Wintershock escrita por ariiuu


Capítulo 68
Sorrindo por fora, sangrando por dentro




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Kimberly buscou Darcy em seu apartamento e ambas fizeram o cronograma de antes e depois do show do Foo Fighters.

Derek, Steph, Terry, Andrew e Helena também iam para o evento, tornando o fim de semana da estagiária numa ocasião bem agitada e divertida, distraindo-a de todas as formas.

O grupo tirou diversas fotos pro Instagram, mostrando o quanto aquele show havia sido incrível.

Sam, que já seguia os estagiários numa conta anônima, mostrou as fotos para Steve, naquele fim de semana.

Os dois saíram para uma caminhada matinal.

— Olha só a turminha da pesada aqui. – O Falcão mostrava a tela do smartphone com as fotos de Darcy e sua ‘gangue’ num típico show de rock.

— Uau... não sabia que você tinha Instagram. – Diferente de Sam, o Capitão América nunca teria uma rede social. Aquilo era demais para o loiro, sendo ele um velho que não era adepto a tais tecnologias.

— Eu curto fuçar a vida dos outros, mas não tenho uma conta oficial. Tenho essa apenas para... supervisão... – O Falcão sorria e Steve fazia uma cara desconfiada.

— Sei...

— Mas o que você está achando de passar esses tempos com o grupo do Thor? – Sam não achava que o discreto e tranquilo Capitão América aguentaria a bagunça dos estagiários por muito tempo.

— Tem sido diferente, mas a maluquice deles é o que menos me incomoda... todos são muito jovens e é normal o ambiente ser tão barulhento e agitado.

— Pensei que você não fosse aguentar.

— Não vejo nada de anormal... tem sido divertido. – Steve confessava, tranquilamente.

— Hmmm... você prefere os estagiários malucos da Jane do que ir pra Torre e conviver com o Stark?

— Acho que sim...

— Uau...

.

.

Um dia se passou e lá estava todos os estagiários que foram para o show...

Cansados e ao mesmo tempo felizes...

— Foi o melhor show da minha vida...! Eu nunca vou esquecer...! – Andrew chegava ao laboratório e se jogava no sofá do salão principal, exausto e satisfeito ao mesmo tempo.

— Eu nem consigo falar, de tanto que cantei com o Dave Grohl... – Helena estava com a voz um pouco rouca.

— E eu, meus queridos... estou com as pernas bem doloridas de tanto pular... – Dessa vez era Darcy que reclamava, mas uma reclamação bem animada.

Os três sorriam largamente, até que...

O satã chegava ao laboratório, com uma carranca horripilante no rosto, fazendo o ambiente se tornar pesado e sombriamente denso...

— O clima estava tão bom, mas agora... ficou tudo carregado... O Hellboy tinha que chegar e trazer os encostos junto pra acabar com a nossa paz...? – Darcy protestava, já o olhando de cima em baixo, em total desaprovação.

— Você não tem vergonha de dizer essas coisas depois do seu ex causar a maior cena aqui, na frente dos Vingadores? Deixe seus problemas pessoais para fora do laboratório, Darcy. – Ele respondia com muita raiva e Andrew e Helena já sabiam o motivo.

Nathan era apaixonado por Darcy, mas a garota sequer acreditava nisso e considerava tal alegação uma grande piada de mal gosto.

Ela tinha reduzido os sentimentos do satã a um delírio sem pé e nem cabeça de seus colegas de trabalho.

— Nathan, qual é o seu problema afinal!? Por que me odeia tanto!? O que eu te fiz!? Quando chegou aqui pra trabalhar com a Jane e o Erik, você era estranho, mas depois, com o decorrer dos meses, você se tornou alguém insuportável de se conviver! Se tem algum problema pessoal comigo, não é melhor resolvermos!? Não aguento mais essas discussões sem sentido! – Darcy não entendia o mau-humor do rapaz e já estava farta de todas as provocações.

Andrew e Helena começavam a rir, mas ao mesmo tempo segurando o riso, já que era notório a paixão não correspondida do estagiário por Darcy.

— Você está me devendo uma aposta e um favor. Não pense que esqueci. – Nathan ignorava tudo o que a garota lhe dizia, apenas para relembrá-la do que haviam combinado antes.

Darcy suspirou impaciente enquanto revirava os olhos.

— Depois resolvemos isso. Galera, bora trabalhar porque o serviço não vai se desenrolar sozinho. – A estagiária batia palmas, no ímpeto de animá-los, já que todos estavam bem cansados do show do dia anterior.

.

.

Algum tempo depois, no horário de almoço, Darcy se dirigia para o corredor, rumo ao elevador, mas...

Acabou dando de frente com Steve Rogers...

O loiro alargou um pouco o olhar ao topar com ela ali.

— Olá... – Ele a cumprimentou, num tom educado.

— Oi, Capitão América. – Darcy devolveu, animadamente.

— Eu te disse pra me chamar de Steve...

— Aah sim, me desculpe, eu tinha esquecido. – Ela respondeu, um tanto tímida. Não estava se sentindo muito à vontade ao lado dele, afinal...

O Capitão América lhe viu nas condições mais degradantes... bêbada, cantando SIA e vomitando em sua frente... aquilo era indigno demais e estava completamente envergonhada...

Steve a analisava por um momento. Ela parecia melhor do que poucos dias atrás, quando a mesma se encontrava totalmente bêbada, por motivos que o mesmo desconhecia, mas que também não eram de sua conta, por mais que estivesse levemente curioso.

— Vocês foram em um show ontem? O Sam me mostrou algumas fotos no... Instagram. – Steve puxava assunto, percebendo que a estagiária ficava em silêncio, talvez por causa do constrangimento de tê-la visto embriagada dias atrás.

— Sim, no show do Foo Fighters. É uma das nossas bandas favoritas. Foi bem legal... – Replicava, ainda um pouco inibida.

A garota notava que o loiro parecia estar lhe fitando com precisão... aquilo era muito estranho, não só porque ele era o Capitão América, mas...

Era o melhor amigo de Bucky Barnes...

Ele não sabia o que responder para continuar o diálogo, e obviamente Darcy percebeu o quão educado e ao mesmo tempo discreto Steve era, então achou que o melhor a se fazer era ser amigável e retribuir a gentileza que o mesmo fez por ela no dia em que esteve embriagada.

— Você está saindo para almoçar? – Ela o contestou e Steve se virou para responde-la.

— Sim...

— Tem um restaurante ao ar livre muito bom aqui perto, que parece ter inaugurado há poucos dias. Está afim de conhecer?

O loiro esboçou uma feição de surpresa. Aquela era a primeira vez que uma mulher lhe chamava para almoçar, mas sem segundas intenções...

Desde a época da SHIELD, a maioria delas sempre flertava descaradamente com ele, e o desespero de todas sempre lhe irritava, porque sabia que as mulheres focavam apenas em sua aparência e na fama de herói, mas nunca porque queriam conhece-lo verdadeiramente... saber quem ele era fora do título e do uniforme de Capitão América.

— Acho que te peguei de surpresa, não é? Desculpe... – A estagiária sorriu, tentando amenizar o clima estranho entre ambos.

Mas...

Steve sorriu... amigavelmente...

— Imagine... é que não é muito comum que as mulheres me chamem pra almoçar sem que estejam... tentando se atirar em mim... – O loiro confessava, um pouco tímido.

Darcy arqueou uma sobrancelha, mostrando uma feição zombeteira.

— Bem, eu juro que não estou tentando me atirar, até porque, não estou em condições emocionais para nada disso no momento. – A garota transparecia sinceridade e Steve sabia que era genuíno... Darcy Lewis mostrou isso desde o dia em que ele a encontrou com a máscara de cavalo.

— Eu acredito em você, então, vou aceitar seu convite. – Replicou, convencido de suas intenções.

— Uau... o nobre e ilustre Capitão América aceitou meu convite para almoçar! Agora posso me gabar para o resto do mundo! – Ela brincou, sorrindo como uma criança e ele correspondeu o sorriso.

— Não há nada de extraordinário nisso... – Steve confessou, divertidamente.

— Aah... Bem, é que não é algo comum, o maior herói da América me acompanhar para uma refeição... porém, acho que posso assimilar isso e fazer o meu pequeno e humilde cérebro entender e aceitar...

— Prefiro ser tratado como um cidadão americano comum, se me permite.

— Ok. Comigo você pode ser quem você é, mas não vá se assustar por eu ser eu mesma.

— Acho ótimo que seja assim.

— Não vá se arrepender depois.

— Eu não vou...

E então, os dois saíram do prédio e se dirigiram para o restaurante que acabara de inaugurar.

.

.

A dupla chegava no local. Um lindo lugar...

Estava repleto de pessoas e algumas o reconheceram, pedindo para tirar selfies e dar autógrafos.

O Capitão América era muito popular em Nova York, sua cidade.

Steve não se preocupava de andar no meio das pessoas, já que não gostava de se sentir alguém exclusivo ou diferente dos demais.

Seu caráter humilde sempre prevaleceu, mesmo depois do soro.

Darcy o observava chegar até a mesa onde a mesma já estava sentada, lhe esperando.

— Agora entendo porque você fica desconfiado quando uma mulher te chama pra sair. Você é uma verdadeira celebridade. – A garota confessava, um tanto surpreendida pela popularidade do loiro.

— Acho que sou igual a todas as outras pessoas. – Steve admitia, sem falsa modéstia a Darcy sabia que ele estava sendo ele mesmo...

— Isso é admirável e é por isso que os americanos te amam.

— Talvez... – Ele levou a mão direita até a nuca, timidamente passando os dedos pelos cabelos loiros, num forte indício de embaraço.

O super soldado era um homem forte fisicamente, corajoso e honrado, mas sua personalidade um tanto plácida, modesta e recatada era totalmente encantadora...

Era por isso que as mulheres suspiravam por ele...

— E então, o que vamos comer? – O loiro perguntava, não sabendo o que deveria pedir.

— Há várias opções no cardápio, e já que te convidei, eu pago. – Darcy empurrou o cardápio na direção do Capitão, que no mesmo instante arregalou os olhos quando a ouviu dizer que pagaria.

— Aah... acho que não me sentiria a vontade se uma mulher pagasse a minha refeição. – Steve deixava sua sinceridade falar mais alto, e a estagiária quis rir pelo fato de o mesmo ainda ser alguém com costumes bem antigos, que achava que o homem tinha obrigação de pagar a conta.

— Steve... estamos no século 21. Eu pago. Pode ficar tranquilo.

— Isso faz com que eu me sinta em débito com você.

— Não se sinta assim. É super normal as mulheres pagarem a conta, então relaxa.

— Acho que... não consigo... desculpe... – Ele replicou, com um sorriso tímido e acanhado.

Ela o observou e riu de seus gestos...

O sol do meio dia apenas realçava o brilho dourado dos cabelos do Capitão...

Quando a estagiária olhava para ele, apenas imaginava como devia ser a interação de Steve com Bucky... como era a amizade deles...

— Ok... você pode pagar o nosso sorvete, pode ser? – Darcy sugeriu, tentando deixa-lo um pouco mais aliviado e à vontade.

— Certo... mas você tem que pedir o sorvete mais caro. – O super soldado sorriu luminosamente, enquanto seus incríveis olhos azuis a encaravam com jovialidade, e se ela não estivesse tão apaixonada por Bucky Barnes, sabia que se sentiria derreter diante do Capitão América.

— Tudo bem então. – E assim, eles entraram num acordo.

— Aah, se me permite, tem algo que queria lhe devolver. – O loiro esticava a mão, tirando algo do bolso de sua calça.

— Me devolver? O quê?

— Isso... – E então, ele estendeu a mão, segurando um lenço dobrado.

Darcy arregalou os olhos quando viu que aquele era o lenço que deixou cair na festa de boas-vindas dele, quando corria para fora do salão com a máscara de cavalo.

— Como achou isso? – O questionava, um pouco assustada.

— Eu fui atrás de você aquele dia e sem querer, você deixou cair isso na frente do Doutor Banner.

— Aah... bem, aquele dia estava sendo um pouco estranho, então não lembro de ter deixado cair...

— Tudo bem. Achei que devia te devolver.

— Bem... muito obrigada então. – A estagiária pegava o lenço da mão do Capitão e então, ambos sorriram um para o outro, se recordando do dia em que a mesma usou aquela máscara de cavalo ridícula.

.

Os minutos se passaram e Steve ria como uma criança das palhaçadas de Darcy. Ele nunca tinha rido tanto com uma mulher. As piadas eram incríveis. Desde trocadilhos a brincadeiras com as últimas catástrofes que aconteceram no planeta.

Ela era uma figura. Aliás, uma figurinha. Mas não uma figurinha que você encontrava em qualquer banca de jornal. Era uma figurinha rara que você tentava de todas as formas achar, mas não conseguia, porque as outras figurinhas repetitivas estavam ali para que ficasse mais difícil encontrá-la.

Darcy Lewis tinha brilho próprio... e era isso que a fazia tão incrível e especial.

.

.

Quando os dois voltavam do almoço e a estagiária estava prestes a voltar para o laboratório, Sam flagrou a cena onde a mesma se despedia do Capitão, agradecendo pelo mesmo tê-la acompanhado até o restaurante e almoçado juntos.

Steve acenava para ela enquanto o Falcão se aproximava lentamente.

— Uau... Eu preciso avisar a Natasha e contar a grande novidade... – Sam provocava o loiro, já que sabia que Natasha Romanoff tentava desesperadamente arrumar encontros amorosos para o Capitão.

— Nem pense nisso. – Ele o ameaçou, num tom bem-humorado.

— Será que devo te seguir, gravar o seu encontro e mandar pra ela?

— Se duvidar, é bem capaz da Nat já estar me seguindo e estar com todo o equipamento de gravação posicionado no prédio ao lado, afinal, ela é uma super espiã.

— É bem a cara dela mesmo... mas falando sério, Steve... Você devia se dar uma folga... seu último mês foi muito tenso e agitado e acho que merece descansar... – Sam sugeria, porque achava que o incidente com a SHIELD e a HYDRA desgastaram o Capitão América da pior forma possível, e além de tudo...

.

Steve ainda não conseguia relaxar, sabendo que Bucky Barnes estava por aí... como um foragido...

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— Sam... Nos conhecemos há pouco tempo, mas você age como se já me conhecesse tão bem, e você está certo... estou cansado, mas infelizmente não posso me dar ao trabalho de esquecer tudo o que aconteceu e relaxar, além disso, os Vingadores têm uma missão: resgatar o cetro das mãos da HYDRA. Teremos trabalho em breve. – O loiro tentava convencer seu novo amigo sobre o porquê não podia se dar um descanso, ainda que fosse temporário.

— O seu senso de dever e justiça é elevado demais e acho que não terei argumentos pra te convencer do contrário, mas saiba que minha opinião não vai mudar.

— Acho que você não está errado... – Steve esbanjou o seu meio sorriso clássico quando concordava com algo que ele não achava tão certo, mas ao mesmo tempo não achava tão errado.

Sam já assumia posições que só um melhor amigo faria. Natasha tentava fazer isso o tempo todo, mas o Capitão não conseguia se abrir totalmente para a ex-agente da SHIELD, no entanto, não era assim com Sam Wilson.

— Olha... pode ser que eu esteja errado, mas tá parecendo que você está a fim da estagiária... – O Falcão continuou provocando-o, e Steve arregalou um pouco os olhos.

— Eu não estou a fim da estagiária.

— Eu tenho certeza que se a Romanoff tivesse visto você voltando com ela, estaria dando uma festa e soltando fogos pra comemorar. - Sam sorriu maldosamente de canto.

— Mas ela não está aqui e você não precisa dizer nada, porque com certeza a Nat vai descobrir em breve.

— Relaxa, Steve. Não vai sair nada daqui não. Ninguém vai saber que você está finalmente de olho em alguém. – Ele continuava provocando o loiro, que lhe lançou um olhar perplexo.

— Eu não estou de olho nela... é sério... – O Capitão insistia, mas isso não parecia convencer o Falcão.

— Ok, vou fingir que acredito...

— Você está dizendo isso pra mim, mas sei exatamente a forma como você olha para a outra estagiária da Doutora Foster. – Dessa vez era o loiro quem alfinetava o amigo, como forma de se vingar.

— A Helena!? Não, essa garota é terrível e tenho muito medo dela!

— Sei... – Steve o fitou, desconfiado.

— Eu tô falando sério... ela é uma bruxa!

— Aham... vou fingir que acredito... – E então Steve repetiu a mesma frase de Sam, se preparando para voltar para o andar de cima do laboratório, com o amigo logo atrás, dizendo que o mesmo estava totalmente errado sobre a outra estagiária.

.

.

Alguns dias se passaram e o Capitão América e o Falcão continuaram hospedados no laboratório.

Steve ainda estava relutante em aceitar se mudar para a torre a pedido de Tony Stark, mas a equipe começou a fazer certa pressão, ainda mais depois da chegada de Clint Barton aos Estados Unidos.

O loiro ainda se decidia, mas enquanto pensava a respeito, tentava aproveitar os dias em que se encontrava enturmado com o grupo de Thor.

Naquele dia em específico, os estagiários chamaram todos para se divertirem num dos maiores karaokês de Manhattan, e o Capitão e o Falcão aceitaram.

Mas escondido de Jane, que tinha pedido para que todos fizessem hora extra.

Como de costume, o grupo sempre se metia em discussões acaloradas, principalmente Darcy e Nathan, que se ofendiam violentamente e sempre por motivos triviais.

A estagiária cansou de discutir com o satã e resolveu se aventurar no palco pra cantar.

Naquela noite, Darcy não tinha bebido, então ela sabia que a chance de fazer um papelão na frente de todos era de 9 a 10...

Porque Darcy não precisava estar bêbada pra pagar mico...

A garota chamou Helena para fazer back vocal e assim as duas começaram a cantar músicas aleatórias que quase ninguém conhecia, a não ser elas mesmas.

Porém, uma das músicas da lista era conhecida...

No Doubt – Don’t Speak.

A letra falava de dois melhores amigos e uma relação conturbada.

Steve atentava para a mensagem da música e era um pouco estranho ouvir aquela canção e não se lembrar de Bucky Barnes.

.

You and me, (Você e eu)

We used to be together, (Nós costumávamos estar juntos)

Everyday together always, (Todo dia juntos, sempre)

I really feel, (Eu realmente sinto)

That I'm losing my best friend, (Que estou perdendo o meu melhor amigo)

I can't believe this could be the end, (Eu não posso acreditar que esse poderia ser o fim)

It looks as though you're letting go,

And if it's real, (Parece, no entanto, que você está desistindo)

Well I don't want to know… (E se isso for real Bem, eu não quero saber)

.

As luzes do local estavam totalmente frenéticas, o ventilador estava ligado e enquanto Darcy e Helena cantava com os olhos fechados, o forte brilho iluminava seus rostos de forma deslumbrante e seus cabelos voavam levemente, tornando tudo ainda mais incrível.

.

It's all ending, (Está tudo acabando)

We gotta stop pretending who we are, (Nós temos que parar de fingir quem somos)

You and me, I can see us dying, (Você e eu, posso nos ver morrendo)

Are we? (Nós estamos?)

Don't speak (Não fale)

I know just what you're saying, (Eu sei exatamente o que você está dizendo)

So please stop explaining, (Então, por favor, pare de se explicar)

Don't tell me 'cause it hurts… (Não me diga porque isso dói)

.

Quando as duas terminaram sua performance, Thor batia palmas de pé.

— Se vocês cantassem em Asgard, iriam encantar a todos!

— Então as cantoras de Asgard devem ser péssimas, porque você não tem ouvido apurado pra saber o que é bom. – Darcy voltava para a mesa, fazendo piada do asgardiano, que parecia não entender muito sobre música, muito menos música midgardiana.

— Mas vocês arrasaram. – Sam também elogiava Darcy e Helena, que já o olhava com os olhos em chamas, tamanha ira que sentia pelo mesmo.

E Sam nem sabia o porquê...

— Eu tenho facilidade de pegar algumas notas altas e tenho um pouquinho de técnica, mas nada demais. Meu timbre é péssimo! – Darcy confessava, dizendo que fazia aquilo só por diversão e estava pouco se importando se as pessoas iam gostar ou não.

— Não acho que sua voz seja péssima... – Steve confessava, sem perceber que logo depois, todos começaram a olhar para a sua cara, um pouco surpreendidos.

Ao notar todos lhe fitando, o loiro se perguntou o que havia dito de tão errado.

— Eu disse algo estranho...? – Perguntava inocentemente.

— Não, mas... nunca vi você elogiar ninguém antes. – Sam revelava, fazendo todos na mesa ficarem ainda mais perplexos.

Darcy começou a dançar depois de ouvir tal declaração.

— Hmmm... Então o Capitão América gosta da minha voz!? Estou lisonjeada! – A garota fazia um gesto de continência.

— Aah... Eu acho que você canta muito bem... – Nessa hora, o rosto de Steve começava a ruborizar, já que todos ainda o olhavam abismados.

— Devo isso à Celine Dion! Eu tentava imitá-la quando era criança! – A estagiária afirmava, com muito orgulho.

— Celine, quem...? – Steve perguntava de forma sussurrada pra Sam.

— Uma cantora pop dos anos 90. – O Falcão cochichou de volta.

Os minutos foram se passando e Darcy, Helena e Andrew riam de suas próprias piadas.

— Lembra a terra sendo invadida por alienígenas e a gente fazendo piadas na hora!? Era tipo o Titanic afundando e os caras tocando violino!!! – Darcy relembrando quando Nova York foi invadida pelo exército chitauri.

— Claro que lembro! Nesse dia ficamos aterrorizados, mas felizes depois que os Vingadores venceram! – Andrew completava.

— Aí saímos para beber... – Helena também se recordava da cena.

— O plano era sair pra tomarmos uma... e acabamos dormindo na calçada! HAHAHAHAHAHA!!! – Darcy e os dois riam como hienas, deixando os demais na mesa no vácuo.

— Vocês já trabalhavam pra Doutora Foster nessa época? – Sam os questionava.

— Não. Só a Darcy, porque estávamos no primeiro semestre da faculdade, mas começamos o estágio no laboratório um ano depois. – Andrew respondia à pergunta do Falcão.

Enquanto Thor, Steve, Sam, Andrew, Helena e Darcy riam de várias histórias engraçadas, do nada, alguém entrava no karaokê, pisando duro e gritando.

Thor arregalou os olhos e Darcy tremeu na base.

— DARCY!!!

Era Jane Foster, que os encontrou, depois de fugirem do laboratório para irem ao karaokê.

— Lá vem... – A garota revirava os olhos.

— VOCÊ ARRASTOU TODOS PRA CÁ PRA VEREM SUA PERFORMANCE DE CHUVEIRO E ESQUECEU DO TRABALHO QUE TE DESIGNEI!??? – A astrofísica gritava e Thor abaixava a cabeça, tentando se escorar em Steve, que não entendia a fúria da cientista.

— Relaxa, Jane... amanhã a gente continua. – Andrew tentava amenizar, mas o olhar de lasers da astrofísica fazia com que o mesmo sentisse um arrepio ameaçador na espinha.

— Calma, Jane... não acha que todos mereciam um pouco de divertimento? – Darcy tentava convencer sua chefe, mas como Jane era uma workaholic desesperada, parecia não entender.

— VOCÊ DEVIA ESTAR EM CASA CURTINDO AS SUAS FÉRIAS E NÃO ARRASTANDO SEUS COLEGAS PRA FARRA!!!

— Não tô a fim... – A estagiária fez uma careta, deixando a astrofísica ainda mais furiosa.

— Não brigue com ela, Jane, a Darcy canta bem... – Thor defendia a garota, mas a cientista não estava disposta a se acalmar.

— Você não devia dar corda para eles! – Jane apontava o dedo para todos os estagiários.

Nathan, que estava do outro lado do karaokê, sentado no balcão do bar, observava a cena, sorrindo.

O que mais queria em sua vida era que Darcy se ferrasse e viesse implorando sua ajuda, de joelhos... não porque era apaixonado por ela e estava frustrado, mas porque ela era sua inimiga... certo?

— Jane, porque em vez de se estressar, não senta e fica com a gente? Encerre o seu turno por hoje... você só se mata de trabalhar e não aproveita a vida! – Andrew sugeria, mesmo sabendo que sua chefe poderia não acatar sua ideia.

Ela suspirou alto, colocou as mãos na cintura, virou o rosto duas vezes, mas...

— Ok, só por hoje. – E então, Jane puxou uma cadeira ao lado de Thor e se sentou à mesa.

— Agora relaxe... – O asgardiano apoiou o braço ao redor dos ombros dela, tentando fazê-la se acalmar.

— É um pouco difícil, sabendo da tonelada de responsabilidades que tenho, mas vou abrir uma exceção apenas hoje, entenderam!? – A cientista desferiu um olhar letal na direção dos estagiários.

— Calma... não precisa atirar! - Darcy elevou os braços para o alto, em pose de rendição.

Thor começou a rir e logo foi dizendo a primeira coisa que se recordou.

— Vocês se lembram quando estive na terra pela primeira vez e meus companheiros de batalha vieram me procurar?

— Sim... foi bem assustador... – Darcy confessava, ao se recordar da cena.

— Eles nunca tinham visto os midgardianos de perto, e ao chegarmos em Asgard, um deles admitiu algo que eu não disse para vocês!

— Sério? O quê!? – Dessa vez era Jane quem o questionava, curiosa.

— Fandral, um dos meus mais estimados amigos perguntou sobre Darcy...

Um, dois, três, quatro, cinco segundos de silêncio... e todos já olhavam assustados para Thor.

— Sobre mim!? Por quê!? – A garota gritava, perplexa.

— Ele te achou bonita e interessante! – O deus do trovão confessava, rindo, ao se lembrar cena.

— O quê!? Quer dizer que aquele asgardiano se interessou por mim!? Isso explica porque antes de vocês irem embora naquele portal Byfrost, ele se aproximou e me cumprimentou beijando a minha mão! – Ao dizer aquilo, Andrew e Helena arregalaram os olhos.

— Como é!? Um asgardiano se interessou pela Darcy!? Como nunca soubemos disso!? – Andrew estava perplexo.

— Isso é bem inédito... – Jane redarguia, pois não tinha ideia que aquilo havia acontecido, já que na época, estava muito abismada com os acontecimentos no Novo México.

Steve e Sam ouviam tudo, sem entenderem uma vírgula...

— E ele ainda está disponível!? Quando vai trazê-lo pra cá!? Você podia me arrumar um casamento com ele, pra eu mudar de planeta, porque a terra não está dando mais pra mim!!! – Darcy articulava, com muita empolgação. No momento, seu maior sonho era deixar a terra e se refugiar em outro planeta.

— Posso trazê-los da próxima vez. Você realmente quer que eu te arrume um casamento com ele!? – Thor questionava, não sabendo se a garota falava sério ou se era mais uma de suas piadas.

— Claro que quero! Ele é bonitinho! – Darcy deu uma piscada, sorrindo largamente satisfeita.

— Então está decidido! Vamos beber para comemorar!!! – E então, Thor arremessou o copo de vidro que bebia refrigerante, no chão...

.

Fazendo Steve e Sam pularem da cadeira de susto...

.

Todos se espantaram, menos Jane e Darcy...

Sam e Steve ficaram olhando para Thor, abismados...

— Ah... Isso é a forma de ele pedir outra bebida. – Jane explicava, no intuito de não deixar os dois homens confusos.

— Vejo que já está habituada aos meus costumes... – O asgardiano sorriu para a astrofísica.

— Você está morando comigo há um tempo, então... – Ela sorriu de volta e do nada um clima muito romântico surgia, deixando todos que estavam na mesa sem graça.

— Ok, velas, vamos queimar algum outro bolo por aí, porque estamos sobrando aqui! – Darcy dizia enquanto todos riam, menos Steve, que não entendia a referência.

— Ela quis dizer que o casal está num clima romântico demais pra todos terem coragem de continuar na mesa e estragar.

— Ah sim, agora entendi... – O Capitão redarguia, um pouco tímido.

E enquanto o grupo resolvia achar outra mesa para sentarem, se depararam com dois homens brigando perto do balcão.

Ambos se xingavam, usando palavrões muito pesados.

Steve observava a cena, um tanto abismado, até deixar escapar...

— Esse tipo de palavrão é bem... nojento... – O Capitão se encontrava desconsertado quando os dois homens gritavam uma série de “Motherfuck” e “Son of a Bitch”.

— E como vocês falavam antigamente? Vá se autofecundar, seu filho de uma dama que realiza desejos extraconjugais remunerados!? – Darcy o questionava, fazendo-o ficar pasmo por meio segundo até que...

O loiro começou a rir...

— Agora acho que ele entendeu a referência... – Sam redarguia, sorrindo.

— Uau... ainda preciso me acostumar que nem sempre ele vai entender o que eu digo... – A estagiária confessava, já se habituando ao jeito tão puritano do Capitão América.

.

.

Naquele dia, Darcy voltou para seu apartamento. A garota achava que talvez estivesse preparada para entrar naquele ambiente depois de se sentir um pouco melhor... não foi uma tarefa fácil, mas teria de ser forte e lutar contra seus sentimentos para tentar seguir em frente, depois de ser abandonada por Bucky Barnes.

Ela cruzou a porta, inalando o ar do local, que estava um tanto diferente por causa das portas e janelas fechadas.

A estagiária acendeu a luz da entrada, iluminando parcialmente o cômodo.

Ela observou tudo ao redor... era tão estranho estar ali sozinha... sem o soldado por perto.

A garota chacoalhou a cabeça, tentando se desvencilhar de pensamentos que trouxessem a imagem do sargento em sua mente. Seu dia havia sido perfeito. Ela estava bem mais leve, comparado aos dias anteriores, mas...

Darcy esbarrou numa pasta que se encontrava no canto de sua escrivaninha, derrubando vários papeis no chão.

Quando se agachou para pegar, percebeu que naquela pasta haviam arquivos sobre o Soldado Invernal...

Ela sentiu um nó na garganta e suspirou...

Começou a recolher tudo do chão no mesmo instante, mas no meio de tantos papeis, também havia fotos...

Ela tentou não olhar, porém, era impossível...

Suas mãos tocaram as fotografias antigas do sargento...

A brisa que entrou pela sacada, bagunçava os cabelos da garota...

O olhar dela se tornou sério e antes que pudesse dominar o que estava prestes a preencher seus sentidos, apenas uma coisa se passava em sua mente...

Que James foi de tudo a tudo...

.

.

Tudo o que queria ter... a tudo o que queria esquecer...

.

.

Por um momento, Darcy fazia silêncio para ouvir o rumor dos passos dele... Ela fazia silêncio para talvez sentir a presença dele... Fazia silêncio para que seus pensamentos voassem e retornassem com as doces lembranças dele... por mais que quisesse esquece-lo, seu coração chamava por ele... desesperadamente...

Uma onda de melancolia lhe preencheu... e seus pensamentos lhe engoliram para dentro das recordações que viveu ao lado do soldado...

Mesmo depois de tantos dias, era impossível esquecê-lo... por mais que gritasse consigo mesma mentalmente e lhe dissesse que tinha de se forçar a isso...

Antes que pudesse perceber, Darcy já começava a sentir um soluço subindo por sua garganta e os olhos aos poucos se tornarem marejados...

Ela se inclinou silenciosamente contra a parede, começando a chorar... seu coração estava se despedaçando e a adrenalina passou a percorrer rapidamente suas veias... Entre soluços e gemidos, Darcy não tinha mais controle de suas emoções... estava desesperadamente descontrolada e a única coisa que conseguia fazer era chorar...

Ela chorava de dor...

.

Pérolas em gotas em seu delicado chão...

.

Era impossível não se lembrar do sargento...

Seu rosto que exibia feições misteriosas quando a fitava... de seu olhar tão azul e emblemático que lhe estremecia inteiramente... de seu abraço que lhe mantinha segura... dos lábios dele, que sussurravam palavras em russo e que quando os tocava, parecia lhe roubar seus segredos mais íntimos...

Ela fazia silêncio, na esperança de que ele chegasse e lhe desse um beijo, lhe fazendo ter fortes motivos pra realmente deixá-la em silêncio...

Se a saudade tivesse nome... Ela se chamaria James Buchanan Barnes...

Tudo o que Darcy queria era estar ao lado dele, olhar em seus olhos e pedir que tudo fosse para sempre...

Porque era inevitável amá-lo, assim como seria impossível esquecê-lo...

A estagiária não conseguia conter a dor que estava sentindo... estava tão bem durante o dia... tinha conseguido se distrair, não havia bebido e achou que teria condições de se manter de cabeça erguida nos próximos dias, mas naquele momento, se convencia do quanto estava enganada...

Ela precisava esquecê-lo... não importava como...

Então, a garota terminou de recolher as fotos, e as levou para cozinha, já abrindo a geladeira para pegar uma garrafa da bebida mais forte que estava escondida ali.

Não pensou duas vezes antes de se enfiar no álcool para amenizar sua dor...

Uma hora se passou...

E um tempo depois, Darcy já se encontrava bêbada, deitada em sua cama, olhando para todas as fotos do soldado...

.

Aos prantos...

.

Ela fechava os olhos, como se sentisse a presença de James... e a lembrança que tinha dele, apenas lhe fazia ter a imensa vontade de abraça-lo... e encontra-lo...

E foi o que a garota decidiu fazer...

Ela o encontraria, não importava como...

Naquele instante, a estagiária levantou de sua cama e caminhou para fora de seu quarto, trocando os passos, procurando por seu tênis para calçá-lo e sair do apartamento.

Darcy não tinha controle de cem por cento de seus sentidos... estava bêbada...

Ela pegou as chaves de seu carro e fechou a porta do apartamento.

Desceu as escadas com certa dificuldade, chegando ao estacionamento...

Ela entrou em seu veículo e deu partida...

Ao sair do prédio, a estagiária tentava manter o foco de sua visão, com muita dificuldade, enquanto suas mãos seguravam o volante com firmeza.

Era oito e meia da noite... e ela cruzava a décima segunda Avenida.

Dirigiu até a West Side Highway, que era uma seção de superfície na maior parte da Rota 9A do Estado de Nova York, indo da West 72nd Street ao longo do Rio Hudson até o sul de Manhattan...

Ela pisou no acelerador, pois conhecia e extensão daquela estrada.

Em sua mente desordenada, achava que talvez pudesse encontrar o soldado naquela região, já que ambos passaram por momentos maravilhosos ali...

A estagiária fechou os olhos... se perdendo de tudo... esquecendo da realidade ao seu redor...

No sereno das ilusões, se via caminhando até o horizonte... de forma ímpar... sem par...

Mas tudo o que sentia era a inundação descontrolada, invadindo seus poros desgastados, tentando desesperadamente afogar sua dor... tentando transformar seu choro em cinzas...

As lágrimas da garota não paravam de cair... e ela dirigia de olhos fechados...

Não conseguia conter os soluços dolorosos que saiam de sua garganta...

A imagem do soldado não deixava sua mente e não aceitava que ele tinha partido...

— Por que você... me deixou...? Por quê...? – Era tudo o que conseguia dizer naquele momento enquanto pisava no acelerador, aumentando a velocidade do veículo...

A aflição da ausência dele em sua vida, lhe destruía por dentro... causando uma avalanche e transformando tudo em ruínas...

Darcy não tinha forças nem para respirar, tamanho desespero por conta de suas lágrimas e o choro incessante que não lhe deixava dirigir...

Ela sobrevivia de tanto morrer...

Morria de tanto querer...

Que ele voltasse...

E então, a estagiária sentiu uma leve vertigem, que lhe fez perder a atenção na estrada a frente e...

Em alta velocidade, Darcy entrava no meio de dois carros, que também se encontravam muito velozes, causando...

.

.

Uma batida que fez com que seu carro voasse, dando diversas voltas no ar...

.

.

Os outros dois carros giraram, mas o veículo da garota parou do outro lado, na posição contrária...

Naquele instante, toda a estrada parou, por conta do acidente e ela, consequentemente sentiu uma colisão forte em sua cabeça...

Momentos antes de apagar, a estagiária pensava no sargento, não assimilando nada a sua volta e dizendo pra si mesma que...

Sentia sua falta e às vezes ouvia sua voz...

Há dias a saudade era tão grande, que quase se materializava, virando um abraço que lhe confortava... era como se ela entendesse sua dor...

Como se percebesse...

O quão vazia era...

Sem ele...

.

.

E então, mediante ao nível da colisão daquele acidente de carro...

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Darcy desmaiou...

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