Carta para você escrita por Carol McGarrett


Capítulo 113
Vai Dar Tudo Certo!!


Notas iniciais do capítulo

Gibbs e Jenny deveriam saber de antemão que não dá pra confiar na palavra de três agentes, uma cientista forense e uma garota de sete anos....
Sejam bem-vindas (os) ao Halloween 2.0, pois agora a festa (e a bagunça) é de verdade!!
Boa leitura!



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E hoje é o aniversário da mamãe... como a Kells e a Abbs já arrumaram tudo para a viagem, a minha única obrigação é garantir que ela tenha um dia só para ela, livre de qualquer dor de cabeça.

Quando eu falei isso para o Tony, ele começou a rir, disse que era praticamente impossível que eu desse um dia de paz para a minha mãe, mas eu estou determinada a conseguir fazer isso. Para tanto, eu vou arrumar um café da manhã super especial para ela, é por isso que eu estou de pé tão cedo em um domingo!

Noemi passou os últimos dias me ensinando a fazer waffles, disse que não tem perigo que eu mexa na máquina, porque, até para mim, é impossível de me queimar. E, ela foi tão gente boa, que deixou todos os ingredientes da massa separadinhos no armário. Tenho que me lembrar de dar um presentão pra ela!

Eu tenho a receita, tenho a máquina, espero não fazer muita sujeira!

Misturei todos os ingredientes igual a Noemi me ensinou, a massa, mesmo crua, até que tá gostosa, agora eu tenho que por uma concha da massa da máquina e ficar de olho para não queimar!

Enquanto o waffle ficava pronto, coloquei a medida de café, que como diz a Kells, é levanta defunto, na cafeteira e a liguei, a coisinha começou a fazer barulho, o que indicava que logo, logo o cheiro do café ia começar a subir e, mais rápido do que eu posso pronunciar “A culpa é do Tony!”, papai vai aparecer na cozinha ainda com cara de sono e vai direto para a cafeteira, atrás do primeiro copo de café do dia...

Meu primeiro waffle, feito por mim, sozinha, está pronto, e ele está tão cheiroso que queria comê-lo, mas é o presente da mamãe, então eu tenho que colocá-lo em um prato e enfeitar com mirtilos, morangos e, por que não, leite condensado? Ou seria melhor uma calda de chocolate??

Separei os mirtilos e os morangos, lavei tudo bonitinho e coloquei em uma vasilha, afinal, vai que a mamãe não tá com humor pra comer fruta, né? Porque ela tem dessas coisas! Tem dia que tudo o que ela quer é doce, não importa qual seja!

Demorou um pouquinho, mas tudo ficou pronto, acabei de colocar o último waffle na pilha, separei dois para o meu café da manhã e estava acabando de colocar o morango no topo, quando me virei para descer da cadeira (eu ainda sou baixinha para alcançar a bancada!) e...

— PAPAI!!! CREDO!!! Quer que eu dê um treco??

Sim, meu pai tava parado na porta da cozinha, sei lá há quanto tempo, observando o que eu estava fazendo!

— Bom dia para você também, cozinheira! – Ele veio para perto de mim, me deu um beijo no alto da cabeça e advinha o que foi fazer?

Dez pontos para a Grifinória se você disse: pegar um copo de café.

— Bom dia, papai! A mamãe ainda está dormindo?

— O que você acha, filha? 

— Eu não estou ouvindo ninguém murmurando lá em cima.

— Então ela está dormindo. – Foi a resposta que ele me deu. – Eu ia ganhar café na cama, também?

— Ia... mas o senhor não sabe esperar... agora é só a mamãe!

— Tive que descer e conferir se a senhorita ia deixar a cozinha inteira. – Papai me deu um peteleco na ponta do nariz.

— Claro que eu ia, Noemi me ensinou direitinho! E eu sou uma excelente aluna! – Respondi e comecei a colocar todas as comidas na bandeja para poder levar até o quarto. Por baixo do prato onde estava a calda de chocolate eu coloquei o envelope que era o verdadeiro presente.

Com tudo pronto, peguei a bandeja e devagarinho fui para a escada.

— Não vai pedir ajuda?

— Eu já fiz isso antes, papai, posso demorar para chegar lá em cima, mas eu consigo! – Subi o primeiro degrau devagarinho.

— Sei. Mas vamos evitar uma ida ao hospital hoje, deixe que eu levo isso até a porta do quarto. – Papai tomou a badeja da minha mão e subiu na minha frente, sempre pulando um degrau.

— Minhas pernas não são tão compridas, me espere!! – Tive que falar e quando fechei a boca ele já estava no outro andar. Ser baixinha e tampinha não é fácil!

— Que envelope é esse? – Papai perguntou.

— Surpresa.

— Sua mãe não gosta de surpresas.

— Não é só para a mamãe, é para o senhor também, e nada de ver o que é sem ela! – Cheguei no alto da escada correndo, se eu demorasse mais, era bem provável que papai abrisse o envelope.

Fomos para o quarto, quando abri a porta, mamãe estava, no mínimo, morta para o mundo, porém, tão certo quanto dois mais dois são quatro, ela iria começar a resmungar assim que sentisse o cheiro do café.

E não deu outra, papai colocou a bandeja no divã que fica ao pé da cama, se sentou do lado da mamãe, enquanto eu fiquei ajoelhada perto dos pés dela, esperando a Bela Adormecida acordar. Não levou um minuto e ela começou a murmurar qualquer coisa que eu não entendi, depois mais um minuto para que ela começasse a se virar e a xingar, e só foi quando ela disse: “café” que eu sabia que ela estava 100% acordada.

— Bom dia, mamãe!! Feliz Aniversário!!! – Pulei no pescoço dela e a abracei apertado, dando um beijo na sua bochecha. – Eu fiz o seu café da manhã! – Apontei para o pé da cama.

— Bom dia, Miniatura!! – Ela me deu um beijo. – É, eu estou sentindo o cheiro. Waffles?

— Mamãe... pode falar, a senhora sentiu o cheiro do café!! Igualzinha ao papai!

— Se você está dizendo, vem, coloca essa bandeja aqui e vamos comer! – Ela me deu um tapinha para que eu fizesse o que ela me pediu, enquanto eu trazia a badeja para perto dela, ela cumprimentou papai que lhe desejou um feliz aniversário.

Assim ajeitei tudo, e ia descendo da cama, até que...

— Pensa que vai aonde?

— Eu deixei dois waffles para mim na cozinha! Esses são seus! – Falei pulando da cama.

— Vai me deixar tomando café sozinha, no dia do meu aniversário?? – Ela me olhou toda ofendida.

— O papai tá aqui! - Respondi, e a feição dela me fez completar. - E se eu disser que só vou pegar o meu prato e já estou de volta?? – Tentei não deixar mamãe chateada.

— Vou contar no relógio. – Me respondeu e eu saí correndo escada abaixo.

Na cozinha eu tive que ser mais rápida que um guepardo, peguei o meu prato – que tinha mais chocolate que waffle – um garfo, uma faca e um copo de suco, não pude subir correndo porque fiquei com medo de ir parar na emergência.

Assim que entrei no quarto, tanto mamãe quanto papai liam o conteúdo do envelope, creio que mamãe iria demorar para vê-lo ali, afinal, ela ainda estava com sono, então, deve ter sido papai quem o pegou.

— Será que a senhorita pode me explicar o que é isso aqui? – Mamãe me perguntou.

— Esse é o presente de aniversário. O seu, mamãe, e o do papai.

— Uma viagem?

— Hum hum... – Balancei a cabeça e eu nunca quis tanto que a Kells estivesse aqui para poder explicar melhor o nosso presente.

— E pode me explicar de quem foi a ideia?

Sem condições de colocar a Abby nesse meio.

— Da Kells e minha.

Os dois me encararam e eu fiquei parada, com o prato na mão tentando esconder a outra parte da verdade.

— Mais alguma coisa, Sophie?

Papai me chamou de Sophie... eu tô muito encrencada!

— Então...

— Eu sabia que tinha mais alguma coisa! – Mamãe falou.

— Não tem mais nada. Só que a viagem é só para vocês dois. Um mesmo presente para vocês! Para descansarem. Vocês estão precisando! – Falei.

Os dois se olharam e olharam para mim.

— Então não foi só você e a Kelly que ajeitaram isso. – Papai falou.

Por que ele sempre tem que saber de tudo???

Dei de ombros. Era melhor do que falar.

— Sophie Shepard-Gibbs, estamos esperando! – Mamãe sibilou.

Comecei a pular sem sair do lugar!

— Sim... é.. eu...Ah! A Abbs e o Tony sabem, bem a tia Ziva também, já que ela está praticamente morando com o Tony.

— E por que tanta gente sabe disso?

— É que eu preciso de alguém para ser a minha babá, mamãe. Tony foi o escolhido.

— Quem escolheu o Tony? – Mamãe tornou a perguntar e eu me senti em um interrogatório.

— Ninguém... a Abbs só avisou para ele que eu vou passar quatro dias na casa dele.

Quatro dias? – Ela ainda não tinha aceitado isso muito bem.

— Passa rapidinho! – Garanti.

— Você e o Tony, juntos por quatro dias?! – Papai perguntou.

— Sim! Vai ser legal, vamos ver muitos filmes!

Os dois fizeram uma careta.

— Algo errado?

— Só o Tony sendo a sua babá! – Eles me responderam e começaram a rir.

Juro que não entendi!

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Depois da surpresa que as minhas filhas e todos os agregados da família preparam, meu domingo foi tranquilo, apesar de que eu ainda tinha o pé atrás quanto a deixar Sophie no país com Tony tomando conta dela. Quando mencionei isso a Jethro a única resposta que ele me deu foi:

— Eu me preocuparia com Tony ao invés de me preocupar com a Ruiva.

Claro que isso não me acalmou, só me deixou ainda mais nervosa.

A semana começou como todas as outras, minha Miniatura fazendo hora para se levantar, o que acabou atrasando a todos e, depois que conseguimos o milagre de não ficarmos presos no trânsito, fui recepcionada por Abbs que nos esperava eufórica na entrada:

— Jenny, Jenny, Gibbs, Gibbs! - Ela gritava e pulava ao mesmo tempo. - Primeiro, Feliz Aniversário atrasado, Jenny! - Me abraçou apertado. - Agora, o mais importante: Já arrumaram as malas? Vocês vão deixar a Jibblet com o Tony, não vão?? Diz que sim, por favor!!!

— Bom dia, Abby! - Retribui o abraço. - Muito obrigada por ajudar no nosso presente, e sim, vamos deixar a Sophie com o Tony, mas primeiro temos que conversar com ele.

— Mas é claro que ele não vai ligar! NÃO É TONY? - Ela gritou. E, de dentro de um Camaro preto, saem Tony e Ziva com feições desconfiadas.

— Bom dia! - Os dois nos cumprimentaram. - E Chefe, eu só sabia que teria que tomar conta da Peste Ruiva, não sabia de mais nada... - DiNozzo já começou se desculpando.

É claro que o plano de Kelly, Abby e Sophie não tinha sido discutido em todos os pormenores.

— Vocês vão dar conta de tomar conta da Ruiva? - Era a pergunta mais importante do dia.

— Bem, Gibbs. - Ziva começou - Ela não dá tanto trabalho assim.

Encarei a israelense. Será que ela realmente achava que Sophie era tão tranquila?

— Vocês acham? - Perguntei.

— Bem. A Peste Ruiva nunca nos colocou em problemas, Jenny. E são só... quantos dias são mesmo?

— Quatro! - Abby se intrometeu. - De quinta a domingo! E na quarta-feira é Halloween!

— Podemos fazer isso, até porque acredito que Abby não vai deixar de aparecer para ajudar, não estou certa? - Ziva disse.

— E vocês acham que eu vou perder a oportunidade de poder paparicar a Jibblet quando ela estará sem supervisão paterna? É claro que não! Vai ser a minha chance de.... - E a cientista forense parou diante do olhar que Jethro lançava para ela. – Minha chance de ajudá-la com os deveres de casa e com qualquer matéria que ela tiver dúvidas.

Eu nem tinha confirmado as passagens e já estava começando a me arrepender de ir. Sophie seria completamente mimada nestes quatro dias. E eu já temia em como iria encontrá-la quando voltasse.

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Não teve jeito, não havia outro assunto entre os fofoqueiros de plantão da equipe do que a viagem que eu e Jen íamos fazer e, claro, o fato de que Sophie ficaria por conta dos seis.

Eu sabia que Jen tinha calafrios só de pensar na hipótese de deixar a filha aqui, eu não via problema nisso, até porque dos seis, dois são agentes federais, outra é uma oficial do Mossad, tinha um médico, um estudante de medicina e tinha Abbs.

Meu problema era como estes seis sobreviveriam à minha filha, já que a Ruiva pode ser a criança mais doce do planeta, como pode ser uma pestinha incontrolável.

E era com esse lado mais rebelde de Sophie que estávamos preocupados.

— Sophie. – Jen chamou a sua atenção assim que ela se sentou à mesa, ainda usando a bendita coroa.

— Sim, mamãe?

— Eu preciso conversar algo com você.

A ruivinha só tombou a cabeça e mordeu o lábio, creio que pensando no que ela havia feito de errado.

— Você sabe da viagem.

— Sim, eu sei.

— E sabe que o Tony e a Ziva vão tomar conta de você.

— Também sei disso.

— E que vamos ficar quatro dias fora, e só te veremos na segunda de tardinha.

— Hum-hum. – Balançou a cabeça e eu sabia ler a minha filha muito bem para saber que ela ainda não tinha entendido aonde a mãe queria chegar.

— Eu preciso, que você se comporte, Sophie. Preciso que você obedeça a tudo o que Ziva te falar...

— O Tony não? – Questionou a pequena.

— É Ziva quem põe ordem quando vocês três estão juntos.

— Tudo bem!

— Posso continuar?

Sophie se sentou como uma princesa e olhou para a mãe.

— E, por favor, nada de ficar pedindo as coisas ou implorando para ir a tal lugar e, principalmente, tente não fazer nenhuma estripulia que possa acabar com você ou alguém na Emergência.

— Tudo bem... eu achei que era só fazer o que eu faço em casa. – Sophie disse toda sincera.

— Se você aprontar metade do que você apronta aqui em casa no apartamento do Tony, o síndico vai despejá-lo.

— Eu vou ficar quietinha, mamãe. Mas eu achei que eles iam ficar aqui em casa.

— Oferecemos isso para o Tony, mas ele prefere, ou melhor a Ziva acha melhor você ficar com eles lá. Mais fácil de conter os riscos, já que o apartamento é menor.

— Ah, tá. Riscos. Como se eu fosse... – Ela parou e, depois da encarada de Jen, abaixou os olhos. – Eu vou ficar quieta.

— Estou depositando a minha confiança em você.

— Sim senhora. Vocês embarcam que dia?

— Na quarta à noite. Você vai passar a noite de Halloween com a equipe...

Sophie abriu um enorme sorriso.

— O que não significa que você vá fazer travessuras ao invés de pedir doces. E nada de comer muitos doces, você sabe o que pode acontecer com você!

Sophie balançou a cabeça, mas essa era uma batalha perdida, é claro que quando juntasse toda a equipe, na rua e fantasiada, D.C corria perigo.

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 Eu ainda tinha as minhas dúvidas se esse arranjo daria certo, contudo, Jethro me garantiu que sim e confiei na palavra dele, mesmo que a minha intuição dissesse o contrário. Assim, fomos deixar Sophie na casa de Tony, ela, já devidamente fantasiada para sair e pegar doces.

Antes mesmo que descêssemos do carro, Ziva e Abby apareceram ao nosso lado, Abby, fantasiada de Noiva Cadáver, já foi abrindo a porta e puxando Sophie pelo braço.

— Vossa Alteza Real! – Brincou. – Vamos logo, não podemos perder tempo! A noite só está começando! – Se animou.

— Espera, Abbs!! – Sophie tentava se soltar do aperto. – Eu ainda tenho que me despedir dos meus pais! – Disse.

— É mesmo! Vai lá! – A saltitante e elétrica gótica falou, e eu juro, estava preocupada com a quantidade de CAF POW’s! que ela havia tomado.

— Preciso repetir as recomendações? – Falei para Sophie que estava no colo de Jethro. Claro que a Pestinha do Papai iria se agarrar a ele na hora do adeus.

— Não, mamãe. Não para mim! – Falou e apontou para Tony e McGee que saiam do prédio.

— Quais recomendações? – DiNozzo questionou.

— Acho que nós só não podemos colocar fogo na cidade! – Abby falou com um sorriso. – Eu tô brincando, Jibbs! – Levantou os dois braços como se defendendo de nossa encarada.

Foi Jethro quem resumiu tudo, pois, se me deixasse falar, nós perderíamos o avião.

— Respeitem o horário de ir para cama, nada de comer muitos doces ou ficarem vendo filmes até a madrugada, amanhã e sexta ela tem aula. A saída de vocês é para pegar doces, não para travessuras. Qualquer outro problema, nos ligue e voltamos. E você, mocinha – ele tornou a levantar a filha no colo. – juízo e respeite o que eles te falarem.

Os murmúrios de “sim, Chefe!”. “Pode deixar, Gibbs!” e “Eu vou me comportar, papai!” foram ditos ao mesmo tempo.

Jethro deu um beijo no alto cabeça da filha, que o retribuiu com outro na bochecha, depois, Sophie escorregou do colo dele para vir pulando do meu lado e me abraçar pela cintura!

— Eu vou sentir a sua falta, mamãe! Mas aproveite o presente!! É para a senhora e o papai descasarem! – Me disse séria.

— Também vou sentir sua falta, Miniatura. E comporte-se!

Ela deu uma gargalhada e pulou para que eu a pegasse no colo. Assim que ficou da minha altura, me deu um beijo na bochecha e disse:

— Te amo mamãe!

Com essa frase eu quase desisti de viajar.

Jethro me apressou, pois já estávamos com o horário contado. Desci Sophie e ela correu para conversar com o pai, depois deu a volta no carro e abriu a porta para mim.

— Divirtam-se! – Falou quando abri a janela.

Arrumei a coroa na cabeça dela.

— Vá pegar doces, Princesa Sophie! – Falei dando um beijo na ponta do nariz dela.

— Vai dar tudo certo! – Tony garantiu.

Era o que eu esperava que acontecesse.

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— E eles se foram! – Anunciei assim que não deu mais para ver o carro do Chefe. – Quem está pronto para a bagunça?

Não preciso dizer que todos gritaram. Sei que a recomendação era sem travessuras, mas o que é um Halloween sem alguém tendo a casa coberta de papel higiênico? Não é Halloween!

— Só um minutinho que vou por a minha fantasia! – Ziva anunciou e eu a segui até o apartamento, Abby e McCavaleiroDaIdadeMédia iam levar a Princesa Sophie para dar uma volta no quarteirão e tentar pegar alguns doces para começar a noite.

Quarenta minutos e três baldes de doces depois, estávamos prontos para rodar a cidade. E nós tínhamos um ótimo plano. Sophie e Abby seriam as responsáveis por bater nas portas, enquanto Ziva, Tim e Eu ficaríamos de guarda-costas e os responsáveis por esconder os doces que já havíamos ganhado.

Por que as duas? Você deve estar se perguntando. Fácil, Abby está indo de acompanhante da Princesinha e, claro, ninguém, absolutamente ninguém diria não para as duas. E se dissessem...

Era o nosso papel ajudar na travessura.

— Eu acho que ninguém vai pedir travessura! – Peste Ruiva disse ao olhar a grande caixa repleta de doces que estava no porta-malas. – Todo esse papel higiênico vai ter que ser estocado para o ano que vem. – Apontou para os cinco fardos que tínhamos trazido.

— Bem, assim é menos uma recomendação do Gibbs que a gente vai ignorar. Já que doces em excesso... – Abbs falou esvaziando mais um baldinho.

E seguimos pelo bairro, Peste Ruiva pulando pela calçada, fazendo sucesso com sua fantasia de princesa e conseguindo todos os doces que podia.

Até que em uma determinada casa...

Tudo lá estava enfeitado, a luz da varanda estava acessa indicando que poderíamos bater e pedir doces, mas tanto Abby quanto Sophie ficaram estáticas na calçada.

— Que foi? – Pergunte de dentro do carro.

— Acho que já está bom de doces... – Peste Ruiva me respondeu.

— Mas ali ainda estão dando doces! – McGee falou e deu um leve empurrão nas costas de Abbs.

— Vocês não estão sentindo? Tem algo de errado com aquela casa! – A Noiva Cadáver respondeu.

— Só está muito enfeitada. Não tem nada demais! – Ziva desceu do carro e parou ao lado das duas.

Sophie e Abbs se olharam e deram um passo para trás.

— Eu passo essa casa. Não gostei! – Sophie disse.

— Qual é, Peste Ruiva! Vamos lá! – A guiei pelo caminho que margeava o jardim completamente enfeitado de abóboras decoradas com temas de filmes de terror e grandes aranhas. Inclusive tinha uma aranha enorme que ficava subindo e descendo do telhado da varanda.

— Tony.... eu não vou nem passar debaixo daquela aranha! – Sophie me disse.

— Larga de ser medrosa, menina! Não vê que é de mentira? Onde teria uma aranha desse tamanho?

Mesmo assim a ruivinha parou a alguns metros da varanda e ficou de costas para o enfeite.

Abby me seguiu e tocamos a campainha. Logo que o som diminuiu, a porta se abriu sozinha. Escutei Sophie gemer de medo.

— Gostosuras ou travessuras? – Abby cantarolou.

Nenhuma resposta.

— Gostosuras ou travessuras? – Ela tentou de novo.

Nesse momento todas as luzes da casa se apagaram, a aranha que estava no teto saiu andando pelo jardim, para o total pavor de Sophie e um grito – que não era humano – quase nos deixou surdos.

Vi Sophie sair correndo e gritando, achei a garota exagerada igual a irmã mais velha, até que me virei para a porta e...

— PELO AMOR DE DEUS!!! O QUE É ISSO?????? – Gritei mais alto que Sophie e dei no pé, Abby não muito longe de mim, no meio do caminho alcancei Sophie que corria com cuidado para não estragar a fantasia e peguei no colo.

— Mas o que era aquilo?? – Ziva perguntou quando mandei ela acelerar para longe daquela casa.

— Eu sei lá! Nunca vi nada tão apavorante na vida! – Abby – aquela que sempre amou o Halloween - disse.

— Quem faz uma coisa dessas? Crianças são quem saem pegando doces! Olha como a Pequena tá tremendo. – McGee falou e nós quatro encaramos Sophie que estava encolhida no meu colo, tremendo de medo.

— Você vai ficar bem, Peste Ruiva?

— Será que gente pode ir para casa e dividir os doces agora? – Ela me perguntou.

— Creio que só temos que passar no Ducky. Ele pediu para te ver fantasiada. – Abbs respondeu.

— No Tio Ducky, tudo bem.... mas eu não quero mais pegar doces em nenhuma casa desconhecida!

— Não vamos. A menos que eu possa atirar em quem tentar nos matar de susto de novo. – Ziva garantiu.

— Isso se você não nos matar de medo primeiro, né Ziva? Levanta o pé do acelerador um pouco! – McMedroso gemeu do banco de trás quando a Ninja fez uma curva um tanto rápido demais e fomos parar na contramão, quase batendo de frente com um caminhão.

— ZIIIIIIIIIVAAAAAAAA! – Foi tudo o que conseguimos gritar antes de fecharmos os olhos.

Na casa de Ducky foi tudo muito bem, mesmo que ele tenha cobrado explicações sobre as nossas caras de medo e a cara de choro de Sophie. A resposta que ela deu, foi a melhor frase da noite.

— Estamos assustados por dois motivos: primeiro, a Tia Ziva estava dirigindo e eu tenho certeza de que ninguém vai esquecer a placa daquele caminhão! E segundo, mas é o motivo principal, fomos pedir doces em uma casa muito bizarra. Ninguém nos atendeu, quando a porta foi aberta escutamos um grito muito alto e todas as luzes se apagaram do nada. Isso, fora a aranha gigante que desceu do telhado e começou a andar pelo jardim!

Ducky olhou para os quatro adultos querendo uma explicação.

— Ducky, acredite, foi pavoroso. – Confirmei.

— E vocês estão bem?

— Vamos ficar depois que comermos doces! – Sophie balançou a cabeça feliz.

— Só não exagerem, ainda mais você, minha criança, ou teremos que chamar os seus pais.

— NÃO!! Deixa os dois de férias! – Gritou a pequena. – Vai ficar tudo bem! – Garantiu. – Vamos ver filmes agora, né?

— Espero que nenhum de terror. – Ducky nos encarou.

Nos fizemos de desentendidos.

— Se for de terror, Tio Ducky, eu vou pedir asilo na sua casa!

— Será muito bem vinda, Sophie. Agora vão, daqui a pouco vai estar na hora da nossa pequena ir para a cama, pois amanhã, princesa Sophie, você tem aula.

— Eu sei!

Nos despedimos de Ducky e, dessa vez eu fiz questão de dirigir.

— Uhm... pessoal. Eu tive uma ideia! – Sophie falou do banco de trás. Ziva se virou para encará-la, assim como Abby e Tim. E a olhei pelo espelho retrovisor.

— Que ideia? – McApavorado perguntou.

— Já que não tivemos a chance fazer nenhuma travessura e estamos cheios de papel higiênico no porta-malas. Eu tenho a casa perfeita para deixarmos enfeitada.

— Que casa? – Ziva perguntou desconfiada.

— A casa da Kelly. Ela não está aqui. Não sei onde Henry está, mas ele é meio devagar e nem vai nos escutar, só vai ter uma enorme surpresa quando abrir a porta.

Era até tentador.

— Não. – Ziva cortou a diversão.

— SIM!! – Gritaram os três do banco de trás.

— E quem vai ajudar o Henry a arrumar a casa depois?

— Isso não é problema nosso, Tia Ziva!! Vamos!

E, bem... não estávamos tão longe assim.

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Tony parou o carro há dois quarteirões de distância da casa. Pegamos os fardos de papel e saímos devagar pela noite, naquele bairro não tinha lá muitas pessoas pegando doces.

— Bairro de gente rica! – Abby disse descontente. – Eles nunca dão doces! Em Nova Orleans era a mesma coisa!

— Quando chegarmos na casa, silêncio. Não teremos muito tempo! – Tony avisou.

Eu estava achando que não era uma boa ideia, o pobre do Henry estava sozinho em casa, ia ter um trabalhão para tirar tudo aquilo do telhado.

— Então, aqui estamos! – McGee anunciou.

— Silêncio e joguem o maior número de rolos que conseguirem antes que ele acenda a luz da varanda. – Abby instruiu.

— Ainda bem que o casalzinho do ano não tem cachorro. – McGee comentou e arremessou o primeiro rolo.

Foi até divertido, arremessamos rolos de papel por toda a casa, no telhado e ainda decoramos a árvore e a cerca viva que fica na frente. E era muito difícil não começar a rir, pois sabíamos que Henry estava em casa, eu o vi dentro do escritório quando dei a volta e arremessei um rolo ali perto.

Tudo estava indo bem, quase três fardos de papel já tinham ido embora, quando escutamos um rosnado.

—  Vocês têm certeza de que não tem cachorro nessa casa? – McGee perguntou.

— Até na semana passada, quando mamãe veio ver como o Henry estava, não tinha. – Sophie comentou.

— E esse rosnado? – Tony parou e escutou.

— Henry e Kelly podem não ter cachorro. – Falei. – Mas o vizinho TEM!!!

Foi uma correria, já que ainda tínhamos as mãos cheias de rolos, e tivemos que sair correndo do cachorro e, ainda tentar manter nossas fantasias no lugar!

Passamos pela lateral da casa, tentando não fazer barulho, mas o cachorro latia tão alto que chamou a atenção de Henry.

— Corre que o Henry vai sair pra ver o que tá acontecendo! – Abby se esgoelou e apressou a corrida.

Tony arremessou mais dois rolos e depois jogou o Pingo de Gente no ombro para que ela não ficasse para trás.

Saímos na calçada bem no momento em que Henry abria a porta da frente.

— Ei? O que vocês estão fazendo aqui??! – Ele gritou.

Eu queria começar a rir, mas o cachorro nos nossos calcanhares me impediu. Notei que Henry vinha ver quem tinha vandalizado a casa dele e nós corremos ainda mais. Passei por Tony e roubei a chave do carro da mão dele, apressando a minha corrida para ser a primeira a chegar no carro e já ligá-lo.

Foi a conta. Quando Abby mergulhou no banco de trás e quase espremeu Tim, arranquei o carro sem ligar os faróis para que ele não visse a placa. Sophie teve a cara de pau de dar tchauzinho pelo vidro traseiro.

— Henry tá possesso! – Tony comentou entre as risadas.

— Também pudera, quase três fardos de papel na casa dele, até eu! – McGee comentou, olhando pelo vidro para ver se ninguém nos seguia.

Sophie ria de chorar, ria tanto que quase perdeu o fôlego.

— Esse foi o melhor Halloween da minha vida! – Falou feliz.

E eu tive que admitir, foi realmente muito bom fazer aquela travessura.

No dia seguinte, saí cedo para correr e uma notícia chamou a minha atenção no jornal que comprei, era uma compilação de todos os casos estranhos que a Noite de Halloween teve e, entre eles:

“E, para finalizar, a casa do vereador Henry Sanders foi vandalizada por uma gangue de cinco pessoas. Toda a propriedade foi coberta por rolos de papel higiênico. As câmeras de segurança flagraram o exato momento. Os vândalos não foram pegos”.

Cheguei no apartamento de Tony com um sorriso no rosto.

— Bom dia, Tia Ziva! – o Pingo de Gente me cumprimentou. - Que cara é essa?

— Bem... estamos nas páginas policiais. – Mostrei o jornal tanto para a ruivinha quanto para Tony.

Tony começou a rir. Sophie encarava a reportagem e só perguntou.

— Tem como tirar digital de papel higiênico?

Nesse momento, McGee ligou.

— Vocês viram?? Estamos nas páginas policiais!!! Meu Deus! Se o Gibbs descobre estamos mortos!!

— Ele nunca vai descobrir, McMedroso. E não somos vândalos, só estávamos brincando um pouco.

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E, infelizmente, nossas férias chegaram ao fim. Ao mesmo tempo em que eu não queria voltar, eu queria ver a minha filha. Só que isso só aconteceria na segunda à tardinha.

— Pronta para voltar? – Jethro me perguntou.

— Sim e não. Quero nossa filha, mas não quero voltar a trabalhar. – Respondi.

Ele riu perto de mim.

— Também estou sentindo falta da Ruiva. Ainda mais depois que Kelly ligou revoltada falando que tinham enfeitado toda a casa dela com papel higiênico.

— Kelly exagerou. Era Halloween no fim das contas. – Comentei e desvencilhei do abraço de Jethro. Tínhamos que pegar um avião.

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E meus quatro dias como babá tinham acabado. Depois da noite de Halloween e da manhã seguinte que esperamos o telefone tocar e do outro lado estar um casal muito mal-humorado, os três dias restantes foram tranquilos, tudo bem que o tempo não ajudou e o dia frio e chuvoso só serviu para que ficássemos dentro de casa.

Assim, entre partidas de jenga (Ziva tinha insistido que queria aprender melhor o jogo, mesmo jogando na cara de McPerdedor que ele tinha perdido na primeira vez), filmes e comer todo o espólio do Halloween, nosso final de semana passou rápido e logo era a noite de domingo e a Peste Ruiva estava arrumando as suas coisas e correndo para terminar um dever de casa que ela tinha deixado de lado.

Na segunda-feira acabamos por nos atrasar, culpa dos três, já que ficamos naquela, só mais um filme do James Bond... e acabamos por tomar café na rua.

Parei na frente da escola de Sophie com o tempo apertado, ela logo desceu do carro, mas antes de sair correndo, já que o portão estava quase fechando, parou na janela ao lado de Ziva e disse:

— Tony, Tia Ziva, muito obrigada pelo final de semana e por terem tomado conta de mim! Me desculpem por qualquer bagunça! De tarde vejo vocês!! Beijos. – E depois saiu correndo pelo passeio e passou pelo portão quase fechado como uma ninja. Já dentro da escola nos acenou e voltou a correr para dentro do prédio.

— Essa daí é ligada na tomada, não tem como ser tão elétrica e tão cedo! – Ziva comentou rindo.

— Elétrica ou não, a única certeza de que tenho é que ela vai dar um trabalho para os pais e para nós!

— Vai ser divertido tentar encobrir os problemas dela daqui a alguns anos... – Ziva deu de ombros.

— Você vai mentir para o Gibbs e para a Jenny?

— Não vou mentir, Tony. Vou omitir. Só isso. – Deu de ombros. – E eu acho muito bom nós dois arrumarmos uma desculpa bem plausível para encarar as feras. – Ela apontou para o relógio no painel do carro.

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Mesmo sem uma boa desculpa, entramos no prédio e, perto de nossas mesas só vimos McGee. Que estava anormalmente pálido.

— O que foi McPálido? – Tony perguntou. – O Chefe já chegou daquele jeito?

Tim olhou para todos os lados e depois apontou para o elevador dos fundos, o seguimos e ele, muito brevemente, resumiu o que tinha escutado.

— Resumo: A Diretora já viu a notícia sobre a casa de vocês sabem quem. E, pelo visto, Kelly já tinha informado que a casa dela ficou completamente coberta de papel. Assim, cuidado com que falam hoje.

Nos encaramos, a notícia da nossa aparição nas páginas policiais tinha voado rápido.

Escutamos uma porta ser fechada e voltamos para as nossas mesas. Logo, Gibbs e Jenny desciam as escadas.

— Bom dia, Diretora. Bom dia, Gibbs! – Os cumprimentei. Notei pelo canto do olho que McGee tinha se concentrado na tela do computador.

— Bom dia, Ziva. – Jenny me respondeu. – Correu tudo bem nos últimos quatro dias?

— Mas é claro, choveu quase o tempo todo. Ficamos dentro de casa. – Afirmei.

— E a noite de Halloween?

— Pegamos doces. Levamos um susto enorme em uma casa muito bem enfeitada, depois passamos no Ducky. Nada demais. – Fiz meu breve relatório e vi Gibbs muito interessado nos meninos.

— Querem acrescentar algo? – Ele perguntou mais para Tim do que para Tony.

— Nada, Chefe. Tirando que a Peste Ruiva está ficando boa no pôquer e que ela se recusou veementemente a tirar a coroa da cabeça nos últimos quatro dias. – DiNozzo falou.

Só McGee permanecia calado e isso poderia virar problema, tanto que Gibbs continuou encarando o Novato, mas Tim tem sorte, pois antes que o Gibbs abrisse a boca, Abby apareceu correndo e laçou Gibbs e Jenny em um abraço de urso, falando tão depressa que eu não entendi nada.

— Ok, Abby. Já entendemos. – Jenny falou retribuindo o abraço.

— Eu senti tanta saudade de vocês!! Como foi a viagem? Descansaram? Aproveitaram tudo o que tinha para aproveitar? – Abby perguntava e pulava ao mesmo tempo.

— Sim, Abbs!

— Isso é tão bom! Adorei saber que gostaram do presente! – Ela, enfim, soltou o casal. – E aí, quais são as novidades?

Jenny deu uma risada.

— Nós quem perguntamos! Mas, pelo que já ouvi, foi tudo bem por aqui.

— Às mil maravilhas!

— Parece que a única que teve problemas foi mesmo Kelly e ela nem aqui está! – Gibbs comentou.

Todos fizeram cara de paisagem.

— Tá falando da casa dela coberta de papel higiênico? – Tony começou a rir.

— Sim. Ela ficou possessa com isso. – Jenny disse, rindo também. – Mas, é só Kelly sendo Kelly e sendo dramática.

— Todo mundo sabe como ela gosta de um drama. – Abby disse.

— Sim, gosta, do mesmo jeito que vocês gostam de enrolar no trabalho. – Gibbs soltou e, com um olhar, mandou todos de volta ao trabalho. Jenny seguiu não sei para onde e nós mergulhamos a cabeça em nossos relatórios que estavam pra lá de atrasados. E assim ficamos até que duas pessoas apareceram no prédio.

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Eu já estava a ponto de explodir de saudade da minha filha, tinha organizado a minha agenda para que, na hora em que ela terminasse a última aula do dia, eu estivesse na porta da escola para pegá-la. Sophie saiu com uma carinha de cansada, algo raro para ela, mas eu tinha as minhas suspeitas de que ela tinha ido para a cama bem tarde nos últimos dias, nada que preocupasse.

Ela parou na porta, olhou para os dois lados, procurando o carro que viria pegá-la, coçou a cabeça e depois olhou de novo, reconhecendo o meu carro e me vendo de pé veio correndo e gritando.

 - MAMÃE!! MAMÃE!! MAMÃE!!

Eu nem tive tempo para me preparar para a força com a qual ela me abraçou, e quase que nós duas acabamos no chão.

— Me desculpe! É que eu estou com tanta saudade da senhora! – Sophie me soltou e me ajudou a ficar de pé. – Gostou da viagem? Lá é bonito? A senhora foi na praia! Tá queimada de sol!! – Disse de uma vez.

Eu só soube rir desse interrogatório.

— Eu também senti saudades, Miniatura. Sabe de uma coisa? – Perguntei dando um peteleco na ponta do nariz dela.

— Não, o que? – Sophie tombou a cabeça e me olhava desconfiada.

— Estava conversando com o seu pai e eu quase consegui convencê-lo que nó só tínhamos que voltar para te buscar e te levar conosco para lá.

— Tá bom... a senhora e o papai abandonando o NCIS? Nem quando o mundo acabar! – Sophie disse com uma gargalhada. – Mas lá é bonito assim?

— Sim, e eu acredito que mesmo uma pessoa que não gosta de praia, como você, iria gostar de lá.

— Não para morar... gosto do inverno e da neve! – Ela respondeu. – Mas poderia viajar para lá! – Me garantiu.

A coloquei dentro do carro e comecei a perguntá-la como tinha sido o Halloween, Sophie, me detalhou o susto que eles tomaram na tal casa em que foram pedir doces.

— Mas sabe, mamãe, - Ela falou séria – Eu ainda não sei o que me deu mais medo, se foi o grito horripilante, se foi a aranha gigante que desceu do telhado ou se foi a Tia Ziva dirigindo na contramão. Eu juro pra senhora, vou jogar os números da placa do caminhão na loteria!

Dessa parte do caminhão eu não sabia, e como todos estavam bem, decidi que não ia falar nada.

— E o Henry, você conversou com ele?

Sophie começou a gargalhar.

— Sim, ele apareceu no apartamento do Tony no sábado, disse que a Kelly o tinha mandado lá para ver se eu estava viva. Ele tava meio revoltado com a história do papel higiênico. – Ela ria, incapaz de esconder que tinha achado graça na travessura que fizeram na casa da irmã.

E, rindo dos ataques do casal do ano, chegamos no Estaleiro, só para encontrar o próprio Henry na Sala do Esquadrão.

— Aconteceu algo com Kelly? – Foi a primeira pergunta que fiz quando vi que Jethro e o genro estavam sérios.

— Ela ligou de novo. Quer saber quem jogou o papel na casa dela. – Jethro me respondeu cansado.

— Eu falei para ela que é inútil, quem foi não fez por mal, foi só uma brincadeira de Halloween, mas ela está irredutível.

— Por acaso você jogou o papel fora? – Perguntei.

— Já.

— Então não tem mais evidências.

— Kelly está exagerando! Nem aqui ela estava! – Sophie falou sentada na mesa de Tony. – E nem foi tanto papel assim.

— Como você sabe? – Jethro, que só agora tinha visto a filha, perguntou.

— Henry nos mostrou a foto, papai.

Henry apontou para Sophie.

— E eu nem falei para ela que um rolo caiu na calha e entupiu, ou era bem capaz que ela viesse a nado tentar descobrir quem fez isso. – Ele falou e já estava rindo da situação. – Mas que ver cinco pessoas fantasiadas correndo de um cachorro foi tudo o que eu não esperava em uma noite de Halloween, disso eu não tenho dúvidas.

Tim, Tony, Ziva e Sophie começaram a rir.

— São os piores vândalos da história. – Tony falou.

— Porém o motorista de fuga era excelente. Mal deu tempo do quinto pular dentro do carro e já estava voando pelo cruzamento.

Tony quase se engasgou, Ziva tinha um sorriso no rosto, McGee mais tossia do que ria, já Sophie ria de chorar. E eu comecei a desconfiar de algo.

— No mais, eu vou tentar acalmar a Kelly. Dizer que fizeram tudo o que podiam. Vê se assim ela esquece isso. – Henry disse por fim e saiu rindo da cena que tinha contado.

Assim que Henry entrou no elevador, Jethro tirou Sophie da mesa de Tony e a colocou em seu colo, depois, encarou os três agentes e a filha.

— Por que eu acho que vocês estão mais do que envolvidos nisso tudo?

Os quatro se olharam e começaram a rir.

— Maldito cachorro! – McGee murmurou.

— Se não fosse por ele, Henry nunca nos pegaria. – Ziva falou.

Cruzei os braços e encarei a turma.

— Foi divertido, mamãe. Tirando o cachorro.

— Abbs mergulhou no banco de trás mais veloz que o Phelps mergulhando na piscina. Foi engraçado. – Tony disse.

— Eu peço que vocês não façam travessuras e os cinco vão parar nas páginas policiais? – Jethro perguntou.

Os quatro deram de ombros.

— Eu tenho uma boa ideia do que vou fazer com vocês. – Comentei.

— Tem? – Eles me perguntaram espantados.

Subi as escadas, convocando os quatro para irem comigo, ao mesmo tempo que ligava para Abby me encontrar no MTAC, cinco minutos depois, saía de lá ao som dos xingos de Kelly para os cinco vândalos que tinham enfeitado a casa dela. A última ameaça que escutei antes que fechasse a porta: “Eu volto em dezembro, e todos vocês vão se ver comigo.”

Essa história ainda iria render.


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Notas finais do capítulo

Toda ação tem uma reação... agora, o que Kelly vai aprontar com o quinteto mais perigoso de D.C.?
Muito obrigada por lerem!!
Até o próximo capítulo!
xoxo



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