A água quente do banheiro dos monitores era relaxante, trazendo a James uma sensação que há muito não sentia. As cicatrizes causadas pelas garras de Remus, que vinham de seu pescoço até próximo ao seu umbigo, estavam finalmente cicatrizando e seu rosto, embora ainda marcado pelos ataques, não estava mais inchado. Diferente do amigo, ele não se importava nem um pouco com as marcas.

O braço quebrado em dois lugares diferentes recebeu um feitiço para que não se molhasse e ele tirou os óculos, encostando a cabeça e fechando os olhos enquanto pensava em tudo o que estava acontecendo. Enquanto pensava em Lily Evans e em como ela parecia assustada quando todo aquele sangue jorrava de seu pescoço, quando ele perdeu as forças que tinha para se manter em sua forma animaga e se entregou a escuridão, caindo nos braços dela.

O barulho da porta se abrindo fez com que ele abrisse os olhos, pegando os óculos para ver quem era. Os cabelos vermelhos tão familiares da garota que entrava fez com que ele desse um pequeno sorriso. Lily nem ao menos havia percebido que não estava sozinha, simplesmente deixou suas coisas em algum canto e começou a tirar sua capa, em seguida a gravata e antes que desabotoasse sua blusa, a voz de James chamou sua atenção.

—Ei. –A ruiva gritou, dando um pulo assustada

—Pelas barbas de Merlin, Potter! –Xingou e ele não conseguiu conter a risada. –Está tentando me matar?

—Você que estava distraída. –Ele respondeu, deixando a água na altura de seu nariz naquela banheira tão grande que parecia uma piscina.

—Espera, você deveria estar aqui? –Ela perguntou com as sobrancelhas arqueadas.

—Na verdade não. –Perguntou, levantando a cabeça apenas para responder a ruiva. –Moony me deu a senha.

—Por que está tentando tirar ele do sério pedindo coisas que sabe que ele não gosta de fazer? –Cruzou os braços.

—Porque ele está aceitando. –Disse torcendo o nariz, irritado. -É um teste, quero ver até onde ele vai.

—Não é mais fácil falar com ele? 

—Talvez, mas eu não sei se ele vai ouvir.

—Você está esperando alguém?

—Você faz muitas perguntas, Lily Evans. –Retrucou. Ela o encarou, não desistiria daquela pergunta até obter uma resposta e ele sabia. –Não, eu não estou esperando ninguém. Já estou saindo, não se preocupe.

—Não. –Ela disse. –Está tudo bem, tem espaço o suficiente para nós dois.

—Tem? –Perguntou, estranhando.

—Você se importa?

—Não, não, não, é claro que não. –Disse rápido.

Evans balançou a cabeça e lhe deu as costas, tirando sua roupa lentamente e dobrando-a com um feitiço. Potter acompanhou todos os movimentos da ruiva desde quando ela começou a desabotoar sua camisa até ela se livrar da saia que usava. Enquanto observava ele pensava no quanto era torturante assistir tudo sem poder tocá-la. Sabia que aquela cena estaria para sempre em sua cabeça e resultaria em muitas noites sem dormir. A garota, agora apenas com a roupa de banho simples e vermelha, enrolou os cabelos ruivos em um coque no topo da cabeça e se virou para encará-lo. Ele desviou o olhar rápido e ela revirou os olhos.

—Eu sei que estava olhando, Potter.

—Se não quisesse que eu olhasse não teria tirado a roupa na minha frente. –Ela riu.

—Você tem razão.

Lily se sentou no chão de marfim, respirando fundo e sentindo o aroma que vinha de toda aquela água cheia de espumas. Os cabelos molhados de Potter estavam para cima, a bagunça que ela conhecia e que havia se tornado sua parte favorita nele. Os olhos a analisavam, um misto de desejo e dúvida, pois ainda não acreditava que ela não o havia expulsado ainda. Então uma coisa a ocorreu e ela parou.

—Está usando alguma coisa por baixo dessa espuma, não é? –Perguntou apontando para baixo e ele gargalhou alto. Ela o encarou, esperando por uma resposta e então ele se levantou rápido. Evans rapidamente levou as mãos aos olhos, tapando rápido, fazendo com que ele risse ainda mais.

—Relaxa, Evans. –Potter disse ainda rindo. Aos poucos ela abriu os dedos, recebendo a visão de uma cueca preta molhada. –Estou em Hogwarts há tempo o suficiente para saber que não há um banheiro que a Murta não espie.

—Isso é verdade. –Uma voz do alto respondeu e ela se deparou com a fantasma que vivia reclamando pelos cantos. Voltando o seu olhar para James ela recebeu aquele olhar e o sorriso de quem sabia que estava certo.

—Ei, Murta por que não vai dar uma volta pelo castelo?

—Por que você não vai dar uma volta no castelo, James Potter?! –Ela gritou, indo rapidamente para a frente dele tomada pela fúria. -Talvez encontre alguma coisa que ainda não viu, porque caso não tenha percebido, eu estou presa no mesmo lugar há mais de trinta anos! Não há nada que eu não tenha visto nesse castelo, seu grande idiota!

—Moony tem um encontro no fim de semana.

—Onde ele está?! –Gritou ainda mais alto.

—Nas masmorras, sala do espelho. –Foi o suficiente para que Murta atravessasse o chão gritando por Lupin e os deixasse em paz.

—O que foi isso?

—Ela acha que tem um relacionamento com o Moony. –James disse e Lily não pôde conter a gargalhada.

Ele se aproximou dela, estendendo a mão para ajudar a garota a descer os degraus que levavam a banheira para que ela não caísse. A ruiva aceitou a ajuda, olhando bem para as marcas que o ataque havia deixado nele e se lembrando de todo o medo que a possibilidade de o perder lhe proporcionou. Sem nem ao menos pensar, Evans tocou o pescoço dele de maneira cuidadosa. Ele parou, atento.

—Eu fiquei com tanto medo de te perder. –Confessou.

—E eu fiquei com medo de te deixar.

Evans se aproximou, sem soltar a mão que ele segurava e colou seu corpo seco ao corpo molhado de Potter. Observou aquele lindo rosto e as marcas do dia em que ele salvou a sua vida e o beijou. Era calmo, tranquilo e transcendia todo o cuidado que um tinha para com o outro, afinal, ambos seguravam o seu futuro naquele momento.

Quando se separaram, Lily e James se sentaram lado a lado, com toda aquela espuma ao redor. Por baixo da água ela pegou a mão dele, a que estava boa e os dois se entreolharam. Ele admirava aqueles lindos olhos, percebendo que havia tanto que ela gostaria de dizer, porém não sabia onde começar.

Começar.

Era o que eles nunca haviam tido a chance de fazer. Mas valeria a pena um começo que estava destinado ao fim? Ambos se perguntaram.

—Potter?

—Sim?

—Me acompanha até o baile amanhã?

—Até onde você quiser. –Respondeu e ela revirou os olhos, fazendo ele rir. –Eu senti sua falta.

—Eu também senti a sua.

—Sinto muito pela Dorcas, eu sei o quanto ela era importante pra você.

—Não se preocupe, ela vai acabar voltando.

—Quer que eu fale com ela?

—Eu não quero que você fale nada agora.

Então ela o calou. O beijou novamente como se sua vida dependesse disso, se sentando em seu colo e passando as pernas ao seu redor. Ele segurou suas cochas, apertando e trazendo-a para o mais perto que conseguiu. O toque rapidamente teve reação no capitão do time da Grifinória e, quando o ar se fez necessário, Lily tirou os óculos dele, colocando no chão de marfim.

—Lily... –Sussurrou e ela colocou o dedo em seus lábios.

—Xii. –Ela pediu silêncio e antes que ele tivesse a chance de perguntar o que estava acontecendo, ela o calou novamente com outro beijo.

E mais outro.

O barulho da água era o único que era ouvido naquele lugar. Já haviam gritos o suficiente na cabeça de ambos, um pouco de paz era tudo o que precisavam nos últimos meses. Da paz que só encontravam um no outro.

James levou suas mãos até os cabelos dela, soltando as madeixas ruivas e deixando que caíssem livremente pelo corpo da ruiva. Ele desceu os beijos pelo pescoço dela, que levantou a cabeça para facilitar o que ele fazia, sentindo seu corpo se arrepiar enquanto ela molhava seus fios.

Seus lábios se encontraram outra vez e os dedos dela percorreram toda a cicatriz, não parando no fim dela, porém. A ruiva tinha as mãos trêmulas e estava nervosa, mas sabia exatamente que aquilo era o que ela queria. O que ela precisava. Sua mão parou no cós da cueca de James e aquilo o fez parar. Potter interrompeu o beijo e segurou a mão dela.

—Por que está me beijando assim? –Ele perguntou, olhando no fundo dos olhos dela. –Pra me agradecer?

Havia sonhado com aquele momento muitas vezes, mas não tinha certeza do real motivo pelo qual ela estava fazendo isso. Pelo que aconteceu entre ele e Remus? Por que ela sentia que lhe devia algo? Qualquer um daqueles motivos era doloroso demais de se pensar e ele sabia, nunca conseguiria ir em frente com aquela dúvida.

—Não. –Ela respondeu, sincera.

—Então por quê?

—Estou cansada de mentir pra você e pra mim mesma. –Murmurou. –Você não quer?

—É uma pergunta idiota.

—Então por que continuar desperdiçando o pouco tempo que ainda temos?

Ela não precisou dizer mais nada. James a beijou com toda a vontade que tinha dentro de si, com todo o amor que havia lá também. Levou uma das mãos até a nuca dela enquanto a outra repousava em suas costas, brincando com as amarras da parte de cima de sua roupa de banho, como se ponderando se devia ou não prosseguir. Ela gostaria que ele prosseguisse?

Como se lendo seus pensamentos, Lily levou sua mão até a dele e juntos eles desamarraram o traje de banho da ruiva. Quando terminou de tirar, Potter desceu a mão que estava em sua nuca para os seus seios, acariciando enquanto ela beijava seu pescoço e bagunçava seus cabelos por puro prazer de vê-los completamente sem controle.

—Tudo bem? –James murmurou e ela balançou a cabeça assentindo.

—E você? –Ele assentiu.

Ambos estavam nervosos, sem saber exatamente o que estavam fazendo, apenas deixando-se guiar pelo desejo e pela curiosidade. Se separaram por um momento e se olharam. A ruiva sorriu e as bochechas dela coraram na cena mais adorável que ele já havia visto em toda a sua vida.

James acariciou o rosto dela, e então pegou seus óculos. Queria vê-la da melhor forma que podia por dentro e por fora, beijá-la com todo o seu coração e sentí-la com toda a sua alma. Lily se encarregou de deixá-lo sem nada e ele desceu seus olhos, admirando-a em toda a sua glória. Os cabelos molhados e as bochechas rosadas, os lábios inchados pelos beijos que não parariam por ali, os seios pequenos e molhados do tamanho perfeito.

Ela fazia o mesmo, observava com um olhar apaixonado o caos que eram seus fios, o olhar selvagem daquela imensidão azul e o sorriso convencido em seus lábios, como se ele fosse o dono do mundo, além de sua melhor característica: o fato como seu corpo se encaixava perfeitamente ao dela.

James a pegou no colo e se levantou com facilidade, sustentando a maior parte do seu peso com o braço bom e deitando-a no chão enquanto ele ficava de pé na enorme banheira. Seus lábios passearam pelo vale entre os seios da ruiva e se demoraram ali, fazendo a respiração dela falhar enquanto ela fechava os olhos, se concentrando naquela sensação.

Os cabelos ruivos em contraste com o piso claro davam um efeito mais intenso naquela linda pintura e o corpo molhado dela se arrepiava a cada novo toque. Ele desceu os beijos, parando quando seus lábios encontraram o cós de sua calcinha e depositaram um beijo ali. Ele a olhou, buscando permissão e ela balançou a cabeça assentindo.

—Tira logo, Potter. -Ela mandou e ele não conseguiu conter o sorriso.

E assim eles se encontravam finalmente despidos de tudo que os separava. Ele a beijou novamente, um beijo demorado em sua testa e outro em seus lábios. Quando finalmente se uniram, a garota apertou os olhos com a sensação de dor, cravando suas unhas nas costas dele e mordendo os lábios para conter o grito.

—Me desculpa. -James murmurou baixinho, distribuindo beijos delicados pelo rosto dela. -Me desculpa, Lily, eu sinto muito.

James permaneceu imóvel por um tempo, até que ela se recuperasse. E quando isso aconteceu, a ruiva lhe deu um selinho demorado e disse:

—Eu estou bem.

—Mesmo? Nós podemos...

—Não ouse. -Ela disse e ele tomou seus lábios mais uma vez.

O corpo de Potter cobria o dela e conforme o beijo se tornava mais intenso ainda que delicado, ele voltou a se mexer, fazendo-a sorrir. Evans se agarrou a ele e naquele momento jurou que nunca mais soltaria. Como poderia viver um segundo que fosse longe dele? Ela tinha certeza de que desmoronaria.

—Quer voltar para a água? –Ele perguntou ao ver que ela começava a tremer de frio e ela balançou a cabeça assentindo.

Sem se separar dela, o garoto a pegou novamente e ela travou suas pernas em torno da cintura dele. James sentou-se novamente na banheira e deixou que ela seguisse seu próprio ritmo, se movimentando conforme se sentia à vontade enquanto ele acariciava seu corpo e a admirava.

Quando terminaram e finalmente se separaram, quase toda a espuma havia acabado. Ela se aconchegou ao corpo dele e o silêncio foi mantido. Não havia nada a ser dito, já que nada seria bom o bastante para o momento que haviam acabado de viver.

Nem perceberiam o anoitecer se as velas do lustre não tivessem acendido sozinhas. Sem dizer nada eles se levantaram e se vestiram, despedindo-se com um último beijo antes de deixarem o banheiro dos monitores.