Duyên escrita por MidorimaNailss


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Olha, não sei muito bem o que esperar da reação dos leitores, mas espero de verdade que gostem. Acho que a parte mais legal foi que escrevi sobre um casal novo de Boku no Hero e também o fato de que retratei principalmente os herois profissionais, outra coisa que nunca tinha feito. Bom, foi feito de coração! ♥

OBS: sempre quis escrever sobre eles
OBS 2: acho que poderia ter focado mais neles, mas quis mostrar todo o ambiente ao redor deles, explorar um pouco além do casal e tudo o mais. Enfim... talvez tenha errado a mão?
OBS 3: espero que não tenha ficado fora dos personagens!!!!

Boa leitura!!! ~~



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DUYÊ

— Um heroi nunca se atrasa. — Tais palavras foram proferidas por All Might, que se encontrava parado na frente da porta do bar, com as duas mãos na cintura, observando alguns amigos que, assim como ele, estavam indo para o local combinado.  

Toshinori, antes na sua forma física musculosa, rapidamente voltou ao seu estado magro e pálido, mas continuava com um sorriso estampado no rosto dessa vez, pois sabia que hoje seria um grande dia para ele e seus amigos de trabalho.  

— YOOOOOO!!!!! — O ex-símbolo da paz sequer precisou olhar na direção da voz para saber de quem se tratava. Era um som peculiar, único, alto e estridente, bem como vibrante e carregado de animação: Present Mic. Acenou para ele com entusiasmo, podendo observar que ao lado dele estava uma pessoa que contrastava completamente com o seu jeito jovial de ser.  

Um homem um pouquinho mais baixo, de cabelos longos ondulado e pretos, que iam um pouco abaixo de seus ombros, além de em seu rosto terem olheiras bem aparentes e um ar mais fechado, como se estivesse carrancudo e se sentindo na obrigação de estar ali.  

Para All Might, que o conhecia bem, sabia que não era um “como se”, não se tratava de apenas um possível sentimento, mas sim uma verdadeira obrigação para ele, que após inúmeras tentativas de inventar alguma desculpa (algumas incrivelmente sinceras e reais, como “não me atrapalhe, quero dormir”), acabou perdendo para a insistência do amigo que o acompanhava.  

— Yo! — Disse baixinho, quando se aproximou de Toshinori, não deixando nenhuma outra emoção transparecer. Para alguns, tal atitude seria desconfortável e até mesmo desanimadora. Todavia, o loiro que se encontrava na sua forma mais fraca conseguia perceber algumas fagulhas de felicidade por parte do Aizawa, nesses pequenos momentos com as pessoas que o acompanharam durante algumas aventuras e também com os alunos. Definitivamente, era um cara complicado de se entender, principalmente no começo.  

Em seguida, avistou um casal de herois indo até ele. A mulher o cumprimentou com um sorriso delicado, reconhecendo o colega de trabalho, enquanto o homem dirigiu um olhar e também um aperto de mão forte e seguro ao símbolo da paz. Os dois faziam um belo par, tendo em vista que transpareciam diferentes aspectos em sua personalidade: ela emanava simpatia, gentileza, compostura, enquanto ele trazia um ar mais sério, robusto e até mesmo concentrado.  

Apesar dessas diferenças sutis, havia uma igualdade entre eles, no quesito força e comprometimento, bem como vontade de ajudar o próximo, um sentimento de empatia e dever cumprido, não importando quem ou como. No fim, a ideia era basicamente de que eles combinavam, e que, apesar de serem discretos , os boatos ficavam cada vez mais fortes sobre eles, a ponto de serem entrevistados sobre isso.  

— Vamos te esperar lá dentro. — Disse Kamui, enquanto guiava Mt. Lady para dentro do local, com uma das mãos apoiadas nas suas costas, na parte mais central, em um gesto de respeito. A loira acenou para ele, ao mesmo tempo em que disse que já já se reencontrariam.  

Assim, antes de receber as outras pessoas, tivera um último pensamento sobre os dois, no sentido de que admirava a Mt. Lady por não fazer estardalhaço sobre os boatos, pois gostaria de ser elogiada pelo trabalho realizado por ela e não por estar namorando alguém, além de que Kamui concordava e apoiava a ideia, sempre a enaltecendo quando faziam algo em conjunto. 

— All Might! — Uma voz feminina, carregada de certa malícia, fez com que seus pensamentos fossem interrompidos, recebendo a atenção dele, o qual possuía um amplo sorriso se formando em seus lábios, ao notar que se tratava da senhorita Midnight e do seu mentor, Gran Torino. O loiro deu um beijo em cada bochecha dela e estendeu sua mão para cumprimentar o “velhinho”. 

— Que agradável a presença de vocês aqui! — Antes que prosseguisse, tossiu levemente, sentindo um pouco de dor no corpo, mesmo já estando acostumado com sua fraqueza. — A Midnight eu sabia que viria, mas você... Francamente, quero saber quando parará de me surpreender. — Gran Torino assentiu em resposta, carregando um ar de sabedoria consigo.  

— Posso dizer o mesmo sobre você, pupilo. — Tais dizeres arrancaram uma breve risada do símbolo da paz, mas também fizeram ele pensar que havia uma suavidade na última palavra, como se estivesse recordando dos velhos tempos com doçura e até mesmo certa saudade. Ocasionalmente, Toshinori conseguia sentir essas emoções no seu mentor: nostalgia, melancolia, mas nunca arrependimento. Era algo interessante de se presenciar, pois parecia que nem mesmo ele percebia carregar essas emoções dentro de si e expô-las tão sutilmente numa conversa.  

— Aparentemente, falta apenas uma pessoa para chegar. Vou esperar aqui e depois encontro vocês num instante. — Ficou observando Midnight e Gran Torino entrarem no pequeno bar posicionado logo atrás dele, mas que agora recebia seus olhares. Era um local pouco conhecido e não muito atraente, mas perfeito para eles, pois poderiam se divertir sem serem incomodados. Era como um refúgio, um descanso merecido dado a eles mesmos no final de ano, e bancado pelo Diretor Nezu (brincava sobre ser uma forma de se livrar deles e poder ficar sem encará-los por um tempo).  

Enquanto aguardava a última pessoa da lista de confirmados, lembrou-se que Endeavor ficou de dar resposta sobre ir ou não ao evento, de modo que enviou uma mensagem para ele perguntando se havia decidido. Uns cinco minutos depois, recebeu a resposta: 

“Devo chegar mais tarde. Estou olhando alguns presentes para o Shoto, mesmo ele não tendo respondido se queria ou não. Acho que ele quer”, se All Might tivesse ouvido isso pessoalmente, teria segurado o riso, pois sabia que seria repreendido pelo respectivo heroi, mas ali, sozinho, ele deixou que fluísse.  

Enji Todoroki estava evoluindo aos poucos, em todo os aspectos da vida dele, mas como conhecia tanto ele quanto Shoto de perto, não conseguia parar de imaginar como era engraçado o jeito que os dois estavam se aproximando. Era claro o ressentimento existente entre eles, o medo de dar novos passos e se arrepender, de não saber o que fazer em relação ao outro. Qual passo seria aceitável, quais palavras e gestos?  

Tanto Shoto quanto Endeavor pareciam não saber as respostas, não sabiam nem mesmo as perguntas, e mesmo assim, continuavam seguindo, insistindo, ainda que estivessem pisando em ovos. Os dois não queriam quebrar mais coisas, já que, por muito tempo, seguiram caminhos incrivelmente distintos, a ponto de sequer conseguirem trocar olhares sem sentir remorso, ódio, culpa e outras emoções ruins. Uma das relações mais complexas que All Might já havia presenciado. 

— Desculpe o atraso! — Com roupas que destacavam sua silhueta, e um tom de voz polido, Best Jeanist se aproximou do heroi. — Precisei resolver umas coisas antes. — Toshinori fez um gesto de concordância com a cabeça, a fim de indicar que o compreendia e estava tudo bem.  

 — Eu que estava ansioso e vim mais cedo! Fora que é sempre uma honra poder receber os convidados, me deixa muito feliz o comparecimento de cada um de vocês. — Ele se virou para o lado da entrada do bar e com uma das mãos envolveu Best Jeanist, apoiando-a em seus ombros. Juntos, caminharam para adentrar o recinto, enquanto colocavam o papo em dia.  Quando estavam para dar o primeiro passo dentro do lugar, foram interrompidos por alguém chamando por eles.  

—  Pessoal! — Parecia tão animada e vibrante quanto o Present Mic. — Esperem por mim! — Corria na direção deles, enquanto acenava, com um amplo sorriso estampado no rosto. Um semblante implacável de alegria.  

— Oh, Ms. Joke! — Exclamou Best Jeanist. 

— Ninguém me avisou que você viria, caso contrário esperaria aqui fora também. — Ela não tinha visto que os dois pararam de andar para cumprimentá-la, então acabou esbarrando neles, rindo ainda mais, ao mesmo tempo em que se desculpava pelo transtorno, já dentro do local com os dois herois ao redor dela.  

— Sim sim, o Eraser me convidou quase agora. Nós nos encontramos na rua, acho que quando ele estava vindo para cá, e me chamou! — Diferente da Mt. Lady e da Midight, a fala dela era alta e até exagerada, coisa com a qual ela não parecia se importar, mesmo atraindo a atenção de todos, inclusive de Aizawa.  

— Eu não convidei ninguém. — Sussurrou ele, lembrando do momento ao qual ela se referia: quando viu a Ms. Joke, realmente estava indo para o bar, acompanhado do seu colega Present Mic. Na verdade, sendo forçado por ele, que não parava de insistir dizendo coisas como “venha, vai ser legal”, “você vai gostar”, “é uma vez no ano”, “será IM-PER-DÍ-VEL”, “se você não vier, eu vou gritar quando menos esperar e te atormentar para todo o sempre”. Cansado de ouvir a voz dele e de ter que dizer não sempre, Aizawa acabou cedendo.  

Para completar a felicidade que estava sentindo por ter que ir, alguém abriu um berreiro na rua, gritando o nome dele mesmo depois de Shouta ter demonstrado que havia escutado e estava prestando atenção. Ainda, depois de um tempo, para a surpresa dele (absolutamente zero), soube que se tratava da Ms. Joke. Desde que abriu a porta da casa dele e deu de cara com o Present Mic, soube que seria um dia ruim, mas não esperava que fariam um complô contra ele.  

Em seguida, Ms. Joke atravessou a rua e saudou os dois, sempre sorrindo e jogando piadas no ar, bem como atazanando a vida do Eraser com algumas “cantadas”, o que não parecia constrangê-la de forma alguma. E então, o que ele temia aconteceu. 

— Ei, quer ir com a gente no bar? Vamos fazer uma pequena confraternização, esse ano pouca gente vai, então seria super maneiro se pudesse ir. — Fazia um sinal de joinha com os dois polegares, esperando ansiosamente pela resposta.  

— Tô dentro! — Ela indicou um joinha para ele também, e os dois começaram a rir escandalosamente, o que para Aizawa significou que o plano do mal (estragar o dia do moreno) estava dando certo. Certo até demais, de modo que o arrependimento já estava começando a bater.  

Também passou pela cabeça de Aizawa que deveria ter sido uma cena estranha, no mínimo: dois animais rindo escandalosamente, enquanto um deles (que não era um animal) ficava no meio com uma cara de poucos amigos. Um cenário de guerra, num fim de dia nublado. 

— Muito obrigada pelo convite. — Dissera Ms. Joke, depois de ouvir a explicação do Aizawa para os colegas ali presentes, deixando-o frustrado. Como resposta, ignorou-a e tomou um gole da cerveja que tinha pedido, tentando fingir que não estava ouvindo os risinhos abafados dos amigos diante da situação toda.  

Agora estava todo mundo no seu respectivo lugar, ao redor da mesa, devidamente acompanhados de bebidas alcoólicas e muita comida, afinal, saco vazio não para em pé, e para terem toda a disposição necessária, precisavam forrar o estômago. Ademais, uma bebidinha sempre caía bem, para fugir um pouco da realidade e para aguentar toda a pressão do cotidiano.  

Aos poucos, os ânimos foram ficando alterados. Prova disso era que a Midnight já estava fazendo piadas de teor sexual, que geralmente só ela ria, enquanto os outros ficavam devidamente mexidos, considerando a sensualidade que ela conseguia esbanjar (bastava olhar para Gran Torino, com bochechas rosadas).  

Além disso, Best Jeanist se encontrava um pouco desarrumado, mas parecia não se importar e geralmente ele surtaria com isso: os cabelos com alguns fios para cima e a camisa um pouco desabotoada. Do outro lado da mesa, Kamui e Mt. Lady pareciam estar mais à vontade, deixando o relacionamento deles um pouco mais claro, com palavras e carícias, assim como Ms. Joke e Present Mic falavam e riam cada vez mais altos, com cada um estando do lado do Aizawa, que continuava extremamente quieto, mas genuinamente puto.  

— Eu ainda vou conseguir fazer o Eraser rir um dia, com a minha peculiaridade. — Ela afirmava, alegre. 

— Por favor, quando realizar esse seu sonho, grava e me manda, eu vou adorar! — Os dois diziam como se o moreno nem estivesse ali. 

— Também gostaria de receber, se possível! — Afirmou All Might, que também se encontrava no seu estado mais alegre. Depois de ouvir isso, Aizawa apenas deixou sua cabeça cair na mesa, insinuando que não estava acreditando naquela conversa, sem saber que poderia piorar.  

— Na primeira vez que eu e o Aizawa trabalhamos juntos, lembro que ele ficou muito bravo por quase matarem um gatinho. — Ela assumiu uma postura pensativa, tentando se recordar. — Acho que usaram o gato como refém, e então ele fez todo um discurso para os vilões depois de acabar com eles, sobre como esses animaizinhos não podem se defender. — Ms. Joke sorriu, encantada. — Foi muito heroico da parte dele. As pupilas estavam dilatadas de tanto ódio, nunca tinha visto ele assim.  

— Ninguém quer saber disso. — Murmurou Aizawa, sabendo que era uma luta sem causa e que ela continuaria a contar todas as histórias pelas quais passaram juntos, tudo a partir da perspectiva dela. Um monólogo, que estava sendo gravado pelo Present Mic e admirado pelo All Might, que ficava o tempo todo concordando e dizendo uma das seguintes sentenças: “isso é algo que ele faria”, “nossa, nunca imaginei que Aizawa era esse tipo de homem”.  

— Pessoal, atenção!!! — Para o alívio do moreno, Gran Torino começou a bater uma colher no copo, com o intuito de atrair as pessoas. — Gostaria de dizer algumas palavras. — Limpou a garganta, fazendo uma pausa dramática. — Estou aposentado e me sinto muito orgulhoso quando olho para cada um de vocês, assim como para os alunos que estamos criando. — Mais uma pausa. — Mesmo passando por momentos difíceis... — Alguns olharam para o Best Jeanist. — Sobrevivemos. E eu sei que a cada erro, tivemos um aprendizado. Comigo foi assim e sei que com vocês... — Dessa vez, ele não parou por querer: a voz estava começando a ficar embargada e ele se obrigou a interromper o discurso.  

Percebendo a situação, o pessoal começou a aplaudir, a fim de não deixá-lo sem jeito.  

— Um brinde a nós. Ao hoje, ao ontem e ao amanhã. Que nos tornemos cada vez mais fortes, interna e externamente. — Prosseguiu All Might, na sua forma musculosa, que em poucos segundos se desfez. 

Cada um ergueu seus copos, brindando em grupo e ouvindo o tim-tim deixado por eles. Seria um novo começo, ao lado das mesmas pessoas. Havia expectativa, ansiedade, tanto ruins quanto boas. Aliado a isso, a certeza de que superariam cada obstáculo que aparecesse. 

As horas foram passando e aos poucos o pessoal foi indo embora, alguns pois já estavam com sono, outros por saberem que o dia de amanhã seria incrivelmente cheio, de modo que precisavam descansar, por mais que estivessem animados com o encontro: sentiam falta de ter um momento assim, leve e engraçado com todos.  

— Vai continuar aqui? — Perguntou Toshinori a Aizawa, com a mão apoiada em seu ombro.  

— Sim. Apesar de estar com sono e gostar da minha cama, também não dispenso uma cerveja. — All Might concordou, dando leves tapinhas no amigo.  

— Bem, eu vou indo. Combinei com o jovem Midoriya que iria ajudá-lo cedo amanhã. Também vou ver se encontro algum presente para ele, o garoto merece. — Um vislumbre passou pela mente dele. — Oh, o Endeavor acabou não vindo... — Imediatamente mandou uma mensagem para o mesmo, sem saber se seria respondido, considerando o horário. Já estava relativamente tarde.  

Incrivelmente, o celular dele apitou, mostrando uma nova notificação.  

“É, acabou não dando. Demorei muito para escolher, e ainda, foi um gato recém-nascido. Tô tendo que cuidar dele até entregar pro Shouto. Esqueci de avisar. Boa noite.” 

Toshinori não aguentou e mostrou a mensagem para Aizawa, que mesmo tentando esconder a empolgação, deixou que um pequeno brilho aparecesse em seus olhos. Ao lado dele, All Might não deixava de sorrir com a ideia, além de não conseguir parar de imaginar a cena da entrega do presente. Seria um momento e um dia interessantes. 

— Aizawa! — A pessoa estava praticamente do lado dele, mas mesmo assim o chamou gritando. — Você se importa se eu te fizer companhia? — All Might aproveitou a deixa para se despedir deles e do restante que já estava indo embora, deixando-os a sós.  

— Sim, eu me importo! — Disse ele, tomando mais um gole de cerveja. — Ms. Joke, diferente do símbolo da paz, deu fortes tapas nas costas dele, fazendo com que parte da cerveja fosse cuspida para fora, por causa do efeito surpresa e da força.  

— Que bom que você não liga! — Ela pegou um dos bancos e se sentou junto com ele. — Fiquei muito feliz de ter vindo hoje. Não queria que acabasse. — Dessa vez, ele assentiu. 

— Realmente. Foi bom. — Fechou os dois olhos e depois abriu um deles, encarando a mulher de cabelos esverdeados com ele. — Mas não conte para ninguém.  

— Pode deixar, eu sou um túmulo! — Com o punho cerrado, bateu em seu peitoral, como se estivesse realizando uma promessa. Apesar disso, Eraser sabia que as coisas deslizavam facilmente dos lábios dela, não por maldade, mas por ela ser ela... falante, animada, sem compreensão do que certas palavras podem causar para o outro.  

Mesmo assim... ele se sentia confortável conversando com ela, mesmo com toda a diferença entre eles, Aizawa gostava de ver nela o que faltava nele. 

Os dois passaram a beber e conversar, de maneira que se esqueceram de tudo: das horas, de quantos copos haviam tomado, se o bar estava para fechar ou não (o dono não implicou com eles, então parecia estar tudo bem, apesar das caras feias lançadas para eles algumas vezes). Ficaram entretidos assim por um bom tempo, com piadas sendo ditas, lembranças sendo trazidas a tona, vários sentimentos embalando os dois, num misto de reflexão, saudade e bons sentimentos.  

— Ei, Aizawa. — Chamou ela, dessa vez baixinho. A ideia era descontrair um pouco, para tirar o peso que havia se instaurado, sobre os pensamentos do passado. Ms. Joke se aproximou do ouvido dele, fingindo que contaria um segredo. Imaginou que assim seria mais engraçado e conseguiria fazê-lo rir. — Vamos nos casar? — Ela começou a rir e a desferir alguns tapas na mesa, enquanto a outra mão cobria a barriga.  Parecia estar sem fôlego, de tão animada. 

— Vamos. — Instantaneamente ela olhou para ele, assustada. Nunca achou que ouviria essa resposta. Jamais. Aquilo foi... assustador, mas também incrivelmente lindo. Mesmo tendo dito essas palavras, o rosto dele continuava sério, e os cabelos estavam um pouco caídos a sua frente, cobrindo um dos olhos, mas deixando parte a mostra. Combinava com ele, esse jeito meio desleixado. 

Ela achou que não teria mais surpresas, e então, viu um breve sorriso aparecer no rosto dele. Espontaneamente. Livre. E havia sido dado com ela, para ela, sem que precisasse ativar a respectiva peculiaridade. De alguma forma, sentia que esse momento estaria eternizado com ela, ainda que não tivesse filmado ou tirado fotos.  

— O que você... — Ela pensou que ele desmancharia o sorriso rapidamente, mas continuou ali. Delicado, singelo. Combinando perfeitamente com tudo. O ambiente, ele...  

— Você precisava ver a sua cara, Joke. — Ele colocou a mão na testa, jogando o rosto para trás, a fim de tentar conter a gargalhada que queria sair dele. — Parecia ter visto um fantasma.  

— Eu não estava esperando que você fosse responder isso! — Falou ela, exaltada. 

— Então você queria que eu dissesse que não vamos? — Brincou ele, pegando-a no pulo. 

— Achei que você não responderia. Ou diria não, como sempre faz. — Os dois ficaram em silêncio. Ela olhou para o lado oposto e ele tomou mais um gole da bebida que havia pedido. 

— Eu nunca soube. Se estava falando sério ou não sobre isso. — Indagou. 

— Talvez eu estivesse, Eraser. — Ele arqueou uma das sobrancelhas, pensativo. 

— Se eu estiver falando sério, você estará? — Sem perceber, virou o copo todo para dentro, nervoso com o desenrolar da noite. Também não notou que ela estava o encarando quando fez isso, de modo que um enorme sorriso escapou dela ao observar a cena.  

— Estarei. Mas não sei se conta sob efeito do álcool. — Ele assentiu, encarando o balcão completamente cabisbaixo e pensativo. Não sabia como tinha chegado naquele ponto e não sabia se queria ou deveria sair dele.  

— Ei, Eraser... — O moreno olhou na direção dela, com um olhar meio incerto, meio duvidoso. Ocorre que logo esses sentimentos desapareceriam, pois estaria de olhos fechados. Recebendo um beijo dela, com gosto de cerveja (o que não era um problema, ele gostava... e deveria estar oferecendo o mesmo sabor). O rosto dele envolvido pelas mãos dela, que o segurava delicadamente. Apropriadamente. Como se não fosse a primeira vez que fizessem aquilo... e soubessem exatamente o que fazer com o outro. O momento parecia certo, o lugar, a forma como os lábios dos dois se movimentavam. O jeito... Incrivelmente, tudo parecia se encaixar. 

Ms. Joke se afastou alguns centímetros. Ficou observando o rosto do Aizawa de perto. Admirando. Era bonito. Queria vê-lo mais vezes assim, mais vezes sorrindo... 

— Joke... — Disse baixinho. — E retribuiu o presente inesperado. 

Não havia o que fazer, no fim das contas. Por mais que Aizawa fugisse dela, tentasse jogar esses sentimentos para longe, Ms. Joke sempre aparecia, fisicamente e nos pensamentos, ela sempre voltava em sua vida, e fazia com que ele lembrasse a razão de gostar dela.   

De uma forma ou de outra, eles ficariam juntos... não havia o que fazer sobre isso, e ele sentia que sempre soube disso, desde que a conheceu, quando ouviu a sua risada e presenciou o sorriso dela, sentindo-se incrivelmente sortudo por conhecê-la.  

Ela era... brilhante. E tinha medo de não conseguir acompanhá-la, de estragá-la de alguma forma... 

E aí... ela começou com essas ideias malucas de pedir para se casar com ele. E tudo se tornou ainda mais confuso...  

A primeira vez que ouviu, ficou assustado. A segunda, a terceira, a quarta... entendeu que era apenas uma piada. E os inúmeros pedidos que se seguiram, ele ignorou, já sem esperanças. 

Mas hoje... havia algo diferente. Talvez a ideia de um recomeço, de um novo ano. 

E Aizawa penou que poderia brincar um pouco com ela, uma brincadeira que no fundo era verdade.  

No fim das contas, não havia o que fazer. 

Eles se casariam. Com e sem efeito do álcool.  


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam? Não deixem de comentar! Bjs