Wintershock escrita por ariiuu


Capítulo 37
Sensações mútuas e duplamente ocultadas


Notas iniciais do capítulo

Pelo título já dá pra sacar o que vai acontecer nesse capítulo, certo? Eu aposto que muita gente está querendo me matar por fazer todo esse suspense e negação com os personagens, mas acreditem, eu fiz isso pra não deixar todo mundo enjoado caso eles cedessem. Ainda há várias formas de um casal interagir, antes de se acertarem, então espero que aceitem e não me matem, please, kkkkkkkkkkk
Divirtam-se.



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Darcy chegou no apartamento quinze minutos antes das quatro.

Inventou uma desculpa para Jane e Erik, e conseguiu a liberação mais cedo.

Era patético... ela nunca pedia pra sair mais cedo...

Logo Kim estaria ali, então a garota apenas se apressou em tomar um banho, lavar e arrumar o cabelo, se maquiar e se vestir rapidamente.

Estava desanimada depois de tudo, mas que escolha tinha? Acabou revelando o segredo mais indigno que estava escondendo de sua amiga, e teve de ceder à pressão, porque Kimberly segurou a barra quando Robert deu um pé em sua bunda no ano passado, então, a loira meio que não aceitava sua amiga naquele estado... por nenhum homem...

Darcy não queria ver sua melhor amiga se transformar no diabo da Beatrix do filme Kill Bill por não fazer o que ela dizia...

De qualquer forma, seus pensamentos seriam preenchidos por teorias malucas envolvendo Bucky Barnes e Natasha Romanoff...

Se sentia uma idiota e cogitava a possibilidade de se atirar do prédio mais alto de Manhattan...

Passados quarenta minutos, ela terminou o cabelo e a maquiagem, porém, a estudante tinha uma enorme dificuldade de fechar o zíper na parte de trás de seu vestido...

Era uma peça na cor preta, um pouco acima dos joelhos, colado ao corpo, modelando completamente sua silhueta.

Enquanto tentava sem sucesso fechar o zíper, ela calçava os sapatos, que se resumiam em um salto robusto na cor preta.

Darcy correu para a sala, desastrosamente, quase pronta para sair.

Seu cabelo se encontrava completamente ondulado, por conta do babyliss que havia feito nas madeixas, jogando-os para o lado.

A maquiagem também estava perfeita. Os olhos bem delineados e com uma sombra alaranjada, cílios avantajados por conta do rímel preto, as bochechas levemente coradas com um blush suave na cor carmesim, e os lábios bem definidos com pequenas camadas de batom em tons de cobre.

“Maquiagem bem-feita, um cabelo bem arrumado e o coração remendado. Ótimo, ninguém vai suspeitar.” – Ela pensava.

Tudo o que levaria para a sua balada fora de hora em plena segunda-feira era apenas uma nécessaire que mais parecia uma carteira, numa cor aperolada.

Faltando quinze minutos para que sua amiga estivesse ali, Darcy ainda tentava fechar o zíper de seu vestido.

— Minha vida... Uma trollada divina... – Afirmava, tentando não rir de sua própria estupidez, afinal, o que seria mais engraçado do que tudo o que vivia naquele momento?

Uma novela tragicômica, com pequenos toques de terror à la Exorcista, já que era tão azarada que a única explicação plausível para tanta má sorte era o fato de Belzebu estar ali zoando com sua cara.

Mas em meio a sua luta contra o zíper, ela ouviu o barulho da porta...

.

Bucky acabava de chegar...

.

“Ótimo... era só isso que faltava pra deixar meu dia melhor...” — Pensava, já fazendo uma carranca.

O soldado atentou para a figura da garota em frente a sacada, um tanto desastrosa, tentando puxar o zíper de seu vestido.

O mal humor dela era tão notável, que mais parecia estar prestes a rasgar o vestido.

— Hey, você está bem?

— Estou ótima, POR QUÊ!? – A estudante enfatizou o “por quê”, esbanjando agressividade.

Ela sequer virou o rosto para encará-lo. Não estava em condições emocionais e psicológicas de vislumbrar o rosto dele.

Percebendo que Darcy estava com dificuldades de terminar de se vestir, o soldado se aproximou lentamente.

— Você precisa de ajuda? – Sugeriu, não entendendo a postura intransigente dela.

Darcy bufou, completamente impaciente e se virou para ele.

— Não, por quê!? – Replicou, furiosa.

Sua expressão revelava descontrole e exasperação, mas não foi isso que assustou o soldado...

.

Mas em como a garota se encontrava incrivelmente linda...

.

“Ela está de saída...? Para alguma festa...?” – Ele pensava... já notando traços possessivos em suas indagações sobre ela sair naqueles trajes exuberantes e chamar muita atenção por aí...

A feição de espanto ficou nítida... era impossível esconder o quanto estava surpreendido por fita-la... exatamente daquela forma...

E Darcy reparou...

— O que foi? Nunca viu uma mulher arrumada antes? – Sua voz soou ranzinza, mostrando completo descontentamento com a cara de idiota que o mesmo fazia.

— Sim, mas já faz bastante tempo...

— Vocês homens são tão óbvios e idiotas... É tão fácil deixá-los deslumbrados com tão pouco...

— Por que está me dizendo isso?

— Por que você também é um homem. Igual a todos os outros... – E então, ela se virou novamente, tentando mais uma vez subir o zíper do vestido.

Bucky estranhava o comportamento da estudante nos últimos tempos. Onde estava aquela Darcy simpática, piadista e risonha?

— Por acaso eu fiz algo de errado? – Indagou, um pouco decepcionado por ser tratado de modo hostil pela estudante.

— Não, por quê...? Você fez...? – Ela devolveu a pergunta, deixando-o ainda mais confuso.

Dias antes, ela também o tratou de modo ríspido, mesmo pedindo desculpas e não entendendo o que havia feito para deixa-la com raiva.

— Não estou te entendendo... – De fato, ele não a entendia. Algo estava acontecendo e o sargento precisava entender o que era.

A garota girou o corpo mais uma vez, mas agora, se aproximava ainda mais dele, fechando o espaço entre ambos, quase que completamente...

Ela o fitou com precisão, estreitando os olhos, esboçando um aspecto desconfiado e ao mesmo tempo furioso...

Darcy ostentava uma pose desafiadora, enquanto mantinha a cabeça elevada, defrontando-o incisivamente, com os olhos semicerrados e os braços apoiados na cintura.

Sua postura acirrada era nítida... mas...

Tudo o que Bucky conseguiu notar, foi um perfume nunca sentido antes...

Darcy exalava uma fragrância deliciosamente inexplicável... um aroma adocicado e floral de jasmim misturado com uma fruta semelhante a cereja...

Uma essência fatalmente sedutora...

Ele apenas ficou em silêncio, se sentindo coagido por ela, pela primeira vez... porque quando pensava que Darcy Katherine Lewis podia ser facilmente previsível, ela o surpreendia com traços de personalidade enigmáticos e que não imaginava que a mesma pudesse ter...

Sua atual tensão agressiva era algo que lhe intrigou naquele momento...

— Você não faz ideia de nada, não é...? Mesmo sendo um espião...? – Ela replicou, com uma pose audaz e fortemente imperiosa...

Qualquer homem já teria sacado que ela estava apaixonada... mas ele não... embora não quisesse que o sargento descobrisse...

Darcy e sua bipolaridade... tripolaridade... quadripolaridade... se é que tais definições existiam...

Bucky se viu incapaz de arrancar seu foco da curva dos lábios dela, sentindo-se incomodado por causa do calor eletrizante em seu peito...

— Não é mais fácil você me dizer...? – Contestou-a, compelido pela atitude ousada da garota.

Ela o encarou por longos segundos, observando perfeitamente o cabelo do soldado emoldurando seu belo rosto simétrico e o quanto aquele par de olhos que a fitavam confusos sempre lhe hipnotizaram... desde que se conheceram...

Darcy suspirou, impaciente. Jamais poderia dizer o real motivo de seu mau-humor e inquietação... por mais que secretamente quisesse que ele descobrisse... ou não... céus, a garota não sabia o que queria...

— Esquece... – Ela virou de costas para ele, com metade do zíper de seu vestido aberto.

James percebeu que a garota não conseguia fechar o resto de seu traje, e então...

— Você quer ajuda...? – Seu tom de voz ecoou mais baixo e suave do que o comum, insistindo em ajudá-la... pela segunda vez...

Embora não entendesse porque ela estava lhe tratando tão mal e aquilo o incomodasse... seus cobiçosos olhos lhe pediam um desejo egoísta e totalmente fora de hora...

Era errado, mas estava tão enfeitiçado pela garota, que sequer conseguia racionar direito e tudo o que rodeava a sua mente naquele momento era em...

Tocá-la...

A estudante olhou para trás, ainda séria. Não sabia se seria inteligente deixar o homem pelo qual estava apaixonada, se aproximar e fechar o seu vestido.

Mas se quisesse estar pronta até as cinco, não tinha escolha.

— Sim, por favor. – Ela replicou, moderadamente.

E então... o soldado se aproximou novamente dela...

Ainda virada, a garota jogou seu cabelo para frente, deixando suas costas totalmente à mostra para ele.

Bucky não conseguiria não reparar no que estava em sua frente...

Darcy era formosa fisicamente... e naquele momento, se encontrava majestosamente elegante...

Seu corpo era extraordinariamente esbelto... esguio e refinado... As curvas de sua cintura bem acentuadas prendiam sua atenção... assim como a curvatura harmonicamente simétrica no meio de suas costas...

Observando cada centímetro de sua pele, ele notava o quanto a garota possuía várias pintinhas, distribuídas aleatoriamente...

Era encantador e ao mesmo tempo alucinante...

James sabia que sua visão sobre Darcy mudou drasticamente nos últimos tempos... Não a via apenas como uma simples garota que lhe estendeu a mão quando mais precisava, mas...

Ele a desejava... E não era apenas um efeito momentâneo ou transitório... mas estável... e quase infinito... consideravelmente forte e arrebatador...

E aquilo estava lhe deixando extremamente preocupado...

Às vezes, usava de seu incrível autocontrole, bom senso, cautela e domínio próprio para voltar a si, e tudo isso porque...

Não queria admitir para si mesmo que...

.

Estava completamente louco por ela...

.

Não tinha ideia de quando aquilo começou, porém, não permitiria qualquer indício de seus pensamentos transparecerem na frente da garota...

Por sorte, suas habilidades de inviabilizar todas as emoções, lhe ajudavam enganá-la, e seu plano seguia firme e forte, afinal... Darcy nunca percebeu ou demonstrou qualquer vestígio que o mesmo estivesse preso naqueles tipos de pensamentos e sentimentos sobre ela...

O sargento chacoalhou a cabeça, para afastar tais desvairos de sua mente, e se concentrar em fazer o que a mesma lhe pediu...

Bucky tentou então puxar o zíper, mas o mesmo se encontrava um pouco emperrado.

— Acho que está emperrado... posso puxar com mais força?

— Sim, vá em frente...

E então, o soldado trocou a mão que segurava o zíper, posicionando agora a mão humana esticada nas costas femininas, e aproximando o zíper para cima com a mão cibernética.

Mas o fecho travou mais uma vez, e então...

Ele deslizou os dedos humanos para o meio da curva das costas dela, no ímpeto de posicioná-la numa forma em que sobrasse um pouco mais de espaço para fechar completamente o zíper.

Quando a tocou, sentiu a suavidade e maciez de sua pele... ao mesmo tempo que seu olfato se deleitava com a fragrância um tanto fresca, gelada, e incisiva que Darcy exalava...

O toque de porcelana era apetecível... e apaixonante...

Uma pureza cristalina, límpida... e nívea...

O perfume dela lhe arrebatava... Era tão apetitoso e inebriante, que se sentia absorvido, a ponto do resto do mundo se dissipar...

Por um momento, Darcy estremeceu ao sentir as pontas dos dedos humanos deslizando suavemente em sua delicada pele...

O coração da garota falhou muitas batidas... não era fácil estar tão perto dele naquelas circunstâncias...

Seu toque era incrivelmente arrepiante... Os dedos reclinados sobre as costas dela, pressionavam levemente sua pele, e Bucky sentia-se levitar por causa do aroma transcendente que a garota emanava...

Estava tão petrificado diante de sua beleza, que o movimento das mãos dele soou um tanto robótico...

A estudante era tão delicada, que temia machucá-la involuntariamente... mas...

Desejos egoístas surgiam pelas frestas dos seus pensamentos... aos quais não se recordava de ter na presença dela antes...

Sentia-se impotente para combater o intenso anseio de tocá-la por inteiro...

James não sabia explicar, mas Darcy estava fazendo com que vivenciasse coisas que não sentia há muito tempo... Coisas que não sabia que poderia viver mais uma vez... ainda mais com ela...

E então... ele terminou de puxar completamente o zíper, para sua sorte ou azar...

Estava mais uma vez, prestes a fazer algo que se arrependeria...

A garota suspirou profundamente... era nítida sua irritação...

Ela se afastou imediatamente e se virou, ficando de frente para ele.

Ainda entorpecido, o sargento estreitou o olhar, vislumbrando o quão estonteante Darcy se encontrava... Sua aparência estava de parar o coração...

O vestido... a maquiagem... a silhueta delgada... curvas alucinantes... seios avolumados...

Inacreditavelmente apaixonante...

.

Ele via o céu nos olhos dela...

.

Mas o semblante áspero da garota ainda deixava um ponto de interrogação estampado na face do soldado.

Mesmo mal-humorada, ele a achava encantadoramente linda...

As coisas estavam tão estranhas em sua mente, que a frase que tinha lido a uns dias na coluna de um jornal, fazia bastante sentido...

.

Dizem que a curva mais bonita da mulher, é quando ela levanta a sobrancelha querendo te matar...

.

— Você não vai mesmo me dizer o que está te aborrecendo? – Contestou-a, incomodado e ao mesmo tempo fascinado por aquele olhar feral lhe era lançado.

Darcy sempre foi a serenidade para seus cruéis tormentos... mas agora... de alguma forma, sentia-se aflito por notar que nos últimos dias, essa realidade parece ter acabado.

O sorriso dela, valia muito mais que um diamante...

— Não é nada, então não se preocupe... – A garota passou por ele, se esquivando, mas automaticamente, Bucky segurou seu pulso.

.

— Boneca... me diga o que está acontecendo...

.

Sua voz fluiu plácida... e Darcy sentiu-se derreter após ouvir a palavra ‘boneca’...

Céus... Não queria se transformar numa mulher patética, então precisava se recompor e mostrar que tudo estava normal... ou ele desconfiaria de sua paixão infantil e pré-adolescente...

— Não é nada... Eu só estou muito tensa por causa do meu trabalho de conclusão de curso, por isso o mau-humor... mas logo volto ao normal... pelo menos até me formar...

— E quando você se forma...? – Bucky continuou segurando o pulso feminino...

— Em breve...  – Obtemperou, indiferente.

A frieza de Darcy estava deixando James louco...

O que poderia deixa-la daquela forma? Era só o seu trabalho de conclusão de curso mesmo, ou...

— Aquele cara não voltou a te procurar, voltou...? – O soldado mencionava o ex de Darcy na conversa.

— Não... não o vejo desde aquele dia em que você foi me buscar na Time Square.

A expressão apática e desinteressada da estudante desencadeava novas dúvidas na mente do sargento.

Ela nunca havia falado a respeito de Robert para ele, e quando pensava a respeito, percebia que Darcy era uma pessoa muito discreta quando se tratava de sua vida amorosa e relacionamentos passados.

O que o tal Robert fez para deixa-la com tanto ódio...? Ou será que toda aquela aversão na verdade era o indício de algo mais profundo que a mesma apenas queria esconder?

.

Darcy ainda tinha sentimentos por seu ex?

.

Essa era a única dúvida que o soldado tinha no momento, e que passou a incomodá-lo de uma forma nunca sentida antes.

— Por que você e seu ex se separaram? – A contestava, repentinamente, deixando a garota confusa com aquela indagação.

— Por que está me perguntando isso?

— É só porque você se refere a ele com muito ódio e queria entender porquê.

— O motivo é bem clichê, mas não estou afim de falar sobre isso. Esse assunto me cansa. – A estudante colocava algumas coisas em sua nécessaire, ignorando-o.

A resposta dela era bem rasa... e isso só alimentava ainda mais suspeitas em James.

Ainda tentando se manter no assunto para entender o que de fato havia acontecido entre ela e o ex, o sargento voltou a fazer perguntas sobre ele.

— O tal Robert foi tão ruim pra você...? O que ele fez...? – A pergunta tão inesperada fazia a estudante estranhar todo aquele interesse no seu antigo relacionamento.

Darcy se virou novamente, o fitando com uma expressão um tanto gélida.

— Eu não acho que tenha que falar disso com você... – A voz dela soou muito mais fria do que de costume.

Bucky notou a resposta impassível e suspeitava que havia um significado muito oculto naquela resposta...

A garota nem parecia a mesma pessoa... e o soldado jamais acreditaria se lhe dissessem que Darcy Lewis podia ser tão insensivelmente ríspida em algumas horas.

Sua expressão gélida lhe assustava... não era comum... aquilo lhe atormentava em todos os sentidos.

Qual era o significado daquela resposta...?

Não podia ter certeza de nada, mas tal dúvida passou a martelar a mente do sargento e ele precisava ser direto com ela...

Aquela suspeita estava começando a lhe irritar...

— Lewis... me responda uma coisa... – O timbre dele levemente exprimiu indelicadeza.

— Sim...

.

— Você ainda ama esse cara...?

.

Os olhos dela o rodearam... caóticos...

— O quê!? Claro que não! Eu quero que ele morra! – Contrapôs, muito alterada. Aquela pergunta era uma afronta.

— Eu estou falando sério... – James estava irritado e ela percebia isso através do olhar exasperado que lhe era lançado.

— Eu deveria estar muito ofendida com essa pergunta sem cabimento...! – Darcy franzia o cenho, desferindo uma feição exaltada na direção de Bucky.

— Então porque você o odeia tanto...? – As dúvidas que pairavam na cabeça dele apenas o fazia tirar conclusões que lhe deixavam ainda mais encolerizado.

— Porque o Robert me machucou da pior forma possível... foi uma época terrível... ele me causou uma grande ferida... – A garota massageava as têmporas quando se lembrava da ocasião em que quase virou um zumbi por conta do sofrimento de ter sido deixada pela pessoa que mais amava.

— E o que você está fazendo a respeito para cicatrizar essa ferida? – Existia outras perguntas nas estrelinhas daquela... James pensava que talvez a garota ainda nutrisse fortes sentimentos pelo ex e estava disfarçando na frente dele.

Não eram suas habilidades de espião que lhe diziam aquilo... era a intuição de um homem que estava totalmente em conflito por causa dela...

— O que estou fazendo pra cicatrizar a ferida...? Deixando o tempo curá-la... – A estagiária articulou, com certa melancolia em sua voz. Não queria se lembrar da época em que Robert era o seu sol e que havia planejado tantas coisas maravilhosas com ele...

Suas expectativas eram tão altas com seu ex, que quando ele a deixou, não conseguiu confiar em mais ninguém...

— E o tempo tem curado sua ferida...? – Inquiria, receoso. Ele esperava uma resposta positiva da parte dela.

— O tempo tem ajudado... e bem, eu tenho muitos planos para a vida... mas eles dão tão certo quanto os da equipe Rocket... – Darcy voltava a se ironizar, citando os vilões de Pokémon como analogia, mas Bucky não entendia o que aquilo significava... quem era equipe Rocket?

— Eu não tenho ideia do que isso significa... – Replicou, um tanto irritado por não compreender o que a estudante queria dizer.

Darcy sorriu singelamente.

— Só existem dois tipos de pessoas no mundo: as que choram e as que vendem lenço. Agora eu estou no lado das que vendem lenço, entendeu? – Aquela nova analogia clareava um pouco as suspeitas dele, mas nem todas... ainda estava confuso sobre o antigo relacionamento da garota.

— Você pode dizer isso na frente de qualquer um, Darcy, mas são suas ações que mostram o contrário.

A garota arqueou a sobrancelha. Onde ele queria chegar?

— E o que exatamente você quer dizer com isso?

— Que você pode estar mentindo.

— Por que eu mentiria? Estou dizendo a verdade.

— Então prove... – James a encarava com certa cólera no olhar, deixando-a confusa, porém... Darcy estava de saco cheio de sempre ser nocauteada pelos homens pelo qual se apaixonava, incluindo o próprio Bucky Barnes.

— Você está me desafiando...? – Ela o indagou, defrontando-o agressivamente.

— Talvez eu esteja... – James semicerrou o olhar e cruzou os braços, ainda a encarando firmemente, numa uma pose implacável e ofensiva.

— Certo... então para mostrar que estou dizendo a verdade, vou fazer algo que talvez sirva como prova...

— E o que seria...?

.

— Vou sair daqui, descer as escadas e assim que cruzar a porta do prédio, vou beijar o primeiro cara que aparecer na minha frente...

.

Darcy concluiu, convicta, e aceitando o desafio do soldado, que naquele exato instante...

Arregalava os olhos, completamente surpreendido...

A expressão do sargento arrancou um sorriso de canto obstinado dos lábios de Darcy, que já imaginava que ele não esperava por aquilo.

— Mas isso não prova nada... – Retorquia, abismado com sua decisão. Ele não podia permitir que ela fizesse tamanha loucura.

— Bem, talvez prove... e se acidentalmente eu esbarrar em alguém lá fora que pode ser o amor da minha vida...? – E então, a garota continuou sorrindo, vitoriosa, sabendo que provavelmente havia vencido aquele round.

Ela passou a caminhar de forma majestosa, em seu salto alto, numa pose esplendidamente ostentosa e ufana...

Lentos passos garbosos de uma mulher no auge da juventude...

James sentiu uma compressão no estômago. Ela estava falando sério? Cometeria tal delírio só para mostrar que não amava mais o ex?

Até onde Darcy iria com suas loucuras...?

Bucky não conseguia sequer pensar que qualquer homem, seja quem fosse, a tocasse... só de imaginar a cena em sua mente, sentia que tal pensamento servia como gatilho para puxar o Soldado Invernal das profundezas mais obscuras de sua mente, a ponto de perder o controle...

Era um pensamento um tanto possessivo... mas não estava tendo domínio de nada naquele momento....

E então, quando a garota finalmente passava por ele...

.

Ela sentiu a mão humana agarrando seu pulso...

.

— Hey... por que está me parando!? – Darcy inquiriu, com uma expressão de fúria em seu rosto.

James vislumbrou o rosto da estudante... ela nunca exibiu aquela feição antes... era...

Extraordinariamente linda...

O soldado se viu perdido no charme ofensivo da garota...

Darcy não sabia o quão sedutora e poderosa estava naquele momento...

Ele também não tinha ideia que ela podia ter aquele tipo de expressão facial...

Não era apenas Natasha Romanoff, a mulher mais letal do mundo, que fez suas entranhas se contorcerem no passado? Por que a estudante também estava fazendo-o ter aqueles efeitos devastadores? Tão mais nefastos do que a Viúva Negra o fez sentir um dia?

Sem saber como reagir, ele apenas disse a primeira coisa que veio em sua mente.

.

— Você não precisa ir lá pra baixo pra fazer isso... tem um homem bem na sua frente agora mesmo...

.

Os olhos da garota larguearam... espantados...

Ela inclinou um pouco a cabeça para o lado, observando-o atentamente, como se estivesse desacreditada do que ouvira naquele momento.

James Buchanan Barnes estava se oferecendo para aquele teste maluco?

O soldado estava insinuando que ela deveria...

.

Beijá-lo...?

.

— Você não pode estar falando sério...

— Estou falando bem sério... – O tom de voz de Bucky soou grave e áspero.

E alguns segundos se passaram... com ambos se encarando... impetuosamente...

A estudante não estava levando tal absurdo a sério e a única coisa que se passava em sua mente era...

Que talvez o sargento estivesse enxergando sua avó nela, já que foi apaixonado pela mesma no passado...

Claro, porque não havia outra explicação...

— Bucky... pare de enxergar Katherine Blanc em mim. Eu não sou a minha avó.

O soldado ficou um tempo em silêncio antes de responder...

— Mas é você quem estou vendo nesse exato momento...

— Não, não é... e isso não tem graça... – Redarguia, com resquícios de frustração em sua voz.

Ela reparava o quanto James a fitava atentamente... e seu olhar lhe afligia...

Poucos segundo se sentindo triunfante e lá estava ela... desmoronando outra vez na frente dele...

Céus, não estava sendo fácil se manter perto do soldado e sentir todos aqueles malditos efeitos que insistiam em lhe derrubar fatalmente...

Darcy estava muito alterada... A verdade era que a garota sentia mais do que demonstrava...

Os vergonhosos sintomas de quando se está apaixonado eram letais... os batimentos cardíacos aumentam, o ar não chegava aos pulmões, as entranhas se contorciam, ocasionando uma forte compressão no estômago, as mãos ficavam trêmulas, os joelhos se tornavam bambos, as mãos suavam frias, as palavras saiam gaguejadas... Não seria fácil minimizar tais efeitos, mas ela precisava, para sua própria segurança...

Não poderia deixa-lo domar seu coração apenas com um toque...

A garota ergueu o rosto e o mirou, no ímpeto de se explicar e convencê-lo a não se preocupar com o seu humor, mas...

.

Com o vislumbre do olhar fascinantemente azul, ele arruinava a sua razão...

.

Não conseguia quebrar o maldito sortilégio que invisivelmente o soldado lhe aprisionava...

James Buchanan Barnes era um homem irresistível... mas não era só isso... Ela admirava cada traço de personalidade dele... todo o seu mistério, seu cavalheirismo, seu antigo patriotismo, seu heroísmo, sua timidez, sua coragem, ousadia, sua força e virilidade... Sua história de vida... tudo nele era incrível... mas não podia ceder, porém, àquela altura, já era impossível...

A expressão dela descongelou, dando lugar a uma fisionomia subjugada, tamanho fascínio...

Darcy fechou os olhos por instinto. Não conseguia mais encará-lo... estava extasiada e acabou evidenciando tamanha infâmia na frente do soldado.

James não entendeu a reação dela, estranhando a conduta da estudante, mas...

Ruídos no vidro da sacada tiraram ambos daquela situação, repentinamente, arrancando suas atenções.

Alguém estava jogando pedrinhas em sua sacada, já que o vidro estava fechado.

Mas como? Ela morava no sétimo andar... isso era impossível... e só havia uma pessoa que conseguia fazer aquilo...

Darcy se afastou e Bucky soltou o pulso dela.

Quando a garota abriu as portas de vidro da sacada...

.

.

Robert estava lá embaixo, com os braços abertos, gritando para que a mesma descesse...

.

.


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Notas finais do capítulo

E agora, galera? O Robert apareceu e a Darcy está toda lindona, prestes a sair pra balada com a amiga... além do mais, o nosso soldado está todo caidinho, cheio de ciúmes, achando que ela ainda ama o ex... no que isso vai dar? Paulada, obvio. Teremos uma bela cena de agressão no próximo, já que Bucky e Robert estarão prestes a se enfrentar. Garanto que vai ser bem inesperado a forma como isso vai desenrolar, kkkkkk
No próximo, veremos as duas amigas na balada... e tudo de boa, certo? Errado. Uma ameaça estará por vir, mas nada que coloque a vida de ambas em perigo.



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