O Que Sou Pra Você? escrita por Raposinha Marota


Capítulo 1
Maldição


Notas iniciais do capítulo

Olá, caros leitores!
Agradeço de antemão pela atenção e espero que possam aproveitar a leitura como desejam.
Desejo-lhes uma boa leitura.

Obs: Esse foi o protótipo para a criação de "Extinção"



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Rei dormia pesadamente na cama da enfermaria da guilda. A febre alta não demonstrava qualquer sinal que cessaria tão cedo e, devido a isso e em alguns momentos, a jovem inconsciente acabava por se contorcer em dor e desconforto sobre os lençóis. Com o pouco e constante tratamento de Porlyusica, para o alívio de Natsu e os outros, a jovem conseguia descansar bem mais tranquila do que sem os cuidados da herbalista. A batalha anterior havia sido muito dura para com todos, porém, o "veneno" desconhecido que corria nas veias da Take Over Elemental era preocupante e crítico. Infelizmente, Wendy, a pequena Dragon Slayer do ar e dona de incríveis poderes de cura, não se encontrava, nem durante a missão ou presente na guilda, já que esta partira para outra missão. Porlyusica havia assegurado que a maga não corria risco de vida, mas precisava de cuidados diários e de muito descanso, levando em consideração que esta demoraria para acordar de seu estado. Ela também mencionara algo sobre efeitos colaterais pelo suporto "veneno", porém não revelou nada mais sobre o assunto. Natsu fora o que mais permaneceu no cômodo, ao lado da jovem inconsciente. Todos sabiam o motivo e mesmo dizendo que o rapaz não tinha culpa do que ocorrera, ele não cedia. 

Os dois dias seguintes se passaram como uma tortura para o garoto. Ele encarava a amiga com ódio em seu olhar e, a cada instante, o jovem resistia a enorme vontade de se mutilar. Sentia culpa. Culpa por não ter tido o tempo e a agilidade suficiente para tirar a jovem a tempo da magia desconhecida do oponente daquela missão. Apesar de que era impossível prever aquele acontecimento, o jovem era incapaz de se perdoar. Ele estava preocupado com a garota... de tal forma que já não fazia questão de esconder seus sentimentos mais profundos. 

Lucy, Happy e Erza já haviam percebido a paixão pura e doce que Natsu sofria por Rei. Não era fácil de se perceber tal sentimento oculto, porém, mostrava-se óbvio quando conhecedor da verdade. Por isso, não protestaram um momento sequer em deixá-lo cuidando da maga, pois apesar de sua personalidade infantil e desastrada, ele parecia e agia bem diferente do habitual, sendo mais responsável do que muitos acreditavam que o mago não fosse capaz de ser um dia. 

Era fim de tarde, aproximadamente quatro dias após a missão concluída. O sol estava perto de se pôr quando Rei abriu seus olhos lentamente com grande pesar. Natsu, ao vê-la desperta após tanto tempo, alegrou-se de tal maneira ao ponto de quase subiu no móvel em que a jovem estava deitada e abraçá-la de modo a aliviar todo o tempo em que passou em agonia e desespero. A felicidade em vê-la consciente era maior do que o próprio jovem imaginou que sentiria naquele momento. 

 

— Rei! Você está bem? – o rapaz estava exasperado, sendo claramente visível a ansiedade em sua pergunta. Seu corpo pendia sobre a jovem, usando a cama como apoio para seu braço esquerdo e sua perna direita.  

 

A garota nada respondeu no momento. Olhava ao redor como quem buscasse algo. Ela parecia confusa e o garoto não entendera o por quê disso. 

 

— Natsu? – a delicada voz de Rei atingiu os ouvidos do rapaz, causando um arrepio extremamente agradável. O mesmo não soube responder se a reação a fala fora ocasionada pelo tempo de abstinência que sofrera durante aqueles dias ou se fora resultado da fragilidade e rouquidão que a voz sofrera devido ao tempo que permaneceu confinada. A jovem, por sua vez, mesmo com o corpo debilitado pelas dores e cansaço, conseguia ter uma expressão de nervosismo em seu rosto. – Onde você está? 

 

Natsu arregalou os olhos imediatamente após a pergunta tão séria. Rangendo seus dentes com uma força absurda, este tentou não perder o controle de suas ações ou mesmo entregar-se aos seus próprios sentimentos. Como assim onde ele estava? Ele não conseguia acreditar... e nem queria fazê-lo. 

 

— Não brinque com isso. – ordenou desesperado. 

— Não estou brincando. – a jovem procurou, com seu olhar, o rapaz mais uma vez, contudo, nada encontrara. Em seus olhos prateados, lágrimas ameaçavam a transparecerem. – Eu não consigo te ver. 

— Eu estou bem na frente! – o rapaz pegou com sua mão livre a mão esquerda da jovem e a colocou sobre sua face. Ele tremia e Rei pode sentir isso. Seus olhos surpresos tentavam compreender o que acontecia ali. Ela sentia que tocava a pele de uma pessoa, mas não conseguia enxergar ninguém a sua frente, fazendo assim com que seu olhar se tornasse totalmente melancólico. Ela fechou os olhos e respirou fundo. Não queria chorar. – Rei... Eu estou aqui. 

— Por quê?... – a jovem apertou levemente o rosto do rapaz e sentiu que suas lágrimas haviam lhe vencido. – Por que não consigo te ver? 

 

Natsu, em um ato impensado e totalmente desesperado, abraçou a jovem de modo protetor, tentando, desse modo, reconfortar a ambos. Rei permitia-se chorava o mais baixo possível, fazendo assim com que Natsu a apertasse cada vez mais contra seu próprio peito, tomando o cuidado necessário para que seu corpo não exercesse peso indesejado para a maga ainda em repouso. Assim que a jovem se recompôs, ela buscou o rosto do garoto e acariciou gentilmente a face do mesmo com um olhar triste. 

 

— Natsu... 

— Eu não sei... – o rapaz respondeu, sentindo sua pele queimar na região das maçãs do rosto e do corpo do nariz. Delicadamente, este colocou uma de suas mãos sobre a mão da maga que se mantinha em seu rosto, apreciando a sutileza daquela pequena mão comparada a sua. – Ninguém sabe o que te atingiu. 

— Talvez... Talvez Levy possa saber. – a jovem se sentou custosamente, gemendo pelo fato do corpo estar adormecido e fraco. Natsu a ajeitou para que esta se sentisse melhor e recebeu seus agradecimentos. – Eu acredito que ela possa ajudar. 

— Vou chamá-la! – o Dragon Slayer rapidamente se encaminhou a saída a procura da companheira de guilda. 

 

Assim que mago saiu, Rei sentiu a solidão novamente. Por que justo ele que ela não conseguia ver? Que tipo de magia tinha essa capacidade? Aquilo a assustava e tinha medo de nunca mais pudesse ser capaz de vê-lo. Ela se sentia vazia... e sentia profundamente que estava sem uma luz para lhe livrar daquela escuridão. 

Tempos depois, o rapaz trouxe com certo desgosto, não só a maga, mas outros membros da guilda para a sala. Muitos apenas vieram para abraçar a jovem e chorar de alívio por esta ter despertado e aparentar estar muito bem. Rei sorriu e ficou feliz por todos estarem ali por ela. Ela se sentia querida, porém, ao ver cada rosto ali, sentiu imensamente a falta de Natsu e, por dentro, entristeceu-se mais uma vez. Logo, quase todos voltaram para o salão principal para festejar a volta da Take Over Elemental, ficando na sala apenas o time de Natsu, o líder da guilda e Levy. Rei abaixou o olhar em descontento, não querendo iniciar qualquer tipo de conversa. Todos viram sua tristeza e encararam uns aos outros nervosos, em busca de como começar e resolver o problema. 

 

— Como se sente? – Lucy tomou coragem necessária e sorriu nervosamente ao fazer a pergunta que todos já sabiam a resposta. Apesar de ter sido uma tentativa, era evidente sua ansiedade excessiva. 

— Só dolorida e extremamente cansada. – a garota respondeu mais uma vez naquele dia sem qualquer tipo de ânimo. 

— Estará melhor assim que se alimentar e descansar o suficiente. – Makarov comentou antes de encará-la seriamente e a estudar suas expressões. – Natsu nos disse que não consegue vê-lo. 

— Isso mesmo... – a jovem agarrou os lençóis da cama de forma discreta e tentando esconder sua raiva por sua condição. – É como se ele não existisse fisicamente. 

— Acalme-se, Natsu. – Rei se voltou para Erza por um instante, vendo que esta olhava para seu lado esquerdo, onde havia um bom espaço vago entre ela e Gray. Natsu estava ali... e muito bravo por sinal, pois era possível sentir o calor sufocante de sua magia. – É apenas ele? 

— Acredito que sim. Consegui ver todos os outros normalmente. 

— Isso pode ser o resultado do feitiço que lançaram contra você. – Levy abriu o livro que tinha em mãos na mesma hora e passou a vasculhar rapidamente entre as páginas. – Eu nunca havia visto um mago que usasse maldições como ataques e devo dizer que não é nada fácil encontrá-los. A capacidade de usar maldições nessas proporções e executá-las perfeitamente é assustador e perigoso. Fiz questão de estudar cada maldição conhecida. 

— Uma maldição... – Rei refletia essas palavras com ódios em seus olhos. Rei não tinha bons conhecimentos em relação a maldições. – Maldições são fortes e impossíveis de impedir que afetem o alvo. 

— Mas sempre há um “porém” nelas. – Makarov olhou para a jovem, tentando tranquilizá-la. – Maldições podem ser quebradas. – o líder encarou o lugar que estaria Natsu, um pouco triste. – Mas ser incapaz de ver uma só pessoa é estranho. Você o escuta perfeitamente? 

— Não tive problemas até agora... Ele disse alguma coisa desde que entram aqui? 

— Não. – Gray cruzou os braços e bateu com o cotovelo o que parecia ser no ar para a jovem, mas sabia que Natsu estava ali. – Diz alguma coisa, chaminé. 

— Vai se ferrar, picolé humano. 

— O que disse, cabeça de lava? – Gray ficou irritado, como de costume, por um dos apelidos pejorativos que Natsu constantemente criava para si. Seus olhos exibiam um intenso brilho, demonstrando que este estava disposto a brigar. 

— O que você ouviu, cubo de gelo. 

— Parem os dois! – Erza, como sempre, resolveu o problema a base de seus socos "mais fraco" sobre eles, apenas para apartar a briga. Rei podia até imaginar isso e sorriu levemente por ver como a companheira ainda não sabia controlar sua força. – Não é hora pra vocês brigarem. 

— Eu concordo. – Lucy apoiou. 

— Encontrei! – Levy ainda não tirara os olhos do livro, mas sua voz chamou a atenção de todos assim que se fez presente. – É uma maldição complicada... Uma maldição de esquecimento. 

— Uma maldição de esquecimento? – Natsu franziu o cenho em conjunto com os outros, tentando compreender o que, exatamente, fazia uma maldição de esquecimento. 

— Uma maldição de esquecimento é uma maldição que força uma pessoa a esquecer algo importante ou essencial. – Rei explicou seriamente. No fundo, esta não estava gostando nem um pouco do rumo daquela informação. – Não entendo muito de maldições, mas lembro-me que este tipo é restritamente para sofrimento eterno, sem a necessidade de causar a morte dos alvos. 

— Sim. – concordou a maga. – Maldições de esquecimento focam em destruir memórias, vontades e sonhos. Ela é perfeita para desestruturar uma pessoa por completo. 

— Quer dizer que a maldição que jogaram sobre a Rei a fez incapaz de ver o Natsu? – Lucy perguntou apreensiva. 

— Bem... Na versão original da maldição... – Levy teve as bochechas levemente coradas ao pensar no Dragon Slayer de metal. – O alvo esquecerá e perderá a capacidade te ver, sentir e lembrar sobre a pessoa mais importante de sua vida. – Rei sentiu-se incomodada e também envergonhada de ouvir tais palavras. Ficou com medo de que descobrissem algo sobre seus sentimentos que vivia tentando ocultar a todo custo. – Ou seja, além de esquecer sobre essa pessoa, é impossível o alvo entrar em contato com a outra vítima sem a intervenção de outras pessoas. 

— Algo como erradicar a pessoa do mapa do alvo. – Erza ficou pensativa após essa conclusão em voz alta. 

— Como ele não teve tempo suficiente para terminar a conjuração. E também acredito que ele não tinha capacidade para executar uma técnica tão complexa e avançada. Posso afirmar que a maldição não se concretizou por completo. Por isso só afetou a visão. 

 

Natsu ainda se encontrava em choque. Seu rosto estava visivelmente avermelhado, num tom forte e característico. O mago sentiu o coração pulsar cada vez mais rápido e descompassado a medida que se auto controle desaparecia com a repetição de uma única frase de Levy em sua cabeça. "A pessoa mais importante" soava na mente do jovem como uma tortura, fazendo-o temer falsas esperanças. Pela primeira vez, o rapaz agradeceu, por um pequeno instante, que a jovem não podia ver seu rosto em um rubro intenso. 

 

— Que tipo de pessoa importante? – ele ousou a perguntar nervoso. – Tipo dois amigos? 

— Isso depende. – Gray explicou. – Pode ser um familiar, um amigo... um amor. – ao ouvir isso, os rostos de Natsu e Rei tomaram um rubro ainda mais considerável, sendo o do rapaz ainda mais afetado, adotando a cor em um tom quase vívido. 

— Enfim... – Levy fechou o livro com feições carregadas em tristeza, enquanto deixava os óculos que usava sobre um móvel ao seu lado. – Pelo que li, um ato de amor é o suficiente para quebrar a maldição, mas meu medo é que... 

— Entendi... – Makarov olhou para o chão, sem coragem de levar seu olhar. Estava com incerto se conseguiria encarar seus dois filhos acometidos pelo infortúnio. – Talvez, pela maldição não ter sido completada, a cura original não terá o efeito que esperamos... Em outras palavras... 

— Talvez não haja cura. – Levy completou com pesar. 

 

O silêncio tomou o cômodo por completo e de forma melancólica. Todos compreendiam a gravidade da situação e mesmo que não fosse certeza, não deixava de ser uma terrível hipótese. Rei queria acreditar que era impossível aquilo acontecer, mas sabia que não era como desejava. Novamente, a maga apertou suas mãos, amassando ainda mais os lençóis sobre seu colo. Lágrimas insistiam em brotar mais uma vez e a jovem teve que usar todas as suas forças para que nenhuma escapasse. Ela, novamente, estava com medo... Sentia-se a beira do penhasco do desespero e com apenas a escuridão a sua volta. Ela sentia a solidão lhe consumir aos poucos. Natsu, naquele ponto, emitia um calor insuportável com sua magia. Rei não conseguiu ver, mas o rapaz estava com partes de seu corpo envolto por chamas intensas e pouco amigáveis. Ele estava mais do que nervoso. Ele queria destruir o responsável por todo o seu sofrimento e, principalmente, de Rei da maneira mais dolorosa possível e não deixaria que este morresse tão cedo. Muitas vezes, viver era muito pior do que morrer. 

Todo aquele clima estava afetando, negativamente, a cada um presente no recinto. Lucy não podia deixar que aquilo continuasse por mais tempo e decidiu destruir a tensão e o pessimismo no ar. 

 

— Vamos deixá-los, então. – ela forçou um sorriso da melhor forma possível, porém este ainda continuava falso. – Eles têm que resolver esse problema sozinhos. 

 

Todos, com exceções de Rei e Natsu, concordaram com a cabeça e seguiram para fora do cômodo. Assim que saíram e a porta fora fechada, a maga sentiu o vazio tanto interior quanto exterior. Ela sentiu-se só. 

Abraçando os próprios joelhos, sentindo dor pelo ato e pela posição desconfortável, a garota escondeu seu rosto para poder deixar as lágrimas que tanto segurava fluíssem de seus olhos prateados. Um choro silencioso e sofrido. Rei queria que aquilo não passasse de um pesadelo. Que tudo fosse um sonho... 

Natsu havia se acalmado, em termos. Sua magia estava inerte. Seus olhos negros estavam banhados de desesperança e tristeza. Não tinha forças para encarar a jovem e muito menos de fazer qualquer coisa. Estava com medo. Medo de nunca mais ser visto por ela... De que, talvez, aquela maldição progredisse até o ponto em que se tornar a maldição completa. Pelos deuses, ele não suportaria se a jovem o esquecesse de vez. 

Após minutos ali, a maga já não tinha lágrimas para soltar. Ela levantou o olhar e observou todo o cômodo com atenção, vendo que nada mudara. Assim, esta suspirou e abaixou o olhar novamente. 

 

— Natsu... Você está aqui? 

— Estou... – o rapaz respondera mais rápido do que a jovem previra e isso arrecadou em um leve susto. O garoto caminhou calmamente até a cama ocupada no recinto e sentou-se lentamente no móvel para não assustar ainda mais a maga. Sentado, este não ousou em voltar-se para vê-la apropriadamente e preferiu continuar de costas para a garota. 

— Estou com medo... – a jovem confessou e encolheu-se onde estava. 

— Eu também... – o rapaz fechou os dedos sobre a calça com força e decidiu fazer a pergunta que tanto perturbava sua mente desde o meio da discussão do caso. – Sou importante, então... – Rei corou, ao ouvir aquelas palavras, o suficiente para ser notado pelo outro, mesmo este sendo totalmente distraído para tudo e todos, e afirmou timidamente com a cabeça. Natsu viu tudo pelo canto de seus olhos, mas não vendo da forma como gostaria o rubro cobrir a face da jovem, e carinhosamente afagou os cabelos negros, lisos e compridos da Take Over Elemental. Aquele toque a deixou insegura e seu corpo estremeceu. – O que sou pra você? 

 

Rei ficou a formular uma resposta e percebeu que não conseguiria dizer-lhe... mas ainda assim, precisava contar. 

 

— Você quer a verdade ou a mentira? – Natsu se assustou com a pergunta e deixou de afagar os macios fios da cabeleira da maga. Ele levantou o rosto da jovem delicadamente, encarando o rosto nervoso da mesma. 

— Quero a mentira. – sua voz quase falhou ao pedir e a garota respirou fundo para continuar. 

— Você... você é apenas meu melhor amigo. – Natsu sorriu e ao mesmo tempo não compreendeu o que aquilo significava verdadeiramente. 

— Então, eu sou seu melhor amigo? – Rei sentiu as bochechas arderem ainda mais e, agora que a encarava realmente, finalmente o mago conseguiu ver aquele vermelho gracioso transparecer na pele alva da jovem. 

— Não só isso... – o rapaz sorriu tão maravilhado que certamente a garota ficaria encantada com tal cena. 

— Eu te amo, Rei. – o Dragon Slayer de fogo a abraçou fortemente, impedindo que esta se afastasse. Rei não acreditou em primeiro momento, mas ao sentir aquele calor reconfortante e o carinho que o mago lhe proporcionava, ela percebeu que ele dizia a verdade. Ela sorriu intensamente e mais algumas lágrimas foram permitidas de sair, molhando o ombro nu do garoto. – Eu sempre te amei e continuarei a amar. 

— Eu te amo, Natsu... – a jovem se afastou aos poucos e à medida que seus olhos piscavam, a imagem de Natsu voltava aos poucos a aparecer diante de si até que pôde vê-lo finalmente... Ali... Encarando-a com o mais belo sorriso que já vira em vida. Ela sorriu aliviada e tocou o rosto angelical do amado com urgência. – Deu certo... Realmente deu certo... 

 

Natsu a abraçou novamente, deixando uma lágrima própria escapar. Queria chorar e Rei facilmente percebeu aquela necessidade. Com um gentil carinho sobre sua nuca, Natsu deixou um ruído choroso escapar e se permitiu desabar parcialmente, eliminando suas frustrações e medos que tanto guardou em si. O tempo em silêncio fora agradável para ambos. Assim que livre de seus receios e tristeza, o mago a encarou novamente. Seus olhos brilhavam na penumbra densa devido a anoitecer. Um brilho intenso de carinho e desejo. Seu rosto estava perigosamente próximo ao da jovem, sendo impossível o desvio de olhar. Natsu gentilmente pegou uma das mãos maga, colocando-a contra seu próprio rosto e mantendo-a ali com a sua própria. Ele apreciava aquela textura delicada de olhos fechados e mostrava a companheira o quanto aquele toque era bom. A garota riu timidamente com o que presenciava, deixando que um sorriso calmo e gentil tomasse lugar em seus lábios. Rei uniu suas testas e fechou seus olhos. Lentamente, o rapaz foi retirando o espaço entre eles, levando a mão livre para a nuca da amada. Eles podiam ouvir e sentir a ansiedade de ambos, os corações em batidas descompassadas e a respiração quente e custosa. Gentilmente, Natsu tocou os lábios da jovem com os seus próprios em um beijo tão dócil e calmo que chegava a ser assustador o fato de tal sutileza vir de uma pessoa tão hiperativa e emotiva quanto a ele. O beijo, aos poucos, foi se aprofundando, abandonando a calma e tornando-se mais profundo. Suas línguas dançavam em um ritmo lento, compartilhando todos os sentimentos que ali sentidos. 

 

— Esqueci meus óculos... – Levy adentrou o cômodo envergonhada por estar incomodando aos dois amigos, mas ao ver a cena, chocou-se e berrou em alegria e, ao mesmo tempo, surpresa. – Meus deuses! 

Naquela noite, Fairy Tail havia ganhado mais um motivo para comemorar.


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Notas finais do capítulo

Caros leitores de todas as idades. Gostaria que, humildemente, deixassem uma palavra a esta escritora que aqui vos escreve. Não é pedir muito um simplório comentário para dar a luz que um escritor necessita.



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