Crescendo - Shirbert escrita por Sabrina


Capítulo 7
A Decisão de Gilbert




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***

Minhas "férias"

Por Gilbert Blythe

Não sei se posso chamar exatamente de férias. Passei todos os dias trabalhando e estudando. Meus únicos momentos de diversão foram as festas para as quais fui convidado, dois aniversários na casa dos Cuthbert. Se eu tinha algum tempo livre, gastei-o ajudando Anne, Diana e Ruby a reconstruírem seu clube, que algum idiota fez o favor de destruir. Elas me convidaram para fazer parte dele, e eu até tentei comparecer no começo, mas ficava tão cansado que por mais interessado que estivesse, dormia enquanto elas liam suas histórias. Depois Anne e Diana viajaram, e apesar de que teria a companhia de Ruby, parei de ir e gastei as horas dormindo. Numa dessas ocasiões sonhei que era médico, e isso me fez pensar no futuro. Esse é meu último ano em Avonlea. Posso ficar tranquilo em relação a fazenda porque sei que Bash e Mary cuidarão dela enquanto eu estiver fora, mas não posso ficar tranquilo em relação a garota que gosto. Ela pode acabar se apaixonando e se casando com outro. Eu posso acabar me apaixonando e me cansando com outra. É por isso que decidi me arriscar com ela, e que Deus me ajude. Por que eu não pude gostar de alguém menos complicada? A única coisa boa nisso tudo é que ou eu fico com Anne, ou finalmente vou tirá-la da cabeça.

Outra coisa que decidi nessas férias e fiz foi contratar um ajudante pra fazenda. Eu e Bash daríamos conta, não fosse o meu próprio emprego de ajudante no consultório médico em Charlottetown, três dias por semana. Lá costumo tirar minhas muitas dúvidas e estou quase perdendo o medo de agulhas. Descobri que gosto mais de aprender na prática. Resumindo, essas não foram nem de perto as melhores férias que tive. Na verdade, nunca me senti tão desgastado. Minha única satisfação é a certeza de que a faculdade de medicina valerá a pena.

Parei de escrever e olhei pra minha mão um pouco suja de tinta e depois pro papel. Minha caligrafia continuava a mesma, só mais arredondada do que quando escrevi aquela carta a Anne, no navio. Lembrando disso, abri uma gaveta da escrivaninha e peguei o envelope com a carta dela. De todas as pessoas que eu conhecia em Avonlea, ela era com certeza a última que eu esperaria que me mandasse uma carta, e foi a única de todos os meus amigos em se preocupar de fazer isso. Observei sua caligrafia delicada e me perguntei se eu era doido o bastante pra fazer o que tinha em mente. Eu sabia que ia me arrepender, mas depois de ouvir Anne lendo seu texto na escola, me sentia incentivado. Ainda mais depois de perceber que ela só fugia de mim e desviava o olhar quando Ruby estava perto. Quando não, Anne dançava comigo, ria, soletrava e até falava de sua vida. Me sentia idiota por não ter percebido isso antes. E mesmo sabendo disso, eu ia me arriscar e levar um belo de um não. É, eu devo ser doido sim.


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