Um Conto de Natal escrita por Brenda Armstrong, Indignado Secreto de Natal


Capítulo 4
Capítulo 4




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—Onde estamos? - perguntou Harold, o primeiro a falar.

—É minha casa. Deduzi que a Borgin e Burkes não seria mais segura agora, porque Walden e Cormac me identificaram.

Estavam em um local com um sala um pouco desarrumada, dois sofás com mantas e uma lareira que Levy acendeu com um feitiço assim que chegaram.

—Todos estão bem?  - perguntou Helena.

Os outros dois concordaram com a cabeça.

—Mas perdemos a sacola - notou Levy, servindo o segundo copo de água da noite para Helena e o primeiro de Harold.

—O que houve, Harold?

—Aquela garota… - ele se sentou em um dos sofás. - Acho que ela estava sob Imperius. - suspirou, triste.

Os três tiveram um momento de silêncio. Cada vez mais pessoas sob a maldição eram encontradas pelo Ministério, como se suas mentes tivessem sido lavadas, sem qualquer memória de atrocidades que haviam cometido.

Helena terminou seu copo de água e o colocou sobre a lareira.

—Tenho certeza que eles seguiram para este endereço. - tirou novamente o papelzinho do bolso.

—Vocês descobriram? Quem foi que aparatou ilegalmente?

—Sim. O nome é Cormac MacNair.

Na hora Harold conjurou e enviou um Patrono pela janela.

—Olha, vou notificar o sistema mágico do Ministério e isso bloqueará suas aparatações. Ao menos ele deve demorar algumas horas para chegar até esse tal endereço.

—Ótima ideia, Harold.

—Podemos ir com antecedência e avisar quem quer que more lá.

—Não. - afirmou Levy. - Não podemos repetir o que ocorreu essa noite. Precisaremos nos preparar. É com um ex-comensal da morte que estamos lidando. Isso não é brincadeira de criança.

—Acho que todos percebemos isso. - comentou Harold, um pouco rude. - Contem-me o que vocês descobriram lá dentro.

 

X-X

 

Algumas horas mais tarde, os três aparataram na floresta próximo ao endereço que Helena havia recuperado. A cabana era visível dali, e os três seguiram até ela, desfazendo os feitiços de proteção que detectavam e refazendo-os atrás de si. Harold foi quem bateu na porta.

—Sou do Ministério da Magia, abra, por favor.

Nada.

—Ministério da Magia, por favor, abra.

Apenas silêncio.

—Acho que não tem ninguém. - comentou Levy, que havia contornado a cabana e espiado por uma das janelas. As luzes estavam todas apagadas, a lareira também, apesar do frio que fazia.

Harold conseguiu abrir a porta com um feitiço especial, e realmente, não havia ninguém lá. A cabana era composta de quatro cômodos bem pequenos. A sala, onde haviam primeiro entrado, com a lareira e um sofá surrado, uma grande estante cheia de livros tão empoeirados que Helena espirrou assim que se aproximou. Uma pequena cozinha, com uma mesa de quatro lugares, e dois quartos. Um deles, com a cama posta e as janelas trancadas, parecia inutilizado. Já o outro estava com os cobertores jogados ao pé da cama, algumas roupas espalhadas sobre uma poltrona e a porta do armário aberta.

—Quem será que mora aqui e o que Bellatrix poderia querer com essa pessoa?

—Black foi presa após torturar até a insanidade os Longbottom por informações sobre Você-Sabe-Quem. - afirmou Harold, para ninguém em especial. Havia sido uma grande manchete, um tópico principal das notícias… a comensal favorita presa por tentar incansavelmente recuperar informações sobre o paradeiro do bruxo das trevas que seguia. Aquilo havia deixado todo o Ministério em alerta. Haviam tido três reuniões de emergência, tentando decidir se o que a Comensal afirmava, que seu Lorde ainda vivia, poderia ser verdade.

Eles aguardaram por algumas horas, mas ninguém chegou. Não havia, na cabana, nenhum objeto pessoal que pudesse identificar seu dono. Nenhum retrato, nenhum caderno, nada, apenas os livros empoeirados que pouco diziam sobre quem seria o estranho que vivia naquele lugar remoto.

Anoiteceu e nada. Harold há havia questionado duas vezes o plano e três vezes o endereço. Poderiam muito bem estar em um lugar abandonado, enquanto o ex-comensal levava seus objetos das trevas para outro local onde eles não poderiam impedí-lo de usar. Estava prestes a questionar mais algo, Helena podia dizer pelo jeito que ele mordia o lábio furiosamente e gesticulava enquanto buscava as palavras para dizer o que quer que quisesse dizer. Foi quando ouviram o uivo.

Helena, na hora, agarrou o braço de Levy, que estava sentado a seu lado no velho sofá.

—Isso foi um…? - questionou Harold.

—Sim, um uivo de lobisomem. - afirmou Levy. - Merda merda merda merda.

—É claro, como não pensei nisso, quem mais moraria em uma cabana abandonada no meio da floresta… - Harold se lamentou. - Agora vamos todos morrer aqui.

—Estamos envoltos em feitiços protetivos, não vamos morrer aqui. - rebateu Levy.

—Vocês só esquecem um detalhe. - comentou Helena, que havia se levantado e seguia até a janela. Puxou a cortina antes de apontar. - Hoje não é Lua Cheia.

Os três ficaram em silêncio por um minuto, tentando entender.

—Então… como é possível?

Helena foi quem respondeu.

—Interferência no núcleo mágico. Não sejam idiotas. Nosso fugitivo já está aqui.

Harold parecia amedrontado.

—Talvez agora eles possam mandar um auror…

Helena se abaixou diante dele.

—Harold, eu também gostaria disso, gostaria muito, mas não há tempo. Ele já está aqui e parece que alguém já está usando o colar. Precisamos sair lá fora.

—Certamente que não. Além de um maníaco das trevas, tem um lobisomem lá fora, você esquece?

—Odeio concordar com ideias absurdas, mas ela está certa. - decidiu Levy. - Precisamos seguir o som.

 

X-X

 

Os três seguiam pela floresta apavorados. As varinhas, cuja iluminação não era nem de perto suficiente na floresta escura, apontadas para todos os lados e nenhum ao mesmo tempo. No começo, era quase como se andassem a esmo, tentando seguir o uivo que não conseguiam identificar apropriadamente, mas então ouviram a voz humana e conhecida de Cormac MacNair, gritando perguntas e questionando alguém. Se aproximaram devagar, no mais completo silêncio, até que se tornou visível a clareira onde duas figuras estavam.

Uma delas, claro, era Cormac, de pé apontando a varinha para um homem que estava sentado. Ele estava todo sujo, e suas roupas, rasgadas. Assim que viram o rosto, Harold sussurrou baixinho:

—É Remus Lupin. Acreditam… que tenha sido ele o espião de Você Sabe Quem que o levou aos Potter.

O colar estava no pescoço de Remus, que parecia não conseguir conter uma série de uivos, apesar de estar em sua forma humana. Levy havia comentado que era difícil prever de que formas a magia do colar interferiria na magia do indivíduo que o usava, tanto quanto dos que estavam próximos. Magia negra é uma coisa pouco estudada, cujos resultados podem ser completamente diferentes de acordo com uma série de variáveis, muitas delas incalculáveis.

Cormac gritava a ele perguntas sobre a localização do Lorde, sobre os Potter, sobre aquela noite fatídica, mas Lupin parecia completamente desligado da situação. O colar parecia lhe causar dor e descontrole, e ele não conseguiria responder nem se quisesse, mas ele claramente se esforçava para não dizer nada.

Helena segurou os braços de Levy e Harold por um segundo, e sinalizou que deviam agir. Harold indicou com o dedo que Levy deveria atacar o comensal por trás com um expelliarmus, enquanto ele próprio o renderia.

Quando a varinha de Cormac saiu voando de sua mão, ele parecia não saber o que o havia atingido. Remus Lupin, amarrado à cadeira, ficou em silêncio por um segundo, tentando compreender a situação apesar do colar em seu peito que não só mexia com seu núcleo mágico, mas também com sua mente.

Harold o rendeu com uma série de feitiços muito bem realizados, que haviam feito parte de seu treinamento para a carreira no Ministério.

Enquanto ambos lidavam com o ex-comensal, Helena correu até o homem na cadeira, e estava para tirar o colar de seu pescoço quando Levy gritou:

—Não toque!

Muito esperta, ela conjurou um par de luvas que havia visto na cabana e cobriu seus dedos, mas desfazer o fecho apertado com os dedos cobertos pela lã parecia uma tarefa impossível. Quando Harold, satisfeito, com o ex-comensal rendido sob sua varinha e algemado magicamente, permitiu que Levy fosse ajudá-la, porém, toda a situação mudou.

De repente, era Harold que estava algemado e caído ao chão, enquanto Cormac estava em seu lugar, segurando sua varinha e apontando-a diretamente para os outros dois. Acertou em cheio um feitiço que jogou Levy para trás tão forte que ele bateu as costas e cabeça em uma árvore e caiu. Helena não sabia se ele estava desacordado ou não, mas mal pode pensar nisso. Quando foi capaz de compreender, Cormac já estava atrás dela, a varinha em seu pescoço.

—Vocês acharam que era isso, que eu queria, não é mesmo? Esse anel até que veio a calhar. Mas vamos ver se o lobisomem aqui escolherá a verdade ou seu núcleo mágico! Onde está o Lorde!? - gritou a pergunta para Remus Lupin, acertando-o com um feitiço que fez seu corpo ricochetear na cadeira. - Onde está!? - e de novo, e de novo, e de novo.

Harold aproveitou a distração do inimigo para se arrastar até onde havia caído Levy, checando seus sinais vitais. Helena, por outro lado, estava apavorada, com medo que Remus não fosse aguentar. Além de toda a perturbação mágica, todos aqueles feitiços atirados no homem que usava o colar… isso poderia levar a um completo descontrole da situação…

Quando ocorreu o que ela temia, ela conseguiu se jogar sobre seus amigos e criar uma barreira protetiva tão forte sobre eles que finalmente sentiu que suas aulas de Defesa Contra as Artes das Trevas tinham sido úteis naquela guerra.

Remus Lupin havia perdido controle sobre seu corpo, e se transformado. Ele voara sobre o comensal da morte, o colar arrebentando de seu pescoço e caindo ao chão. Helena trocou um olhar com Harold antes de segurar os braços de ambos e desaparatar.

 

X-X

 

Estavam agora no Hospital St Mungus, onde Helena providenciou rapidamente a internação de Levy, que havia sofrido uma concussão, enquanto outro bruxo ajudou Harold com as algemas mágicas. Quando bateu a meia-noite, estavam os três no pequeno quarto na ala de danos físicos que havia sido providenciado para Levy. Ainda tinham que relatar os ocorridos ao Ministério, além de que o colar e o anel, apesar de não estarem mais na posse de um ex-comensal mal intencionado, poderiam muito bem estar soltos na mão de alguém ou caídos pela floresta para que um trouxa desavisado encontrasse. Helena ainda pretendia voltar à cabana. Se aquele homem… Remus Lupin, havia ficado com o colar por aquele tempo, isso poderia muito bem ter desbalanceado seu núcleo mágico. Ele precisaria de cura. Afinal, apesar de tudo, ele salvara suas vidas, mesmo que sem querer.

—Feliz Natal. - desejou Helena, logo após as batidas do sino.

—Feliz Natal. - respondeu Harold. - Olha… sei que tivemos nossos problemas em Hogwarts, e queria dizer que… eu não sabia sobre sua irmã quando disse aquilo. - quem falou foi Harold. - Eu… não penso mais aquelas coisas hoje. Quando descobri… sempre me vinha à mente como falei uma coisa cruel pra você. O tipo de pessoa que pensa… que pensa esse tipo de coisa foi quem apoiou Você-Sabe-Quem nessa guerra. Eu não sou assim, Helena. Me desculpe.

—Oh, droga, parece que acordei bem à tempo para o momento natalino-emotivo. - murmurou Levy. - Sem contar que meu chefe vai me matar, com toda a certeza… ou pior, me demitir.

Helena e Harold não conseguiram reagir senão com uma risada espontânea, que dispersou todo o nervosismo do dia. Helena pensou em seu desentendimento com Levy em Hogwarts, e como ele havia mudado... se fosse mesmo o egoísta que ela julgara há dez anos, nunca teria feito tudo o que fizera nas últimas 24 horas.

—Fico feliz que tenhamos feito isso. - afirmou Helena. - Vocês… vocês são boas pessoas, afinal. Bons amigos.

—Claro, mas peço por favor que não me chame mais para combater o crime nos próximos meses. - Harold revirou os olhos ao comentário de Levy.

—Você ainda pode socá-lo uma vez por todo esse sarcasmo se quiser, Helena. - riu.

—Talvez para uma cerveja amanteigada? - sugeriu, ao invés disso.


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Notas finais do capítulo

Aí está, querida. Espero que tenha gostado. Beijos e um ótimo Natal.



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