It´s Troublesome escrita por Netuno


Capítulo 4
Inconsciente


Notas iniciais do capítulo

e aqui vamos nós, mais uma vez.
obrigada pela presença.
desejo-lhe uma boa leitura.



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Ela tem quatro anos e seu tio esta sentado na poltrona ao lado de sua cama.

Ele costumava fazer isso, dar-lhe poucos minutos de companhia antes que ela fosse dormir, então ele retornaria a seu irmãozinho.

Ela não se irritava ou sequer ficava chateava com esse fato, ele era pequeno e ela não queria que Gaara se sentisse sozinho.

— Então você não tem medo dos monstros que se escondem debaixo da sua cama?

Temari subiu o coberto até o queixo, balançou a cabeça e sorriu orgulhosa para ele.

— Isso é bom, há coisas muito piores para se temer.

O sorriso some, Yashamaru não está mais a seu lado, em seu lugar esta o quarto kazekage com a mesma face séria e olhos vazios de sentimentos de sempre.

Ele a manda parar de chorar porque soldados não sentem medo. Ele pergunta o que ela fez com seu orgulho.

 

Temari acorda.

A poltrona a seu lado está vazia.

Ela prende a respiração para não chorar.

Puxando o cobertor até o queixo, Temari fecha os olhos.

Ela não se permite ser frágil.

—_______________________________________________

 

Ela tem nove anos e o quarto onde ela se encontra está em completa escuridão.

Temari escuta o grito estridente de seu irmão mais novo e tenta se mover, mas seus pés descalços estão presos por alguma coisa grudenta e gelada no chão.

Os gritos estão diminuindo e ela tenta desesperadamente correr na direção do som.

Ela cai.

Há sangue por todo lado.

 

Temari acorda.

Ela está tremendo e suando frio, seus pés estão enfaixados devido aos machucados do treinamento, mas ela corre para corredor.

Kankuro está dormindo e roncando com a boca cheia de baba.

Ela senta aos pés de sua cama e fica lá até o Sol nascer.

—_______________________________________________

Gaara está brincando na areia, ele é pequeno e seu cabelo fica ainda mais vermelho sob a luz do Sol.

Ele sorri e pula espalhando areia por todo canto, chamando por ela, pedindo para que ela vá dançar com ele.

Ela ri e começa a correr em sua direção.

Gaara gargalha e joga suas pequenas mãozinhas para o alto. Ele comemora e grita seu nome.

 A mão gigante do monstro agarra o pescoço de seu irmãozinho e o puxa para baixo da areia.

Temari cava o chão tentando alcança-lo.

 Ela está sozinha.

 

Temari acorda.

Ela tem sede, mas não sai do quarto para buscar água.

Pela janela do quarto ela o vê, sentado em uma das torres, olhando para a vila, como de costume.

Ele está sozinho.

—_______________________________________________

Sua mãe está regando as plantas.

Ela tem uma flor roxa atrás da orelha, uma grande barriga sob o vestido amarelo e o sorriso mais bonito do mundo.

Temari está sentada a seu lado aprendendo sobre jardinagem.

— Você tem que prestar muita atenção nesses pequeninos, esses cactos são muito frágeis e você terá de ter paciência com eles quando eu for embora.

Ela fica confusa.

— Pra onde você vai mamãe?

Sua mãe não está mais sorrindo e suas bochechas rosadas ficam pálidas, ela larga o pequeno cacto no chão e a abraça chorando e pedindo desculpas.

 

Temari acorda.

O barulho do vaso de suculentas se espatifando no chão a assusta.

A terra se espalhou por todos os lados.

Ela limpa a bagunça e ascende um incenso.

—________________________________________________

Kankuro está sentado no peitoril da janela.

Eles estão na torre mais alta da casa do kazegake, ela pede para que ele saia, dizendo que ele pode cair.

Kankuro ri dela, mexendo as pernas de propósito e mostrando a língua, uma provocação infantil.

Ela grita e puxa sua orelha, mandando novamente que ele desça.

Ele faz careta, segura a orelha machucada e concorda.

Quando Kankuro está virando em sua direção, uma ventania forte o empurra para trás.

Ele cai e ela grita.

Temari tenta segurar seu braço, mas uma mão pesada a mantém parada.

O homem velho agarra seu ombro e diz que seu irmão morreria e que ela não fez nada para impedir.

 

Temari acorda.

As noites são geladas no deserto e Kankuro puxou todo o seu cobertor, ela se convence de que esse é o motivo para estar tremendo tanto.

Ela coloca de volta as meias que escaparam dos pés do irmão e arruma a manta sobre os dois. Sua cama é pequena, mas ela nunca negaria espaço para ele.

Agarrando a mão dele ela tenta voltar a dormir.

—_______________________________________________

Ele está morto.

Estirado no chão com toda a aldeia e alguns aliados olhando melancólicos ao redor.

Era assustador como ele parecia apenas um jovem tirando uma soneca no meio da tarde.

Gaara estava morto e Kankuro que a pouco fora envenenado estava chorando baixo a seu lado.

E ela não conseguiu salvar nenhum dos dois.

 

Temari acorda

Seu irmão mais novo está parado na porta do quarto dela, Gaara está corado e segurando um travesseiro nos braços.

Sem dizer uma palavra ela abre espaço na cama e ele caminha até ela, deitando-se a seu lado, ela faz carinho no cabelo escarlate e ele suspira fechando os olhos, se aconchegando em seu ombro.

Ela arruma a coberta sobre eles, fecha os olhos, mas não dorme.

—_______________________________________________

Ela recebe uma carta de Konoha.

Shikamaru estava morto.

Dizia que era uma missão de grande risco, que ele estava morto, mas que havia morrido como um herói salvando os seus.

Ela se encontrava parada diante o corpo gelado e sem vida e gritava para ele parar de ser tão preguiçoso e se levantar.

Os amigos dele estavam lá, e seus irmãos estavam lá e ninguém dizia nada.

E ele era pálido e as veias de suas pálpebras estavam roxas, assim como as do pescoço e pulsos.

Alguém sussurrou que ele sofreu muita dor antes de morrer.

A mãe dele estava em prantos sendo abraçada por alguém.

Ela tentava toca-lo, mas mãos penosas a puxavam para trás.

Não era para ser assim.

Ele tinha muito pela frente. Era injusto com ele.

Eles tinham muito pela frente. Era injusto para eles.

Eram muitas promessas que não poderiam ser cumpridas.

Ela chora.

 

Temari acorda.

Seu rosto está molhado e sua cabeça dói.

Ela corre para o banheiro e vomita.

Ela lava o rosto e volta para o quarto, puxando a caixa com as cartas de Shikamaru de debaixo da cama.

—_______________________________________________

Ela era uma genin e Baki a ensinava como sobrevoar com o leque.

Ela subiu no monte mais alto da aldeia e saltou, como ele havia designado.

Mas ela falha, perde o controle do leque e cai.

Enquanto caía, ela conseguia ver claramente o rosto de seu professor e toda a decepção não contida nele.

 

Temari acorda.

Ela havia adormecido na mesa do escritório enquanto trabalhava com Baki.

A sua frente estava um copo de chá e biscoitos, também havia uma manta sobre seus ombros.

—_______________________________________________

Temari está sozinha no lago.

Ela nunca se importou em aprender a nadar - ao menos não na água- e ela era uma ninja, ela anda sobre a água, e não precisava aprender esse tipo de coisa, ainda mais crescendo no deserto.

A água está em seu pescoço e ela tenta desesperadamente se manter na superfície, até que ela o vê.

Shikamaru está na margem e está sorrindo, estendendo a mão para ela.

Inconscientemente ela sorri e respira fundo, tentando alcança-lo.

E ela está quase tocando sua mão quando algo puxa sua perna para baixo.

Temari afunda e com esforço sobe novamente a superfície.

Mas desta vez ela está na margem e Shikamaru está se afogando, ela estende a mão, mas não o alcança e ele desaparece sob a água.

Ela não conseguiu salvá-lo desta vez.

Temari acorda.

Ele está com ela, membros entrelaçados e cabelos espalhados no travesseiro.

Shikamaru é morno, respira devagar e cheira a chá de hibisco.

Ela respira seu cheiro e dorme novamente.


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Notas finais do capítulo

eu escrevo e gosto muito de angsty, mas esse não é o objetivo com essa coletânea(eu queria coisas doceis e fofinhas), mas nesse capitulo soltei um pouquinho disso e peço desculpas por não me conseguir me conter.
todo mundo tem pesadelos, e os temos independente se estamos sozinhos ou acompanhados de alguém que amamos, porque afinal, somos complexos demais para controlarmos isso.
eu tenho pesadelos e tento lidar com isso.
enfim, chás de camomila as três da manhã



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