Dear Future Husband escrita por Brigadeiro


Capítulo 2
1 - Take me on a date, I deserve it babe


Notas iniciais do capítulo

Há pouco tempo eu disse pra L que iria contar o porquê eu tinha parado de escrever essa visão do primeiro encontro Devie que eu tinha na mente, mas eu desisti de contar, porque acabamos tendo uma conversa tão legal sobre escrita e sobre coragem para mostrar isso pro mundo (quase criamos um Twitter fan account) e ela me encorajou tanto que eu até terminei isso, e decidi incluir aqui.

A questão sobre essa one específica e o porquê eu quase não terminei é a seguinte: foi a primeira coisa que eu tentei escrever sobre Descendentes no auge da minha empolgação com a saga, logo depois de assistir D2, eu tinha acabado de encontrar DS também e foi quando a L me contou (ainda nem nos falávamos fora do site) que existiam páginas do livro da Evie com um poema que o Doug tinha escrito pra ela. Eu fiquei obcecada com essa imagem do Doug artista, poeta, sabem? E quando pensei no primeiro encontro dos dois, eu simplesmente tinha que evidenciar esse lado dele.

Mas eu fiz de maneira completamente despretensiosa, sabe? Só por prazer, e estava nas notas do meu celular. Um dia, a irmã da minha melhor amiga pegou meu celular pra mexer e eu não percebi, e ela entrou nas notas e leu. Fiquei brava quando percebi, mas, como ela já tinha lido mesmo, perguntei o que ela tinha achado. Eu não vou repetir o que ela disse, ou eu perco a coragem de postar de novo, só digamos que ela não foi... Cuidadosa ou gentil na crítica. E o que ela falou acabou me afetando em tudo o mais que eu tentava escrever, eu já não era lá um poço de auto estima, depois disso então perdi a coragem de mostrar qualquer coisa a qualquer um. Depois desse dia a primeira coisa que eu consegui mostrar a alguém foi Elliot, pra Lanan, e o áudio com a reação dela eu guardo até hoje porque foi tão incrível que mudou toda a minha perspectiva sobre mim mesma como escritora.

Obrigada, L, por sempre me encorajar. A sua empolgação com o que sai do fundo do meu pen drive vale mais do que a de qualquer outro porque, bem, você é a minha escritora favorita então não tem como dizer que você não sabe do que está falando. Love ya ♥


Dedicatórias a parte, eis o primeiro encontro Devie. Cronologicamente, a história se passa depois do primeiro filme, mas antes do segundo. Então, tecnicamente acontece também antes do prólogo. Espero que gostem.



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~ Take me on a date
             I deserve it babe ~

 

As mãos de Doug estavam posicionadas sobre os olhos de Evie, que estava tendo problemas em conter a ansiedade que a dominava desde ele tinha lhe dito que passariam o dia juntos porque ele tinha uma surpresa.

E Evie amava as surpresas dele. Não era incomum vê-lo entregando-lhe pequenos presentes quase todos os dias, ora uma rosa ou um cupcake, ora poemas que ele escrevia pensando nela. Ele tinha uma alma poética que ela não se cansava de admirar e cada palavra que ele lhe escrevia eram esmeramente guardadas em livro feito a mão que ela gostava de abrir sempre que podia.

— Falta muito? — ela perguntou. Não tinha sido uma boa ideia colocar aqueles saltos, que agora se enroscavam nos galhos e na grama da floresta, embora Evie não pudesse enxergar direito. Mas o que mais combinaria com o vestido fabuloso que ela estava usando naquele momento? Doug devia tê-la avisado que iriam para um lugar ao ar livre.

— Não, estamos quase lá — ela sentiu a respiração dele em seu ouvido quando respondeu, fazendo com que uma corrente elétrica arrepiasse todo seu corpo. Ela tropeçou, e ele a amparou com os braços quando ela se segurou neles. — Eu não vou deixar você cair. Confie em mim.

Ela confiava.

Ele tinha ido busca-la na porta de seu quarto na Auradon Prep e então já a tinha surpreendido quando ao sair viu uma elegante limousine a esperando. Ele abriu a porta para ela e tudo, e então foram juntos até os limites da cidade, saindo da capital, e desceram do carro no inicio de uma floresta que não era conhecida por Evie. Eles andaram de mãos dadas por uma trilha por cerca de uma hora, rindo e conversando sobre tudo e nada ao mesmo tempo, até que Doug disse que ela não podia mais olhar, então ele se posicionou atrás dela, cobriu seus olhos com a mão e começou a guia-la pelo restante do caminho.

Tinham marcado aquele encontro há duas semanas atrás e Evie estava ansiosa, esperando que algo na relação deles mudasse naquele dia. Vinham sendo amigos já a meses e entre estudos, a ajuda dele com o projeto do 4 Hearts e o gosto em comum por assistir a documentários juntos, acabavam passando a maior parte do tempo um com o outro, e um ou dois encontros extra oficiais tinham acontecido. Ela sabia que Doug sabia que ela gostava dele, embora não tivessem conversado ainda abertamente sobre aquilo. Estavam sempre juntos, mas ela estava começando a ficar impaciente sobre quando ele deixaria sua insegurança de lado e falaria alguma coisa.

Por isso, desde quando ele a convidou para aquele passeio e deixou claro que seria um encontro, com todas as letras, seu coração não parava de dar cambalhotas de ansiedade.

— Tudo bem — a voz dele soou baixa em seu ouvido novamente. Ele a virou para a esquerda, posicionou-a no lugar certo, e ela sentiu as mãos dele deixando seu rosto livre. — Pode abrir.

A primeira coisa que a atingiu foi o sol. Eles já estavam no início da tarde, de forma que ele estava alto no céu, derramando seus raios diretamente em cima deles. Mas os olhos de Evie brilharam deslumbrados quando ela conseguiu ajustar seu olhar a luz e viu diante de si um castelo. Não um castelo velho e sujo como o que ela tinha morado por quase toda a vida, mas também não tão grande quanto o palácio da família real de Auradon, ou a própria escola onde ela agora estudava e morava. Aquele era um castelo rústico, com três torres, muitas janelas e encantadores ramos de folhagem e flores azuis subindo por todo ele, dando a tudo um ar sonhador.

— Doug... — ela não conseguiu pronunciar as palavras certas. Não era imponente, mas era tão mágico e romântico quanto o que ela tinha sonhado em sua infância. Quando sua mãe lhe dizia que ela era uma princesa destinada a viver num grande castelo com seu príncipe, Evie secretamente imaginava algo exatamente como aquilo, e com um jardim tão florido quanto aquele em que ela e Doug estavam naquele momento. — Que lugar maravilhoso!

Doug ficou aliviado ao ver que ela realmente tinha gostado. Ele tinha gastado mais de uma semana limpando aquele velho castelo, arrumando tudo, perguntando-se se ela gostaria de cada um dos detalhes. Ao ver o imenso sorriso de felicidade do rosto dela já fez tudo valer a pena.

Ele estendeu a mão para ela, que ela aceitou prontamente e então ele a conduziu pelos degraus até a porta de madeira maciça que adornava a entrada. Ele a soltou por alguns segundos para abrir a porta diante dela, em seguida curvou-se em uma reverência.

— Minha princesa.

Ela polidamente segurou a barra do seu vestido e cumprimentou-o do mesmo modo.

Sorrindo, Doug deixou que Evie entrasse primeiro, indo logo em seguida e fechado parcialmente a porta atrás deles. Havia janelas suficientes para iluminar o local, que juntas banhavam o interior do lugar com raios de sol.

Evie estava deslumbrada. Ao entrarem, a primeira coisa diante deles era um amplo salão vazio, com um piso polido que antigamente deve ter sido muito brilhoso, mas que agora tinha um tom fosco que a agradou porque fazia tudo parecer mais mágico. No fundo do salão havia duas portas largas no centro, e uma grande escadaria à direita.

A única peça de mobília no lugar era um solitário e belíssimo espelho no centro de tudo. Evie olhou para Doug, buscando resposta.

— Siga os espelhos — ele disse.

Com o coração cheio de expectativa, ela avançou até o centro do salão. Doug seguiu-a até lá. Era um espelho magnífico, adornado com uma moldura dourada cheia de desenhos. Por um minuto ela observou a imagem dos dois no reflexo.

Ela sorria tanto que sua bochecha doía. A caminhada pela floresta não tinha tirado nem um pouco da beleza do vestido azul que ela tinha feito para aquele dia, quase como se ele tivesse tomado cuidado para abrir a trilha de forma que nenhum dos galhos a manchasse. E Doug, ao seu lado, parecia mesmo um príncipe com aquela camisa branca por baixo do colete turquesa que realçava seus olhos.

— Olhe para cima — ele instruiu, percebendo que ela tinha se perdido na imagem dos dois. Ele também ficado um pouco deslumbrado. Ficavam bem juntos, e ele pretendia manter aquilo assim a partir daquele dia.

Ela olhou para onde ele tinha chamado sua atenção e percebeu que havia um pequeno pedaço de papel dobrado repousando em cima do espelho. Ela esticou-se e pegou-o. O papel era grosso, como os papiros antigos. Sentindo seu estômago se revirar de borboletas pelo mistério, ela abriu o papel.

 

"Quando nossos olhos se encontraram

O tempo parou

Eu só vi você"

 

Evie suspirou, reconheceu facilmente a letra de Doug, e a referência ao dia em que se conheceram.

— Você é tão doce — ela disse a ele, apertando o papel em suas mãos. Nunca mais jogaria fora.

Doug ficou vermelho, mas seu coração estava quase saindo pela boca. Ele não duvidava que suas batidas pudessem ser ouvidas mesmo de longe.

— Apenas fui sincero — ele pigarreou. Precisava controlar sua insegurança se quisesse ser capaz de chegar até o fim de tudo o que tinha planejado. — Agora ache o próximo.

Empolgada, ela se virou procurando onde o próximo espelho poderia estar. Seus olhos foram atraídos por um ponto de luz no meio dos degraus da escada, onde um espelho de mãos brilhava sob uma mesinha pequena.

Ao invés de correr direto para lá, ela segurou a mão de Doug e puxou-o junto. Subiram os degraus com pressa. Ao chegar à mesinha, ela viu que havia uma maçã do amor ao lado do bilhete.

— Apenas uma?

— Toda sua — ele garantiu.

— Está envenenada?

— Não dessa vez — ele riu. — Mas eu pensei seriamente em enchê-la com uma poção de amor.

Ela próximos seu rosto do dele.

— Você não precisa disso — disse, e beijou-o na bochecha. — Obrigada.

Doug suspirou. O efeito hipnótico que ela exercia sobre ele jamais passaria, ele tinha certeza disso. Se tivesse sorte o suficiente e ela o quisesse, ele sabia que poderia passar toda a vida ao lado dela e ainda se sentir exatamente daquele jeito pra sempre.

Evie mordeu seus lábios, tentando esconder uma risada, e pegou a maçã. Ela brilhava em um tom de vermelho hipnótico tão belo que ela ficou com água na boca. Mordeu o primeiro pedaço com avidez, sem se preocupar com seu batom saindo de sua boca, e se sujando toda no processo.

— Está deliciosa!

Doug riu.

— E você está toda suja.

Ela arregalou os olhos e pegou o espelho na mesa, constatando que de fato sua boca estava toda vermelha em volta. Antes que ela pedisse, Doug já estava com um lenço na mão estendido pra ela. Ela o pegou sorrindo.

— Posso pegar o bilhete agora? — ela mirou o pequeno pedaço de papel enquanto terminava de limpar a boca, tomando cuidado para não tirar todo o batom.

— É seu.

Ela desembrulhou o segundo bilhete com o mesmo entusiasmo do primeiro, ainda completamente empolgada por tudo que ele tinha planejado.

Evie nunca tinha sido levada a um encontro antes. Geralmente, ela era quem ia atrás de com quem queria estar. Assim, a estridente expectativa, o nervosismo e a sensação de estar à beira de um precipício eram novas.

Lonnie e Jane tinham lhe dito, enquanto já estava uma pilha de nervos tentando se arrumar naquela manhã, que o primeiro encontro oficial era decisivo. Ou seria incrível, ou seria péssimo. Super tranquilizador, não? Sem pressão nenhuma.

Ela desembrulhou o papelzinho.

 

Você tem o mundo inteiro diante de si.

O meu mundo.

Deixe-me mostrá-lo a você.

 

Sorrindo, ela dobou o papel junto com o primeiro nas mãos.

— Se estamos na escada, suponho que devo seguir subindo?

Ele assentiu.

— Primeiro as damas.

Evie saltou degraus acima, ansiedade correndo por suas veias. Doug a seguia com nervosismo. Perguntava-se agora se não devia ter planejado algo mais complexo, como um jantar, um baile ou algo do tipo. Quando ele pensou no que queria fazer só conseguiu pensar em tudo o que conhecia sobre ela e nas suas coisas favoritas, como castelos, espelhos, doces e os poemas que ele escrevia pensando nela, que elas sempre dizia que amava.

Olhando em volta agora parecia estar tudo simples demais, mesmo com Evie saltando degrau a degrau o mais rápido que conseguia. Pararam em frente a outro espelho no andar seguinte, este sendo daqueles de parede, de tamanho médio e arredondado, pendurado no pórtico entre um longo corredor iluminado por luzes de pisca pisca.  

Evie não perdeu tempo ao puxar o papelzinho dobrado e ligado à ponta superior do espelho por um barbante.

 

Quando eu te vi

Me apaixonei

E você sorriu

Porque você sabia

 

Evie sorriu discretamente enquanto dobrava o papel e juntava-o aos outros, olhando para Doug, que encarava seus sapatos com o rosto ligeiramente corado. De tudo o que já tinha escrito aquele era, provavelmente, o mais direto.

— Vou precisar de algo para guarda-los — ela comentou, observando os delicados pedacinhos de papel já começando a amassar em suas mãos.

— Ah, eu trouxe... — ele se interrompeu, tirando do bolso da calça um saquinho de veludo azul escuro, que deveria ter entregado a ela antes de entrarem na antiga construção, como parte do mistério. Quis bater em si mesmo por ter esquecido, mas achou melhor não comentar o fato, então simplesmente o estendeu para ela com timidez. — Aqui.

— Que fofo — ela comentou ao aceitar o objeto, porém estava olhando para Doug.

Ele provavelmente tinha pouco ou quase nenhuma noção do quanto ficava adorável quando corava e agia como se já não se conhecessem tanto. Era como quando tinham se visto pela primeira vez, e Evie o tinha achado tão fofo quanto. Não conseguia parar de adorar aquilo.

{...}

Doug estava um pouco estranho.

Evie pensou que ninguém conseguiria estar mais nervosa para um encontro do que ela estava, mas o filho do Dunga parecia que iria se derreter em um pocinha de ansiedade a cada passo que davam.

Ele guiou Evie pelos demais espelhos enquanto faziam um tour pelo castelo ao mesmo tempo. Em cada cômodo havia um espelho diferente, e próximo a cada espelho um doce que Evie gostava junto de um pequeno poema escrito por ele mesmo. Seus favoritos tinham sido o espelho de bolso com uma bala de baunilha com morango dentro dele e o espelho da capa de um livro na biblioteca cujo título parecia ser de auto ajuda, mas que amparava um pedaço de torta de maça que ela comeu apenas uma mordida, mas estava muito boa.

Ao chegarem no fim da escada para o terceiro andar, um pórtico com um corredor todo enfeitado com luzinhas ficava visível. Metade do corredor era aberto em uma grande janela de vidro que estava escancarada, formando um parapeito largo onde outra bandeja sustentava agora um cupcake com cobertura de limão que ela adorava especialmente.

Embaixo dele, mais uma nota era impedida de ser levada pelo vento.

Evie estava muito surpresa e agradecida por todo o trabalho que Doug tinha provavelmente tido para arrumar tudo aquilo. Não esperava menos dele, entretanto. Ele sempre a entendia completamente, sem precisar nem de dicas. Era um dos motivos pelos quais amava estar com ele, porque se sentia compreendida, o que era um pouco raro.

Entretanto, ela também o compreendia. E notava o olhar de insegurança em seu rosto pela possibilidade de ela não gostar de algo. Ele era tão perfeccionista quanto ela com determinados assuntos, em parte era isso que os fazia compreenderem um ou outro tão bem, e especialmente naquele dia ele esperava que sua perfeição fosse cumprida.

Ela queria fazê-lo entender, porém, que para ela tudo já estava perfeito.

Por isso, pegou primeiro o cupcake, deixando o papel na bandeja que logo o vento arrastou para longe.

— Ah, não — ela fingiu lamentar.

— Ah, não — ele lamentou de verdade. Aquele era um dos mais bonitos, e um dos que mais tinha tido que reunir coragem pra mostrar a ela, tinha deixado-o no penúltimo espelho por isso. — Não tem problema, eu escrevo depois e te dou. Eu sei de cor.

Ela abriu um sorriso. Era isso o que ela queria ouvir.

— Então recite pra mim.

— O que? — ele gaguejou, arregalando os olhos. — Não, eu não... Não dá.

— Por favor? — ela fez um biquinho.

— Evie, não faz isso — ele reclamou. — Sabe que não resisto quando faz isso.

— Mas eu quero tanto ouvir — ela insistiu. — Por favooooor.

— Eu vou gaguejar em todas as palavras.

— Você fica lindo gaguejando — ela argumentou, e bateu os cílios ferozmente um no outro até vê-lo bufar ao ceder ao desejo dela.

— Tudo bem, deixa eu me concentrar.

— A vontade.

Ela pegou o cupcake e mordeu o primeiro pedaço enquanto ele recitava seu poema.

 

— Amei,

No primeiro dia, a lua crescente do seu sorriso

No segundo, as estrelas que tens nos olhos

No terceiro, o inteiro de suas ideias

Não posso fixar a hora ou o lugar,

Eu já estava no meio e ainda não sabia que tinha começado.

 

Inacreditavelmente, ele não tinha gaguejado, e recitou as palavras com locução perfeita. Evie amava a voz dele também, baixa e clara, que ficava ainda mais bonita quando ele cantava, coisa que infelizmente ele raramente fazia, por vergonha.

Se iam mesmo ficar juntos, Doug precisaria muito começar a perder a vergonha de fazer coisas nas quais era eximiamente bom, como cantar, recitar poesias ou se declarar para ela.

— Você é tão bom nisso — ela comentou, encantada. — Eu não conseguiria te escrever palavras tão lindas mesmo se passasse a vida tentando.

— O sorriso sincero no seu rosto já é retorno suficiente.

— Ele está sempre assim quando você está por perto — ela riu quando ele corou. Doug tinha a alma mais poética que ela já tinha conhecido, mas se constrangia sempre que alguém tentava retribuir suas palavras doces. Ela esticou o cupcake para ele. — Estou cansada de comer sozinha. Anda, vamos dividir.

— É o seu sabor preferido — ele argumentou. — É seu.

— E eu estou escolhendo dividir, então agora é nosso — ela ergueu uma sobrancelha.

Ele negou.

— Tudo aqui é apenas seu, hoje.

Ela suspirou, notando o nervosismo dele como se algo estivesse prestes a dar terrivelmente errado se ela não comesse o doce sozinha. E estendeu mais o cupcake frente ao rosto dele. — Morde!

Ele suspirou e obedeceu, e se inclinou para morder a guloseima. Obviamente não calculou direito o espaço que havia entre a mão esticada de Evie e seu rosto, porque o glacê do doce afundou quase que por completo em seu rosto, sujando suas bochechas e nariz.

Evie riu.

— Uau.

Seus dedos saíram completamente cheios de glacê verde claro quando ele tentou limpar-se, e ele teve uma ideia da visão que Evie deveria estar tendo naquele segundo.

— Uau mesmo.

Devagar, ele aproximou a mão do rosto dela, fazendo-a se retesiar para trás no mesmo instante.

— Nem ouse! — ela deu alguns passos para longe, com olhos arregalados para a ameaça do glacê. — Doug, sai!

— Você fez eu me sujar, nada mais justo.

— Não, não! Doug, não. Saaaaai!

Ela tentou correr para o final do corredor, mas Doug a alcançou antes que desse sequer três passou, prendendo-a pela cintura até que ficassem próximos o suficientes para que ele sujasse a ponta do nariz dela. Ela protestou gritando até ser tarde demais, e seu nariz estar coberto de creme de limão.

O riso parou por um instante quando ela o olhou, e seu coração acelerou por estarem tão próximos. Ela podia até sentir o cheiro ácido e doce ao mesmo tempo que vinha do creme no rosto dele, e também o do perfume dele misturado a tudo. O brilho fosco das luzinhas fazia a pele dela brilhar, o que ele pôde notar de perto.

Doug engoliu em seco, nervoso. Eles nunca tinham feito aquilo antes, tão próximos de um beijo. Em todo o tempo de amizade e apesar de todos os sentimentos que cultivavam, nada além de alguns passeios de braços – ou as vezes, mãos – dadas eram feitos. Ambos sabiam que aconteceria um dia e imaginavam como seria, e a expectativa emanando dos dois estava quase se materializando em uma nova pessoa naqueles segundo de hesitação, gerando tanto nervosismo quanto o rufar de um grande tambor, que anuncia que algo grandioso está por vir.

Doug, porém, soltou a cintura de Evie, livrando-a do aperto, e ela deu um passo para trás, confusa e ligeiramente frustrada. Ela não entenderia se ele tentasse explicar, porém Doug sabia que existia mais naquele castelo para Evie naquele dia que não poderia ser ofuscado pelo primeiro beijo dos dois antes da hora. Ele queria criar a memória perfeita para o momento.

Mesmo frustrada, Evie forçou o sorriso a voltar aos seus lábios e delicadamente removeu um pouco do creme que estava na bochecha profundamente corada dele e comeu.

— Ainda é a melhor cobertura que já provei — sorriu.

{...}

Eles aproveitaram o incidente parar matarem tempo no corredor, deixando o constrangimento do que tinha acontecido abrandar para prosseguirem, mas não querendo sair da companhia um do outro. Usaram os guardanapos na bandeja para limpar o rosto e se apoiaram no parapeito da janela, que proporcionava uma linda vista do jardim lá embaixo.

— O dia está perfeito — ela comentou após alguns segundos, apreciando a brisa que fazia alguns fios azuis do seu cabelo voarem para trás.

Ela não era só a garota mais linda que já tinha visto na vida, Doug pensou. Era a mais graciosa, mais sábia, mais corajosa, sensível, compreensiva e com o sorriso mais cantador que poderia existir. Enquanto observava a imagem dela apoiada na janela observando o jardim, pensou no quanto as coisas eram imprevisíveis.

Quando o anúncio sobre a nova proclamação tinha sido feito, ele teve um pouco de medo, como todos, sem saber no que aquilo acarretaria. Jamais imaginou que a filha da maior inimiga da sua família chegaria lá apenas para fazê-lo perceber que ela era tudo o que ele nem sabia que precisava.

— Me diga algo sobre você que eu não sei — ele pediu, alternando olhares entre o jardim abaixo deles e ela, que o olhou de volta. Embora parecesse uma eternidade, se conheciam há menos de um ano, e haviam muitas lacunas sobre quem era Evie que ele gostaria de saber, embora não reclamasse nem um pouco se tivesse que passar uma vida inteira com ela para descobrir tudo.

— Hum... — ela pensou na pergunta. Havia muitas coisas sobre ela que Doug nem sonhava em saber. Ele não sabia, por exemplos, sobre quase nada de sua vida na Ilha, e ela não sabia se queria que ele soubesse. Escolheu, então, dizer algo inofensivo. — Eu não sei escrever poemas nem declarações tão lindas quanto as suas, mas decorei uma passagem de um livro de Auradon.

E sorriu, virando-se para poder olhá-la direito.

— Qual?

Ela pigarreou.

Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz — ela citou, fazendo um esforço para lembrar-se das palavras corretas. — Quanto mais a hora for chegando, mais eu me serei feliz. Às quatro horas, então, estarei inquieto e agitado: descobrirei o preço da felicidade! Isso resumo bastante o meu estado hoje de manhã.

— O Pequeno Príncipe — ele se surpreendeu. — Amo esse conto.

— É muito bonito — ela maneou a cabeça, concordando. — Agora você. Me conte algo que eu não sei.

Ele pensou por um segundo.

— Eu não comprei esse cupcake. Eu o fiz.

Ela levou as mãos ao peito, surpresa.

— Você aprendeu a fazer meu cupcake preferido?

— Bem, sim... — as bochechas dele se tingiram novamente. — Pensei que seria útil se...

Ele hesitou. Curiosa, Evie o cutucou.

— Termine a frase.

— ... Se eu vou passar tanto tempo com você quanto planejo.

Ela sorriu.

— E isso seria muito tempo?

Ele não respondeu, silenciado pelo nervosismo. A declaração parecia ter um peso que ele não calculou ao dizer. A última coisa que queria era assustá-la.

Evie cobriu a mão dele com a sua própria apoiada no parapeito, e encostou seu ombro com o dele. Queria ajudá-lo a ficar menos nervoso e inseguro sobre tudo aquilo, até porque era recíproco, embora ele parecesse não perceber. Pensou em como desviar a atenção dele sobre o que podia ou não dar errado naquele encontro, por isso disse algo realmente novo, que sabia que ele queria ouvir.

— Eu fiquei trancada por dez anos em um castelo, só com a minha mãe — ela contou, sabendo que aquilo atrairia toda a tenção dele. Surpreendeu-se com o quão normal se sentiu dizendo aquilo, com o quanto confiava no garoto a sua frente para ouvir aquele detalhe sobre sua infância.

Suas sobrancelhas de uniram em uma careta confusa enquanto ele assimilava a informação.

— Por quê?

Ela suspirou.

— É uma longa história. A Ilha pode ser bem pior do que você imagina.

— E o seu pai?

Ela deu de ombros.

— Eu não sei quem ele é.

Doug segurou a mão dela nas suas, e devagar seu polegar resfolegou sobre o dorso da mão dela formando círculos surpreendentemente calmantes. Aquilo também era novo.

— Então você não tem ninguém?

— Eu tenho meus amigos — ela apertou os dedos na mão dele. — E, agora, eu tenho você. É o suficiente.

Ele não sabia o que responder. Não sabia se devia consolá-la ou retribuir a declaração. Ela não parecia triste com o que tinha acabado de contar a ele, provavelmente já estava mais do que acostumada com os fatos que formavam a história da sua vida, por mais tristes que fossem. Quando pedia para que ela o deixasse conhecê-la melhor, sabia que não encontraria apenas fatos felizes e não achava que devia compensá-la por eles ou algo do tipo. A história de Evie constituía quem ela era, e queria conhecê-la por completo sem mudar nem uma vírgula.

— Não se sinta mal por mim — ela pediu, mesmo que ele não estivesse sentindo. — Minha mãe não é tão ruim assim, por mais que você provavelmente ache que ela é a encarnação do mal.

Ele riu, um pouco nervoso pelo rumo que a conversa tinha tomado.

— Eu não acho que ela é a encarnação do mal.

Evie apoiou as mãos na cintura.

— Ah, não? Não tem medo dela?

— Bem... Quando eu acampava com a minha família na infância, as histórias de terror que nos contavam eram todas sobre ela, então... Talvez um pouco.

Evie riu um pouco. Não esperava nada muito diferente, embora fosse estranho imaginar um bando de anões e suas crianças em volta de uma fogueira contando histórias sobre sua mãe.

— E o que eles acham da nossa... Hum... Amizade?

Ela não tinha conhecido ninguém da família dele ainda, e estava curiosa sobre eles.

Doug fez uma pausa para arrumar um cacho do cabelo dela que tinha escapado de volta atrás de sua orelha, tomando tempo para pensar numa resposta sincera que não a ofendesse.

— Nem todos estão felizes. Tio Zangado é o mais hostil sobre eu estar decidido a ter você na minha vida.

Evie preferiu não fazê-lo ficar constrangido novamente ao comentar a curiosa escolha de palavras, mas ela tinha notado.

— E os seus pais?

— Não completamente felizes, mas não tão avessos à ideia. Já que a figura da Rainha Má é muito forte na história deles, não posso culpá-los. Mas eles entendem que você não é a sua mãe, e que a minha história não é a deles — ele deu de ombros. — Não tenho culpa se a filha da Rainha Má é a pessoa mais encantadora que já conheci e fez eu me ap....

Ele se interrompeu, arregalando os olhos.

Rindo, Evie achou que deveria dar aquela colher de chá e ajudá-lo a se desenroscar da frase que ele claramente não queria dizer ainda. Não tinha problema para ela, estava grata pela sinceridade dele e sabia ser paciente, esperaria até ele estar pronto para dizer.

— Então, onde está o próximo?

Doug suspirou aliviado, e apontou para o final do corredor.

— As luzes vão te guiar até o último espelho.

Evie notou a voz dele subindo ao dizer ‘último espelho’, por isso se apressou em segurar a mão dele e seguir até o final do corredor, onde os pisca-piscas continuavam a subir uma enorme escadaria em espiral.

— Quantos andares tem esse castelo? — ela perguntou enquanto subiam os degraus, um a um.

— Quatro. Estamos indo para o último. Tecnicamente.

— Tecnicamente?

— Sim. Você vai ver.

Aquele lance de escadas era maior do que o anterior, de forma que o ritmo foi diminuindo conforme ficavam mais cansados de correr degraus acima. Evie admirava o contraste das minúsculas lampadazinhas na ponta de cada pisca pisca contra as paredes de pedra rustica e começou a imaginar como aquele lugar ficaria ao ser mobiliado.

— Como achou esse lugar? — ela questionou, curiosa, quando atingiam os últimos degraus, alcançando um amplo salão de piso polido.

Ela parou no meio do espaço vazio, procurando pelo próximo espelho, mas não havia nada ali. Ela olhou para seu acompanhante, notando que ele não só não tinha respondido a pergunta, como também parecia nervoso sobre aquilo.

— Qual é a da ruguinha?

Ela levou seus dedos até o espaço entre os olhos dele, acima dos óculos, onde a expressão em seu rosto tinha formado ondinhas de pele retraídas.

— O que? — ele tentou olhar para a própria testa, ficando fofamente vesgo no processo. — Que ruguinha?

— Essa que só aparece quando você está preocupado.

Ele olhou pra ela, curioso.

— Como você sabe disso?

— Te observar é meio que um hobbie — ela jogou os cabelos para trás, decidida a não demonstrar seu embaraço.

A ruguinha se intensificou enquanto ele pensava na confissão que acabara de ouvir.

— E o que exatamente você observa?

— Tudo.

— Eu não sou exatamente interessante — ele fez uma careta.

Ele revirou os olhos ao ouvir aquilo, discordando completamente.

— Tudo sobre você é fascinante, Doug.

Doug pensou que aquela certamente deveria ser uma fala dele, mas ao invés de comentar o fato ou debater com ela sobre aquilo, achou melhor leva-la até onde de fato o último espelho estava, afinal convencê-la de que ele não era interessante era o oposto propósito daquele encontro, e não levaria ao final que ele buscava.

Ficou grato, também, por ela não insistir na resposta daquela pergunta, porque o castelo na verdade pertencia a Branca de Neve, e sabia que Evie não gostaria daquilo. Era uma de suas propriedades menores, que antigamente era usada quando ela e sua família passavam uma estadia na capital de Auradon, mas aquilo não acontecia há muito tempo, de forma que o simplório castelo estava meio abandonado e ela gentilmente tinha emprestado para o sobrinho postiço fazer o que queria. Estranhamente, Branca era a pessoa de sua família que mais encorajava seus sentimentos por Evie.

Assim, ele avançou até o lado oposto do salão vazio, onde sete degraus acima levavam a uma porta de corrediça metálica que, ao ser aberta, revelava o verdadeiro último cômodo a ser explorado no castelo. Um espaço de tamanho médio, parcialmente aberto, porém com um teto baixo, muito parecido com um coreto suspenso, onde um imponente espelho de moldura dourada, parecido com o primeiro no térreo, estava parado no centro do espaço vazio.

— O quarto mais alto da torre mais alta — Evie sorriu. — Amo clichês.

— Eu sei.

Ele a puxou para dentro, seu estômago dando piruetas absurdamente complexas a cada passo mais próximo do espelho que, ao invés de qualquer tipo de doce, portava uma caixinha de veludo vermelho ao lado da folha de papel com o último poema.

Tomando a dianteira, Doug pegou o papel primeiro e o entregou a Evie, tremendo. Ela abriu a folha para encontrar lá as palavras que já sabia de cor.

 

Seus olhos

São como o mais doce chocolate

Eu poderia olhar para eles para sempre

 

Sua pele

É como a mais macia seda

Por favor, me deixe segurar suas mãos nas minhas

 

Sua mente

É como fogo rugindo

Me conte o que está pensando

 

Seu coração

É como o mais lindo pôr do sol

Eu valorizo os momentos em que estamos juntos

 

Tudo em você é perfeito

 

Doug tinha escrito aquele poema há poucos meses atrás, depois de uma manhã inteira de trabalho conjunto pelo 4 Hearts, onde depois de um pouco de dor de cabeça sobre cálculos e um surto sobre uma encomenda de tecidos, eles tinham escapulido para um pôr do sol no parque onde ele tinha ensinado-a a andar de bicicleta.

Aquele era o poema preferido de Evie porque a lembrava de seu valor. Era difícil ser lembrar daquilo em Auradon, onde todas eram belas e todas eram princesas. Ali, ela tinha que provar quem era e conquistar seu lugar trabalhando duro. Mas ela sempre tinha Doug para lembrá-la de que, independente daquilo, era já era preciosa aos olhos dele.

Considerando como fora criada, significa muito ser amada por ser quem realmente era. Não havia nada na verdadeira Evie que Doug não gostasse e não deixasse claro que gostava, o que deixava-a confortável para falar sobre qualquer coisa com ele.

Sentindo-se tão leve quanto no dia em que tinha lido aquele poema pela primeira vez, ela abriu os braços e girou no espaço vazio, vindo logo em seguida puxá-lo para dançar.

— Eu deveria ter planejado música — ele riu ao tentar acompanhá-la na dança sem ritmo.

— Não importa. As melhores coisas da vida são espontâneas — ela girou-os para mais perto, segurando suas duas mãos diante do espelho, que mais uma vez exibia uma imagem perfeita dos dois. — Ouça, eu também estava nervosa sobre como seria nosso primeiro encontro, muito nervosa.

— Por quê?

— Porque você é especial pra mim, tonto — ela riu, fazendo-o rir também. — Mas estamos juntos, no nosso encontro, do nosso jeito. Percebeu todos os termos no plural nas suas frases? Isso é o que faz ser maravilhoso, não importa os detalhes.

— Importa pra mim — ele suspirou. — Evie, você é perfeita, e você merece ter tudo o que quer, tudo o que sonha. Pelo menos por hoje, eu quis tentar ser como um príncipe, e te proporcionar o momento perfeito para te perguntar o que eu quero te perguntar já faz um bom tempo.

Foi a vez do estômago de Evie dar piruetas que não tinham nada a ver com os giros que os conduziam, mesmo que no fundo ela já soubesse o porquê ele tinha planejado aquilo tudo. Sem nem perceber, Doug lhe causava uma multidão se sentimentos novos, não apenas sobre sua vida e as mudanças que tinham ocorrido em tão pouco tempo, mas também ensinando que estava tudo bem em sentir algo extraordinário por outra pessoa.

— Você podia perguntar casualmente no corredor da escola, saindo da pior aula, e eu ainda responderia sim — ela antecipou a resposta e, um pouco cansada de esperar, fechou suas mãos ao redor do pescoço dele. — Nós somos um time tão bom e você é o garoto mais doce e mais gentil que eu conheço. Você me encoraja a ter os maiores e mais ousados sonhos, mas nem se dá conta de que você é um deles. Você é um príncipe, Doug. É o príncipe do meu coração.

Ele estava com a mão erguida para girá-la na dança quando subitamente desistiu de dançar. Terminou de girá-la e, sem forças para se afastar daquela vez, e tão cuidadoso e suave quanto um floco de neve pousando na pele, ele encostou seus lábios nos dela. Mas, ao contrário da sensação gelada que a neve trás, o toque gentil do beijo de Doug pareceu envolver cada centímetro do corpo de Evie, derretendo e fundindo as células em um único fio condutor de eletricidade que percorreu toda sua pele. Era como se ela pudesse sentir por tudo, da ponta dos lábios, passando pelos braços, estômago e pernas até os pés, cada grama daquela sensação atravessando sua pele, infiltrando-se nos músculos e chegando ao coração. Uma das mãos de Doug foi parar em seus cabelos, os dedos dele percorrendo os fios, suaves, parecia a sensação de seda ao escorregar na pele.

Os lábios dele tremiam levemente sob os dela, como as asas de uma borboleta pousando contra o vento e causando uma profusão de altos e baixos em seu estômago. Ele estava nervoso, tanto quanto ela, e a percepção daquilo fez seu coração irradiar, mais do que já estava, quase a ponto de ela imaginar que ele poderia explodir.

Evie entendeu, bem ali naquele instante, enquanto beijava Doug no salão de uma castelo em meio a uma profusão de luzes, que nunca tinha sido beijada antes. O que quer que ela tivesse feito com os garotos da Ilha, há tanto tempo atrás que parecia ter sido em outra vida, não era aquilo. Nada era como aquilo. O que estava sentindo ali com o filho do Dunga tão próximo que parecia que as batidas de seus corações tinham se transformado em uma só, seu corpo tão leve que parecia flutuar em direção a ele, todas aquelas sensações e sentimentos em abundância, preenchendo-a e esvaziando-a ao mesmo tempo, tudo aquilo era único. Nunca tinha se sentido assim, e então soube também que jamais sentiria com outra pessoa. Era apenas ele.

— Doug — ela suspirou contra os lábios dele, e a mão que estava em seu cabelo a puxou para mais perto.

Sem querer abrir os olhos, com medo de quebrar a maravilhosa magia que emanava do momento, ela tateou o braço esquerdo de Doug, descendo por ele, até encontrar sua mão. Os dedos se entrelaçaram de maneira automática ao se tocarem.

Aos poucos, eles foram se afastando, mas mantendo as testas unidas. O peito de Evie subia e descia e ela ainda podia sentir todo seu corpo formigando. Ela finalmente abriu os olhos, e ao levantá-los encontrou os de Doug queimando sobre ela, tanto afeto contido ali que a comoveu.

A mão dele, que antes acariciava seu cabelo com carinho, desceu até seu rosto e foi inevitável inclinar a cabeça e fechar os olhos novamente enquanto o polegar dele passeava por sua bochecha.

— Você seria a minha namorada? — ele deixou escapar, sem conseguir conter-se mais. Tinha planejado o dia inteiro apenas para fazer aquela pergunta, e acabaria tendo um ataque de nervos se não ouvisse a resposta logo.

Mesmo duvidando que ela fosse negar, suas mãos ainda tremeram sobre a pele dela enquanto aguardava. Sua insegurança era um traço seu que provavelmente jamais seria completamente controlado.

— Pensei que não ia perguntar nunca — ela teve dificuldade em conter o sorriso, tão aberto que fez seu maxilar doer um pouco. — Sim!

Doug suspirou de alivio, e se esticou um pouco para alcançar a caixinha que ainda aguardava em cima do espelho.

— Isso devia ter sido aberto antes, mas ainda está valendo.

Dentro da caixa um anel tão lindo quanto Evie jamais tinha visto a deixou com os olhos brilhando. Ele tinha pequeninas pedras de safira azul irradiando no todo dela. Ela soube na hora que Doug não tinha comprado aquilo. Ele tinha feito. Primeiro porque nunca havia visto nada sequer parecido nas joalherias de Auradon, e segundo que ele tinha passado as últimas semanas curiosamente visitando com frequências as minas onde seu pai e tios ainda trabalhavam, e tinha uma vez encontrado um esboço do desenho no meio dos cadernos dele.

— É lindo.

— Não mais do que você — ele disse ao deslizar o objeto para o dedo anelar de sua mão direita, e beijou sua mão.

Ela colocou no dedo dele uma versão bem menos detalhada, uma simples argola de ouro com uma quase invisível pedrinha azul no centro. Nunca tinha visto Doug com acessórios nos dedos antes e empolgou-se ao imaginá-los voltando para a escola no dia seguinte, onde todos perceberiam os novos adereços nos dedos de ambos combinando e fariam a pergunta que finalmente deixaria Evie exultante ao afirmar que sim, Doug era oficialmente seu namorado.

Obviamente o garoto mal podia acreditar que poderia dizer o mesmo sobre a bela princesa abraçada a ele naquele minuto.

A família de anões da Branca de Neve não estaria contente com aquilo, e a Rainha Má certamente teria uma síncope se fosse informada, mas nenhum dos dois poderia se importar menos, porque agora eram namorados, e aquele era só o pontapé inicial para uma vida a dois que estava apensar começando.


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Notas finais do capítulo

Nenhum dos versos 'do Doug' nesse capítulo foi inventado por mim. Peguei todos de montagens deles no Google, e de poemas que já existiam. Créditos a quem fez, seja lá quem tenha sido >.

O próximo é Malen, bem mais no futuro, mas ainda não escrevi :3

Não custa lembrar: leiam DS. Nada que sai do meu pen drive existira se não fosse essa história divina e maravilhosa.
https://fanfiction.com.br/historia/741740/Descendentes_Desenvolvendo_Sentimentos/

B ♥



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