O Conto de Farsas escrita por Gabriel Campos


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Boa noite, menininhas. Espero que gostem da história.
Música para o capítulo:
Sleeping Alone - Lykke Li
https://www.youtube.com/watch?v=OB1aoelO_Ow



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Prólogo

Naquele dia , fui até o barzinho que você costumava frequentar. O lugar estava calmo, como de costume. Casais e grupos de amigos jogando conversa fora enquanto eu era a única plateia, assistindo a todas aquelas pessoas interagindo ao mesmo tempo. Palavras misturadas de várias conversas diferentes penetravam meus ouvidos, eu nada conseguia entender.

Por vezes, meus olhos se fixavam em direção à porta de entrada. Tocava uma música lenta, o que talvez fizesse meu coração se apertar a cada segundo daquela melodia.

Vi alguém entrando; achei que fosse você. Na verdade, sempre que alguém passava por aquela porta, eu acreditava que fosse você. Talvez porque eu queria que você estivesse ali, naquele momento.

 

Eu não queria dormir sozinho naquela noite. Não era justo comigo, não era justo com você também. Porém, eu sabia que você estava longe. Talvez a milhas de distância. Sabia-se lá Deus quando nos veríamos de novo.

E se nós ainda ficaríamos juntos, depois de tudo.

Virei de costas para a porta e pedi uma dose de vodka ao bartender. A mais barata, a que o salário de um jovem professor de matemática poderia pagar. Eu precisava colocar na minha cabeça que dali em diante eu deveria parar de pensar em você. Você teve seus motivos para ir embora e eu apenas deveria aceitá-los. As circunstâncias estavam todas apontadas para, simplesmente, seguirmos nossas vidas longe um do outro.

A primeira dose desceu rasgando a minha garganta; você está longe, preciso parar de pensar em você. O fato de pensar que talvez logo, logo outro estaria ocupando o meu lugar fazia com que meu coração acelerasse.

Não é justo!

Eu bradava em pensamento. Fechava minha mão em punho, minhas unhas quase perfurando a palma da minha mão direita. Com a mão esquerda eu tomava a segunda dose de vodka.

A terceira e a quarta dose desceram esquentando a minha garganta de forma acalentadora. Estendi meu braço por cima do balcão do bar e dei com a testa de propósito sobre o mesmo balcão.

Burro!

Se eu pudesse fazer diferente eu faria. Mas não se pode voltar no tempo.

Quinta dose.

Minha mente clamava para que eu voltasse a olhar para a porta do bar, mas aquilo fazia parte de um teste. Eu queria provar para mim mesmo que eu conseguiria tirar você da cabeça.

Todos os nossos planos. Tudo o que a gente viveu. Tudo o que a gente poderia viver.

 

- Eu não posso! - Ouvi a mim mesmo gritar, acompanhando um grande soco no balcão de mármore.

Todos cessaram suas conversas e olharam para mim. Levantei a gola da camisa  e encolhi meu pescoço. Tomei mais uma dose. Esperei que esquecessem da minha crise de loucura repentina. Perdi as contas de quantas doses eu havia bebido, esqueci que sou bom com números, mas os números não são nada amigáveis com a minha conta do banco. Deveria maneirar.

Baixei a cabeça e desabei a chorar. As músicas que ali tocavam naquele dia não me ajudavam em nada. Mamãe sempre me dizia que é preciso chorar para fazer com que as lacrimais levem embora tudo o que nos está fazendo mal.

Talvez as minhas lágrimas pudessem levar consigo nossas memórias.

Paguei a conta. Errei a senha do cartão por duas vezes, na terceira eu estaria frito e minha conta bloquearia. Não tinha um centavo na carteira.

Cambaleando, segui em direção à porta. Aquela maldita porta. Você não viria. Era hora de seguir em frente de uma vez por todas. Respirei fundo e girei a maçaneta.

Atenção. 

Havia alguém do outro lado da porta, pronto para entrar. Não precisei girar a maçaneta para abrir a porta.

- Você!? - indaguei, surpreso.


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