Miríade escrita por Melry Oliver


Capítulo 14
14. Visita inesperada




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A minha relação com a minha mãe  nunca foi tempestuosa, eu sabia que podia contar com ela em todos os momentos da minha vida,  eu poderia abrir o jogo e depositar as cartas na mesa, mas algo me repelia a agir de maneira contraria, eu precisava organizar os pensamentos difusos, Michael foi um acontecimento incomum quem diria que eu sentiria prazer em reencontrar com o até então “causador” da minha desgraça.

Quase sorri.

Eu precisava de um tempo de assimilação e por consequência a minha reação era guardar o assunto pra mim e infelizmente quando isso acontecia era difícil manter um diálogo límpido com a minha mãe, eu a conhecia bem para saber que cedo ou tarde ela iria querer voltar ao assunto de outrora mais rápido do que eu esperava, vê-la pedir para Ethan subir me trouxe alarmes suspirei cabisbaixa, as vezes uma garota precisava  do seu espaço para simplesmente  respirar e minha mãe não  estava colaborando.

Acompanhei seus passos lentos vindo até mim, o semblante centrado e sério, pacientemente ela puxou os cabelos curtos em um coque alto.

— Seu comportamento não passou despercebido, e o que me preocupa é saber que eu a conheço tão bem e sei que você está simplesmente me escondendo as coisas.

Suspirou levando a mão direita a fonte do rosto.

Abri a boca para me manifestar, mas seu olhar condescendente me calou.

— O que está acontecendo com você? Me puxou pela mão.

Às vezes a personalidade perspicaz de Sarah aparecia quase sem ser percebida.

E foi o que aconteceu.

Olhei para as nossas mãos unidas e resolvi contar-lhe.

— Conheci alguém na praia e perdi a hora por estarmos conversando.

Suspirou aliviada.

— Por que não me contou quando a perguntei pela primeira vez?

Como o faria se ela estava extremamente irritada?

— Achei melhor não lhe contar naquele instante diante da sua irritação resolvi adiar.

Tentei sorri. — Não precisa se preocupar comigo.

— Isso é quase impossível para uma mãe. Sorriu pequeno. — E quem seria esse alguém?

Ela estava investigando e eu não tinha tido o bastante agir com cautela em lhe contar.

— Se chama Michael.

Seu semblante quase sério com indício de preocupação retornou.

Minha mãe poderia me compreender, todavia como lidaria com tudo?

Não se tratava de uma pessoa normal, de uma pessoa comum, ela ficaria preocupada mais ainda e poderia não ver com bons olhos, estamos em outro país longe do meu pai, sua palavra teria peso duplo.

Melhor esperar as emoções se acalmarem.

Ela estava pensativa.

— E como você conheceu ele?

A cena comigo caindo sobre ele ganhou destaque em minha mente, eu sorri abertamente.

De maneira direta eu disse. — Eu cair sobre ele.

Minha mãe se moveu um pouco surpresa.

—  Mas...

Voltaríamos ao tópico preocupação, e eu não queria que minha mãe se sentisse assim, Michael não se tratava de uma pessoa desconhecida e sim de alguém que possuía um holofote de atenção sobre a cabeça, não me faria mal algum...

A abracei em estado de ímpeto com minhas mãos circuladas em sua cintura.

—  Não teve grandes prejuízos nem mesmo machucados apenas me fez conhecer alguém agradável e no fim foi bom. Beijei-lhe o rosto.

— E qual a parte de não fale com pessoas estranhas, você não assimilou?

Apoiei o meu rosto em sua clavícula.

— Não se trata de um completo estranho, eu já tinha o visto, só nos aproximamos nesse segundo encontro de acaso.

Não apenas o visto como falado também.

Sarah me olhou nos olhos as íris verdes e familiares.

— Esse garoto mexeu com a sua mente.

Eu não poderia negar a verdade, pensar nisso me provocava conflitos internos, que me levariam a esperar pela sua chamada.

Diante do meu silencio ela continuou.

— Você não está me contando tudo, mas por agora eu vou deixar passar. Sei que quando estiver disposta me contará.

Eu sorri diante da sua compreensão mais no finalzinho fiz uma careta sem graça.

Como poderia lhe contar se nem eu mesma estava conseguindo entender minhas emoções?

— Não tem quase nada de fora apenas detalhes, mesmo assim obrigada.

— Tudo sobre você é importante filha.

Tudo dependia de uma ligação se as coisas saíssem como eu esperava eu ficaria muito feliz em falar os mínimos dos mínimos detalhes a minha progenitora, sentir que estava tudo bem. No outro dia eu passei a monitorar o telefone de casa, esperando por apenas um telefonema.

Era cômico ver uma garota sentada no sofá com os dedos de batuque na mesa.

Como era o último dia do final de semana, eu gastei muito do meu tempo livre apenas esperando, esperando...

A cada toque uma energia febril percorria o meu corpo e rapidamente se tornava dissolvida quando eu descobria que não era ele.

Um homem identificado como Antony Villarreal telefonou atrás da minha mãe segundo ele tratava de assuntos de trabalho, minha mãe que seguia até a cozinha facilitou o meu trabalho de localizá-la na casa.

Foram mais de 10 minutos de interação, minha mãe não entendeu a minha cara feia.

Quando ela finalmente desocupou o telefone o meu pai Stephen ligou, fazia algum tempo que não dava sinal, ele avisou que estaria vindo para uma visita,

Ainda era estranho ter a família dividia entre dois países, mas já não doía mais como antes, Stephen comunicou que seria uma viagem rápida então viria sozinho, nas palavras dele isso se chamava saudade.

A conversa conflituosa entre Stephen e Sarah retornou para me assombrar.

“Não pode afastar os meus filhos de mim, Sarah.” Acusou.

Eu não estou”. retrucou

“Quando você decidiu mudar de país e levá-los consigo é uma ação que vai me afastar deles de uma forma ou de outra, não estamos falando de cidades diferentes e sim país diferentes. Vociferou.

“Stephen... Destinee está em casa. Pediu”.

Sim. Eu estava, de passagem entre as salas de estar e social, por conta disso acabei ouvindo-os.

“Desculpe-me”.

Ao olhar pra trás, minhas lembranças não ardiam mais, quando o casamento começou a ruir e as discussões começaram a surgir minha mãe pegava Ethan e eu e nos levava para o quarto ela nos distraia com coisas banais, em outras situações saia de casa com a gente.

As discussões se tornaram quase nulas, depois do divórcio, uma faceta apareceu depois do anúncio da mudança de país, a minha mãe conseguiu uma ótima oportunidade em outro lugar, meu pai viu como um afastamento inevitável dos filhos.

Ambos com suas verdades e no meio disso tudo os filhos.

Seria bom ver o meu pai.

Como típico comportável infantil, Ethan assim que ouviu a palavra pai, correu como uma lebre em minha direção, sem paciência para ele, tratei de passar o gancho.

Só esperava que ele não demorasse muito, eu precisava da linha livre.

E quem disse que isso aconteceu?

Lembra-se que meu irmão faz parte da oposição.

Quando a campainha tocou, a contragosto fui atender.

Me surpreendi ao ver...


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