Uma Seleção com Rosie Ambers escrita por ANA


Capítulo 53
Capítulo 49


Notas iniciais do capítulo

Agora tô a 1 capítulo de ter que comprar uma barra de chocolate pra minha prima/minha irmã kkkkkk
Eu apostei com elas que terminava essa história até o 50, mas pelo visto néh...

Boa leitura! s2



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Hanna e Taylor estavam agitadas naquele dia, mais do que o normal. Notei isso no momento em que elas chegaram em minha casa.

“Sim, tio Elliot, sim, tia Kriss. Vamos passar a tarde vendo filmes e podemos fazer pipoca!”

Assim que meus pais saíram para uma tarde de palestras, as duas correram para o quarto deles.

“Vem, Rosie, vamos descobrir algo sobre o vovô.”

Desde pequena, nunca conheci meus avós paternos. Minha avó havia morrido alguns anos antes, em um acidente de carro com o filho mais velho.

Meu pai e a tia Lizzie nunca nos mostraram a foto deles, nunca nem pedimos, pois devia ser muito doloroso. 

Não sabíamos nada sobre o vovô Brian. Taylor e Hanna estavam certas de que no guarda-roupa de meu pai poderiam achar fotos e quem sabe documentos antigos da família.

Hanna ficou na porta vigiando, caso meus pais voltassem, enquanto Taylor se pendurava em um banquinho de madeira para caçar o que havia na estante de cima do guarda roupa. 

Eu alternava o olhar entre elas aflita, até que Taylor soltou um grito.

“Tay, o que foi?”

“Irmã?”

Ela continuou estática enquanto chamávamos-a, relendo o papel por uns segundos. Desceu devagar me olhando estranho.Em seguida, estendeu o papel de maneira hesitante. 

Pulei o título óbvio e não entendi a primeira linha, mas a partir da palavra adoção as coisas começaram a ficar diferentes.

Achei que pudesse ser brincadeira, mas vi que Taylor e Hanna estavam pasmas demais para isso…Aquilo foi um grande baque para mim, principalmente porque eu tinha apenas sete anos.

 

 "Você nunca se esquece dos cartões."

"É claro que não."sorri, embora ele não pudesse me ver, nem eu pudesse ver seu sorriso." Feliz aniversário, pai."

 “Estou com saudades, princesa.”

“Você então não imagina a minha.”

Era bom poder ouvir a voz dele.Ouvi-lo dizer o quanto tinha gostado da orquídea que desenhei em seu cartão, e também do sucesso do novo projeto de pesquisas em botânica que estava implementando com outros professores e alunos da universidade. Ele voltou a trabalhar com a permissão do diretor, mesmo ainda andando com muita dificuldade.

“Você me lembra de um guarda daqui, o nome dele é Eduard, mal se recuperou da cirurgia e está se arrastando como pode por aí. Subindo e descendo escadas.”

“Ele está certíssimo. Chega uma hora em que a gente precisa forçar um pouco, recuperar o tempo perdido...Está tudo bem por aí, Rosie?"

"Ahn, está sim, por q..."

"Está tudo bem mesmo? Pela sua voz, sinto que as coisas não estão cem por cento certas."

" Bom… Realmente não estão. É bem… cansativo ter o país todo reparando no que eu faço, e tirando uma impressão boa ou ruim de mim só por algumas aparições na televisão. Eu sei que não sou só eu, as outras meninas também devem se sentir um pouco assim, mas eu sempre estive acostumada a viver a minha própria vida. No meu canto. Não sei como Osten conseguiu lidar com isso a vida toda. "

" Entendi…Sabe, eu li a carta que você enviou pra sua mãe, sobre a sua entrada na universidade. Você disse que desistiu da inscrição para a faculdade em Columbia, mas se estiver mudando de ideia, eu acho que ainda dá tempo de…" 

"Não,não, não, não! Eu não tô sugerindo que…  Não estou dizendo essas coisas por não aguentar mais!" 

"Ah…ok, tudo bem."

Suspirei

" Eu não vou mentir: eu tô com saudades de casa, eu tô com saudade da minha vida, mas eu…"

"Você pretende ficar, e tentar."

" Sim. Eu… não sei realmente como as coisas vão se encaixar, porque eu nunca tive perfil disso, de ser uma figura pública, e ter os outros falando de mim, nem tenho muito jeito com as matérias e tarefas que nos fazem aprender por aqui. Mas eu vou tentar."

"Hum, decidida, você…" 

" Oh, s-sim. Sim, pai."

"Eu tenho que confessar, quanto te apoiei para a Seleção, não estava pensando muito bem no assunto. Só achei que você pudesse se arrepender no futuro, se não tivesse pelo menos colocado seu nome lá, mas eu considerava o sorteio como o de um prêmio de um milhão de dólares,e olha onde você está!" 

"Era algo que beirava o impossível, né?" Suspirei.

" Sim, era…" deu um pequeno riso, que não consegui definir se era melancólico ou apenas reflexivo. Não sabia bem como ele e minha estavam lidando com o fato de eu fazer parte da Elite.

Há um dia atrás, Osten fez o anúncio no Grande Salão. Assim que entrei no cômodo, senti o clima ruim que pairava entre as meninas. O príncipe olhava para a janela como se estivesse interessado em algo lá fora, mas era notório que ele estava repassando uma espécie de discurso na mente. Vez ou outra, checava se todas estavam presentes. Quando Paige fechou a porta, ele se pôs a falar com um sorriso calmo.

Depois de vários agradecimentos pelo tempo que estivemos ali, ele eliminou Lydia, Yasmin, Heather e Blair, sobrando apenas seis de nós. Com exceção de Blair, que precisou de mais alguns minutos de conversa a sós com ele para se convencer, o resto lidou numa boa. Yasmin me soltou que já imaginava que seria eliminada.Elas foram embora no dia seguinte, pela manhã.

”Engraçado, sempre pensei que você ficaria com Tyler. A vida é surpreendente.” Meu pai passou mais alguns minutos lembrando de coisas que fizemos juntos quando pequenos, o que rendeu uma grande nostalgia.”Por falar nele, esteve aqui em casa para um almoço. Está bem para baixo com o término. "

"Sim, eu vi numa revista..." 

Eu tinha passado muito tempo torcendo para aquele relacionamento acabar e demorei horrores para dar o meu consentimento. Mal bem faço isso e as coisas vão por água abaixo.

“Você já falou com ele?”

“Ainda não, eu não tive oportunidade, mas....”

“Não deixe de ligar para ele, vocês tiveram uma amizade de uma vida.Não pode deixar que a distância acabe com algo tão precioso.”

“Eu sei… eu vou dar um jeito de falar com ele.”

Na verdade, eu tinha me perguntado antes se não seria uma boa ligar, mas talvez só fosse tocar na ferida. Eu queria lhe dar uma força sem ser de longe, mas infelizmente isso não estava ao meu alcance.

"É, pai, tem uma coisa que..."

"Ah, Rosie, preciso desligar. Temos visita aqui em casa, o Phil, lembra dele?"

"Lembro…”

"Estou indo lá, depois eu te ligo novamente... Papai te ama, filha."

"Também te amo." sorri."Tchau."

Olhei para trás alarmada com o assobio, e Osten deu um aceno. 

"Há quanto tempo está aí?"

"Acabei de chegar."

Assenti colocando o telefone do escritório de Silvia de volta na base. Ele se aproximou com uma expressão um tanto…preocupada?

 “Aconteceu alguma coisa?”disse passando os braços por minhas costas e me puxando para um meio abraço.

"Não, está tudo bem."Seu rosto não se deu por convencido." Eu estava falando com meu pai e queria ter falado sobre a minha possível família biológica, mas lerdei, porque… não sei!”

“Estava pensando que ia chatear eles com o assunto?”

“É, eu confesso que estava com um pouco de medo disso, por mais que eles sempre tenham dito que jamais iriam me impedir de conhecer meus pais biológicos. Mas, na verdade, não sabia por onde começar. Então fui adiando e ele precisou sair, justo quando tomei coragem de falar. Seria muito melhor com eles cara a cara sobre isso, não por telefone.”

“Se é assim então eu posso te liberar para ir até...”

“Não! Não inventa! Eu não falei isso como um pedido indireto para você e não preciso voltar para casa numa hora dessas. Dá para resolver tranquilo por telefone, sim. Aliás, isso iria render um banquete para os jornalistas!"

“Você tem razão. Eu sou um exagerado, às vezes, não?”Entortou a cabeça.

Respirei fundo.

“Sim, você é alguém exageradamente fofo.”

“Se não gosta dos mimos, eu posso parar.” seus lábios extraíram uma risada de minha parte ao estalarem fazendo cócegas em minha testa, têmporas e bochechas.

"Acho que vou escrever uma carta. "disse após me 'libertar', sob seu olhar travesso. "Eu me expresso melhor assim. Vou fazer isso agora mesmo..."

 "E vai me abandonar?"

"Ah, não é que…"

"Tudo bem."Osten riu."Estou saindo para um outro encontro."

"Ah..."

"É." seu rosto se contorceu em careta. Um silêncio estranho pairou entre nós. ”Mas não se preocupe! Estou dando aulas para as garotas, então absolutamente nada acontece”.

“Osten, relaxa. Não precisa de explicação."

"É claro que preciso, sou seu…"

Prestei atenção nele, ele iria dizer namorado. (A vontade de abrir um buraco no chão). Ele sorriu sem graça, assim como eu.

"Olha, a mídia já está começando a te criticar demais pela demora de escolher uma esposa. Podemos definir um prazo em que a Seleção vai durar, agora que nós...tecnicamente, nós..."

Já tinha um tempo que eu queria dizer aquilo para ele.

Quase não consegui sustentar o olhar para seu rosto contorcido de dúvida. As famosas borboletas no estômago resolveram atacar.

"Isso... quer dizer que você, quer ser...?"

"Sim..."

Ele me encarou por um tempo, como que esperando que aquilo fosse uma brincadeira, mas não demorou a ler o meu olhar de seriedade.

"Está com pressa por causa do que a mídia pode falar sobre mim?"

“Eu sei que você não liga, mas ainda assim não merece aquelas críticas. Além disso, eu acho irônico da minha parte te fazer prolongar a Seleção, sendo que joguei na sua cara uns dias atrás que você devia parar de enrolar as outras e casar logo com a Delfina.” Suspirei. "As meninas por enquanto estão distraídas com as aulas, mas vão cansar. Não é justo com elas. Nem com a gente. Não podemos ficar de enrolação." 

Osten assentiu com as sobrancelhas franzidas.

"Você... tem certeza sobre isso?" Ainda me olhava com incredulidade.

"T-tenho."

Um sorriso surgiu lentamente em sua face e ele me puxou para si novamente. Foi extremamente difícil manter a respiração regular, dado a forma doce como seus olhos fitavam minha face. É claro que eu tinha corado. 

 "Não acho que precisamos correr. Não vai ser saudável.”

"Osten..."

"Não vou forçar você a tomar esse tipo de decisão. Já foi uma mudança e tanto não sermos apenas amigos. Posso estar com tanta pressa quanto você, mas também estou preocupado em dar um passo em falso." Ele beijou a ponta do meu nariz." Podemos ir com calma, já que faltam alguns eventos com a Elite. E podemos... marcar uma data de noivado. Você está de acordo?"

Assenti um tanto inebriada. Ele deixou um selar sobre o topo da minha cabeça e eu instantaneamente me aconcheguei mais em seu abraço reconfortante. 

O aroma do quarto de Suki era de Aloés. Os livros de idiomas se entravam espalhados sobre a escrivaninha, assim como um caderno de anotações e exercícios que eu não duvidava estarem em dia.

Haviam dois retratos na bancada. Um era de sua irmã, Daiyu, ao lado do marido e dos pais, segurando a filha -Mingmei- no dia em que esta nasceu. Infelizmente Suki não pôde presenciar tal fato. Na outra foto estavam apenas Suki e Daiyu, após uma apresentação de piano de Daiyu e de canto por parte de minha amiga.

“Quantos anos mesmo ela é mais velha que você?”
“Três anos.”

“Você tem sorte em não ser filha única..”Suki ergueu a sobrancelha com ar de deboche, questionando com o olhar onde Oliver encaixava nessa história."Por mais que agora eu saiba tenha um irmão, não tenho, nem nunca vou ter a mínima possibilidade de um diálogo pacífico com ele, e por isso não vou poder ter nenhuma relação de companheirismo como a de você e Daiyu.”

Ela assentiu observando a foto do recital.

“O que deu das suas aulas de música para as crianças reais?"

"Bom, ainda ensino Stefan e Kerttu, mas fico feliz por todos terem seguido interessado em aprender violino. O resto conseguiu novos professores assim que chegaram em casa.”

"Eu quase aprendi violino, há alguns anos, mas meus pais preferiram pagar a aula de canto, e eu tive também que me concentrar nisso. "Assenti.

"Eu nunca me dei bem com essa de cantar. Não sei como não desafinei com a Bridget aquele dia."

"Achei ótima a sua performance.”

"Sério?" Fiz uma careta. "Você só está falando isso com dó de mim."

"Não, eu falo sério. Não é uma voz profissional, é claro. É óbvio que você sua voz ficou para dentro em certos trechos, poderia ter usado mais da sua capacidade, mas isso é técnica.  Se quiser... eu posso te dar umas dicas, qualquer dia. Eu ajudei um pouco a princesa francesa."

"A Giselle?" 

“Sim.”

"Legal. Sabe, eu tô pensando aqui... se você concordar podemos treinar alguma canção. Eu no violino, você no canto. Kerttu também pode ajudar."

"Pode ser"assentiu e continuou a se concentrar na maquiagem que fazia em mim."Estou quase acabando.” 

“Ok.”

“Pronto.”

“Nossa, você consegue fazer o delineado de uma maneira tão certinha…Obrigada!” 

“Por nada.” sorriu. 

Suki terminou de checar o rosto, e eu a ajudei a guardar todos os pincéis na caixa.

“Hoje é o dia que o seu pai chega, não é?"

"É. O Osten me disse que só vamos poder cumprimentar os diplomatas , e apenas amanhã vou poder conversar mesmo com ele, porque hoje tem imprensa demais por aí.”

“Tem razão. Espero que dê tudo certo.”

“Eu também…”

Fomos as últimas a chegar no Grande Pátio. 

“Esse sol da tarde está perfeito para as fotos, não acham?” disse Ophelia assim que sentamos ao lado dela e de Paige, na parte coberta. 

“Com certeza. As fotos serão de duas em duas, então?” Suki apontou para a aglomeração no à frente, próxima às estátuas. Katie estava sendo fotografada no jardim por uma equipe de fotógrafos. Jade estava num cenário, do outro lado, perto da estufa. 

“Sim, as próximas somos eu e Paige, e depois você e Rosie.Ah, adorei a sua tiara, Suki!"

"Hum? Obrigada.”A asiática sorriu. Paige e eu concordamos.

Se um tempo atrás Suki tinha um grande preconceito quanto a Ophelia, eu diria que houve uma grande mudança. Julgava que Ophelia era falsa comigo, mas aos poucos deve ter percebido estar enganada.

“Rosie, passei a noite lendo. Como o Michael pôde trair os amigos daquele jeito? Ele é um infeliz, pra não dizer coisa pior!"

"Eu sei." ri " Também fiquei boquiaberta, mas dá para superar, só continue a leitura, porque tem coisa muito boa a frente."

"Não, é claro que eu vou continuar. Só... foi um choque, sabe? Eu precisei fechar o livro, respirar fundo, beber um copo d'água e criar força para continuar. Já estou no capítulo 53, parece que eles estão entrando direto numa emboscada, mas não me fale!"

"Eu não ia falar! Eu odeio spoilers tanto quanto você." 

"Você viu aquele momento lindo de June e Edward, no portão da casa dela, coisa mais linda!"

"Sim, meu casal!"

Seria muito melhor passar o resto da tarde lendo, ou simplesmente falando de livros, do que dando atenção a pessoas que apenas queriam ganhar dinheiro com a minha imagem. Ok, eu não podia julgar muito, era o trabalho deles. Mas para quê precisavam de tantas fotos? Por que não procurar reportagem com outras coisas, outras pessoas? Me repreendi mentalmente mais uma vez, pois estava sendo dramática e egoísta.

Talvez fosse melhor assumir que aquela não era a minha praia. A única coisa boa, é que em meio às várias poses que me pediam para fazer, Kerttu precisava interferir para me mostrar como fazer melhor. E estava sendo difícil segurar a risada toda vez que ela pedia para tirar outra foto, porque em sua opinião a anterior não tinha ficado suficientemente bonita. 

Percebi que Osten também se divertia com isso. Ele estava sentado nas escadas em uma conversa com Stefan. Estranhei quando o príncipe se levantou repentinamente com o olhar atento a mim, e sumiu de vista atrás do guarda que tinha lhe dado um aviso.

“Rosie, olha pra cá, é a última foto.” disse Kerttu. Minha mente estava rodando. Pelo jeito, os diplomatas tinham chegado mais cedo.

Me arrependi de não ter procurado por alguma foto de Oliver com os pais.Era sem dúvida muito mais perturbador me aproximar dos quatro diplomatas sem saber qual era Allan.

“Katie, Jade, Ophelia, Suki,Paige e Rosie...”Osten me lançou um olhar de quem pedia calma”Meus colegas de serviço, Alfie, Otis, Santigo e Allan.” 

 O último que o príncipe apontou era um homem tão alto quanto Oliver. Usava óculos, tinha cabelos e olhos castanhos, estava com uma maleta de mão e usava terno como os demais. O sorriso dele chegava aos olhos. 

 Sorri sem graça entendendo-lhe a mão durante os cumprimentos. Allan permaneceu um tempo mais segurando a minha, mas isso não foi muito evidente. Era extremamente bizarro ter o primeiro contato dele de modo tão formal.

 "Qual deles era ? O de armação?” Suki me deu um leve toque no braço depois que os diplomatas seguiram Osten para dentro. Allan ainda olhou mais alguns segundos para trás.

“Sim…”

“E você…está bem?”. 

“Acredito que sim.”

Sullivan prometeu que meu envelope seria enviado no dia seguinte, bem cedo, para casa. Aguardei-o procurar pelas cartas que chegaram.

"Essa parece ser Phoebe, e também tem a de Hanna... É Hanna Piaria?" 

"Isso. Minha prima, obrigada."

"Tenho a impressão de ter visto a de mais alguém. Me perdoe, hoje resolvemos arrumar as coisas por aqui, e acabei perdendo as suas cartas de vista  " sorriu sem jeito consertando a armação do óculos, que quase caía do rosto.

“Sem problemas, e eu não estou com pressa.”

“Um segundo!"

Assenti trocando um olhar com Audrey. Ela sentou numa cadeira disponível se abanando. A noite sempre costumava refrescar um pouco mais, mas aquela estava extremamente quente.

Sullivan se embaralhou com os papéis enquanto vasculhava uma caixa, provocando um revirar de olhos de Ethan, que verificava uma gaveta a alguns metros.

 "Achei a que faltava, de Mylene Kaviny." Fiquei surpresa. Emma tinha prometido escrever, mas ainda não o havia feito, mas em compensação havia um envelope de Mylene. 

"Obrigada."

“Disponha. Estou saindo do turno…Mandem uma abraço para Lee e Amy."

"A Amy também mandou um abraço e disse que está esperando você chamar ela para um encontro."

A resposta de Audrey foi o suficiente para Sullivan se atrapalhar de novo (quase derrubou uma caixa).

"Ela disse isso mesmo?"

"Não, vocês são o casal mais lesma que eu já vi. Eduard conquista minha irmã bem mais rápido."

"Aquele lá vai precisar de sorte." ele disse com um riso.

"Não fuja do assunto. Chame ela para sair. Está na cara que se gostam poxa?"

"Eu vou sim. eu só..."

 Audrey me deu uma cotovelada.

" Eu te falei? Sem iniciativa!"

"Me dê um tempo, eu não levo jeito!"

"Ok. Só não perca muito tempo, já está ficando chato acompanhar vocês."

"Pode deixar." ele assentiu. "Boa noite, madames."

...

 Olá, caríssima e queridíssima prima,

Estou aqui mais uma vez enchendo a sua paciência, porque quero logo uma visitinha, um tour no palácio.

Não é nem um pouco justo só você ter momentos incríveis e vestidos maravilhosos. Eu nem vou falar no príncipe...

Aliás, sobre ele....(hehe) você nunca mencionou se já se beijaram. Eu estava esperando ansiosamente pela hora em que você fosse escrever falando, e agora estou ligando o dane-se para sua timidez e perguntando. A esse ponto é IMPOSSÍVEL que não. Você não rejeitou isso dele, né? Não é???? Me diz que não seguiu a tradição da família da sua mãe.

Sobre novidades?

A ninhada da Snowzinha e do Donald nasceu. Os nomes foram: Rory, Kikko, Tom, Spike e Albert. Eles são uns amores. Estou passando a maior parte do meu tempo livre com eles. São uma ótima companhia, já que Taylor me abandonou.

Ela está de flerte com o nosso vizinho, o Paul. Lembra dele? Ele era super tímido e tem pouco tempo que os dois deram para não se desgrudarem.

Daqui a alguns dias vou fazer a prova de ingresso para Publicidade... Te conto o resultado!

Com MUUITO AMOR,

Hanna.

Quando abri o envelope de Phoebe, encontrei uma foto sua com um sorriso de orelha a orelha, um vestido azul de bojo azul royal e uma coroa na cabeça. No fundo havia um fundo de luzes pisca-pisca, junto a uma cortina clara e ao seu lado duas meninas desconhecidas também com roupas de festa.

A-D-I-V-I-N-H-E-M quem é a Rainha do baile???

Brincadeira, eu não fui nomeada, até porque decidi repetir o último ano, mas, como podem ver, fui a convidada de honra da formatura e roubei a coroa da minha amiga Kia por uns cinco minutos de glória! Saudades de vocês, gatas!!! E de você também, meu caro Stefan!

...

Querida Rosie, 

Sobre o que você me perguntou na última carta: Tenho me adaptado bem a nova casa. Connor mandou fazer uma pequena reforma, assim que nos mudamos definitivamente para Angeles. Tem uma piscina e uma área enorme para futuras crianças correrem. Sim, já estou ansiosa para ser mãe. Por mim, teria umas cinco, e Connor concorda com a ideia.

A vida mudou tanto desde que me casei, foi como uma enxurrada de mudanças. 

Nunca imaginei que o futuro reservava algo tão bom para mim... Que iria me apaixonar perdidamente, e em pouco tempo. No dia em que fui embora do palácio eu estava muito mal.

Eu tinha uma paixão pelo príncipe Osten desde que me entendia por gente. Estar entre as seis primeiras eliminadas foi algo bem difícil de aceitar. Achei que tinha perdido a chance da minha vida, mas você tinha razão: a Seleção não era tudo aquilo que eu tinha colocado na cabeça. Foi só sair para entender.

Meu marido é uma pessoa extraordinária. É romântico, inteligente e tão amoroso... Eu quero muito apresentá-lo a você.

Phoebe e Emma tiveram a oportunidade de conhecê-lo quando vieram para um café em minha casa, antes de irem para o aeroporto.

Eu não conhecia Emma direito, por isso não troquei muitas palavras com ela, mas simpatizei bastante. Ela tem um jeito meio fechado, não?

Phoebe me contou alguns babados sobre a senhorita (espero que não se importe, nada sairá daqui), e eu tirei algumas dúvidas sobre você.

Eu estava completamente obcecada por Osten e percebi de cara uma certa indiferença sua pela Seleção. Não só porque você não queria aparecer, é que não se incomodou tanto quanto eu e outras meninas por não conseguir os primeiros três encontros com o príncipe.

Tudo fez sentido quando eu soube que, de fato, no início seu interesse amoroso não era bem ele... Mas agora as coisas são diferentes. Isso me deixa muito feliz.

Desde que saí, sempre torci para que fosse para você que o ele olhasse. E acho que minhas preces foram ouvidas...Agora só espero pelo anúncio da data de noivado.

Se posso te dar um conselho, não perca tempo. Um homem pode amar, mas não esperar para sempre.

Quando tudo acabar, quero fazer uma espécie de reunião com você, Suki e Phoebe, e outras meninas mais que quiserem aparecer...

Espero que cada uma de vocês encontre a felicidade!

Com carinho,

Mylene

P.s: Não acredito que depois de tudo o que Bridget fez para as meninas (e para você!) ainda a ajudou e cantou com ela no casamento da May... Tudo bem que ela sofreu uns muitos traumas, e estava de frente para o causador do seu maior trauma, mas ela foi tão péssima para as outras meninas...  Nisso você tem a minha admiração. Você não a retribuiu da mesma forma. Eu sinceramente não teria perdoado.

 Eram nove da manhã, já tinha passado o café, e eu esperava por Osten ao pé das escadas, como combinado. Foi um grande alívio vê-lo descer.

“Ele está no meu escritório. Vocês vão poder passar boa parte da manhã conversando, enquanto eu vou ficar reunido a trabalho com os outros convidados, e depois planejo arranjar um tempo, à tarde, para vocês conversarem mais um pouco, ok?”

 “Tudo bem, muito obrigada.” Osten me respondeu com um beijo suave na bochecha, e segurou minha mão pelo restante do trajeto.

 Allan estava esperando em pé ao lado da escrivaninha. Sua expressão se tornou deveras sorridente após o contato visual. Me aproximei ainda incerta, mas ele logo completou a distância com um forte abraço.

 "Finalmente...” deu uma leve risada com os ombros, e no mesmo instante começou a chorar, me deixando completamente sem ação. Batia de leve nas costas dele? Mal percebi a saída de Osten. ”Eu te amo muito, minha filha." Allan sussurrou.

 Minha boca abriu e fechou.

Como dizer “eu te amo” para uma pessoa que acaba de conhecer? No fundo, eu sabia que amava ele de volta, mas eu não consegui dizer. Eu não conseguia nem chorar. 

 Céus, eu estava impressionada em como eu parecia uma pedra de gelo, enquanto Allan estava histérico.

"Da última vez em que te segurei você tinha 3kg e 48cm..."ele se afastou animado"Tenho uma coisa para te mostrar."

 Allan andou até a mesa, abriu um envelope de sua pasta e me estendeu um papel.

"Sua certidão de nascimento. Nela, você pode ver a sua data de nascimento, os nomes meu e de sua mãe, e o seu...nome completo."Encarei-o sem palavras."Lyssa Artois Beaufoy, foi um nome em homenagem à sua falecida avó materna, mas não iremos te chamar de modo algum por ele, a não ser que você nos dê permissão."

"Acho... que prefiro Rosie. Estou mais acostumada, mas se quiser me chamar de Lyssa..."

Ele sorriu cruzando os braços.

"Talvez seja melhor te chamar de Rosie, você tem uma história com ele. É mais digno. Ah, e também tenho outra coisa pra você. Um presente de aniversário adiantado." puxou um embrulho da mala e apontou para a certidão "Está vendo essa data? Está quase fazendo 19 anos!"

Me lembrei na mesma hora do que eu tinha explicado para Osten: Era com certeza mais velha do que o dia em que me registraram.

"Muito obrigada...pai." O sorriso dele era como o de alguém que ganhara seu dia e aumentou assim que coloquei o presente.

 A pulseira tinha pedras rosas e vermelhas, devia ser tão cara quanto aquele colar que Lorenzo comprou… 

 "Sua mãe queria muito poder estar aqui, mas você deve saber da condição dela.”Assenti.”Como vim a trabalho, não foi possível trazê-la, mas acredito que em breve podemos planejar um encontro de vocês."

Audrey, Lee e Amy analisaram a minha certidão de nascimento, antes de pedirem licença e saírem do meu quarto.

Allan passou a observar o mural de fotos com atenção. 

"Você é mais parecida com seu pai adotivo do que comigo."Soltou um muxoxo, o que me fez rir. “Eu procurei saber a respeito de Elliot e Kriss, pelo visto são professores da universidade de Columbia. Preciso muito agradecê-los por cuidarem tão bem de você, por todo esse tempo."

"Eu vou sugerir a eles um encontro. Tenho certeza de que vão amar. Podem ficar com um pouquinho de ciúmes de mim..." ri fraco." Mas sempre me disseram que se algum dia eu encontrasse meus pais verdadeiros, não iriam ter nenhum desentendimento com eles."

"De nossa parte também, mas creio que o ciúmes sempre vai existir! Eles, pelo menos, têm a vantagem de estarem com você a vida inteira. Eu e Marie perdemos muito tempo…”

Allan vasculhou a pasta outra vez e retirou uma grande pilha de fotos, espalhando-as pela escrivaninha. 

”Sente-se para ver melhor.Essa é a sua mãe, com aproximadamente sua idade, e aqui é ela atualmente.”

E lá estava ela. Éramos realmente bem parecidas. O tom de cabelo era exatamente igual. Seu rosto era um pouco mais fino, mas os traços eram bem semelhantes, ela tinha olhos castanhos também.

" Nos conhecemos na França. Em uma festa para a Rainha Aimée. Eu estava a serviço com outros diplomatas, e ela apenas acompanhando a família.Foi o chamado ‘amor à primeira vista’ .Nós nos casamos e um ano depois nasceu Oliver. Essa é a nossa casa com seu irmão pendurado na caixa de correios aos 10 anos. Ele não está aqui, por... bem você deve saber o motivo.Se ele aparecer no portão de casa já é atacado por jornalistas...  Delfina é uma joia rara. Oliver não soube valorizar o que tinha..."Concordei. “E essa é a nossa tartaruga de dois anos de idade, a Féfille.”

“Ela é muito fofinha.”

“Você vai se apegar a ela nos primeiros cinco segundos que a vir lá em casa..”

Suspirei internamente, me dando conta do óbvio: agora tinha duas famílias, e tecnicamente duas casas.

O imóvel em que eles moravam tinha dois andares e uma coloração próxima ao salmão. O portão era branco e o jardim estava impecavelmente aparado e com a grama bem regada. Escondi o incômodo ao ver outras fotos da infância de Oliver. 

Ele tinha uma aparência bem moleca na maioria delas. Não entrava na minha cabeça como um ser tão adorável e, sem dúvidas, criado com muito amor e atenção, podia se transformar naquilo.

“O colar que permitiu o nosso reencontro foi feito pelo Marcel, seu avô, pai de sua mãe. Ele fez três réplicas, para as três filhas, e as peças sempre foram bem visadas. Acredito que isso tenha a ver com seu sumiço. Tínhamos despedido alguns empregados na véspera do seu nascimento, um deles disse que sairia do país, e nunca mais tivemos contato. Nem as buscas o acharam.”

“Vocês acham que talvez tenha sido uma vingança pessoal sumirem comigo?”

“Com certeza, se não foi esse empregado, talvez um antigo colega de classe meu, o Sacha. Ele me odiava assumidamente. Eu acho que ele pode ter feito algum acordo financeiro para te fazer sumir. Infelizmente, Sacha sempre teve bons meios de encobrir o que fazia, e se algum dia eu conseguir comprovar, ele nem vai poder ser preso, porque morreu há três anos. Infecção hospitalar, pelo que me disseram..”

“Oh…”

“Você sumiu no mesmo dia em que nasceu, só pude te ver uma vez. Eu tinha saído para te registrar, e quando voltei…”suspirou” Ao menos, agradeço por te encontrar em segurança.” 

Sorri de volta para ele.

Allan se aproximou da minha caixa de violino.

“Não me diga que você…”

“Sim, eu ando treinando. É uma coisa que gosto muito de fazer.”

"Seu avô Marcel, vai adorar saber disso. Ele também é um violinista... Estou vendo que música corre em suas veias."

"Legal..."sorri fraco."Obrigada."

" Você poderia tocar algo? Pode ser qualquer coisa, qualquer música, grande ou pequena!"

"Ah...sim posso!"

Escolhi uma que toquei no Natal anterior. Era um tanto difícil me concentrar, visto que Allan me olhava com um sorriso de orelha a orelha. Felizmente, terminei sem erros.

"Com licença, Sr. Allan." olhamos para um homem desconhecido na porta. Ele entrou se apresentando como Jacques, joalheiro e amigo da família."Fui eu quem fiz a peça que está usando."Apontou para o colar em meu pescoço."Lamentamos interromper, mas precisamos passar um comunicado."

 Um dos funcionários da ala hospitalar, ao seu lado, parecia receoso com nossos olhares.

"Sinto muito, sr. Beaufoy. O resultado...deu negativo"

“O resultado de quê?”

“De DNA, senhor. Negativo para a paternidade.”

Troquei um rápido olhar com Allan. Aquilo parecia uma piada de mau gosto.

" Teste de novo."

"Nós... testamos, senhor Encaminhamos rapidamente a outro laboratório e o resultado foi o mesmo. Sentimos muito."

Allan ainda o encarava perdido.

O nome de Oliver acendeu a minha mente, mas isso ficou preso na garganta. 

“Eu tenho uma teoria.”o joalheiro se manifestou. "Sua filha verdadeira realmente deve ter sido raptada, como previmos. E uma vez que o colar é inquestionavelmente verdadeiro, talvez os pais da menina, Kriss e Elliot, se estou certo,"Me encarou." possam ter participado de alguma armação na França para roubar o colar. E deram o colar para a filha adotiva como presente."

Eu quis rir com o choque.

“Meus pais nunca foram para Europa! Como que..."

“Como você pode saber?”

“Isso é ridículo, Jacques. Por favor, pare.”Allan me repousou a mão em meu ombro."Quero ver esse exame de novo."

Nós fomos andando em silêncio para a ala hospitalar. 

Lá nos explicaram todos os procedimentos do exame, que tínhamos feito apenas a cargo de confirmação para os documentos franceses que Allan registraria.

"Eu não entendo... Como é que esse colar atravessou o Atlântico e estava com a Rosie, esse tempo todo?"

"Eu já te falei que Kriss e Elliot..."

"CALE. A. BOCA." 

Jacques bufou em resposta. 

Permaneci sentada, enquanto Allan verificava várias vezes cada detalhe do teste.

Minha mente latejava. Não era possível que Oliver pudesse alterar os resultados, de tão longe? Teria subornado os funcionários dali?

Eu pensei em falar isso quando Allan trocou sua postura incrédula para vencida, mas sabia que jamais poderia comprovar tal fato.

Ele, por fim, se sentou ao meu lado.

" Eu...sinto muito, Rosie. Você é uma garota extraordinária, seria uma grande honra ser o seu pai, digo o verdadeiro." Suspirou e sorriu fraco." Bem, acho que precisaremos procurar por Lyssa em outro lugar... Eu sinto muito."

"Eu também."assenti." Boa sorte com a sua busca pela Lyssa."

"E você também com sua família." Me deu um rápido abraço.

O joalheiro me deixou confusa ao parar diante de mim com a mão estendida.

"O colar,mademoiselle."

"Hã...?"

"O colar é comprovadamente da família de Marie. “

" Jacques,por favor. Deixe o colar com ela."

"Não posso permitir isso, senhor. Se a joia fosse da família Beaufoy eu respeitaria a sua decisão, mas vem da família de sua esposa. E você sabe que sou subordinado ao Sr. Marcel."ele me encarou novamente.“Ande,o colar."

"Eu não me importo." Minha voz saiu mais firme do que planejado quando encarei Allan."Se não pertence a mim, não vejo o porquê de ficar com ele."

Meus dedos tatearam o fecho da corrente. Realmente não fazia sentido me apegar a uma lembrança que não conectava ao meu passado, nem se houvesse conexão. Era apenas um objeto.

Repeti isso para minha mesma enquanto retirava a peça, dando uma última olhada nos dois passarinhos dourados.

“Antes que você queira devolver, pode ficar com a pulseira.”Allan disse quando toquei o pulso. Ele seguiu o tal Jacques.

...

 No outro dia, ele estava ali:  um bilhete, repousando sobre minha bancada.

'É realmente uma pena que você não seja uma Beaufoy.'

 

 


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Notas finais do capítulo

Lancei a bomba e saí correndo kkk SOS

Gente eu dei uma passadinha no livro 'A Seleção' (muito tempo que não lia mdss) e descobri que o natural da Elite era 10, mas que por causa dos ataques Maxon decidiu que seriam 6 . Então basicamente já tínhamos uma "Elite" heheh



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