A Bela e o Morcego escrita por Valdir Júnior


Capítulo 7
O Final




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“Matt” Murdock levantou a cabeça, buscando captar os sons à sua volta. Apesar de ser cego, seus outros sentidos funcionavam em níveis muito superiores a de qualquer outro ser humano. Ele não dependia da visão para “enxergar” e sentir o mundo a sua volta.  Eram estes super-sentidos, aliados a sua coragem e capacidade atlética que possibilitavam a ele combater o crime no bairro Hell's Kitchen, em Nova York, como Demolidor, o homem sem medo.

Mas naquela noite ele era antes de tudo o advogado Matthew Murdock, que esperava ansioso a chegada dos importantes documentos que estavam sendo trazidos de Gotham City e que eram primordiais para provar a inocência do Sr. Charles Lanza, seu cliente que estava sendo julgado em um caso de duplo assassinado.

Ele estava no heliporto do Clarim Diário, no topo da sede do jornal, em Nova York. Tinha conseguido a autorização de Robbie Robertson, o vice-editor, para a que pudesse receber ali sua amiga Jessica Jones, investigadora que ele contratara para negociar a compra dos documentos.  Foi ela quem pediu para que ele a esperasse ali, sem entrar em maiores detalhes. E ela já estava um pouco atrasada.

Quando ele estava consultando a hora mais uma vez, com os dedos, no seu relógio especial para deficientes visuais, ouviu um barulho abafado que parecia ser de turbinas, e que foi se aproximando, até parecer estar no alto, bem sobre a sua cabeça.  Levantando o rosto, Matt se concentrou e acionou o seu sentido de radar, usando o próprio ruído do veículo que estava flutuando, parado logo acima, para “ver” seu contorno. Era diferente de todo que conhecia, parecendo um jato compacto, com grandes asas largas e recortadas, e que estava pousando verticalmente, levantando um pouco de vento.

Assim que o vento e o ruído cessaram, Matt ouviu o barulho da cobertura pressurizada do veículo se abrir e de alguém saltar para o chão e caminhar na sua direção. Os seus sentidos identificaram os passos e a silueta inconfundível de Jessica Jones. E logo atrás dela saltou alguém cuja silueta ele não “via” há muito tempo. Estava explicada a estranha configuração do veículo.

Assim que chegou perto dele, Jessica disse com certo entusiasmo:

— Missão cumprida, Murdock. Aqui estão os documentos. - E colocou o a pasta nas mãos do advogado.

— Muito bem Jessica, amanhã mesmo registrarei uma cópia deles na corte. Mas você não voltou sozinha. – E virou-se para o Homem-Morcego com a mão estendida – Como vai, Batman? É um prazer falar com você novamente.

Batman apertou a mão do advogado como se fossem velhos amigos.

— Estou bem, Matt. E o prazer é meu.

Jessica olhou intrigada para Murdock, perguntado:

— Ei, como você sabia que ele é o Batman? (1)

— Muito simples. Primeiro, nós já nos encontramos outras vezes, e uma vez que eu conheça a pessoa, posso identificá-la pelos passos. E não conheço outra pessoa que caminhe como ele. Segundo, você está vindo de Gotham City, voando num jato diferente de tudo que eu conheço. Foi fácil deduzir.

Jessica Jones aceitou esta explicação meio desconfiada.

— Ok, Jessica – continuou “Matt” - Agora gostaria que você me explicasse porque foi o Homem-morcego que a trouxe de volta a Nova York.

Jessica Jones fez o relatório de tudo o que havia acontecido em Gotham, desde sua chegada à cidade, seu encontro com os capangas de Maroni e com o Batman, até sua visita ao escritório de “Big Lou”, quando ficou sabendo do envolvimento de Wilson Fisk e recuperou os documentos. Naturalmente omitiu alguns pontos, principalmente os referentes a voar pela cidade e arrancar um painel blindado com as mãos. Este é um segredo que ficaria somente entre ela e o Batman.

Quando Jessica acabou de contar tudo, Batman completou sério:

— Por isso preferi trazer a senhorita Jones pessoalmente. Neste momento Wilson Fisk com certeza já sabe que os seus planos foram frustrados e isso o torna ainda mais perigoso. Mesmo com toda a sua capacidade, ela não estaria totalmente segura se viesse de Gotham para cá usando os meios de transporte habituais. Por garantia, eu vim usando o jato em modo furtivo, portanto ninguém nos viu chegar.

— Foi uma precaução acertada – disse “Matt” – A influencia do Rei do Crime é muito grande e todos aqueles que se colocam no seu caminho correm sério risco.  Por isso os originais destes documentos ficaram comigo em um local seguro até eu poder apresentá-los ao tribunal.

— Tenho que lhe entregar outra coisa – disse Jessica, tirando um envelope do bolso e entregando para Murdock – É o dinheiro que eu usaria para pagar Dom Maroni pelos documentos. Não foi necessário usar. Devolva-o ao Sr. Lanza.

O Homem-Morcego estendeu a mão mais uma vez a “Matt” Murdock, que a apertou com simpatia. O mascarado deu um meio sorriso e disse:

— “Matt”, foi bom vê-lo mais uma vez. Continue o bom trabalho que tem feito aqui em Hell's Kitchen. Sei que tudo fica mais seguro com você por perto.

— Obrigado mais uma vez, Batman – disse Murdock – Até a próxima.

O Homem-Morcego começou a caminhar em direção a seu jato, quando parou e se virou para Jessica Jones.

— E, Jessica... – disse usando o primeiro nome dela.

— Sim? - perguntou ela, surpresa.

— Obrigado pela ajuda. Foi muito bom te conhecer.

Um minuto depois, o jato decolava suavemente, partindo em direção a Gotham City.          

 

FIM

Referência do Capítulo:

(1) Neste momento Jessica Jones ainda não sabia que “Matt” Murdock era o Demolidor e que ele e o Batman já haviam lutado lado a lado em pelo menos duas ocasiões.


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