mas também não estava dormindo.

E eu senti que devia a ela uma resposta. Só não sabia qual. Porque eu não sabia o motivo de me importar tanto.

Ela se mexeu, claramente desconfortável com o silêncio do quarto.

— Jen... eu...

— Jethro, não. – Ela disse sem se virar. – Acho que... que eu falei demais. Eu só queria... queria pedir desculpas.

E isso me deixou louco. Por que raios ela pediria desculpas?

— Jen... – Eu a alertei.

Ela se virou na minha direção. A tensão entre nós dois sendo palpável. Ficamos em silêncio por um tempo, até que ela fez menção de levantar.

— Acho melhor eu ir dormir na sala...

Segurei o seu braço bom, não tinha motivos para isso. Era eu quem tinha que falar, não ela.

Ela olhou da minha mão em seu braço para o meu rosto. E ficou assim. Me encarando. Como se buscasse as respostas para as próprias dúvidas dentro de mim.

— Eu realmente não suportaria te ver morrer. – Ela sussurrou. – Só não me pergunte como cheguei a essa conclusão, porque eu não sei. – Ela tinha um sorriso tímido no rosto.

— Eu também não sei, Jen. Mas não posso nem pensar em te ver machucada.

Ela me calou colocando a mão em minha boca.

— Não, Jethro, não confunda ainda mais a minha cabeça, por favor. – Seus olhos verdes confirmavam o pedido com intensidade. E eu me perdi neles.

Tirei sua mão de minha boca e entrelacei nossos dedos. Ela olhou o gesto e fez um movimento em negação com a cabeça.

— Jethro, por favor...

Sua voz me dizia uma coisa, mas seus olhos falavam o contrário. Suas pupilas dilatadas, a forma como suas bochechas ficaram vermelhas... ainda com nossos dedos entrelaçados levei minha mão em seu rosto, só para senti-lo ainda mais quente.

Ela respirou profundamente, como se quisesse se acalmar. E tentou se esquivar, mas sua tentativa não foi muito convincente.

— Você não vai a lugar a nenhum nessa noite, Jen. – Apertei o enlace de nossas mãos ao mesmo tempo que levei meu outro braço ao redor de sua cintura.

Foi como colocar fogo em pólvora, se em um minuto ela estava querendo dormir o mais longe de mim possível. No outro ela simplesmente ficou de joelhos na cama e, com um movimento rápido, me beijou, o mais ferozmente que ela conseguia.

Quando precisamos de ar, ela, ainda sem fôlego apenas disse:

— Você não tem o direito de me deixar desse jeito, Jethro. Não tem.  – E me lançou um sorriso que eu sabia que jamais esqueceria.

Dessa vez fui eu quem a pegou em um beijo. Mas ela não deixaria por menos e tentou retomar o controle. Por poucos segundos conseguiu. Contudo eu brigava pelo controle junto com ela, e como todas as nossas outras brigas, era sempre um buscando um motivo para vencer, para dominar, mas na presente situação, se um não cedesse, não terminaria nunca. Se bem que nessa briga, não tinha vencedores ou perdedores.

—---------------------

Com um único olhar ele conseguiu me desiquilibrar, eu que passei todo o banho com o mantra de que dessa vez o cavalheirismo antiquado dele não me seduziria.

Ledo engano. Eu já estava há muito tempo presa a ele e não tinha percebido. Como eu fui cair nessa? Será que não aprenderia nunca?

Contudo não tinha jeito, aqueles olhos me desestabilizavam, e ele parecia saber disso, pois quando eu tentei sair de perto dele foi o poder daquele olhar que parou o meu intento.

Ele quis dizer algo, eu não poderia deixá-lo falar nada. Por que uma única palavra. A palavra certa, e eu estaria a sua mercê.

Mas ele não disse. Ele fez. Pegou minha mão e entrelaçou na sua. Mais uma vez eu tentei me soltar, mas foi tão fraca a tentativa que até ele mesmo notou.

Então ele falou, disse que eu não iria para lugar nenhum. E me prendeu ali somente com o poder de seu olhar.

Foi o suficiente para que a minha determinação virasse desejo. Dessa vez eu sabia quem tinha começado tudo.

Eu começara. Pelo simples fato de que eu não suportaria vê-lo morrer. Eu não suportaria ficar longe dele. Eu o queria mais próximo de mim possível. Precisava senti-lo. Então o beijei, como nunca eu beijara ninguém. Eu o queria só para mim. E, por uma noite, eu não queria saber o que isso significava para ele.

Porque eu sabia o que significava para mim. Eu estava definitivamente apaixonada por ele.

Quando eu precisei respirar, tive que terminar o beijo. Mas não consegui me afastar dele. Encostei minha testa na dele e sorri. Já que eu não tinha mais saída, que mal fazia se eu aproveitasse o momento. E. quando chegasse a hora, eu que me virasse caso meu coração fosse partido mais uma vez.

— Você não tem o direito de me deixar desse jeito. – Eu disse a ele. E era verdade, ele não tinha o direito de bagunçar os meus pensamentos, os meus sentimentos. Não mesmo.

Como que para provar o contrário. Ele atacou minha boca. Dominando por quase um minuto todos os meus pensamentos. Não. Nessa noite, eu mandaria. Era a minha chance de aproveitar antes que tudo acabasse. Então tomei o controle e o joguei na cama. Mas é claro que ele não deixaria. E tentou brigar pelo controle junto comigo.

Eram as nossas brigas, mas dessa vez, não ficaríamos somente no quase. Cada uma daquelas provocações, das respostas rápidas e ácidas. Dos momentos em que por muito pouco não voamos no pescoço do outro acabou ali.

Na cama.

Nós erámos bons em campo. Ah! Erámos! Sabíamos o que estávamos fazendo. Éramos bons em brigar também. Em levar o outro ao limite com a palavra certa. Mas somos melhores aqui.

Ele interrompeu o beijo por um segundo e sorriu para mim.

— Você vai mesmo tentar controlar a noite, Jen?

— Não é isso o que venho fazendo desde o momento em que saí daquele chuveiro, Jethro? – Respondi ao pé do seu ouvido, onde deixei uma mordida.

Ele gemeu e me deitou na cama. Prendendo meus braços acima da minha cabeça.

— Isso é jogar sujo. – Eu disse enquanto ele alternava entre beijos e mordidas no meu pescoço.

Ele apenas gargalhou rouco na minha orelha. E eu não me contive. Me soltei de seu aperto e consegui rolar ficando por cima dele. Era a minha vez de fazê-lo sofrer.

Sim, ele até poderia ter me conquistado, mas eu não deixaria ele saber o quão fundo ele havia chegado. Esse era um jogo para se jogar de dois, e eu não sairia perdendo.

—--------------------   

  O calor do meio do verão me atacou sem piedade quando abri os olhos. Seria possível estar ainda mais quente dentro desse maldito sótão?

Passei as mãos em meus cabelos, tentando a todo custo tirá-los do meu rosto. Mas mesmo assim, nada de refresco. Foi então que notei. Na verdade, era para ter notado há mais tempo, mas mesmo assim, a sensação que me atingiu foi a melhor do mundo. Definitivamente havíamos trocado os papeis nessa noite. E foi tudo tão diferente que até as nossas posições ao amanhecer estavam invertidas. Ao invés dele ser meu travesseiro particular. Eu era o travesseiro dele. Sua cabeça descansava em minha barriga, seu cabelo completamente bagunçado, arrepiado para todos os lugares.

E foi aí que eu entendi o porquê que ele nunca me acordou quando era eu quem estava dormindo em seu peito. É completamente irresistível ficar olhando a outra pessoa ressonar. Ainda mais quando ele está tão em paz, e um pequeno sorriso despontava em seus lábios.

 Esse era o meu pequeno paraíso particular. E olhando para ele ali eu não me contive e repassei toda a noite. Da nossa quase iminente morte à minha declaração desengonçada. Até como a maneira que fizemos amor. Fui descendo minhas mãos pelas costas nuas dele, para encontrar a prova da intensidade de minha paixão. Eu havia deixado mais arranhões do que da última vez, aposto que havia outros em seu peitoral também. Mas quer saber, eu não me sentia culpada. Fora uma noite e tanto. E eu poderia repeti-la quantas vezes fosse possível.

Continuei afagando seus cabelos até que perdi a noção do tempo. Devo ter adormecido, pois acordei assustada com as pancadas que eram dadas na porta.

Jethro pulou do meu colo e depois de se vestir da melhor maneira que pode, pegou a sua arma e foi ver quem era.

Eu bem que queria ter feito o mesmo, mas foi impossível de encontrar uma peça de roupa. Como foi que jogamos tudo por todo o quarto? Na verdade, nem me lembrava de ter tirado a roupa a dele... Logo, encontrei a camisa do NIS que ele estava usando e coloquei meu short. Pegando minha SIG fui ser retaguarda de Jethro.

Quando cheguei na sala, ele me olhou de cima embaixo e levantou uma sobrancelha.

— Minha camisa? – Ele sussurrou incrédulo.

— Não achei minha roupa, quem mandou você jogar minha roupa tão longe? – Sussurrei de volta.

Ele só me deu um sorrisinho safado em resposta.

Chegamos na porta, ele parou do lado direito e eu fiquei incumbida de abri-la.

Jethro vez o sinal do número três com os dedos.

3...2...1

Abri a porta de supetão e ele apontou a arma para quem quer que estivesse do outro lado.

— Eia! Sou eu, nada de atirar em mim, Gibbs! – Decker disse mais alto que pretendia, sua voz demonstrando o susto -  e o medo -  de se ver sob a mira da arma de Jethro.

Xinguei sob minha respiração. Se Will me visse desse jeito, eu seria alvo de suas brincadeiras até o final da minha vida.

— Will, o que você está fazendo aqui? – Jethro perguntou desconfiado.

— DC está pedindo uma atualização. E onde está a Jenny? – Decker respondeu entrando e se sentindo à vontade dentro da pequena sala.

Com essa pergunta eu me encolhi ainda mais atrás da porta. Parecia uma adolescente se escondendo da mãe do namorado para não ser pega em flagrante.

— No quarto.   

— Aconteceu algo que eu deva saber? – O tom de voz de Will demonstrava que ele estava desconfiado de algo, e a cara de Jethro expressou esse mesmo pensamento.

— Ela foi atingida de raspão no braço. Tomou mais remédio para dor que deveria e ainda está dormindo.

— Foi sério? – Will perguntou preocupado.

Por mais lisonjeada que eu tenha ficado com a preocupação de Will, tudo o que eu queria era que ele saísse o mais rápido possível. Minhas pernas já estavam começando a formigar de ficar tão encolhida.

— Não. Ela vai acordar bem. – Gibbs foi sucinto.

— E então, descobriram alguma coisa com a visita de ontem.

— Sim e não. Zukhov sabe quem eu sou, sabe que tem agentes atrás dele. As coisas saíram do controle e, depois de uma troca de tiros, ele fugiu. Mas pelo menos ainda temos uma pista.

— Como ele descobriu sobre você?

— Não faço a mínima ideia. Mas temos que ficar fora de vista para o caso de ele estar nos procurando.

— Ainda acha que ele vai para Sérvia?

— É bem provável. Ele tem negócios para serem feitos lá. Mas deve agir com muito mais cautela agora.

— Certo. Vou repassar para Washington o ocorrido. Dê as minhas melhoras para Jenny.

— Certo. Pode deixar que dou sim.

Jethro inconsciente ou conscientemente foi empurrando Decker para a porta. E para evitar ser pega, prendi até a respiração. Mas não sei porque ele não queria sair daquele sótão.

— Ah, Jethro. Chegou isso aqui. Sua correspondência mensal.

Cartas de Kelly! Hoje era um grande dia para isso acontecer! Essa garota tem um timing perfeito!

Assim que Jethro pôs as mãos nas cartas, ele fechou a porta na cara de Decker e olhou para mim. Mas ainda pudemos ouvir Will reclamar.

— Tenha um bom dia você também, Gibbs!

E ele desceu as escadas parecendo ofendido com a repentina falta de educação de Jethro.

— Graças a Deus! Achei que ele não iria embora nunca! – Disse enquanto conseguia me alongar.

— Ninguém mandou aparecer vestida assim para abrir a porta. Sua mãe não te ensinou a ser educada com as visitas não, Jen.

Ele estava realmente me provocando?

— Da próxima vez, Jethro, vê se não joga minhas roupas sei lá para onde, assim poderei receber as visitas vestida apropriadamente.  – Eu disse e tomei as cartas da mão dele. Mas não sem perder o olhar que ele lançava para minhas pernas.

— Mas você quer saber? – Ele começou ainda olhando para mim.

— O que? – Respondi sem nem olhar para ele.

— Prefiro você vestida assim. – Ele veio em minha direção e me pegou no colo, me levando para o quarto.

— Jethro, as cartas de Kelly! Eu quero ler o que ela.... – Ele me calou com um beijo.

Quando nos separamos, já na cama ele me disse.

— Você vai ter muito tempo para responder a Kelly, agora venha aqui que eu preciso pagar alguns dos favores que você me fez nessa noite...

Eu não tive nem condições de discordar ou discutir com ele.   


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Jenny, Jenny... você tá realmente perdida, garota...
Ela já sabe que não tem mais volta.... e ele, quando vai perceber de verdade, hein?
Próximo capítulo, temos a volta de Kelly e, finalmente, vamos trocar de cidade
Muito obrigada por lerem e até o próximo!!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Carta para você" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.