CAPÍTULO QUATRO

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Me dê um sinal

Pegue minha mão, nós ficaremos bem

Prometo que não vou te desapontar

Apenas saiba que você não

Tem que fazer isso sozinha

Prometo que eu nunca irei te desapontar

—

—

Não conseguia acreditar nisso, sentia vontade de sumir, sentia vontade de ir até Sasori, mas seu corpo não reagia, agora lá estava ela, parada na porta que dava ao salão encarando seu noivo, que lhe encarava esperando seu próximo passo e todos os olhares estavam sobre ela.

“Por favor, só um passo.”. Implorou a sua consciência ao apertar o buquê entre seus dedos, a mão de seu pai tocou seu ombro, e ela o encarou. Que vontade de chorar. Mordeu o lábio inferior encarando o Haruno mais velho, mas não ouviu o que ele dizia, alias, ela não ouvia nada, nem sua consciência.

Seus olhos voltaram para o salão e ainda estacada no mesmo lugar, passou em Sasori, que lhe encarava com a sobrancelha ruiva arqueada. Oh céus! Ele não merecia aquilo, ele era tão preciso, tão bom, tão Sasori, mas ela não conseguia, não poderia.

Seus olhos caíram sobre Sasuke, que não a encarava, olhava para frente, para qualquer ponto, menos para ela, sentiu ali, seu mundo girar e seu coração agitar, mais do que já estava. Como o amava, mesmo depois de tudo, não conseguia arrancá-lo de seu coração e isso era tão injusto, tanto com ela quanto com Sasori, que ainda a esperava.

Quando viu, seus pés já iam em direção ao altar, mesmo sem perceber, seu pai a puxava levemente, quando percebeu, parou, fazendo seu pai parar junto, seus dedos apertaram, mais ainda, o buquê e ela se viu incapaz de escapar daqueles sentimentos.

Ela amava Sasori, muito, por tudo o que ele havia feito e por mais um pouco, ele sempre foi o homem perfeito para ela, se ela pudesse escolher uma pessoa para amar eternamente, era obvio que escolheria o Akasuna para envelhecer do lado e criar os milhares de filhos que desejava, entretanto, ela não mandava em seu coração.

Sasori era o homem perfeito, para qualquer mulher, inclusive para ela, apesar de amá-lo incondicionalmente, ela sabia que não era do jeito que ele a amava, e isso era tão injusto, tanto com ele, quanto com ela.

Seu coração pertencia unicamente a ele, ao maldito garoto que a atraiu desde que nem sabia o que era gostar de alguém, seu coração pertencia a aquele que mais o maltratou, seu coração era de Sasuke, mesmo que ele não merecesse.

Oh, como estava perdida. Queria um e amava outro, isso era desgastante e ela demorou dez anos para perceber isso. Como foi tola em acreditar que poderia esquecer Sasuke e todo o amor que sentia por ele. Porque não podia simplesmente esquecê-lo? Mas ela sabia a resposta, ela não se esquecia dele porque não queria. Ela sempre o amaria, apesar de tudo.

As lágrimas escorreram por seu rosto sem se preocupar. Ela não podia fazer aquilo com Sasori, nem com ela, e infelizmente, nem com Sasuke. Ela só se enganaria e os enganaria. Sasori veio em sua direção e ela sentiu que não seria capaz de encará-lo naquele momento. Soltou-se do agarre de seu pai e deu um passo para trás, até seus olhos caírem em Sasuke, que agora a encarava com a boca entreaberta, demonstrando sua surpresa com a atitude dela.

— Sakura…— A voz de Sasori atraiu sua atenção e ela sentiu o aperto em seu coração ao notar o olhar desolado do ruivo.

— Eu… Me desculpe, mas eu não posso fazer isso. – Sua voz saiu baixa, suas mãos agarraram o vestido o levantando um pouco, para não tropeçar quando começasse a fugir. – Eu não posso fazer isso, não com você, meu amor.

Não deu tempo de resposta, apenas virou-se e saiu dali, precisava se afastar daquilo, precisava se afasta de Sasuke e Sasori, precisava apenas sumir.

Ela não poderia fazer aquilo com o homem que a amou incondicionalmente todos os dias de sua vida nos últimos sete anos, isso seria egoismo e se tinha uma coisa que ela jamais se permitiria ser, era ser egoísta. Ela não teria coragem de fazer com outro, o que ela não queria que fizessem com ela, por este motivo, ela não poderia continuar com aquele casamento, sabendo que poderia magoar profundamente o homem que a amou.

Sim, ela sentiu vontade de voltar e jogar-se nos braços do Akasuna quando o viu lhe seguir, encarando-a desnorteado, pois ver aquela expressão no rosto do homem que a fez feliz por um longo tempo, era doloroso e angustiante, mas naquele momento, ela não podia fazer isso.

§-§

Não soube bem quando saiu de onde estava e correu atrás dela, da mulher que amava, que saia do salão e forma apressada para uma mulher que usava um vestido longo e salto alto. Até tentou chamar, mas ela pareceu não ouvir, foi quando se viu, diante da entrada do grande hotel, segurando-a pelo braço, fazendo-a olhá-lo.

Ela chorava compulsivamente, neste momento, ele não pensou duas vezes antes de puxá-la para seu abraço, esmagando-a em seu peito, enquanto alisava sua cabeça e a deixava chorar. Sabia que Sasori estava logo atrás, com vários familiares e amigos, assistindo a cena, mas ele não se importava, ele parou de se importar a muito tempo com o que os outros achavam.

Sentiu Sakura apertar a roupa em suas costas e soluçar com a cabeça escondida em seu peito, a Haruno só queria chorar e ele permitiria isso, ele não questionaria nada, apenas deixaria que ela chorasse em seu peito por horas a fio se necessário, só para tê-la em seus braços, mas infelizmente, o choro logo cessou, fazendo-a se afastar e um táxi encostar.

— Eu preciso ir. – E assim ela entrou no táxi e foi embora, sem olhar para trás, para ele ou para Sasori e ele teve que assistir, ela ir embora, mais uma vez, sem poder fazer nada.

— Eu acho que você precisa de uma bebida, meu amigo. – Itachi falou ao seu lado, tocando em seu ombro.

Foram para o bar no hotel, onde Sasuke pediu ao garçom para deixar a garrafa, seu irmão, apenas lhe assistia beber, com atenção, esperando que ele começasse a falar, coisa que não aconteceria, porque naquele momento, ele não tinha nada para falar.

— Porque agora? – Itachi perguntou quando Sasuke tombou a cabeça sobre os braços no balcão. – Porque voltou só agora e não quando descobriu que eles estavam juntos?

— Eu não podia. – Sasuke falou fechando os olhos e balançado o dedo indicador.

— Porque não? – Estava curioso, Sasuke não era de se abrir com ele, apesar de ser seu irmão.

— Eu não poderia estragar a vida dela, não depois que ela começou a seguir com ela, sem falar que nosso pai jamais permitiria que eu abrisse mão da filial…— Sasuke falou tão baixo, que ele quase não ouviu. – Sem falar, que eu tive que abrir mão da minha vida, eu tive que abrir mão de Sakura.

E tudo fez sentido. Sasuke sempre foi louco por Sakura, apesar de não demonstrar, mas para acatar a ordem de seu pai, que simplesmente abriu mão da mulher de sua vida e foi embora, deixando-a para trás e se arrependendo amargamente mais tarde de tal decisão.

Por mais que fosse uma hora trágica, isso o fez rir, seu irmãozinho continuava um tolo.

§-§

Seis meses… Esse era o total de tempo que não se tinha notícias de Sakura, nem para saber se ela estava viva ou morta, o pouco que se sabia da Haruno era que o relacionamento da mesma com Sasori chegou ao fim após uma longa e demorada conversa, no antigo apartamento do casal.

Depois disso, Hinata, que era seu contato direto sobre notícias da mulher que amava, se recusava a dar qualquer tipo de informação, até mesmo o endereço do escritório da Haruno, a Uzumaki se negou a dar e quando ele tentou forçá-la, Naruto o ameaçou, como ele já havia brigado com o loiro, sabia muito bem que suas ameaças nunca eram rasas, por este motivo, focou-se no trabalho para esquecer que a mulher que amava havia sumido e deixado apenas uma carta.

Carta não, aquilo era um bilhete, e sempre que percebia, pegava-se lendo aquele maldito pedaço de papel, só para matar a saudade que jamais seria saciada.

Respirou fundo e fechou os olhos. Estava cansando, não dormia bem a um bom tempo, mau se alimentava, apesar de comer forçado, já que todos os dias Itachi aparecia em sua sala, para levá-lo para almoçar e fiscalizar sua alimentação, suas noites de bebedeiras haviam diminuído drasticamente, já que nem Naruto e nem Itachi largavam de seu pé.

Tentou fica imóvel por alguns segundos e quem sabe, cochilar um pouco, até seu celular apitar, resmungando um palavrão o aparelho, desbloqueou e leu a mensagem, levantando-se num pulo e vestido o blazer de forma desajeitada enquanto saia de sua sala, assustando até sua pobre secretaria.

Por mais que tentasse, era difícil esconder o sorriso, surpreendendo a muitos, que estava acostumado com seu mau humor diário e tudo isso por causa de uma única mensagem, de uma única pessoa.

“Acho que precisamos conversar. Encontre-me no bar do hotel Cosmopolitan. Sakura.”

Vê-la, sentada naquela banqueta fez seu pobre coração bater forte contra suas paredes de seu peito. Eram apenas alguns meses que não a via, agora se perguntava como ele havia conseguido ficar dez anos sem olhar para aquela mulher, que lhe encarava de volta, como se lesse sua alma.

§-§

Extra

O envelope estava sobre a enorme pilha de papel sobre sua mesa, respirou fundo e coçou a nuca, se aquela coisa fosse mais uma brincadeira de Naruto, ele jurava que chutaria a bunda do Uzumaki, mas ao pegar o pequeno envelope rosa pastel e perceber a caligrafia, sentiu seu coração bater mais forte.

Era de Sakura. Era uma carta de Sakura.

De forma abrupta, abriu a carta de forma desajeitada e pegou o pequeno papel branco dobrado ao meio e começou a ler atentamente após se jogar sobre sua cadeira.

“Oi, quanto tempo, não é mesmo? Eu precisei de muita coragem para lhe mandar esta carta, por isso, leia com bastante atenção, Sasuke.

Eu não faço ideia o motivo pelo qual você tenha voltado, minha vida estava seguindo seu curso, sem preocupação, tudo estava caminhando do jeito que eu queria, mas você tinha que retornar e estragar tudo, não é? Fazer as coisas do jeito certo nunca foi seu forte, Uchiha, ainda mais quando tinha outras vidas envolvidas.

Sim, eu deveria ter me casado com Sasori, eu merecia isso, mas meu coração não achava isso. Eu amei Sasori com todas as minhas forças, mas não foi suficiente para esquecê-lo, e mesmo o amando muito, esse amor não é suficiente para perdoá-lo por todo o mal que me causou, intencionalmente ou não.

Não, eu não nos vejo juntos, eu não o vejo mais em minha vida, Sasuke. Eu não vejo um futuro ao seu lado. Doloroso, não é? Essas foram às palavras que você usou para terminar comigo há dez anos, elas ficaram guardadas e hoje, eu digo elas a você.

Por mais que você queira ficar comigo, eu não posso ficar com você, Sasuke. No momento, ficar com você é algo doloroso e eu não preciso dessa dor na minha vida no momento.

Eu posso amá-lo, mas eu também me amo o suficiente para saber o que eu preciso no momento, e não é você. Por isso, por favor, não me procure, quando eu estiver preparada para conversar, eu te procuro.

Com carinho.

Sakura Haruno.”

As palavras foram dolorosas e por mais que não quisesse aceitar, ele aceitou e chorou, como a muito não chorava.

Talvez ele fosse apenas um garoto que ainda estava aprendendo sobre o amor, e sua única professora não estava disponível para ele, no momento.