A caminho das masmorras, para a aula de poções, Pansy falava a respeito de umas aulas extras de que o professor Snape havia prometido apenas para os alunos da Sonserina, e Crabbe deu um cutucão em Goyle:

— Olha, é a sua chance de tentar aprender alguma coisa, seu mongol! Não entendo como consegue confundir raízes de Mandrágora com escamas de dragão norueguês!

— Eu acho que o último que explodiu o próprio rosto foi você, Crabbe, misturando lágrima de elfo com folha de tritel!

— Não se diz tritel, sua besta, é tirtel!

— Besta é você, explodidor de coisas!

— Não se diz explodidor, se diz... – Crabbe parou, coçou a cabeça para pensar um pouco, mas não encontrou a palavra.

— Explodidor está certo, seu ignorante! – Goyle exclamou vitorioso.

— Só se for o “explodidor” que sai de trás de você depois que você come tudo que vê pela frente!

— Pior você, que solta isso pela boca!

Enquanto isso, Pansy fazia caras e bocas:

— Que nojo! Draco, manda eles pararem com isso! – Ela reclamou.

— Eles são meus amigos, se te incomodam, não fique perto. – Respondi. Estava irritado demais para aturar as meninices dela, e impaciente demais para me incomodar com as briguinhas bestiais e rotineiras do Crabbe e do Goyle.

Eu tinha que me focar no meu objetivo, e ainda tinha que decidir se realmente aceitaria me tornar um comensal da morte.

A esta altura me perguntava se Luna já haveria lido a carta. Pela maneira com que reagiu esta manhã, provavelmente não, mas receio que tudo vá mudar depois que ela souber.

Não sei exatamente quando me decidi, mas já estava há algum tempo pensando em contar parte das coisas a alguém. É extremamente sufocante carregar tantas responsabilidades e decisões sobre os ombros, e eu não tenho amigos, não de confiança, para desabafar de vez em quando. Luna sabe guardar segredos, eu sei que ela sabe. Eu sinto que ela é capaz.

Não que eu vá seguir seus conselhos, algum dia.

Sentei numa cadeira perto da parede, ao lado da mesa do professor Snape. Aquela aula era o ponto alto do meu dia, onde eu assistia de camarote o professor esmagar, humilhar, esnobar e ignorar o Harry Potter. Eu nem preciso dizer que adorava isso.

Harry já estava lá, cercado por Rony, o pobretão, com seus materiais de segunda mão, e Hermione, a nerd. Snape entrou na sala deixando sua capa desabotoada, para que o vento a fizesse abrir, dando um ar mais sombrio. Eu gostava disso também, raramente fechava minha capa, este efeito era assustador para os novatos.

— Separem lágrima de elfo, Grúndulas esmagadas, unha de morcego e pena de hipogrifo, hoje faremos uma poção alucinógena que serve para fazer o inimigo cair em choro, revendo seus piores pesadelos. – o professor falou, já separando a turma em grupos de quatro.

Ficamos Crabbe, Goyle, Pansy e eu, o que já era uma formação usual. Potter se uniu a Rony, Hermione e Neville.

— Primeiro precisamos de um quarto de metro cúbico de água, nem uma gota a mais ou a menos. – Snape continuou com as instruções. – A água precisa estar a zero graus, então considerem o gelo a derreter no cálculo do volume de água.

— Vinte e cinco mililitros de água é o que precisamos. – Hermione falou.

Então um aluno da Sonserina se levantou em direção a eles.

— Hey, devolva minha pena de Hipogrifo! – Rony berrava para Carlus. – Devolve logo ou...

— Ou o quê? Vai me bater, seu maricas? – Carlus falou zombando. – Estamos precisando da pena, achado não é roubado!

— Você não achou, seu imbecil, esta pena é dele. – Hermione se intrometeu.

— Cala a boca, sangue ruim! Vocês precisam aprender a segurar seu material, não tenho culpa se são relaxados e deixam tudo solto sobre a mesa! – O menino completou chutando o caldeirão do grupo, entornando toda a poção semipronta no chão.

Snape fingia não ver, e eu não conseguia me controlar de tanto rir das caras de paspalhos deles.