Desencantados escrita por Mary Ficwriter


Capítulo 1
Desencantados.




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Desencantados

— Mako-chan, passa a senha do Wifi?

— Nagisa-kun, isso não é coisa que se peça assim que se entra na casa de alguém.

Makoto limitou-se a rir enquanto via Nagisa e Rei entrarem em sua casa. O garoto loiro jogou-se no sofá da sala, o celular em mãos, provavelmente aguardando que ele passasse a dizer a senha da internet, enquanto Rei sentava-se na poltrona de forma comportada, tirando o gorro de tricô de cor roxa e bagunçando seus cabelos.

— Rei-chan faz parecer que eu ‘tô fazendo algo errado. – Nagisa revirou os olhos, os pés balançando no ar de forma quase tediosa. – Nós vamos passar a noite, o máximo que o Mako-chan pode fazer é me dar á senha, oras!

O Tachibana fechou a porta de casa para logo depois se direcionar até o Hazuki, dando um sutil tapa na sola do tênis que estava sobre o sofá, este logo endireitava sua postura.

 - Não tem problema, Rei. – o ex-capitão de Iwatobi fala enquanto estende a mão para que Nagisa lhe entregasse o aparelho, o que não demorou a acontecer. – E eu não vou ficar a noite toda fora, Nagisa. – explicou enquanto digitava rapidamente no celular do nomeado. – Vai ser só uma reunião com o pessoal da universidade, até as onze estarei de volta. – explicou devolvendo o celular para o garoto loiro, o aparelho logo estava vibrando e apitando com as notificações dos aplicativos.

— Makoto-senpai. – Rei chamou com cautela em meio à voz baixa, levantando o dedo indicador como um aluno que deseja levantar uma questão em sala de aula, e quando recebeu a atenção do seu antigo veterano, pôs-se a questionar: - Onde está o Haruka-senpai?

Os olhos verdes arregalaram-se levemente antes que Makoto se limitasse a sorrir brevemente. Era de se esperar tal questão, afinal, em ocasiões como as de hoje, na ausência de seus pais, Makoto recorreria ao Nanase.

— Dá ultima vez que falei com ele, ele e Rin estavam indo para estação, então... – o maior deu de ombros antes de voltar-se para o relógio de parede e checar o horário antes de sorrir. – Não faço ideia de onde ele esteja agora.

Rei assentiu com sapiência antes de ajeitar os óculos e de seus olhos fazerem uma vistoria completa pela sala da casa do Tachibana com um olhar curioso, gesto que Makoto notou e logo se pós a falar:

— Estão no quarto. – Rei o encarou com questionamento no olhar antes que suas bochechas corassem de vergonha ao notar o quão transparente havia sido em sua observação.

— Ah, e-eu não... – negou nervosamente com as mãos.

— Ne, Mako-chan! – Nagisa se colocou de pé, os braços agitando-se de forma afobada no ar. – Não se preocupe, Rei-chan é muito bom com crianças; e outra, eu sou muito criativo! Podemos fazer alguns jogos ou talvez vermos um filme!

Makoto sorriu agradecido.

— Acredito que não será necessário, Nagisa. – falou enquanto caminhava pela casa em busca do casaco verde-musgo que estava sobre a bancada da cozinha, vestindo-o enquanto continuava. – Já está tarde, eles não devem demorar a pegar no sono. Ran tomou o remédio para gripe e aquilo a deixa sonolenta, então acredito que não vai dar um trabalho muito grande para vocês dois. – ajeitou a gola da jaqueta, sorrindo para ambos os amigos. – Como eu disse eu volto dentro de algumas horas. – pegou o celular e checando suas mensagens, fazendo uma expressão engraçada. – E já estou atrasado, Ryou já está me esperando na estação. – resmungou guardando o celular no bolso e indo em direção ao corredor da casa. – Ran, Ren! – chamou em bom tom e logo a imagem dos gêmeos Tachibana surgiam em passos apressados na sala de estar, ambas as cabeças com cabelos castanhos batendo contra a barriga do irmão mais velho.

— Já está saindo, Nii-san? – Ren perguntou abraçando o quadril de Makoto.

— Você vai demorar? – foi a vez de Ran, com a voz um pouco afetada pela gripe, perguntar.

Makoto acariciou ambas as cabeças dos irmãos mais jovens e, com um sorriso, respondeu-os.

— Sim, eu já vou. Nagisa e Rei – indicou com um manear com a cabeça. – ficarão com vocês até eu voltar, Ok? Se comportem. Eu não irei demorar. – separando-se dos irmãos, ele agachou-se. – Acho que na hora que eu estiver de volta vocês já dormiram, mas não se preocupem. Qualquer coisa que precisarem basta falar com eles, tá bem?

— Hm! – ambos assentiram em conjunto em meio a uma expressão sorridente.

— Certo! – Makoto ergueu-se. – Conto com vocês; Nagisa, Rei.

— Deixa com a gente, Mako-chan! – Nagisa ergueu-se em um pulo batendo continência. – Vamos nos divertir muito, neh? – questionou com um sorriso aberto aos gêmeos que abriram um sorriso ainda maior antes de correrem para próximo dele que logo era esmagado por ambos em meio a uma brincadeira infantil de cócegas.

Makoto suspirou aliviado, feliz em saber que poderia contar com os ex-kouhais independente do tempo que passasse.

A mudança para Tóquio ainda acontecia, era um pouco cansativo para si fazer uma viagem tão longa, no entanto naquele final de semana fora necessário, pois seus pais haviam viajado para Rokurodani para comemorar a lua de mel em uma pousada. Para ele não era um grande sacrifício, afinal era a oportunidade de ver seus irmãos e pegar mais algumas peças de roupa para levar para seu apartamento no retorno.

O que Makoto não contava era que receberia uma mensagem do seu colega de turma a respeito de uma tarefa passada pelo professor e que ele acreditava que o dia da entrega seria na próxima semana, no entanto, Kyouya parecia um pouco mais apressado para aquilo do que achou, causando assim o imprevisto que o obrigou a ligar para Rei, só não esperava que Nagisa fosse vir junto.

Não que aquilo fosse um incômodo ou coisa do tipo, seus irmãos gostavam muito do Hazuki e a ajuda deste era igualmente bem vinda.

— Vocês têm o meu número, então qualquer coisa basta me ligar. – disse enquanto caminhava em direção a Rei. – Eu venho correndo para cá.

— Não se preocupa, Makoto-nii-san! – Ran alegou, afastando-se de Nagisa para caminhar até o irmão com as mãos entrelaçadas nas costas. – Eu não vou deixar o Ren-nii fazer mal-criação! – garantiu com os olhinhos fechados diante a sinceridade da expressão.

— Eu não sou malcriado, sua chata! – Ren rebateu de maneira birrenta fazendo Nagisa rir em retorno e segurar o garotinho no lugar para que não estendesse a briga infantil.

— Ma-ma... – Makoto agachou-se, tomando Ran no colo com grande facilidade, essa logo envolvia sua cintura com as pernas, buscando estabilidade. – Sem brigas, o que o Rei e o Nagisa vão pensar de vocês, hun? – inquiriu, colando a testa a da irmã mais nova. – Se comportem. – deu nela um beijo na ponta do nariz antes de devolvê-la ao chão. – E você, mocinha, volte para a cama porque pessoas doentes não devem estar por ai zanzando. – o celular do Tachibana voltou a apitar com uma nova notificação, cortando-o. – Preciso ir! – passou a mão pelos cabelos castanhos da garota antes de tomar a chave ao lado da porta. – Nagisa, Rei, obrigado! Mais tarde estarei de volta!  

E assim, Makoto saiu para enfrentar umas das noites mais frias de Iwatobi.

X

— Então, o que querem fazer? Assistir televisão? Brincar de vídeo-games? Jogar UNO? – Nagisa se pôs a propor de maneira empolgada e brincalhona alterando o olhar de Ran para Ren consecutivamente, vendo os olhos das crianças brilharem em empolgação.

— Nagisa-kun, você sabe que Makoto-senpai disse que eles devem dormir cedo. – Rei lembrou-o enquanto ajeitava a armação vermelha de seu óculos.

Nagisa fez uma careta engraçada para o fato pontuado pelo Ryuugazaki, careta essa que foi recebida por um riso contido de Ran e um sorriso de Ren.

— Tá, tá, senhor sabetudo. – resmungou Nagisa, se colocando de pé frente o sofá e logo Ren se via subindo sobre esse antes de pular nas costas do Hazuki na intenção de brincar de cavalinho, Nagisa pareceu não se importar, segurando o garoto por debaixo das pernas. – Então o que planejava fazer? Jogá-los na cama, apagar a luz e pronto?

— Sim? – Rei pareceu não entender algo tão simples.

Era lógico, não era? Pelo menos pessoas normais dormiam daquela forma.

Nagisa revirou os olhos e suspirou. Teria de ensinar tudo para ele?

— Crianças não dormem assim, Rei-chan! – riu da lerdeza do namorado. – Mako-chan pode até querer, mas não podemos fazer isso, não é? – perguntou empurrando Ren mais para cima, fazendo o garotinho rir.

— Já sei, já sei! – Ren disse. – Podemos contar historias até dormir!

— Eu gosto da ideia! – Nagisa mostrou-se empolgado. – O que me diz, Ran? – indagou a garotinha que pareceu contrariada dentro do seu conjunto de calça e blusa de manga longa pintados com cerejas que davam alegria ao seu pijama. – O que foi?

Ela cruzou os braços e sentou-se no sofá, deixando os adolescentes curiosos do porque do bico de insatisfação.

— O Ren-nii sempre quer que leiam a mesma história para nós, eu ‘tô cansada! – reclamou juntando as sobrancelhas em uma expressão brava.

— Ora, talvez possamos ler outra coisa que satisfaça a ambos. – Rei falou daquela maneira didática que deixava Nagisa louco.

O Hazuki então colocou Ren com cuidado no sofá, o menino logo se sentava ao lado da irmã.

Nagisa deu uma olhada na estante de livros que havia na sala, não conseguindo enxergar um titulo com clareza daquela distância e então se voltou para os gêmeos.

— E qual a historia que o Ren sempre quer ouvir?

— Peter Pan! – Ren contou bastante animado.

— Mas não é cansativo ouvir a mesma história sempre? – Rei quis entender o porquê da fascinação do garoto, caminhando até próximo das crianças e buscando um espaço no sofá ao lado delas, ficando surpreso quando Ran logo buscava um espaço em seu colo.

— Não é isso. – Ran se colocou a falar. – É porque Ren diz que as outras histórias são de menina. – falou de maneira fadigosa, parecendo bem exausta com aquela justificativa. – E o Makoto-nii sempre lê o que ele quer. – mostrou-se ressentida.

Nagisa e Rei trocaram um olhar cúmplice.

— Que besteira! – Nagisa riu. – Não existem histórias de meninos ou de meninas, Ren. Histórias boas sempre serão... Histórias!

— Mas Branca de Neve e Bela adormecida são princesas, isso é coisa de menina! – alegou teimosamente o garoto e fora a sua vez de cruzar os braços de maneira teimosa.

— Ora, mas não é somente sobre princesas, Ren. – argumentou Nagisa, agachando-se para olhar o garoto nos olhos. – Sabia que tem uma bruxa em Branca de neve? E um dragão na Bela adormecida?

— Sério? – o garoto mostrou-se surpreso e curioso.

— Uhum! – Nagisa alegou com aceno e um sorriso. – Tem lutas e espadas! – contou com um que de empolgação.

— Uma historia bem contada pode ficar muito boa independente de qual seja. Você pode gostar se der uma chance. – piscou Rei. – E então, o que me diz?

— Mas você vai contar? – o Tachibana questionou o Ryugazaki.

— Ahn... – trocou um olhar surpreso com Nagisa. – Eu acho melhor o Nagisa-kun fazer isso, eu não sou muito bom com historias.

Nagisa riu da atitude acanhada do Ryuugazaki.

Era um fato de que Rei sabia lidar com crianças, no entanto era meio cômico que o “lidar” de Rei se vinha pelo fato de que crianças gostavam do seu namorado, não entendia muito bem o por quê, mas talvez fosse aquela teoria que muito se ouvia onde diziam que crianças se afeiçoam rapidamente a pessoas que veem como realmente são.

E, cá entre nós, ele sabia o quanto Rei era lindo. Por fora e por dentro.

— Isso, vamos! Eu já até sei qual história posso contar para vocês. – respondeu Nagisa se colocando de pé e dando a mão para que Ren a pegasse.

— Qual? – o garoto indagou com curiosidade fazendo o desejado enquanto Rei se colocava de pé com a irmã de Makoto em seus braços e se guiavam para o quarto.

— Hm, surpresa...

X

Já no quarto dos gêmeos, Ren se aconchegou em sua pequena cama de solteiro com cobertores de cor amarela enquanto Ran fazia o mesmo ao enfiar-se embaixo do edredom de cor lilás.

Rei pareceu meio curioso em torno do quarto observando os brinquedos nas prateleiras, assim como a quantidade considerável espalhada pelo chão, e embora a pequena bagunça, até que achava o quarto organizado para uma dupla de seis anos de idade.

— O que está fazendo aí de pé, Rei-chan? – inquiriu Nagisa puxando uma cadeira infantil em formato de foguete para colocar entre as camas.

— Ahn...

— Se sente, Rei-chan! – Ran chamou dando batidinhas sobre sua cama.

— Vem ouvir a história com a gente! – foi a vez de Ren chamá-lo.

Meio acanhado, Rei pareceu satisfeito em ser incluído em algo tão supérfluo como contar histórias, mas aquilo havia deixado-o inexplicavelmente feliz.

Ele caminhou até próximo da miúda cama de Ran, sentando-se ao lado da garota que logo puxava um dos seus travesseiros, colocando ao seu lado.

— Aqui, Rei-chan, encosta aqui! – ela bateu no objeto encostando o objeto à cabeceira de sua cama, querendo que o amigo de seu irmão ficasse mais confortável.

O Ryugazaki pareceu sem jeito, cruzando seus olhos com os de Nagisa, esses parecendo muito sorridentes por alguma razão que Rei não entendia, mas fez como pedido pela Tachibana.

Nagisa riu baixinho enquanto se sentava. Parece que aquela cabeça cheia de ideias e pensamentos nerds não foi capaz de captar que ele havia ganhado uma fã. Ran inclusive ofereceu um pedaço de seu cobertor para Rei quando esse se aconchegou ao seu lado, mas este alegou rapidamente que estava bem.

— Que história você vai nos contar, Hazuki-san? – Ren voltou a mostrar a sua curiosidade ao perguntar novamente a mesma coisa de minutos atrás.

— Hm... Deixe-me ver. – Nagisa bateu o dedo indicador no queixo olhando para o teto de maneira pensativa para logo depois estalar o dedo em um ligeiro movimento com o braço. – Já sei!

 

Era uma vez uma linda garotinha chamada Makoto.

Ren e Ran em uníssono: Hein? Onii-chan?!

Shh! Não me interrompam.

Makoto era uma garota muito bonita e muito alegre, porém sua ingenuidade e pureza a faziam acreditar facilmente em tudo que as pessoas diziam. A sua mãe, sempre atenciosa, se preocupava muito com essa falta de malicia de sua filha.

Makoto (dentro de um vestido amarelo e com Maria-chiquinhas nos cabelos): O que? Mas eu nem estou em casa!

Shh, Mako-chan! Sua presença na história é primordial para a atenção da Ran e do Ren! Voltando, caham!

Porém! Em um dia, a mãe de Makoto recebeu uma mensagem no Whatsapp, era a avó de Makoto dizendo que havia contraído uma gripe muito forte e que não poderia comparecer na reunião familiar no final do ano.

Rei (dentro de um vestido cor-de-rosa e um avental de babados em torno da cintura): Ah, eu não acredito...

Rei: Espera! Eu? Mãe do Makoto-senpai? E que história é essa de Whatsapp? Não havia Whatsapp na época que se passa essa fábula, Nagisa!

Você tem como provar isso?

Rei: Ahn...

Então shiu. Parem de me interromper!

Mako surgiu na porta da cozinha com uma corda em mãos, a qual ela pulava instantes antes de ouvir a sua mãe exclamar em voz alta.

Makoto: O que foi, mamãe? – ela perguntou com a expressão confusa.

Rei: Ah, a sua avô, Makoto-senpai.

Novamente o narrador fora interrompido.

Rei: Mas eu se eu sou mãe dele, porque eu chamaria minha filha Sen-

Sh, Rei-chan! Me deixa contar a história.

Makoto: O que aconteceu com ela?

Rei: Parece que ela pegou uma gripe muito forte, querida. – a mãe de Makoto respondeu. – Demorou muito tempo na banheira e a água esfriou. Agora não consegue levantar da cama, está com muita febre e espirrando muito.

Makoto: Ahn, Nagisa, por acaso a minha mãe não é que eu estou pensando, é?

Mako-chan, fique quieto, eu sei o que estou fazendo!

Rei: Isso é o que veremos... – resmungou com a mão em frente a boca.

Vocês dois são muito chatos! Eu estou tentando me concentrar aqui para contar uma boa história para as crianças e vocês estão me atrapalhando! Se não gostam posso deixar para que o Rei-chan faça isso. É isso que vocês querem?

Makoto e Rei: Não.

Ótimo. Então, como eu dizia antes de ser RUDEMENTE interrompido. Caham!

A avó da Mako-chan vivia do outro lado do bosque. Era uma senhora de idade avançada, muito sozinha e antissocial, e por isso não possuía muitos amigos ou amigas. A única pessoa que era capaz de suportar uma conversa com ela era sua querida netinha que era uma grande puxa-saco.

Makoto: Hey! Isso é algum tipo de desabafo a respeito da forma como eu trato o-

Cala a boca, Mako-chan! Você está atrapalhando a história! Agora foco, essa cena é sua. Fale a suas falas.

Makoto: Oh, certo, certo... – a jovem garotinha presa dentro de um vestido pequeno que pedia socorro ao tentar não rasgar por conta dos seus braços fortes disse: - Oh, não mamãe! O que faremos então? Devíamos fazer uma visita para ela! Levar alguns remédios! Não quero que ela fique doente. – disse ela com lágrimas em seus olhos.

Rei: Eu não poderei ir, minha filha. Hoje vai passar o campeonato de tabuadas na televisão e eu não gostaria de perder isso por nada.

A mãe de Mako-chan era muito nerd e aficionada por matemática; números era sua grande paixão. E isso fez com que ela criasse um interesse estranho por programas de jogos, adivinhações e campeonatos acadêmicos que passavam na TV aberta que só permanecia viva porque Rei-chan era seu único público.

Rei: Eu não sou assim, Nagisa! Além do mas programas educativos são importantes, você sempre pode-

Se mais um de vocês me interromper eu irei cortar vocês do elenco! Momo-chan e Ai-chan estão fora do meu livro, mas loucos por algum papel enquanto vocês estão aí desdenhando e não colaboram com nada!

Makoto e Rei se encolheram com a bronca e então voltaram a interpretar como o narrador queria.

Makoto: Oh, mamãe, então eu irei vê-la mais tarde, não tem problema!

Rei: Oh, minha querida, faça isso! – a mãe alegrou-se, batendo a palma das mãos juntas. – Eu vou preparar algumas coisas para que você leve para a sua avó, sei que ela ficará muito feliz com a sua visita!

E assim durante aquela parte da manhã Rei se ocupou a ver programas de culinária para aprender a fazer bolos e pediu a Mako-chan para que fosse até arvore de amoras que havia na frente de suas casas para pegar algumas frutas para que ela fizesse uma geleia também.

Lamentavelmente tudo havia ficado um porcaria, o que resultou com Rei dando algum dinheiro para que Mako-chan fosse até a venda da esquina comprar um pacote de peixes frescos, um pote de udon e uma caixinha de chá de camomila.

Rei: Ah não, ‘perai! Como que eu posso ser mãe de alguém como o Makoto-senpai e nem sequer sei cozinhar nada! Saiba que eu sei cozinha muito bem, ok?!

Calma Rei-chan, é apenas uma historia fictícia, hahaha!

(Rei-chan dizia saber cozinhar, mas na realidade não sabia nada. Ele salgava muito o arroz e queimava a água quente).

Makoto logo surgia na cozinha dando saltinhos felizes de empolgação como um grande golden retriver que se empolgava sem motivo algum.

Makoto: Eu acho que o Nagisa está usando essa historia para extravasar tudo que ele sempre pensou de nós.

Rei assentiu em silêncio.

Vocês são muito bobos! Claro que não, hehe. E você, Mako-chan, diga a sua fala.

Makoto: Oh, sim, claro. – a linda garota pigarreou antes de parar diante de sua mãe que logo lhe mostrava uma grande cestinha cheia peixe, sopa e chá. – Está tudo pronto, mamãe?

Rei: Sim, Makoto-senpai, aqui está. – entregou a cesta à filha, que segurou-a com cautela. – Eu espero que a sua avó melhore com tudo isso. Eu coloquei alguns remédios aí dentro também, faça com que ela tome todos!

Makoto: Ok! – respondeu feliz, pronta para ir em direção à porta.

Rei: Ei, espera! – o chamado fez Mako-chan virar para a sua mãe que logo mostrava a ela uma longa capa vermelha. – Vista isso. Você nunca usa desde que a sua Vó de te deu de natal, é bom usar para mostrar que o presente não ficou inutilizado.

Makoto: então eu vou usar só porque vou vê-la? Isso não é meio errado?

Rei: (parando para pensar um pouco a respeito) É, Nagisa, isso não me parece certo. Faz parecer que eu só estou fazendo o Makoto-senpai usar para agradar Avó dela mesmo nenhum de nós gostando da capa vermelha.

Não me questionem, questionem quem criou essa história. Eu ‘tô apenas seguindo o lance que aconteceu nas outras versões.

Rei e Makoto dão de ombros.

Como pedido pela sua mãe, Makoto vestiu sua longa capa vermelha que vinha com um lindo gorro que cobria seus cabelos e caia leve até seus pés deixando-a parecendo uma entidade que frequenta seitas satânicas, mas isso não importava.

Não importava o caramba! Porque uma avó daria uma capa vermelha pra uma garota ao invés de uma boneca ou, sei lá, um smartphone? Tá tudo errado nessa história!

Rei: Nagisa, a história.

Ah... Claro, a história. Voltando...

Logo Makoto vestia sua linda capa vermelha por sobre os ombros com todo cuidado, amarrando-a em um laço sofisticado em torno do pescoço.

Rei: Agora preste atenção, Makoto-senpai. Você deve seguir a trilha pelo caminho aberto, não desvie e não fale com estranhos também, entendeu bem? Há animais muito perigosos na floresta e todo cuidado é pouco.

Makoto: (puxando o capuz para cima da cabeça) Entendi, Mamãe! Eu tomarei bastante cuidado, não falarei com estranhos nem desviarei do caminho.

E assim, com a PROMESSA de que não FALARIA COM ESTRANHOS e nem DESVIARIA DO CAMINHO a jovem Chapeuzinho Makoto seguiu até a saída de casa, despedindo-se de sua mãe com um aceno com a mão antes de sair pelo portão e ir pelo bosque.

O silêncio reinava em toda a floresta, havia apenas o canto dos pássaros que criavam seu som de fundo durante toda a caminhada. O sol vazava entre as folhagens das árvores, causando sombras bonitas; uma imagem muito tumblr. Makoto se arrependeu de não ter levado o celular para tirar uma selfie. Uma foto com uma cena como aquela o faria ganhar muitos likes no Instagram.

Makoto desceu o olhar para o canteiro de flores que havia por ali. Tantas cores diferentes e flores desabrochadas chamaram sua atenção. A sua avó gostava muito de flores, talvez devesse colher algumas para levar para ela.

Ela colocou a cesta no chão e então agachou de joelhos, passando a puxar pequenas orquídeas da terra, uma a uma na intenção de criar um belo buquê, no entanto sua tarefa foi bruscamente interrompida quando alguém gritou.

???: MADEIRAAAAAAAAAAAAA

Os olhos da jovem mocinha se levantaram para o alto onde viu um grande tronco que vinha ao seu encontro, caindo rapidamente, enquanto ela tolamente não conseguia mexer-se, PORÉM, antes que o tronco caísse sobre ela, alguém passou o braço em torno do seu abdômen, puxando-a rapidamente para longe do local que logo era atingido pelo grande pinheiro que caiu com um baque alto, espalhando suas folhas.

Mako-chan mostrou-se surpresa com tudo que ocorrera antes que olhasse sobre si o seu salvador, encontrando lá um par de olhos azuis piscina contornados por longos cílios e sobrancelhas grossas.

Sousuke: Você não presta atenção por onde anda?

Makoto, Rei, Ran e Ren: SOUSUKE????!!!!

Rei: Você sabe que esse cara odeia o Makoto-senpai, não é?

Makoto: Ele me odeia?

Sousuke: Eu odeio?

Rei: Foi o que todos achamos. Viu como tratou o Makoto-senpai na festa de boas vindas para o Rin-san?

Makoto: Ah, é...

Sousuke: ...

Eu não acho que ele odeie o Mako-chan! Talvez ele fosse somente antissocial ou não estivesse em um bom dia. E, além disso, esperem, tem um motivo para tudo isso.

Rei: Por favor, não me digam que ele é o Lobo mal.

Claro que não! Tem tempo para ele aparecer ainda!

Ambos suspiram aliviados.

Voltando...

Chapeuzinho Makoto se viu presa e sem palavras diante a fala rude do homem que ainda a segurava firmemente e, ainda meio envergonhada pela bronca que tomou por aquele que logo ela reconheceu ser um dos lenhadores que trabalhava na região.

Makoto: Ah, sinto muito, Yamazaki-san. Eu estava-

Rin: Makoto! Me desculpe!

Rei: (já parecendo meio cansado de tudo aquilo) Rin-san também está nisso?

Claro! Todos precisam interpretar um papel nessa história, Rei-chan! Não seja egoísta!

Rei: Oh, Deus.

Rin: Com licença, caso não tenham reparado esse é o meu momento de brilhar!

Makoto: Por favor, diga que ELE não é o lobo.

Claro que não, eu estou guardando esse papel para uma participação especial!

Rei e Makoto: Oh no.

Heh!

Voltando...

Rin: Eu achei que tivesse gritado a tempo, não era a minha intenção!

O jovem lenhador ruivo estendeu a mão para que Makoto a tomasse e assim colocar-se de pé, agradecendo o gesto do outro com um breve sorriso.

Makoto: Não, está tudo bem, de verdade! Eu somente me assustei e além do mais o Yamazaki-san me salvou. – disse ela enquanto alisava seu vestido amarelo e puxava o capuz de sua cabeça, ajustando suas Maria-chiquinhas.

Assim, ela voltou-se para frente para poder encarar o ruivo com a devida atenção, notando que assim como Sousuke ele usava uma camisa xadrez, porém diferente a do Yamazaki que se alternava entre as cores azuis, branca e preta a dele vinha em tons de branco, vermelho e preto, ainda assim ambas eram muito bonitas e vestiam muito bem o corpo malhado de ambos os homens.

Seus braços fortes dentro da peça um pouco apertada para músculos tão bem desenhados. O peitoral musculoso os impedia de fechar adequadamente a peça, músculos esses que com certeza vinham de dias e mais dias em que tinham de andar por muito tempo embaixo de um sol quente, tornando suas pernas torneadas com coxas grossas dentro de um jeans justo, suados enquanto suas mãos calejadas e rústicas de tanto segurar um machado de cabo pesado e-

Rei: (tapando os ouvidos de Ren e Ran) NAGISA!!!!!!!

Makoto: Estou assustado!

Rin: Você devia ficar um pouco longe da Gou.

Sousuke: *Assentindo seriamente*.

Uou hehehe Acho que me empolguei! Desculpem, pessoal!

Rei: Lembre-se que você está contando uma história para crianças!

Eu sei, eu sei! Me desculpem! Voltando...

Makoto conhecia ambos os homens, sempre os via trabalhando pelas redondezas do bosque. Rin era o mais amigável enquanto o outro sempre parecia estar bravo sem um motivo aparente. Algumas vezes teve a oportunidade de falar com o Matsuoka enquanto retornava do colégio e esse algumas vezes se oferecia para acompanhá-la até em casa, mesmo com os apelos agressivos de seu colega que não queria ser deixado para fazer todo o trabalho sozinho.

Rin: Então não se machucou, mesmo? – quis garantir enquanto tomava cesta intacta da garota para entregar a ela. – O que estava fazendo parada aí falando nisso? É perigoso andar pelo bosque sozinha a essa hora.

Makoto: Eu estou indo para a casa da minha Vó. Ela está muito doente. – respondeu ela enquanto pegava a cesta da mão do bom lenhador que por algum motivo pareceu um pouco alarmado demais com a notícia.

Rin: Sua avó está doente? Como assim? O que ela tem? É um resfriado? É sério? Posso ir visitá-la? Se bem que eu ainda tenho um expediente a cumprir aqui, então não posso, mas diga pra ela que eu irei no final do dia e talvez nós possamos...

Todos olhando surpresos para o Matsuoka.

Rin: O que foi? Não se pode mais se preocupar com uma senhora de idade, é? Oras!

Sousuke: Tome cuidado, Rin, seus desejos Milf estão vazando...

Ren e Ran: Meus o quê?

Sousuke: Seus dese-

Sou-chan foi impedido de falar quando Chapeuzinho Makoto tapou sua boca, pois não queria que aquele troglodita falasse mais do que deveria para duas crianças de SEIS anos!

Depois falam de mim!!

Sousuke: (tentando se desvencilhar da mão que o calava) mhnnnnn

Mako-chan, tome a frente. Precisamos levar essa historia a algum lugar, por favor.

Makoto: Oh, okay! – exclamou, soltando o Yamazaki para então falar. – Caham... Ela está bem, apenas pegou um resfriado. Muito tempo dentro da banheira...

Rin: oh, posso imaginar...

Sousuke: (massageando a mandíbula dolorida pela pegada de antes) Rin, por favor, nos poupe dos detalhes.

Sim, Rin-chan, por favor, nos poupe dos detalhes.

Rin: Alô? Esse conto é seu, Nagisa, se eu tiver algum tipo de pensamento idiota é por sua conta, não minha!

Rin-chan, já sabemos a novidade, ok? Não tenta disfarçar. Caso não tenha percebido tudo aqui está meio que... Ligado à realidade dos fatos.

Rin: (corando furiosamente).

Rei: O que quer dizer?

Nada Rei-chan, nada! Voltem para a história, por favor, isso está ficando mais longo do que deveria e a culpa é unicamente de vocês!

Todos: Ok!

Chapeuzinho Makoto se agachou para tomar as flores que pegava antes, colocando-as sobre sua cesta e então voltou-se para Rin-chan com um sorriso.

Makoto: Mas você devia vê-la mais tarde sim, sei que ela adoraria!

Sousuke: Oh, nós sabemos... – debochou recebendo um olhar zangado por parte do ruivo e da jovem Chapeuzinho que notou que novamente o lenhador idiota queria soltar uma piada para +18 naquele conto infantil.

Rin: Mais tarde eu estarei lá, deixa comigo!!

Assim, a nossa doce e inocente protagonista seguiu o caminho adiante, cantarolando uma música característica que não será colocada aqui por conta dos direitos autorais, mas que com certeza você deve se lembrar muito bem, e se cantada pelo Makoto nos leva para outra história que...

Makoto: Nagisa, eu já estou quase chegando na casa da Vovó (aponta) Não seria esse o momento em que algo ou ALGUEM devia aparecer não?

Oh, desculpe, Mako-chan! Viajei de novo. Caham!

Foi durante esse trajeto que Mako-chan, distraída com sua cantoria, não se deu conta de que havia alguém a espreita. Um par de olhos lilases, com uma boca coberta por gloss labial sabor cereja.

Chapeuzinho Makoto seguiu até um pequeno córrego que havia ali perto onde uma água límpida corria.

Chapeuzinho Makoto, como mesma frisou, estava bem próxima da casa da vovó e poderia SIM esperar para tomar uma água tratada e filtrada por lá, mas ela preferiu tomar a água de um córrego onde peixes passeavam.

Caso ela tomasse uma atitude sã, não teria de lidar com um pequeno problema que surgiu no meio do caminho.

???: Olá!

Distraída enquanto tomava água, Mako-chan assustou-se antes de subir o olhar para encarar quem havia lhe cumprimentado, encontrando lá um lobo de pelugem de tonalidade questionável, afinal, lobos cor-de-rosa não era algo muito comum naquela época.

Rei: Não que seja comum hoje em dia também.

¬¬

Makoto: Kisumi, você também está na história?!

Kisumi: Sim! O Sunshine-boy achou que eu era a pessoa perfeita para esse papel!

Makoto: Nossa, por quê?

Kisumi: (dando de ombros e erguendo as mãos confusas com o emoji do whatsapp) Eu também não entendi!

Eeeei! Será que vocês podem voltar para o script, por favor?

Makoto: Ah, foi mal, Nagisa! (Makoto folheou as páginas do seu texto e então encontrou-se novamente) Ahá! Mako-chan mostra-se confusa com a presença do lobo mal ali! (ela leu rapidamente e então fechou o script, devolvendo para debaixo do braço). Certo! Acho que eu devia dizer algo como... Olá?

Kisumi: (aplaudindo emocionado) perfeito, Makoto, eu não faria melhor.

Sousuke: Puxa saco ¬¬

Sou-chan sai daí, você não está nessa cena ainda!

Sousuke: (saindo) Eu nem queria mesmo.

Kiss me! Por favor, continue!

Kisumi: Oh, certo! (pigarreando) Posso saber onde uma mocinha tão bonita vai com essa grande e pesada cesta?

Makoto: Oh, eu estou indo para a casa da minha Avó! Sabe, ela está muito doente. Ela vive naquela casa próxima ao moinho, o portão está sempre quebrado, então tem que levantá-lo porque a tranca sempre fica emperrada e depois basta pegar a chave embaixo do tapete!

Ignorando tudo que a sua mãe supergata lhe recomendou, Makoto deu ao estranho todos os detalhes sobre sua viagem, faltando somente divulgar seu perfil no Facebook, sua conta no Twitter e também seu RG.

(Aqui entramos naquela transição de cenas onde todos vocês já conhecem, sabe como é... O lobo engana a Chapeuzinho Makoto com um atalho fajuto só para afastá-la da trilha e assim poder chegar primeiro que ela na casa da vovó, então ele finge ser a chapeuzinho para que ela o deixe entrar e no fim das contas ela descobre ser o lobo e-

Sousuke: Ei, ei calma! Por que você está pulando tudo isso? É a parte mais importante!

Por que eu estou cansado T-T

Voltando! Vamos para a parte em que o Lobo mal invade a casa da Vovó, afinal todos querem saber quem está interpretando o papel mais importante disso tudo, a identidade que claramente era um segredo e que eu sei que nenhum de vocês sequer cogitou quem pudesse ser e-

Todos: É o Haruka.

O que? Como vocês sabiam?!

Makoto: Dedução clara.

Rin: (assentindo) Tava meio óbvio.

Meh... Sem graças.

Voltando para a cena vemos Haruka usando uma camisola de cor azul e uma touca daquelas que somente idosas de filmes caricatos que se passam nos anos 90 usavam.

O Nanase estava sobre a cama fitando o lobo cor-de-rosa com olhos tediosos e cansados.

Haruka: Então, repete de novo para ver se eu entendi.

Kisumi: (não conseguindo disfarçar seu sorriso malicioso) É isso, aí Haru, eu estou aqui para te comer!

Todos: O.O

Entenderam porque eu escolhi o Kisumi para o papel?

Todos: (Assentindo).

Haruka: Não vai rolar.

Kisumi: Mas eu não estou aqui para te dar o beneficio da escolha, está no script (ele bate nas páginas daquele grosso roteiro) E você, como vovózinha terá de deixar, Haru!

O lobo começou a subir sobre a cama e escalar o corpo de Haruka até que estivesse sobre ele com uma expressão inegavelmente predatória e seus olhos brilhando em gula enquanto tomava os pulsos do Nanase, prendendo-o contra colchão.

Haruka: Não, não! Eu disse não! Isso é errado! ESTUPRO!!!

 

Nagisa recebeu uma forte pancada na cabeça. O golpe o trouxe de volta a realidade onde encontrou o olhar assustado de Ren e Ran e o olhar abismado de Rei que tapava o ouvido de ambas as crianças.

Voltando-se para trás surpreendeu-se ao encontrar a face de Yamazaki Sousuke que o fitava com os olhos repulsivos enquanto segurava um livro grosso de ciências (provavelmente o que usara para bater em sua cabeça), atrás dele vinha o olhar assustado de Makoto e a feição tediosa de Haruka e os olhos espantados de Rin.

— ‘Que porra você está pensando?! – o Yamazaki foi o primeiro a se manifestar parecendo ultrajado. – Eles são crianças, sabia? Que tipo de historia você estava contando para eles?

— Eu só pedi para vocês cuidarem deles por algumas horas. O que aconteceu? – Makoto quis saber completamente confuso.

— Mako-chan, Sou-chan, Rin-chan, Haru-chan! Que surpresa boa! – Nagisa se colocou de pé, animado para cumprimentá-los. – Todos vocês chegaram juntos?!

— Encontramos o Makoto na estação. – Haruka explicou calmamente apontando por cima dos ombros.

— Yamazaki-san estava no meu grupo de estudos, voltamos juntos para a casa e topamos com o Haru-chan e o Rin na estação, falei que vocês estavam aqui e eles quiseram passar para dar um Oi.

— Eles vírgula. – Sousuke corrigiu em um resmungo parecendo impaciente. – E o que você estava fazendo, Nagisa? Que tipo de história você estava contando para os piralhos? – insistiu na pergunta, ainda curioso no conto que os irmãos do Tachibana estavam ouvindo, temendo que não tivessem chegado a tempo para salvar a inocência das crianças.

Se bem que, pelo tanto que haviam demorado, talvez o trauma fosse irreversível.

— Era Chapeuzinho Vermelho, Yamazaki-san! – Ran falou. – E o lenhador Rin-chan tinha um desejo milk pela Vovó Haru-chan!

— O QUE?! – Rin mostrou-se ultrajado ao gritar a plenos pulmões. – Nagisa!! – o ruivo tomou a orelha do Hazuki, que riu sem jeito enquanto era puxado para fora do quarto.

Infelizmente ele sabia que não poderia se defender da bronca merecida que receberia do Matsuoka.

Rin apenas desejava saber mais que tipo de coisa Nagisa enfiou naquele tipo de conto perturbador.

Os outros adolescentes que restaram no quarto suspiraram aliviados enquanto ouviam o Matsuoka brigar com o Hazuki.

Logo Makoto se sentava na cama de Ren, cobrindo o irmão mais novo, desejando que uma noite de sono apagasse da mente dos irmãos os acontecimentos da historia de Nagisa.

Céus o que havia acontecido?

— Então não vamos saber qual o final da história? – Ren quis saber curioso.

— É, Onii-chan! Eu quero saber como a Vovó Haru-chan conseguiu fugir do Lobo Kiss me! – Ran mostrou-se decepcionada.

Makoto riu sutilmente encarando Haruka que revirou os olhos para o teto e negou com a cabeça antes de cruzar os braços sentindo uma onda de arrepios tomar seu corpo ao tentar apagar aquela cena de sua cabeça. O Tachibana riu ainda mais antes de voltar a fitar os irmãos um de cada vez.

— Escutem só, o que aconteceu foi que... No final o lobo se mostrou alguém bonzinho. Ele desistiu de fazer mal para a Chapeuzinho vermelho e para a Vovó, e depois todos fizeram um jantar muito gostoso e comeram juntos! – falou com empolgação. – E o Lobo mal se tornou bonzinho daquele dia em diante.

— Isso mesmo, ele nunca mais quis comer nenhum ser vivo. – Rei acrescentou. – E todos ficaram amigos no final!

— Ooooh... – os gêmeos responderam em uníssono, admirados.

Os adultos suspiraram aliviados, felizes que as crianças engoliram aquele final que possivelmente ficara sem pé nem cabeça por não terem tido a chance de acompanhar todo o conto que a mente criativa de Nagisa havia criado.

— Mas o que aconteceu com o Sou-chan e o seu machado de cabo pesado e a mania da Vovó Haru-chan em nunca sair da banheira? – Ran coroou a noite com aquelas perguntas.

 Makoto sentiu duas nuvens negras formarem-se encima das cabeças de Haruka e Sousuke consecutivamente, um brilho acendeu-se nos olhos de ambos os rapazes de cabelos escuros. Naquele momento o Tachibana mais velho sentiu pena por Nagisa.

— Eu acho que o Rin precisa da minha ajuda para conversar com o Nagisa. – Sousuke falou, colocando o livro de ciências sobre a cômoda e seguindo até a porta. – Boa noite, crianças.

— Eu te acompanho. – Haruka ofereceu-se seguindo Sousuke para fora do quarto. – Durmam bem; Ran, Ren.

Bom, de tudo que se poderia tirar daquela noite fora que nem sempre se pode deixar crianças na companhia de alguém com uma mente tão criativa quanto Nagisa.

 

Kisumi: (amarrado no chão da casa da vovó) Eu tenho quase certeza que a moral da historia dessa fábula não era bem essa.

Rin: (consolando Haruka encima da cama) Isso não era uma fábula, estava mais para um conto de terror.

Makoto, Rei e Sousuke: (tomando chá e assentindo pensativamente).

Fim


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Notas finais do capítulo

Agradeço a todos que leram. Quem se sentir a vontade de escrever umas palavrinhas pra ficwriter que vós fala, o que a deixaria muito feliz, será muito bem vindo. Você já leu, dá pelo menos uns 3 minutinhos pra dizer o que gostou/desgostou, opiniões são sempre bem vindas.

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Mil beijos e até a próxima.
Com carinho, Mary♥



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