Sorriso Insano escrita por LoneGhost


Capítulo 16
Aula de crimes


Notas iniciais do capítulo

Hey guys...
não sei que tamanho estão ficando os capítulos porque estou escrevendo pelo celular.
mas espero que gostem do capítulo.
E boa leitura.



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"Nem um temperinho?" Pensei.

Foi insano, mas mesmo sendo aquilo, não hesitei em comer. Eu estava com fome, muita fome. Além disso, quis mostrar a Jeff que não estava com medo, nem dele e nem de nada. Peguei o coração com uma de minhas mãos e o aproximei de meu rosto. Analisei o sangue escorrendo em minha mão e meu braço sujando meu moletom mais ainda, mas aquilo não importava. Aproximei de minha boca e o mordi devagar. O gosto era horrível. Meu estômago roncou e não sei se foi de fome ou repugnância. Fechei os olhos e tentei não me concentrar no gosto para não vomitar, mas foi quase impossível. Quase. Mastiguei o coração sentindo o gosto férrico do sangue e os músculos se desfazendo em minha boca. Abri os olhos e os três olhavam para mim. Thomas estava sem expressão, Liu sorria diabolicamente e Jeff parecia apreciar tudo.

—Isso, assassina.- falou com prazer.

Olhei para meu reflexo na tampa de alumínio que antes cobria o prato. O sangue escorria por minha boca. Eu percebi que perdia a sanidade aos poucos.

Eles cortaram pedaços dos órgãos e começaram a se servir. Ver Jeff comendo um cérebro foi a pior cena que já assisti. Segurei o vômito o resto do "jantar", principalmente quando senti sede e o que tinha na jarra era sangue. Eu não quis saber se era humano, Mas bebi tentando não vomitar. Quando senti que meu estômago estava cheio, uma azia inexplicável se apresentou, mas me segurei. E o gosto que estava sm minha boca era horrível. Nós ficamos quietos o tempo todo, só ouvia os barulhos das mastigadas dos loucos.

Quando todos acabaram, Jeff chamou a nós dois. O enjôo pela "comida" começou a se revelar. Nós o seguimos e subimos uma escada de madeira velha que rangia, que nos levou até o primeiro andar da casa. Me lembrou a maldita casa que eu antes morei.

Lá havia três portas, todas trancadas e fiquei curiosa para ver o que tinha dentro dos cômodos. Porém, Jeff abriu a porta à nossa direita e entrou. Eu e Thomas nos olhamos mas seguimos ele. Não havia nada dentro daquele quarto, definitivamente nada. Havia apenas uma janela meio aberta que trazia o vento frio de fora e a luz da lua que já aparecia. No teto, uma fraca lâmpada de luz amarelada atraía vários insetos. Senti um cheiro muito forte e ruim que vinha de algum lugar, mas não consegui identificar de onde vinha nem o que provocava aquilo. Jeff olhou para nós. Além de seu sorriso falso, ele tinha um bem natural que ia de orelha à orelha, como um típico psicopata. Ele começou a gesticular com os braços para falar conosco.

—Minhas crianças! Sabem que eu gosto muito dos dois, mas tem algo que me incomoda.

Ouvi o barulho da porta atrás de nós e olhei para ver o que era. Liu tinha entrado no quarto, fechou a porta, se encostou nela e cruzou os braços, sorrindo, como se fosse assistir a um show. Jeff continuou.

—Então, pensei que talvez pudesse fazer de vocês assassinos mais cruéis. Eu detestaria ter que matá-los agora que chegaram até aqui.

Suas pupilas estavam dilatadas, como se fosse fazer algo totalmente empolgante. Ele estava sujo. Seu moletom que antes era branco, estava encardido e com manchas vermelhas que pareciam permanente. Os cabelos desgrenhados e oleosos, quase chegando aos ombros. Ele não devia tomar banho há muito tempo. Era incrível como ele nunca piscava os olhos... era demoníaco. Sua voz soava rouca, como se sua garganta estivesse inflamada. Ele era visivelmente louco. Aliás, "louco" é apelido. O que ele é, não tem nome.

—Então, eu decidi que, como servos fiéis, vocês irão se matar. Irão lutar um com o outro até que alguém morra.- arregalei meus olhos.- E quem vencer, será digno de ser meu companheiro.

Meus pelos se arrepiaram.

—O que?!- perguntei, em choque.

Ele me olhou e riu como um sádico. Envolveu os braços na barriga e gargalhou como se tivesse ouvido (ou contado) a melhor piada de sua vida. Sua risada ecoou o cômodo todo e foi uma verdadeira poluição auditiva. Quando ele parou, olhou para mim.

—Devia ver sua cara. Eu estou brincando...-suspirei, de alguma forma, aliviada.- Eu vou citar algumas regras aqui.

Eu e Thomas nos olhamos.

—Sentem-se, sentem-se.-ele disse gesticulando para o chão.

Nos sentamos devagar e Jeff fez o mesmo, cruzando as pernas. Ele suspirou e olhou para nós, sorrindo.

—Quem não fizer o que eu mandar a partir de agora, terá punições. Thomas.- Jeff olhou para ele.- Tudo será diferente do que você está acostumado, assassino. Infelizmente, você vai sofrer mais.- ele riu de novo.- Mas quem se importa com isso, não é mesmo?! Na verdade, eu adoro.

De relance, vi Liu revirando os olhos.

—Que tipo de punições?- perguntei.

—Das mais variadas, Wendy.- eu odiava quando ele falava meu nome.- Desde levar socos fortes a ser jogada em cima de formigueiros. Depende do que acontecer...

—O que?!- o interrompi.- Como assim?

—Você não deveria me cortar quando estou falando...- ele disse sorrindo, irônico.- Eu estou ditando as regras.

Estremeci.

—Desculpe.- falei.

—Continuando...- ele disse.- Vou ensiná-los a matar.

Uma aula para aprender a assassinar, com o melhor professor que você poderia desejar. Que noite maravilhosa.

Jeff passou algumas horas nos falando sobre como causar mortes lentas e dolorosas. Uma que chamou minha atenção foi matar um burro, tirar suas entranhas, colocar uma pessoa viva dentro do burro e costurar sua barriga. Ele deu ênfase para deixarmos um buraco para as pernas da pessoa ficar de fora, para que a asfixia ocorra devagar e a morte seja lenta e dolorosa. Jeff disse que já fez isso várias vezes e comentou o quão prazeroso é ouvir as pessoas gritando e se debatendo dentro do animal. Também falou sobre tortura psicológica, como matar o parceiro romântico da pessoa na frente dela e a fazer devorar os órgãos da pessoa morta. Jeff se divertiu ao contar que já fez isso com um casal de homossexuais, e disse que foi hilário ver "as bichas" gritando.

 A cada palavra que ele dizia, eu sentia medo e ódio e via que ele era a maldade em forma humana. Não. Ele não era mais humano. Era um demônio. Ele também falou sobre os outros assassinos, como Slenderman, Jane, Eyeless Jack... Disse que não poderíamos dar bola se os encontrasse, pois pertencíamos a Jeff, mas se eles quisessem lutar, deveríamos pelo menos tentar matá-los.

Quando terminou. Nos apresentou aquela casa, mostrando onde era o banheiro, que inclusive ficava no andar de baixo e era bem pequeno e sujo. Nos deixou observar tudo, mas disse que não ficaríamos ali e sim nos esconderijos subterrâneos. Me perguntei o motivo disso. Talvez fosse mais seguro.

—Agora, eu sei que vocês estão exaustos, então... Vão dormir.

 

Eu e Thomas fomos para o lugar subterrâneo onde estávamos antes, e Jeff e Liu foram para outro. Jeff disse que ele poderia entrar no nosso, mas nós nunca deveríamos entrar no dele. Eu pensei que realmente não gostaria de ver Jeff dormindo de olhos abertos, seria pertubador. De qualquer forma, eu e Thomas nos acomodamos em um canto do local e nos deitamos no chão. Conversamos um pouco sobre o inferno que estávamos vivendo, mas ele parecia muito exausto e logo dormiu.

 Minha boca estava com o terrível gosto de sangue e imaginei que precisaria rápido encontrar água se não quisesse morrer desidratada. As horas se passaram e eu não conseguia dormir. Me virava para os lados, mas não encontrava uma posição boa naquele chão duro. Pensava em Jeff querer nos punir e pensava no dia seguinte, e no próximo, e no próximo, e não sabia se aguentaria viver aquilo todos os dias. Eu já estava com vontade de me matar e sentia um imenso vazio dentro de mim.

Me levantei percebendo que não conseguiria dormir, e com vontade de ir ao banheiro. Aliás, a quanto tempo eu não ia ao banheiro?

Peguei meu cutelo e fui em direção à escada. Estava bem escuro, mas meus olhos se acostumaram. Thomas não acordava, devia estar com muito sono. Subi a escada e empurrei a tampa do esconderijo. Fui para fora e senti o vento forte e frio bater em meu corpo, levando meus cabelos sujos ao ar e meu cheiro horrível também. Olhei ao redor e, além do campo onde estávamos, eu vi uma floresta um pouco próxima. A rodovia se iluminava com os poucos postes de luz que piscavam, como se estivessem tendo um interferência. Olhei para a casa a minha frente e me perguntei se o chuveiro do banheiro não estaria funcionando. Não custava tentar.

 Entrei devagar na casa, sem acender as luzes, direcionada apenas pelo que os meus olhos enxergavam e pelo brilho intenso da lua que vinha de fora. Cheguei ao banheiro e usei o vaso sanitário. Não dei descarga para não fazer barulho. Minha urina estava escura e percebi que segurei por muito tempo. Aquele banheiro era pequeno e não cheirava muito bem, mas naquele momento, parecia algo de luxo para mim. Liguei o chuveiro para ver se tinha água e para a minha felicidade, a água caiu de alguma maneira, e pensei que pudesse ser graças aos feitiços satânicos de Jeff, mas aquilo não importava. Não era muita água, mas parecia o suficiente para tirar aquele cheiro horrível que eu estava transmitindo.

Tirei meus sapatos, minha calça e meu moletom. Entrei de calcinha e sutiã debaixo do chuveiro para lavá-los também, mesmo que o resto de minha roupa estivesse suja, aquilo era mais importante. O frio percorreu meu corpo todo e a água estava morna. Enquanto ela caía em meu rosto e cabelo, eu via o sangue e a sujeira toda escorrer e se misturarem com a água limpa. Eu bebi a água o quanto pude e fiz de tudo para tirar o gosto horrível de sangue da minha boca. Passei a mão em minhas costas e senti as feridas se formando pelo machucado que Rake fez. Não pensei em ficar por muito tempo, então desliguei o chuveiro e saí debaixo dele. Apertei os fios de meu cabelo para a água escorrer e sequei meu corpo com a camiseta que usava debaixo do moletom, ela não estava tão suja. Coloquei minhas roupas de novo e me senti limpa como nunca, mesmo que não tivesse usado shampoo ou sabonete. Em cima da pia, grudado na parede, um espelho rachado e mofado mostravam o reflexo de alguém que eu não conhecia mais. Eu estava com olheiras, parecia mais velha e cansada. Vi a cicatriz de corte na bochecha, o corte que Jeff tinha feito em nosso primeiro encontro. Balancei minha cabeça tentando não lembrar daquilo, então abri a porta e desliguei a luz.

Quando estava saindo do banheiro, ouvi a porta da casa se abrir. Meu estômago deu cambalhotas, então entrei no banheiro de novo, cautelosamente e fechei a porta. Não liguei a luz. Não tinha uma tranca na porta, então me senti muito insegura e comecei a tremer. Ouvi passos vindo de lá, passos lentos, como se os pés fossem pesados demais. Tentei pensar que poderia ser Thomas ou até mesmo Jeff, mas então, comecei a ouvir um rosnado familiar. Não. Não podia ser. Coloquei o ouvido na porta, tentando ouvi mais e o rosnado parecia se tornar mais alto, como se, seja lá o que for, estivesse se aproximando. Rake estava ali de novo. Saí de perto da porta e me encostei na parede atrás dela. Coloquei as duas mãos na boca para não gritar e arregalei os olhos. O que eu poderia fazer? O rosnado se tornava mais alto e eu parecia não conseguir respirar. 

Então, fiquei paralisada quando ouvi a respiração pesada e o rosnado alto, bem atrás da porta.

"Maldição, maldição, maldição..." Eu pensava. A porta foi empurrada devagar, muito devagar. Não fez barulho nenhum. Eu me espremi atrás dela, ficando de pontas de pé, encolhendo a barriga e tentando não fazer barulho. O banheiro era muito pequeno, então ele não entrou nele. Deduzi que ele apenas olhou em volta por alguns instantes e escutei seus passos saindo do banheiro e indo a outro local. Ele deixou a porta aberta, portanto, se eu me mexesse, iria empurrá-la para frente, e as pontas de meus pés já estavam doendo. Eu o ouvi andando por toda casa, inclusive subindo as escadas. Quando ele fez isso, aproveitei para sair da ponta dos pés e pisar no chão normalmente. Espiei e percebi que a porta da casa estava aberta. "Eu corro para fora ou não?" Era a dúvida que me doía a cabeça. Eu não queria esperar ali parar morrer, ele poderia sentir meu cheiro e voltar.

Por impulso, saí na ponta dos pés e fui até a porta, onde consegui ir para fora. Eu não podia me arriscaria entrando no esconderijo, talvez fosse lenta demais e ele já estivesse lá fora enquanto eu ainda tentava entrar no subterrâneo. Fiquei na parte de trás da casa, espiando pela janela de vidro, esperando que ele saísse. Eu o vi descer as escadas. Aquela criatura era horrível. Ele descia de quatro, seus olhos eram negros e ele era totalmente humanóide, seco, com os braços e pernas longas e eu quase podia ver uma aura negativa em volta de seu corpo. Suas garras pisavam devagar no chão. Ele foi em direção à porta e virou a esquerda quando saiu, então corri para a lateral direita da casa, para ficar oposta a ele. Ouvi um uivo terrível e o ouvi correr, pisando na grama e nas folhas.

Corri para a frente da casa e percebi que ele realmente tinha saído de lá, então fui rapidamente em direção ao esconderijo e me joguei lá dentro, fechando a tampa.

Fui para perto de Thomas, que ainda dormia como pedra e fiquei próxima dele, com medo. Imaginando o que aconteceria no dia seguinte.


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Notas finais do capítulo

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Nos vemos no próximo capítulo :)



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