O Encanto da Serpente escrita por prongslet


Capítulo 4
O Conto do Sétimo Dia


Notas iniciais do capítulo

Olá, olá!

Sei que este capítulo demorou muito a sair, e peço desculpa pelo longo hiatus. Houve uma combinação de falta de inspiração e a correria da vida adulta, o que tornou impossível manter o ritmo da escrita. Reescrevi este capítulo inúmeras vezes até ficar próximo do que queria, mas ainda sinto que a escrita está um pouco enferrujada. Mesmo assim, queria partilhar convosco para saber o que acham. ❤️ Gostaria de agradecer a todos que continuam por aqui, que não desistiram da história apesar do tempo que passou. Os vossos comentários são muito importantes para mim, e faço questão de responder a cada um com muito carinho. Espero que gostem do capítulo ❤️



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DESDE os tempos antigos, quando a magia era uma força indomável, havia uma família de bruxas e bruxos que se destacava entre todas as outras. Eram poderosos, respeitados, mas também temidos. Havia algo de especial nesta família: o número sete. Dizia-se que o sete era um número sagrado, um símbolo de equilíbrio, mas também de caos. O sete podia ser tanto uma bênção como uma maldição.

Viviam nas Terras Altas, entre montanhas majestosas que protegiam o seu território. A sua casa ancestral era uma mansão antiga, repleta de segredos, que resistira ao teste do tempo. Foi ali, numa noite gelada de inverno, que uma criança nasceu. Uma criança que mudaria o destino de muitos. 

Era o sétimo dia do sétimo mês, e a criança era a sétima da sua geração. Desde o momento do seu nascimento, ficou claro que ela estava destinada a algo extraordinário. A sua mãe, uma poderosa bruxa, tinha recebido uma bênção especial para o seu ventre antes do nascimento da filha. A magia que corria no seu sangue era antiga, mais antiga do que as próprias montanhas que cercavam a mansão.

A família recebeu esta criança com esperança, acreditando que ela seria a chave para unir os elementos da natureza. Mas o que eles não sabiam era que a magia antiga podia ser tanto uma dádiva como uma maldição. À medida que crescia, a menina mostrava habilidades fora do comum. Podia ver coisas que outros não viam, ouvir o que outros não ouviam. E, mais assustador ainda, conseguia manipular a vida e a morte com um simples gesto das mãos.

O poder que emanava da criança era assustador, capaz de destabilizar o equilíbrio da natureza. As plantas murchavam ao seu redor, os animais fugiam dela, e a própria terra tremia sob os seus pés. Alguns na comunidade viam-na como um sinal de destruição, um presságio de tempos sombrios. Outros acreditavam que ela era uma dádiva, um símbolo de realeza, destinada a liderar o mundo mágico numa nova era.

Mas a ganância e o medo começaram a crescer entre os membros da família. O poder que a menina possuía era algo que muitos desejavam para si. A avó da menina, uma bruxa mais sábia, tentou avisar a comunidade sobre o perigo de manter a criança viva, mas ninguém a ouviu. Todos estavam cegos pelo desejo de controlar aquele poder.

Foi então que a tragédia aconteceu. Numa noite de tempestade, a comunidade decidiu que a única forma de restaurar o equilíbrio da natureza era eliminar a criança. Mas quando entraram na mansão para a procurar, ela tinha desaparecido, fugido para as Terras Altas. Alguns dizem que ela foi morta naquela noite, sacrificada para acalmar a natureza. Outros acreditam que ela escapou, jurando vingança contra aqueles que a traíram.

Dizem que, mesmo depois de muitos anos, a linhagem da pequena bruxa continua viva, passando o seu poder de geração em geração. E que um dia, alguém com o mesmo poder irá voltar para reclamar o que é seu por direito.

*

Andromeda fechou o livro e olhou para as duas meninas à sua frente. Ambas tinham os olhos arregalados, fascinadas pela história. A luz do luar iluminava o quarto, criando sombras nas paredes, como se a própria casa estivesse a ouvir a lenda. Nymphadora parecia um pouco assustada, enquanto Adhara sorria, com os olhos a brilhar de curiosidade.

— Mãe, ela morreu mesmo? — perguntou Nymphadora, com uma ponta de receio na voz.

— Quem sabe? — respondeu Andromeda, com um sorriso leve. — As histórias têm sempre um pouco de verdade e um pouco de imaginação.

Adhara parecia mais intrigada do que assustada, com aquele olhar típico de quem queria saber mais sobre o mistério.

— E se ela ainda estiver por aí? — perguntou Adhara. Andromeda riu suavemente, sentindo a tensão diminuir. Abraçou as duas meninas e disse baixinho:

— Se ela estiver, temos de ter cuidado, não é? — E com isso, Adhara sorriu ainda mais, como se estivesse pronta para a sua próxima aventura.

Foi nesse momento que Andromeda atacou Nymphadora com cócegas, sem aviso. A menina gritou e riu ao mesmo tempo, tentando fugir, mas Andromeda era implacável. Adhara juntou-se à mãe, rindo com a irmã, e em poucos segundos, o quarto estava cheio de gargalhadas e gritos de alegria.

— Ah! Isso não vale! — disse Nymphadora, tentando escapar. Adhara aproveitou para ajudar a mãe, tornando o ataque de cócegas ainda mais intenso.

Andromeda não parava, rindo com elas, como se o mundo lá fora não existisse. Era um daqueles momentos que afastava todas as preocupações e problemas, deixando apenas a alegria de estar em família. O som das gargalhadas encheu a casa, como se o silêncio já não tivesse lugar ali.

Quando finalmente Andromeda deu uma trégua, as meninas ficaram deitadas, ainda a rir, ofegantes. Andromeda aconchegou as duas nos cobertores, beijando-lhes as testas.

&

Adhara não chegou sequer a subir as escadas. Os seus pés tocaram o soalho frio do corredor enquanto tentava processar tudo o que tinha acabado de ouvir. O plano era seguir as instruções de Andromeda, mas algo parecia errado, como se uma tempestade estivesse prestes a desabar sobre elas.

Foi então que o ataque começou. O chão tremeu com uma violência que fez a casa abanar por completo. Ouviu-se o som de vidro a partir-se e depois um estrondo, como se a própria casa estivesse a ser despedaçada. Um feixe de luz verde atravessou a janela, partindo o vidro e acertando na parede ao lado de Adhara, que caiu ao chão para se proteger. Sentiu os cacos de vidro a cortar-lhe a pele das mãos, mas não houve tempo para pensar na dor.

Ouviu gritos ao longe e um som agudo que a fez tapar os ouvidos. Tentou levantar-se, mas o chão estava instável, os destroços tornavam tudo perigoso. Feixes de luz cruzavam o ar, vindos de todas as direções. Um feitiço passou perto do seu ombro, deixando uma queimadura no braço. Adhara gritou de dor, mas sabia que tinha de continuar.

Ouviu o som de passos a subir as escadas, passos apressados. Era Andromeda. Ela chegou até Adhara, mas antes que pudesse ajudá-la a levantar-se, uma maldição acertou-lhe no braço, fazendo jorrar sangue. Andromeda gritou de dor, mas não parou. Agarrou Adhara e tentou levá-la para um lugar seguro, mas o ataque continuava a ganhar força.

Adhara correu para o topo da escada, mas antes que pudesse descer, viu Andromeda ser atingida por um feixe de luz que a lançou contra a parede. Sangue escorria pelo braço de Andromeda, tingindo o chão de um vermelho escuro. Adhara entrou em pânico, querendo correr para a mãe, mas Bellatrix apareceu do nada, bloqueando outro feixe de luz com a sua varinha.

Bellatrix virou-se para Adhara, com olhos duros, sabendo que não havia tempo para hesitações.

— Adhara, temos de ir! Agora! — disse Bellatrix, enquanto feixes de luz continuavam a cruzar o corredor.

Adhara olhou para Andromeda, caída no chão, mas Bellatrix agarrou-lhe o braço, puxando-a para longe do perigo. O coração de Adhara batia descontroladamente, e as lágrimas escorriam-lhe pelo rosto, incapaz de aceitar que tinha de deixar a mãe e a irmã para trás.

— Leva-a daqui, Bella! — gritou Andromeda, a voz trémula de dor. — É ela que eles querem! — Mantém-na segura!

Bellatrix puxou Adhara pelo braço, enquanto outro feixe de luz acertava na parede ao lado delas. O som do impacto era ensurdecedor, e a casa parecia tremer com cada maldição que a atingia. Enquanto isso, uma segunda figura surgiu à frente de Andromeda, protegendo-a de um novo ataque.

Nymphadora.

Andromeda olhou para Adhara, com o rosto marcado pela dor, mas os olhos cheios de amor. Ela sabia que tinha de ficar para lutar, mas queria que Adhara soubesse que estariam sempre juntas, não importava o que acontecesse.

— Vai, Adhara! Eu e a Dora damos conta disto! — gritou Andromeda. — A Bellatrix vai cuidar de ti e explicar-te tudo. Lamento que seja assim, mas prometo que vamos voltar a ver-nos.

Adhara hesitou, querendo correr para a mãe e para a irmã, mas Bellatrix foi mais rápida, puxando-a para fora do corredor, para longe do perigo. O som das explosões continuava, e feixes de luz passavam por todo o lado, como uma tempestade de maldições.

Adhara hesitou, querendo correr para a mãe e para a irmã, mas Bellatrix foi mais rápida, puxando-a para fora do corredor, para longe do perigo. O som das explosões continuava, e feixes de luz passavam por todo o lado, como uma tempestade de maldições.

Bellatrix sabia que os reforços deviam estar a caminho, mas também sabia que não podiam esperar. Era preciso fugir, encontrar um lugar seguro para proteger Adhara. Foi então que um feixe de luz acertou em Adhara, lançando-a contra a parede. A dor foi intensa, e antes que pudesse entender o que estava a acontecer, tudo ficou escuro.

Enquanto desmaiava, Adhara teve um sonho. Viu-se a si mesma, sozinha, perdida nas Terras Altas, cercada pelo silêncio. Viu a sua família, as histórias que a mãe lhe contava, mas tudo estava distorcido, como se a realidade estivesse a desvanecer-se.

No sonho, sentiu a presença de algo antigo, algo que parecia chamá-la do fundo das montanhas. Viu os rostos das pessoas da sua família, mas não conseguia reconhecer nenhum deles. Tudo era um turbilhão de memórias, de sensações, de histórias esquecidas.

Era como se a lenda estivesse a tornar-se realidade, como se ela estivesse destinada a repetir o mesmo ciclo. Viu-se a fugir, a correr pelas montanhas, procurando uma saída, uma resposta. Mas no final, tudo se dissolveu na escuridão, e ela perdeu-se no vazio do seu próprio sonho.

 

 


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