Miríade escrita por Melry Oliver


Capítulo 1
1. Primeiro dia


Notas iniciais do capítulo

Obra original imaginada e escrita por mim.
ideia antiga que surgiu em 2012 e ainda assim não finalizada, pela vida real e comprimissos que requerem tempo dentre outros motivos como a perda de um Notebook que continha essa belezinha, mas conseguir recuperar.

Apresento-lhes a vida de Destinee.



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Sempre tentei me adaptar com as transformações impostas pelas fases da vida, que insistem em nos perseguir de maneira onisciente, consciente de que as circunstâncias mudam se tornando inevitáveis, então quando a minha mãe tomou a decisão de sair da Irlanda para vir morar em Melbourne na Austrália não houve resistência de minha parte e como prova dessa realidade havia espalhados pelos cômodos do primeiro andar, algumas caixas largadas ao encosto da parede anunciando, os vestígios de nossa recente mudança de lar. – Suspirei pensativa, eu não poderia simplesmente ir de bicicleta até a casa do meu pai como antes, as coisas seriam diferentes agora.

Tudo era novo, o clima temperado oceânico, o ambiente que envolvia a cidade entre o antigo e o moderno em um equilíbrio fascinante de diversificação, a começar pela casa que agora eu morava tão diferente do meu antigo lar, a atual mantinha uma decoração contemporânea na maior parte dos cômodos, no primeiro piso o hall de entrada se estendia sobre o assoalho em mogno, a sala de estar em dois ambientes, sala de jantar, lavabo, copa-cozinha, lavanderia, área externa com jardim, acesso ao segundo andar por uma escada linear na parte de cima se localiza os nossos dormitórios.

A casa já havia sido comprada mobiliada, então o que nós fizemos foi organizar as roupas e objetos pessoais em cada aposento, lancei um olhar para a decoração estrategicamente colocada na parede que se discorria entre mosaico de fotos, quadros pop art, até o grafismo.

Era uma boa impressão aos olhos.

Minha rotina escolar começava cedo em solo australiano outra semelhança com a minha vida na Irlanda, no entanto eu não esperava ter que começar a estudar em uma sexta-feira.

Qual era o problema de esperar até segunda?

 Peguei a minha mochila, e desci escada abaixo, no hall, o som da TV era ouvida, e a cabeleira loira de Ethan era parcialmente vista sobre o encosto do sofá, Ethan era o meu irmão de 11 anos, ele aparentemente estava alheio a minha passagem, talvez entretido com alguma programação.

Me dirigi até a cozinha que seguia a mesma decoração do resto da casa, os armários embutidos preenchiam toda a parede esquerda, a mesa desjejum estava posta, fiz uma careta ao analisá-la melhor, eu sabia que a minha mãe havia saído mais cedo hoje, Sarah tinha nos explicado anteriormente que o primeiro mês no novo emprego seria corrido, capturei sobre a mesa a jarra de suco, dois copos de vidro, e algumas torradas, ponderei sobre o que eu faria e tive que voltar a sala de TV.

De olhar atento a Família do Alaska, Ethan mantinha o corpo acomodado sobre o estofamento do sofá, os braços largados e os pés em cima da mesa de centro.

— Ethan você quer comer algo na cozinha? Tive que perguntar.

Mas rápido do que o normal a cabeça dele virou.

— Não estou a fim, não vê que eu estou assistindo? Disse de forma acida.

Suspirei ao encostar a palma da mão na parede de acesso ao cômodo. — Qual é Ethan você já assistiu essa série milhões de vezes, custa ao menos me fazer companhia?

— Custa tempo. Sorriu sem mostrar os dentes.

Sem saída, tive que entrar no jogo dele.

— Está bem o que você quer? Ofereci.

Seu sorriso presunçoso estava maior do que antes, agora eu havia ganhado sua atenção. — Quero que você me faça uma fornada de biscoitos.

 Isso era a cara dele, casa nova, velhos hábitos. – Levei um dedo sobre os lábios, pensativa.

— Okay. Mas vou ficar devendo os biscoitos.

A testa dele se franziu em desagrado, e ele moveu os braços para cima.

— Nada feito. – Virou a cara.

— Ethan, eu tenho que ir pra a escola, não daria tempo de fazer os seus biscoitos agora. Ele semicerrou os olhos ao ponderar por 3 minutos inteiros, a sinceridade nas minhas palavras devia o ter alertado de que eu falava a verdade, seu semblante sarcástico se desfez e ele concordou.

Voltei a cozinha agora com Ethan a meu encalço, próxima ilha central caminhei até o balcão onde eu havia colocado o desjejum, puxei uma banqueta.

Olhei para Ethan que imitou o meu movimento.

— Você não vai comer a mesa?

Antes de respondê-lo nos servi com suco.

— Não.

Ethan me encarava numa expressão estranha.

— Você é tão esquisita.

— Bem-vindo ao clube. – Sorri sarcástica.

Os subúrbios de Melbourne são compostos de casas com construções de um ou dois pavimentos, bastantes urbanizados tendo quase todas as casas garagens com um bom terreno para as horas de lazer, trabalhando no ramo imobiliário a minha mãe Sarah Stoltz providenciou uma excelente casa de localização estratégica e vizinhança agradável.

Tentei não pensar na minha atual situação de novata, então levei meu raciocínio para outra linha de pensamento, eu não me considerava uma pessoa dramática, mas custava tanto esperar até segunda-feira?

Começar a frequentar o ensino médio em plena sexta feira, me passava à impressão de que eu teria dois primeiros dias, sensação essa que me causava certo desconforto, então eu procurava não pensar muito a respeito.

Quando cheguei a High School, a quantidade de alunos existentes pelo amplo território era notável – atravessei o campus caminhando até a entrada principal, assim como na minha antiga escola aqui também era obrigatório o uso do uniforme escolar, então eu já estava acostumada a andar por aí de uniforme estudantil sem surpresa nenhuma olhei para os adolescentes uniformizados a padrão, os garotos usavam calças sociais já as meninas suas típicas saias que se estendiam até os joelhos, além das meias 3/4.  A cor do tecido era azul, não um azul apagado e sem graça, mas em um tom que o contraste ficaria incrível, apanhei de dentro da bolsa o pequeno papel com os meus horários dando uma rápida checada no cronograma estabelecido. – Ajeitei a bolsa sobre o ombro, e caminhei até à fachada principal.

Eu nunca me considerei uma garota atlética e mesmo tendo tido uma curta carreira como modelo, eu não me via com um porte modelar, sou tipicamente magra, 1,68 de altura, olhos azuis, meus cabelos pendidos quase na cintura.

Em minha caminhada pelos corredores aglomerados de estudantes adolescentes notei os olhares nada discretos lançados em minha direção analisando-me milimetricamente, enquanto eu seguia para a minha primeira aula. – Pensei até que eu estivesse com a roupa furada em uma tentativa de justificativa para tudo o que acontecia ao meu redor.

Constatei que em meu primeiro dia de aula chamei mais atenção do que imaginei, compreendi tardiamente que o meu conceito de comum não se encaixava na sociedade escolar. – Por que mesmo eu estou me importando com esses detalhes?

Às vezes eu me desconheço. – Revirei os olhos.

Como a minha primeira aula seria inglesa que aconteceria no segundo andar mais precisamente na sala de número 13. – Parei em frente aos lances de escada, alguns estudantes desciam e subiam os degraus.

A sala estava localizada perto da curva do corredor de portas divididas, segui o grupo de pessoas que se dirigiam a mesma aula. – Diminui a velocidade dos passos tornando-os lentos, ainda na margem eu avisto o movimento da porta em contato com o batente, percorri a curta distância e coloquei a mão na maçaneta. – Segurei na alça da bolsa, um sentimento de nervosismo começou a brotar em meu ser...

Respirei fundo e entrei.

Não me surpreendi com os pares de olhos que se puseram sobre mim, em minha entrada. – Algumas pessoas me olhavam com expressões em evidente curiosidade outras com lampejos repentinos. – Parei brevemente indecisa.

Quando uma garota de cabelos negros e sorriso cordial fez um movimento com a mão atraindo a minha atenção. – Ela segurava um livro em uma das mãos repousava sobre a mesa e com a outra apontava para o lugar ao seu lado.

— Esse lugar está vago pode sentar se quiser. – Ofereceu-me.

Sorri agradecida. – E tratei de colocar a bolsa sobre a mesa, sentando-me em seguida.

Olhei para o lado e recebi um sorriso simples da minha nova vizinha de bancada.

— Gostei das mechas coloridas. – Ela fez um movimento giratório com o dedo indicador ao lado do comprimento do seu cabelo.

O sotaque australiano marcava presença ali.

— Valeu. – Aparentemente ela era uma garota bem impessoal, usava o cabelo preso de um jeito casual.

— É obvio que hoje é o seu primeiro dia, não é? Perguntou interessada.

Ela era carismática, a cordialidade em seu olhar me desarmou por um momento, ao observá-la um pouco mais constatei a semelhança física com a garota protagonista daquela serie Vitorius, no entanto um pouco mais pálida que a original.

É sério isso Destinee? Escondi o sorriso.

— É.

Ela removeu uma mecha de fios de sua testa. — Sou Aprille Payne. – Apresentou-se amigável.

Aprille era um nome fácil para se lembrar na cidade onde eu morava, conheci uma Aprille que era minha vizinha.

— Destinee Haas. – Lhe disse ao mesmo tempo em que a cumprimentava.

— Seja bem-vinda! Ela transpareceu sinceridade.

— Obrigada.

Dizer que eu estava terrivelmente a vontade ao seu lado era expressar-me com certos níveis de hipérbole, no entanto na presença do Sr. Poindexter era perceptível sua expressão cética ao observar a sua caderneta, ele era um homem de meia idade.

— Destinee gostaria de se apresentar aos seus novos colegas?

Seu tom autoritário alertava-me que suas palavras não se encaixavam exatamente em uma pergunta, e eu fui, apresentei-me diante de todos tentei transparecer sinceridade ao fazer o meu relato.

E foi assim nos horários seguintes, eu seguia o padrão estabelecido em caminhar até a próxima aula.

No intervalo a garota que eu conheci na primeira aula convidou-me para se sentar com ela no refeitório, no caminho até a cantina ela decidiu que me deixaria informada sobre as pessoas que frequentam esse lugar.

— Eu gostei de você Destinee, e como prova de minha afeição, te mostrarei a glória estudantil.

Sorri de maneira simples na tentativa de demonstrar a ela que eu estava entendendo seu ponto de reflexão.

— O nosso ambiente estudantil não é diferente das demais escolas, que se dividem em grupos. – Não éramos as únicas a circular pelo lajedo, entre as divisórias inexistentes nesse meio de agrupamentos joviais, e a realidade do que Aprille me dizia.

No último degrau deparei-me com uma garota morena aos pés da escada encostada na parede ao lado dos lance a sua expressão serena, transformou-se em uma careta ao ver Aprille, ela desviou os olhos rapidamente.

— Essa é Amber Sanders. – Aprille a olhava com o olhar observatório, no entanto colérico.

Voltei a fitar a garota de cabelos castanhos amarrados de maneira displicentes o rosto fino.

Aprille piscou os olhos algumas vezes, pareceu voltar a si. — Sanders... É... Apenas Sanders. – Comentou com um dar de ombros.

Achei aquela situação inusitada era como se elas se conhecem e não se falassem, talvez seja mais um drama estudantil, mas o que quer que fosse não era da minha conta. Entramos no refeitório a maior concentração de estudantes estavam naquele lugar.

Segui-a até a lanchonete onde eu enchi a bandeja de comida até o momento eu não havia notado que estava faminta. – O refeitório é o ponto de encontro dos alunos é um lugar onde a conversa em grupo não era interrompida.

Com os lanches comprados Aprille me guiou até uma mesa em formato retangular, ocupada apenas por uma pessoa um garoto de cabelos encaracolados levantou os olhos e sorriu para Aprille.

— Desculpe o atraso, querido. – Murmurou dando-lhe um beijo no rosto, voltando-se a olhar para mim.

— Destinee esse é o meu namorado Ian.

Eu o cumprimentei.

— Hey eu estava na aula de biologia com você – disse Ian. — Sério? Perguntou uma curiosa Aprille – sentando-se ao seu lado.

—Sim.

— Nossa! Como eu queria estudar na mesma sala que você querido. – O abraçou. Ele riu.

— Eu sei.

 — Convencido!

Aquele era uma atitude típica das pessoas que se reunia no refeitório, passei o intervalo na presença deles que foram receptíveis comigo, uma estranha em seu meio.

Próxima, ao vestiário fui abordada por um homem de aparência jovem. – Ele era o treinador O’ Donnall, ele entregou-me o uniforme necessário para a prática da educação física.

Entrei no vestiário feminino com o uniforme em mãos ao desdobrá-lo constatei as opções de vestimentas. – Vesti-me com o short preto e uma blusa cinza, prendi os cabelos em um rabo de cavalo.

No ginásio os alunos permaneciam espalhados pela quadra, enquanto se alongavam, e para minha surpresa, Aprille estava lá, e diferente de como eu estava ela vestia uma camiseta branca e calças escuras.

— Mais uma aula que temos em comum – disse ela sorrindo. — Eu devo alertá-la que sou uma excelente atleta.

Depositei as mãos enlaçadas atrás das costas na altura do quadril.

— Bom saber disso.

Ela riu.

O apito do Treinador O’ Donnall ecoou pelo ginásio chamando atenção dos estudantes, a rede levantada no centro do ginásio, era a pista chave para que desporto iria ser praticado, agrupamo-nos ao centro para a divisão das equipes.

Quando fui convocada para compor a equipe oposta à de Aprille um garoto loiro de lábios avermelhados perfeitamente repuxados em um sorriso veio falar comigo.

Estava na cara que ele fazia parte do time dos populares, o galã do ensino médio, ele me perguntou se eu era a garota nova.

— Culpada. – sorrir fraco. – Ele se manteve ao meu lado alimentando o diálogo fazendo perguntas simples, e de alguma maneira ele sabia que eu não era de Melbourne.

— O que a trouxe para a cidade?

— Minha mãe.

Ele me encarou confuso.

— Sua mãe te obrigou a vir?

— Não.

Sorrir fraco diante de sua conclusão equivocada não era assim.

— Ela conseguiu um emprego aqui e mudamos de cidade. – Expliquei.

Ele me perguntou se eu estava gostando da nova escola.

O que eu poderia dizer? Em uma primeira impressão eu achei esse meio escolar bastante comum, no entanto essa mania coletiva de ficar encarando as pessoas, não é algo que passe despercebido. Eu sei que a vida escolar é monologa na maioria das vezes mais não é uma nova aluna que irá mudar as coisas por aqui, analisando os fatos sabe! Vocês, bem que poderiam facilitar a vida dos novatos sem essas esquisitices coletivas. – Relevei eu não era uma pessoa excêntrica, pelo menos eu achava.

— Acho que sim – soltei.

Sua expressão revelava o conflito que ele parecia tentar esconder.

Controlei-me para não rir.

 — Você acha? Devolveu ao cruzar os braços.

Pensei um pouco antes de responder.

 — Sim eu acho. – Afirmei. — Hoje é o meu primeiro dia aqui, então tudo ainda é meio superficial para mim, não tenho uma opinião formada ainda. – Acrescentei por fim.

Ele me olhou incrédulo, o que foi? Senti vontade de perguntar mais por fim não o fiz.

O treinador deu início à partida de jogo, a bola voava entre a divisão da rede, eu tentava exercer um bom resultado quando me era dada a oportunidade, mas nem sempre conseguia um desempenho digno, eu era uma boa levantadora mais Aprille se saiu uma excelente sacadora.

A partida fora acirrada estávamos vivendo um empate, entretanto Lewis Temple era um adepto ao esporte e suas jogadas beiravam a perfeição e por sorte ou destino éramos da mesma equipe.


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Notas finais do capítulo

Sejam bonzinhos...



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