Por Culpa do Destino escrita por Polaris


Capítulo 16
Goodbye - Parte 2


Notas iniciais do capítulo

Está aí, o último capítulo finalmente. Espero que gostem e não me matem por esse final, ok?



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A noite revelava-se fria e mais escura ainda com a ausência da lua, aquela não era uma noite bela, mas sim, perigosa. A penumbra escondia uma mansão e seu terreno nobre. Um estalo foi ouvido pelo calar das sombras e uma figura surgiu na escuridão da rua antiga e larga. Com o pequeno vestígio de luz de um poste na rua, podia-se ver que se tratava de um homem alto, com belos cabelos dourados e penteados impecavelmente. Uma capa negra cobria seu corpo. Parecia um ser vampiresco, porém poucos poderiam dizer sua real natureza. Seus olhos castanhos eram mágicos, sobrenaturais e hipnotizavam em frações de segundos.

Porém aqueles mesmo olhos treinados para ver o perigo e encenar qualquer emoção que quisesse, por vezes tornavam-se tristes e distantes. Era fato que vivera sempre uma vida amarga, repleta de desilusões e desapontamentos, mas o pior era sucumbir às trevas, as mesmas trevas que levaram seu único motivo para resistir, para sorrir. No entanto, existia uma só razão ainda, algo importante, parte dele. E lutaria até o último suspiro por isso.

O homem atravessou a rua e parou na frente de um grande portão ornamentado, percebeu que em algumas extremidades havia serpentes de prata, fatais e cruéis em sua visão. No entanto, assim que se postou de frente para a entrada, os portões se abriram como se reconhecessem sua presença.

Ele, então, entrou e avistou a mansão, sem reparar muito no jardim cuidadosamente tratado. Guiou-se até a porta principal, que assim como o portão, apresentava serpentes em prata. Alguém abriu a porta para ele.

Uma figura pálida, com longos cabelos platinados caindo-lhe nas costas e um ar superior apareceu, porém ele reconheceu sua antiga amiga como se sempre a visse, mas não a via há anos, longos anos.

–Como vai Ciça? – disse divertido, resgatando um pouco do garoto debochado que fora.

–Bem, Charles – a mulher respondera surpresa, sem, entretanto, abrir espaço para a passagem dele – não sabia que foi convidado para a reunião – dissera dessa vez, superior.

–E não fui... mas por isso pretende me deixar na soleira da porta? – perguntou com sua voz sarcástica.    

–Claro que não, entre. – Ela disse vencida, guiando-o para o hall.

Charles adentrou a mansão e parou em uma sala, que Narcisa lhe indicara, mas quando ela aparentou que iria retirar-se por um segundo, ele foi direto até onde queria.

–Onde eles então? – perguntara.

–Charles, você não vai querer interromper, se não foi chamado...

–Sem muito bem cuidar de mi mesmo Ciça, agora me leve até o Lorde.

A mulher hesitou, talvez pensando se seria ou não castigada por deixá-lo entrar, mas resolveu atender ao pedido dele. Guiou-o até uma porta de madeira ornamentada e tocou a maçaneta de prata, abrindo-a e deparando-se com o grupo de comensais reunidos e o Lorde das Trevas no centro.

Charles olhou-o diretamente, sem medo. Encontrando os olhos ofídicos e a aparência de alguém muito mais velho do que deveria ser. As pupilas vermelhas dilatando-se, mas a pequena linha da boca transformando-se no que ele julgava ser um sorriso. Na verdade, um sorriso maquiavélico.

–Ora, ora, Charles, não deveria estar aqui. – sussurrou o Lorde com imponência.

–Perdão, Milorde, mas eu não poderia deixar de vir, quando tenho estado tão longe daqui a tanto tempo. – ele respondera curvando-se levemente.

–Sabemos muito bem por que está aqui. – Voldemort dissera – É por causa de sua filha.   

:::  :::

O salto de seu sapato batia no chão sem fazer barulho, como se ela não quisesse ser vista. Algo dentro de si a precavia de que não seria uma boa noite. O frio do castelo não parecia afetá-la, mesmo que estivesse com um vestido fino. Parou no meio do corredor. Talvez ainda pudesse dizer a Draco que não queria ir a esse baile. Não. Não seria medrosa. Deveria ir.

Continuou a andar. Passo a passo. Seu vestido longo roçando o chão, seu cabelo caindo em cachos perfeitos em suas costas. A maquiagem leve no rosto.

Alcançou o saguão de entrada e hesitou, para, logo em seguida, descer a escada e encontrar dois olhos cinzentos sobre ela. Olhos que a fitavam com intensidade e faziam-na arrepiar-se ligeiramente.

Loving you like I never have before

Amando você como eu nunca amei ninguém antes

I'm needing you just to open up that door

E precisando que abra esta porta

If begging you might somehow turn the tides

Te implorando, como se, de algum modo, pudesse mudar a situação

Than tell me too I've got to get this off my mind

E me peça também, eu preciso tirar isto da minha cabeça

Hermione se dirigiu a Draco, e depositou um leve beijo em seus lábios. O loiro estava mais uma vez com um traje negro, como no último baile. Mas estava irresistível. A única diferença eram as máscaras. A dele era cinzenta, destacando seu olhar azul-acinzentado tão machucado.

A dela era azul com pedras, combinando com seu vestido da mesma cor.

–Você está linda – disse puxando-a pela cintura, guiando-a para o salão principal.

Hermione sentiu uma energia estranha, não sabia de onde viera, mas fora no mesmo instante em que Draco a tocara. Um pressentimento.

Sentiu seu corpo mais fraco e desequilibrou-se, só não caindo por Draco estar segurando-a.

–Você está bem?

I never thought I'd be speaking these words

Eu nunca pensei que estaria dizendo estas palavras

I never thought I'd need to say

Eu nunca pensei que precisaria dizer

Another day alone is more than I can take

Outro dia sozinho é mais do que posso suportar

Hermione fitou-o. Tão doce. Tão preocupado. Até quando teria esse Draco? Até quando ele usaria essa máscara para ela?

Esse não era o real Draco Malfoy. Era apenas mais um personagem criado para enganá-la.

–Estou ótima – respondeu sorrindo para ele.

Quem poderia saber que aquele era um sorriso falso? A grifinória também sabia jogar. E esse jogo, ela queria ganhar.

Os dois então entraram no salão.

As enormes mesas das casas haviam sido retiradas, deixando o ambiente bem maior do que aparentava normalmente. No centro havia uma pista, e ao redor, várias mesinhas circulares foram colocadas, onde já havia vários alunos.

Enfeites que pareciam terem sido esculpidos no gelo estavam espalhados no local. Um lustre de cristal fora colocado no centro do salão, dando um efeito maravilhoso, que destacada mais ainda o teto que imitava o céu sereno do lado externo do castelo.

O lugar estava escuro, somente com velas trazendo iluminação.

–Está tão lindo. – A grifinória murmurou ao ver o lugar.

Draco a olhou, ela estava bela, mas algo em seu rosto não parecia bem. Como se algo a preocupasse. Isso o deixava inquieto.

–Vamos dançar – ela pedira.

Draco sorriu e a levou até a pista, prendendo-a pela cintura, abraçando-a ao mesmo tempo em que dançavam. Sentindo o perfume adocicado que ela usava e percebeu que usava também o colar de prata que lhe dera. Sorriu internamente e a guiou conforme a música.

Won't you save me?

Você não vai me salvar?

Saving is what I need

Salvação é o que eu preciso

I just wanna be by your side

Eu apenas quero estar ao seu lado

–Você vai me salvar, Draco? – Hermione perguntara divertida no ouvido dele.

–E do que eu precisaria te salvar? – Draco sussurrou com sua voz arrastada.

Hermione riu. Era típido dele devolver a pergunta com outra pergunta.

–De mim mesma.

Draco olhou-a nos olhos. Tentando achar o motivo dela falar aquilo. Não era só uma curiosidade ligada à música que ouviam. Ela pretendia algo com isso.

Won't you save me?

Você não vai me salvar?

I don't wanna to be

Eu não quero ficar

Just drifting through the sea of life

Apenas vagando sem rumo neste mar da vida

Não consigo entender... você nunca precisaria ser salva de si mesma. Nunca precisará saber o que é estar em guerra consigo mesma. – Draco dissera, não permitindo que ela protestasse, pois a tomara nos lábios, sugando-os com prazer.

Won't you...

Você não vai...

Listen please baby don't walk out that door

Ouça, por favor querida não saia pela porta

I'm on my knees you're all I'm living for

Estou de joelhos, você é tudo que eu estou vivendo

–Não vai poder me calar com beijos sempre, Malfoy. – a garota dissera em desafio.

–É por isso que existem coisas mais interessantes do que beijos. – ele dissera canalha, deixando-a corada.

I never thought I'd be speaking these words

Eu nunca pensei que estaria dizendo estas palavras

Haven't gonna find a way

Nunca pensei que encontraria uma maneira

Another day alone is more than I can take

Outro dia sozinho é mais do que posso suportar

Lucy sentia-se incomodada com aquele baile, sentia-se estranha, inquieta. Tinha a impressão de que alguém sondava sua mente. Como se suas lembranças estivessem sendo expostas. A música não tinha efeito algum sobre ela. Muito menos o ambiente romântico.

–Até que enfim eu te achei. – Ouviu alguém dizer atrás dela e virou-se, encontrando os olhos negros de Anthony. – Oh meu Deus! Você está linda. – Ele dissera fitando-a naquele vestido ocre e encontrando o olhar dela escondido na máscara dourada. – Dança comigo?

–Não – dissera simplesmente sem fitá-lo e completou antes que ele protestasse. – Não era nem para virmos juntos. Só aceitei para me livrar dos outros. Não somos um casal. Nem seremos.

Anthony desviou seus olhos dela, era incrível como conseguia ser irritante quando queria, mas iria vencer esse jogo. Não importava como.

–Eu sei que você me quer. – Sussurrara aproximando-se. – Chega de mentiras.

–E aposto que quer me beijar agora mesmo. – Lucy dissera irônica.

–Errado. Eu sempre quis te beijar. – Ele disse sorrindo e deixou-a sem palavras.        

Won't you save me?

Você não vai me salvar?

Saving is what I need

Salvação é o que eu preciso

I just wanna be by your side

Eu apenas quero estar ao seu lado

Won't you save me?

Você não vai me salvar?

But I don't wanna to be

Eu não quero ficar

Just drifting through the sea of life

Apenas vagando sem rumo neste mar da vida

–Ainda me deve uma dança. – Tony disse e se afastou.

Lucy olhou-o ir embora para longe. Ele era um idiota. Não sabia onde estava se metendo. A garota balançou a cabeça tentando esquecer o que ele dissera, mas não conseguia.

“Idiota” pensou e por um segundo, quando olhou o outro lado do salão, pensou ter visto Zabini a encarando. Lembrou-se do que ele fizera com ela na última festa que fora e, em seguida, no que Anthony fizera.

Por que ele se preocupa comigo?” perguntou para si mesma, sem saber o que pensar.

Suddenly the sky is falling

Repentinamente o céu está caindo

Could it be it's too late for me?

Poderia ser tarde demais para mim?

If I never said "I'm sorry"

Se eu nunca disse "Me perdoe"

Then I'm wrong, yes I'm wrong

Então estou errado, sim eu estou errado

Then I hear my spirit calling

Então eu escuto meu espírito chamando

Wondering if she's longing for me

Imaginando se ela está ansiando por mim

And then I know that I can't live without her

E aí eu entendo que não consigo viver sem ela

Harry e Gina dançavam calmamente sob a melodia lenta e calma da canção. A menina sentia a mão quente dele firmemente em sua cintura e deitou a sua cabeça no ombro dele. Dançavam lentamente, no compasso da música bela e romântica e, por vezes sentiam-na penetrar em seus corpos, deixando-os serenos, calmos.

Gina respirou fundo, já perdera a conta das vezes que ficara abraçada com ele. Do quanto gostava de tê-lo perto. Harry... que logo estaria longe dela. Tentando destruir um Lorde que todos pensavam ser invencível, que causava temor.

A garota lembrou-se do Baile de Halloween. No modo como o quisera da última vez, do modo como ele a tocara. Então, não soube como, mas dissera baixo, sentindo a veracidade de suas palavras: 

–Eu quero ser sua. – Gina sussurrou ao pé do ouvido dele e viu-o estremecer.

–Gina, eu já falei que...

–Sei que não vai me forçar a nada, Harry – sussurrara – e eu estou dizendo que quero.

Won't you save me?

Você não vai me salvar?

Saving is what I need

Salvação é o que eu preciso

I just wanna be by your side

Eu apenas quero estar ao seu lado

Won't you save me?

Você não vai me salvar?

I don't wanna to be

Eu não quero ficar

Just drifting through the sea of life

Apenas vagando sem rumo neste mar da vida

Harry sorrira, abraçando-a e guiando-a conforme a canção. Tanto tempo sonhara em estar com ela. Por tanto tempo a ignorara, descobrindo seus sentimentos por ela somente quando a própria tomara a iniciativa de procurá-lo. Tanto tempo pensando estar apaixonado por Hermione, quando tudo o que procurava estava tão perto.

Aquela noite não era mais um homem marcado por uma profecia indesejável. Não era o menino que sobrevivera, o órfão. Era apenas Harry. Um adolescente. Apenas isso. 

Won't you save me?

Você não vai me salvar?

Won't you save me?

Você não vai me salvar?

Won't you save me?

Você não vai me salvar?

:::  :::

–Milorde... ela não é minha filha. – Charles dissera sabendo que todos naquela sala o olhavam, talvez desejando saber a verdade sobre o passado do comensal, talvez para conhecerem a ligação que ele tinha com a menina. – Melanie Moore foi minha namorada nos tempos de Hogwarts, sim. Mas foi passageiro. Não temos uma filha juntos.

Voldemort continuou impassível, talvez dividido entre acreditar ou não em um de seus melhores comensais, então, após lançar um sorriso frio para Charlie, lhe indicou uma cadeira vazia na mesa, onde o comensal sentou-se.

O ambiente era gélido, mesmo com o fogo da lareira ardendo. O Lorde das Trevas avaliava seus seguidores, mas um deles, apenas um, deixava-o com dúvidas sobre seu caráter e real dedicação. O que Charles Steiner escondia?

Voldemort levantou-se, começando a andar em volta da mesa, pensando nas palavras que usaria, ou melhor, na prova de fidelidade que daria a Steiner, mal começara a andar, já sabia qual seria.

–Estávamos discutindo sobre a pequena Moore quando você chegou aqui, Charles. Ela é poderosa e excepcionalmente boa em duelos.

O assunto incomodou o comensal, mas não demonstrou absolutamente nada, apenas uma indiferença a qual já estava acostumado.

–Seria ótimo tê-la do nosso lado, ela seria uma ótima comensal, no futuro. – o Lorde dissera divertido, e os comensais se entreolharam. O que aquela garota teria de tão especial? – Rodolpho e Yaxley me disseram o que ela fez. O que acha Charles?

–Ela não é devidamente treinada para cumprir suas ordens, Milorde... – o homem respondeu com frieza. – É apenas uma adolescente rebelde.

–Talvez seja, mas receio que não. Ela é importante. É amiga do Draco. – Ele sibilou com sua voz. – Seria de ótima ajuda se os dois procurassem a pedra juntos, e tenho certeza de que ela tem conhecimento sobre esse artefato.

–Milorde... – uma comensal, sentado no lado oposto de Charles, começou a falar, mas foi interrompida.

–Tenho um plano especial para a menina Moore, e você pode me ajudar, Charles. – o Lorde falou, fazendo o comensal recear mais ainda o que poderia acontecer naquela guerra. – Logo, o Potter estará morto. E teremos a pedra. Estaremos livres da escória que são os sangue-ruins. 

:::  :::

Pansy Parkinson era o tipo de garota que não se subestimava facilmente. Tinha, como qualquer puro sangue, tudo o que queria e somente contentava-se quando tinha tudo. Era a típica sonserina egoísta e arrogante. E sendo assim, não ter o que queria era angustiante. E o que queria era Draco Malfoy.

Podia ver que ele estava do outro lado do salão. Sorrindo. Com ela. Uma grifinória patética que, provavelmente, só o namorava para ter popularidade.

No entanto, ela iria virar esse jogo. Teria Draco. E asseguraria que a sangue-ruim nunca mais o olharia na vida.

Percebeu que Zabini a olhava, e ambos sustentaram um olhar cúmplice. Ele também teria sua vingança. Era só uma questão de tempo. “Que os jogos comecem!” a morena pensou divertida seguindo na direção de Draco, que se afastou da grifinória, para, talvez, buscar uma bebida.

:::  :::

Lucy estava incomodada com aquele ambiente cheio, odiava ficar perto de muitas pessoas. Em bailes como aquele, todos ficavam agitados. Criavam expectativas, não conseguiam conter seus pensamentos, seus desejos de ficar com aqueles que amavam. O que resultavam, às vezes, em pensamentos fortes demais. Pensamentos que Lucy podia ouvir. E isso a irritava.

–Seu namorado parecia tão determinado a vir com você e onde ele está agora? – uma voz atrás de Lucy perguntara, fazendo-a virar-se e reconhecer o garoto da biblioteca. – Oh Merlin! Você está tão linda.

Lucy, mesmo não querendo, ficou com a face corada, aquele garoto era imprevisível.

–Ele não é meu namorado. – dissera sem olhar para ele.

–É um idiota por te deixar sozinha... nem sei como consegue aguentá-lo. – ele disse revirando os olhos.

–Por que eu sinto como se você o odiasse? – a menina perguntou.

Ele hesitou, os olhos claros demonstrando uma raiva momentânea, mas seja o que fosse, ele não falou, mas Lucy pode ver em sua mente o motivo dele odiar tanto Anthony. E não gostou do que viu. A visão a atormentara, mas não demonstraria para o garoto à sua frente.

–Deixa pra lá. – Ele suspirou cansado – Então Lucy, dança comigo?

A garota quis negar, mas ele não esperou resposta, simplesmente a puxou, e ela nada pode fazer.

–Você ainda não me disse seu nome... – a loira falou.

–Aaron...  Aaron Sparks. – ele dissera guiando-a perfeitamente na dança lenta.

Quem era esse garoto? E o que ele queria com ela? Lucy não saberia dizer.

:::  :::

–Olá, Draquinho... – Pansy falara melosa para o sonserino. – Será que preciso entrar na fila para conseguir uma dança com você?

–Pansy... hoje não, por favor. – Draco falara já irritado com a perseguição dela.

–É apenas uma dança. – a garota insistiu insinuando-se mais ainda para o loiro.

Draco já estava casado daqueles joguinhos da menina. Já dissera a ela que não havia mais nada entre eles. Ela não entendia.

E aquele sorriso dela era frustrante, como se planejasse algo, ou soubesse de algum segredo, um mistério.

–Sabe, Draco... seu namoro não vai durar muito... – ela sussurrara, deixando-o com mais raiva. – Mas quer saber? Aproveite enquanto pode.

A menina, então pegou um copo de firewhiskey e o entornou, passando a língua nos lábios de forma provocante e aproximando-se dele.

–Há uma sala vazia no terceiro andar. – Sussurrou – estarei lá, à meia-noite.

Em seguida ela se afastou, deixando Draco para trás.

O loiro sentia ódio, era óbvio que Pansy ficaria cansada de esperá-lo, não iria. Cansara de brincar com ela. Mal pensara isso e Hermione apareceu na sua frente.

–O que ela queria? – perguntou estreitando os olhos e pareceu a Draco que a Hermione ciumenta não combinava em nada com ela.

–Sabe como Pansy é, gosta de provocar. – ele disse abraçando-a e ouvindo uma música começar a ser tocada.   

How can I just let you walk away?

(Como posso eu simplesmente deixar você ir embora?)

Just let you leave without a trace

(Simplesmente deixar você partir sem deixar rastros?)

When I stand here taking every breath with you, ooh

(Quando eu fico aqui a cada respiração com você, ooh!)

You're the only one who really knew me at all

(Você é a única que realmente me conheceu por inteiro.)

Sem perceber, arrastou Hermione para o meio do salão, deixando-se envolver pela melodia. Pousou suas mãos na cintura da garota e ela simplesmente deixou-se ser levada, apoiando a cabeça no ombro dele.

How can you just walk away from me,

(Como você pode simplesmente se afastar de mim,)

When all I can do is watch you leave

(Quando tudo o que posso fazer é assistir você partir?)

'Cause we've shared the laughter and the pain

(Porque nós compartilhamos o riso e dor)

And even shared the tears

(Compartilhamos até mesmo as lágrimas)

You're the only one who really knew me at all

(Você é a única que realmente me conheceu por inteiro)

Naquele momento Draco percebera uma coisa. Seria muito mais fácil se Hermione não estivesse com ele. Estaria protegida pelo menos. Sua família não a aceitaria. Nem mesmo sua mãe entendera aquele namoro. E ele sabia, não adiantaria simplesmente acabar o namoro, Hermione não desistiria dele tão fácil. E mesmo não querendo, Draco sabia que teria que fazê-la odiá-lo. E pior, ele já sabia como faria aquilo.

So take a look at me now, 'cause has just an empty space

(Por isso dê uma olhada em mim agora, porque há apenas um espaço vazio)

And there's nothing left here to remind me,

(E não restou nada para me recordar,)

Just the memory of your face

(Apenas a lembrança do seu rosto)

Just take a look at me now, who has just an empty space

(Só dê uma olhada em mim agora porque há apenas um espaço vazio)

And you coming back to me is against the odds

(E você voltar para mim está contra todas as chances)

And that's why I've gotta take

(E é isso que tenho que enfrentar)

Aquela era a última dança dos dois, fora o que ele decidira. Apenas um adeus. Quando a canção acabasse, o velho Draco voltaria. Era previsível. Sabia que esse dia chegaria. O conto que estava vivendo encontrava o fim. Abraçou-a mais ainda, aspirando o perfume do cabelo dela. Oh! Como sentiria falta dela! 

I wish I could just make you turn around,

(Eu queira poder fazer você voltar)

Turn around to see me cry

(Voltar e me ver chorando)

There's so much I need to say to you,

(Há tantas coisas que preciso lhe dizer)

So many reasons why

(Tantas razões pelas quais)

You're the only one who really knew me at all

(Você é a única que realmente me conheceu por inteiro)

Tantas coisas queria dizer a ela. Na verdade, queria gritar que nunca a deixaria, que nunca permitiria a ela afastar-se. Que nunca a soltaria. Mas não poderia. Era um homem marcado. Sem liberdade. O irônico era que, mesmo sendo tão nobre, estava fazendo o papel de um servo, cumprindo ordens de um senhor que não desejara, em momento algum, obedecer.

So take a look at me now, 'cause has just an empty space

(Por isso dê uma olhada em mim agora, porque há apenas um espaço vazio)

And there's nothing left here to remind me

(E não restou nada para me recordar)

Just the memory of your face

(Apenas a lembrança do seu rosto)

Just take a look at me now

(Só dê uma olhada em mim agora)

'cause there's just an empty space

(Porque há apenas um espaço vazio)

Um espaço vazio que ninguém iria preencher. Não teria um coração, não mais. Ninguém iria machucá-lo. Ninguém tomaria o que, um dia, fora de Hermione.

Como fora idiota entrando naquela cabine no trem, escolhendo-a ao invés de Pansy, como fora estúpido ouvindo Lucy. Como não pensara antes de tentar brincar com os sentimentos da grifinória. Como não fora precavido ao apaixonar-se por ela. Queria voltar no tempo, mas nada podia fazer.

But to wait for you, is all I can do

(Mas esperar por você é tudo o que eu posso fazer)

And that's what I've gotta face

(E é isso que eu tenho que enfrentar)

Take a good look at me now, 'cause I'll still be standing here

(Dê uma boa olhada em mim agora porque ainda estarei parado por aqui)

And you coming back to me is against all odds

(E você voltar para mim está contra todas as chances)

And that's what I've got to face

(E é isso que eu tenho que enfrentar)

A partir daquela noite, Hermione Granger o odiaria. Mas mesmo assim, ele não poderia arriscar-se e deixá-la pensar que ainda teriam chances. Precisava magoá-la. Era a única forma dela ficar bem, ainda que ela não entendesse.

Take a look at me now

(Apenas dê uma olhada em mim agora!)

–Hermione...  – ele tentou dizer, mas, seja pela sua má sorte, ou por Merlin odiá-lo, a garota interrompeu-o.

–Sabe que eu te amo, não é Draco?

Isso o feriu mais do que tudo, sentia vergonha pelo o que faria, nem ao menos sabia como iria conseguir olhar a si próprio. Seu olhar vacilou por um segundo, no entanto, ela não percebera, apenas procurou os lábios dele com urgência.

Tão macios, tão convidativos. Ele a beijou, explorando sua boca, sentindo não só angústia, mas uma necessidade.

Nada era mais torturante do que saber que não faria aquilo novamente. Nada parecia mais doloroso do que dizer adeus. Hermione sentiu a tensão dele, mas, em momento algum, deixou-o afastar-se. Era como se também precisasse daquele beijo. Como se nunca o tivesse feito.

Não havia um só casal ao redor deles que não os observassem, todos admirando aquele romance, desejando um amor como o deles. Toda garota naquele castelo deseja estar no lugar de Hermione, mas era certo que nenhuma iria desejar isso quando chegasse a hora em que Draco faria o que planejava.

:::  :::

A noite fria a envolvia, naquele momento já não nevava, mas o efeito da neve sobre os terrenos da escola era maravilhoso. Lucy estava sentada no parapeito da janela e de onde estava, a escuridão do lado externo parecia pregar peças em sua visão, pois sombras pareciam se mover, no entanto sabia, a neve confundia os olhos, às vezes.

Seu volumoso vestido ocre tornava seus cabelos loiros mais lindos ainda, bem como seus olhos amendoados.

Olhos que demonstravam aflição. Enquanto dançava com Aaron vira uma cena, não deveria ter olhado nos olhos dele, ou buscado ler sua mente. Vira o que não queria, de modo algum, ver. A cena a atormentava, mas não admitiria nem para si mesma. A imagem era nítida: a mão dele tocando a cintura de outra, os lábios dele tocando os lábios de uma qualquer. Esse era o segredo que Aaron não queria ter revelado. Sua namorada o traíra, com Anthony.

Um arrepio percorreu sua espinha e ela culpou o frio cortante.

No dia seguinte teria que ir para a casa de uma tia. “Pelo menos ela é legal...” pensara lembrando-se de algumas vezes que a visitara, e sabendo que a casa dela seria sua casa também a partir de agora.

A música no salão principal chagava até seus ouvidos, mas ela não conseguia prestar atenção na canção.

No entanto, ouviu quando alguém começou a andar em sua direção. Os passos lentos, despreocupados. Não importava para ela quem fosse, apenas continuou a fitar a noite e a luz crescente.

–Deveria estar aproveitando o baile, Moore. – A voz conhecida dissera, ela ignorou.

Anthony chegara mais perto, fitando o rosto dela atentamente de forma misteriosa, até que desistiu de encontrar o que procurava na expressão dela.

–Onde vai passar o Natal? – perguntara, mas ela não falara nada. – Fale comigo, Lucy.

–Com uma tia – respondera seca e sem olhá-lo. – Em Rye, no sul da Inglaterra. 

–Interessante... – gesticulou e sentiu a atmosfera pesada, nem ao menos sabendo o porquê – vou para a França. – Disse, mesmo que ela não tivesse perguntado.

–Que bom para você. – Lucy falou irônica e saiu andando.

No entanto ele a puxou pelo braço, fazendo-a ficar de frente para ele e perto demais.

–Então é isso? Manter essa máscara indiferente faz bem para você?

–Não lhe diz respeito o que faz ou não bem para mim. Você não sabe quem sou. – Lucy dissera entre dentes, desejando que ele a soltasse.

–Talvez eu saiba. – Tony sussurrou fraco. – Me diga qual é o problema. – Pedira ainda segurando-a.

–Você é o problema! – Lucy dissera com raiva. – Tudo é uma brincadeira para você. Até agora não entendo por quer tanto estar perto de mim. Você não se importa comigo! Fora que quer todas as garotas. Aposto que só serei mais um número para você. Mais uma que você pegou. Como a Lilá, que traiu o Weasley com você, ou como a namorada do Aaron...

–Sabia que ele falaria algo... – o corvinal resmungara.

–Eu descobri Anthony. Eu. Eu e meu poder idiota! – ela dissera mais irritada ainda. – estou cansada de você. CANSADA! – gritara. – E me solte agora...

Não pudera reclamar mais, Anthony calara-a unindo seus lábios aos dela, não permitindo que ela fugisse. Lucy até que tentou empurrá-lo, mas ele era forte demais para ela sequer conseguir isso. Tentara não permitir que ele a tocasse, mas há tempos isso já estava tornando-se difícil. Cansara de resistir. No fim, acabou levando sua mão para o pescoço dele, puxando-o para si, arranhando a pele dele, enquanto Tony prensava-a firmemente pela cintura. Era um beijo violento, como se eles já tivessem esperado demais por aquilo, e, de fato, esperaram.

Por um segundo esqueceram-se de que precisavam de ar e separaram-se, arfando. Olharam-se nos olhos com volúpia. Tony sorrira, sabendo que talvez em um segundo ou mais, ela começaria a brigar com ele, mas Lucy não o fez.

–Não sou esse cara que você acha que sou. – Anthony dissera. – Tudo bem, eu admito, já estive com várias e já me passei por amante. Era tudo por diversão. No fim, todas me entediavam. Mas se depois desses meses eu não enjoei de você, acho que vai demorar para isso acontecer. 

Uma badalada foi ouvida. O relógio marcava meia-noite. Era hora de tirar as máscaras. Anthony, delicadamente, retirara a máscara de Lucy, e ela a dele. Era hora de parar com o fingimento.

–Você não gosta de relacionamentos. – Lucy dissera.

–Mas eu gosto de você. – Tony sussurrara para a loira. – Gosto da sua mania irritante de ler meus pensamentos, gosto do seu cabelo, dos seus olhos, da sua boca.

Lucy sorrira, nunca se acostumaria em ver Anthony declarando-se. Ou falando aquelas palavras. Mas também não o via como um namorado, não sabia o que responder a ele. Entretanto, não precisara, pois no exato momento em que tentara falar algo, Hermione viera até eles, interrompendo-os.

–Viram o Draco? – ela perguntara já sem a própria máscara também.

–Não... – Lucy respondera, mas outra pessoa também o fez.

–Ele comentou algo sobre o terceiro andar. Não lembro direito... – Zabini dissera andando calmamente até eles, mas parando antes que chegasse muito perto de Anthony. 

–O que ele vai fazer lá? – Hermione resmungara seguindo para onde Zabini falara.

Fora então que Lucy vira algo nos olhos dele. Algo ruim iria acontecer. Sentia isso. E a cada segundo que via Hermione distanciar-se dela, procurando por Draco, a sensação ficava pior. E o olhar arrogante de Zabini em nada ajudava.

–Vem comigo – Lucy dissera puxando Tony pela mão e seguindo a grifinória pelos corredores escuros.

Hermione sentia seu corpo congelar de frio, e a cada passo, sentia uma péssima sensação a qual culpou a noite fria. Acabara de entrar no corredor do terceiro andar e assim que fizera isso percebeu que alguém estava ali. Mas, por mais que quisesse, não podia acreditar no que via.

Uma onda elétrica parecia atravessar seu corpo, deixando-a arrepiada. Temerosa. No entanto, assim que o choque passou, ela deixou a negação entrar em sua mente. Não era ele. Ele não faria aquilo, mas quanto mais negava, mais percebia que tudo era real. E, assim, a raiva a dominou, porque Draco Malfoy não poderia estar ali, com Pansy, beijando-a com tanta volúpia, prensando o corpo dela ao seu. Era uma cena horrível.

Lentamente, e sem sequer fazer barulho, a grifinória caminhou até os dois, entretanto, assim que se aproximou o suficiente, Draco a vira.

Primeiro ele demonstrou surpresa, depois se soltou da sonserina, para em seguida, tentar explicar-se para Hermione.

–Hermione... eu... posso explicar... – ele disse indo para perto dela.

–Não precisa – a garota dissera surpreendendo-se por sua voz estar tão estável. Indiferente. – Poupe seu fôlego para explicar algo que eu já entendi.

–Por favor, não é o que você está pensando.

Palavras tão inúteis, dispensáveis. Ela não entendia o porquê dele tentar explicar-se. A traição já fora cometida, não havia o que explicar. Ou seria aquilo apenas o arrependimento?

Hermione virou-se, não querendo mais ouvi-lo, era demais para suportar, era doloroso sequer pensar até onde eles iriam. Mas Draco segurou-a pela mão, não a deixando ir. A única coisa que ele recebeu em troca foi um tapa, que deixou sua face vermelha.

–Não toque em mim, Malfoy. Nunca mais. – Hermione dissera com raiva e lembrou-se do colar que ele lhe dera.

Levou a mão até ele, retirando-o e o fitando. A pedra delicada estava intacta, era bela demais. Lembrou-se de quando a ganhara.

::: Flashback :::

–Eu tenho uma coisa para você – Draco disse enquanto a soltava do abraço e procurava algo na própria mochila – queria ter entregado ontem, mas não pude obviamente. – Ele sorriu e entregou uma caixa preta de veludo à Hermione. – Feliz Aniversário.

A garota pegou a caixa e abriu, para sua surpresa, dentro dela havia um colar com a corrente em prata e um pingente em forma de coração, era vermelho e cravejado de diamantes, ela olhou aquele presente delicado espantada.

–Eu não posso aceitar – ela disse, mas Draco não permitiu os protestos dela. Pegou o colar e colocou delicadamente no pescoço dela.

–É seu, não pode devolver meu coração. E a partir de agora, você é minha namorada. – ele disse sorrindo e a garota o puxou para um mais beijo terno e único, selando o destino de ambos.

::: Fim do Flashback :::

Mentiras. Apenas mentiras. Draco Malfoy não tinha um coração. Como fora tola em acreditar nele e seu suposto amor... odiava-se por isso. E mais do que isso, odiava-se por realmente ter gostado dele. Tudo não passara de uma brincadeira do sonserino.

Ela estendeu o colar para ele, devolvendo-o, mas ele não aceitou.

–Não o quero mais. Estou devolvendo, Malfoy. – Falara secamente.

–Eu te disse, uma vez, que eu não o aceitaria de volta.

–E eu estou dizendo que não o quero. – Ela repetiu colocando-o na palma da mão dele, fechando as mãos dele envolta do colar.

–Hermione... – ele chamara o nome dela mais uma vez, fora em vão.

–A partir dessa noite você está morto para mim. Tudo o que ouve entre nós acabou. Eu pensei que você pudesse ser diferente. Mudar. Mas vejo que é impossível. – Ela dissera agora com a voz entrecortada. – Adeus, Draco.

Em seguida, Draco via-a afastar-se dele, passo a passo, segundo a segundo, quando ela virou o corredor, percebeu o quanto estava perdendo. Mas pelo menos o plano dera certo. Ela não voltaria tão cedo a olhá-lo nos olhos. Se isso era bom ou não, ele não sabia.

Sem pensar, acabou indo atrás dela, precisava disso. Até mesmo esqueceu-se de Pansy e deixou-a sozinha naquele lugar frio.

:::  :::

A ruiva deixava-se ser levada pelo moreno naquela escuridão do castelo. Fazia alguns minutos que deixaram o salão principal e andavam até a sala precisa. O frio cortante soprava em seus braços nus. Ela sentia frio, e o vestido fino que usava não a ajudava. 

Mas pouco se importava. Nada mais atrapalharia ela e Harry. Não teria mais medo. Estariam sempre juntos e nunca tivera tanta certeza disso como agora.

Vira Hermione passar por eles, sem sequer falar nada e percebeu que ela chorava. Quis seguir a amiga, mas não queria deixar Harry, não agora.

–Hermione! – chamou-a, mas ela não respondera.

–Alguma coisa aconteceu... – Harry sussurrou. – Gina, eu...

–Vá atrás dela. – A ruiva dissera olhando para onde Hermione fora. – Ela não está bem. E é uma boa chance para vocês dois voltarem a se falar.

–Sabe que eu te amo, né? – Harry disse sorrindo mais uma vez naquela noite e beijando-a nos lábios.

–É. Eu sei... – ela respondeu sorrindo também – Vou estar no salão comunal. Leve ela para lá.

Ver Harry se afastar foi estranho, mas ela sabia que haveria outra chance deles ficarem juntos. Sabia disso.

:::  :::

Hermione andava sem rumo, as lágrimas a cegavam, impediam-na de ver para onde ia, até que, cansada de andar, ela entrou um uma salinha, deixando a porta entreaberta e encontrando o mesmo piano antigo que um dia encontrara. Ironicamente, fora em outro dia em que Draco a decepcionara. Sentou-se na cadeirinha perto do piano, passando seus dedos nas teclas e, por um momento, desejou que nada que vira fosse real.

Começara, então, a tocar a mesma melodia daquele dia, lembrando-se do quanto dolorosa ela lhe parecera ser. Nota e nota, ela deixava sua mágoa dirigir-se para a música.

I'm so tired of being here

Estou tão cansada de estar aqui

Suppressed by all my childish fears

Reprimida por todos meus medos de infância

And if you have to leave, I wish that you would just leave

E se você tiver que ir, eu desejo que vá logo

'Cause your presence still lingers here and it won't leave me alone

Porque sua presença continua demorando por aqui e não vai me deixar sozinha

Tantos medos tivera e ainda tinha. Sua magia. A guerra. E Draco. Por que ele não podia simplesmente deixá-la? Tinha sempre que quebrar seu coração em pedaços?

Será que todo aquele tempo, todas aquelas palavras, nada significaram para ele? Por que traí-la, por que enganá-la tanto? Por que tantas mentiras, contadas sem piedade?

Talvez ele ainda fosse o mesmo sonserino debochado e arrogante, não aquele garoto assustado que ela conseguira enxergar.

These wounds won't seem to heal

Essas feridas não parecem curar

This pain is just too real

Essa dor é muito real

There's just too much that time cannot erase

Existem muitas coisas que o tempo não pode apagar

Draco a machucara demais. Só agora percebia o quanto fora tola ao se envolver com ele. Tinha provas suficientes de que ele a feriria, mas fora estúpida. Se pelo menos tivesse ouvido Harry...

When you cried I'd wipe away all of your tears

Quando você chorou, enxuguei suas lágrimas

When you'd scream I'd fight away all of your fears

Quando gritou, espantei seus medos

And I held your hand through all of these years

E segurei sua mão todos estes anos

But you still have all of me

E você continua tendo tudo de mim.

Tudo. Ele tinha tudo dela. E não soubera o que fazer com isso. Jogara seu coração fora. Tantas lembranças... Por que todas elas pareciam mais distantes do que realmente eram?

You used to captivate me by your resonating light

Você costumava me enfeitiçar pela sua luz ressonante

Now I'm bound by the life you've left behind

Mas agora estou no limite da vida que você deixou pra trás

Your face it haunts my once pleasant dreams

Seu rosto me inspira sonhos agradáveis

Your voice it chased away all the sanity in me

Sua voz espanta toda a sanidade de mim

Draco, por um longo tempo, a deixara irracional, colocara seus sentimentos na frente de sua razão e, agora, pagava por isso. Sentia-se angustiada. Ferida. Usada.

These wounds won't seem to heal

Essas feridas não parecem curar

This pain is just too real

A dor é muito real

There's just too much that time cannot erase

Existem muitas coisas que o tempo não pode apagar

Pela primeira vez em muito tempo, Draco chorava. Suas costas estavam apoiadas na parede fria. Não fazia barulho, não queria que ela o visse. Pela fresta da porta ouvia-a cantar de forma dolorosa. E a canção o atingia mais do que a ela. Pensara tanto que a magoaria que se esquecera de pensar em como ele próprio se sentiria. Agora, era tarde. Hermione era quem o machucava, com a canção.

When you cried I'd wipe away all of your tears

Quando você chorou, enxuguei suas lágrimas

When you'd scream I'd fight away all of your fears

Quando gritou, espantei seus medos

And I held your hand through all of these years

E segurei sua mão todos estes anos

But you still have all of me

E você continua tendo tudo de mim.

“É o meu próprio coração traidor que me faz chorar” Draco pensara mal percebendo que Lucy e Anthony aproximavam-se. Eles não eram importantes para ele naquele momento. Sentia-se horrível por Hermione. Um idiota.

I've tried so hard to tell myself that you're gone

Eu tentei com todas as forças dizer a mim mesma que você se foi

But though you're still with me

E embora você esteja comigo

I've been alone all along

Eu tenho estado sozinha todo esse tempo.

Você é um idiota, Malfoy. – Anthony sussurrara com raiva. – Ela finalmente era sua, e o que você faz? Você a machuca da pior forma possível.

–Wolhein... – Draco falara limpando suas lágrimas – eu não devo nada a você, então vá embora. – dissera friamente, num misto de tédio e raiva.

Anthony sabia que o sonserino estava péssimo, podia ver nos olhos dele, mesmo não sendo uma cena boa para se assistir. Mas não conseguia imaginar no porquê dele ter sido um estúpido.   

Hermione era uma ótima garota, o amava, então por que jogar isso fora?

Sem perceber, Anthony acabara gostando de tê-la como amiga.

–Você fez sua escolha, Malfoy. Agora não há volta. E eu não vou deixar você feri-la mais ainda. – ele dissera já cansado de Draco e olhou para Lucy.

Ela tinha seus olhos concentrados em Draco. E não parecia tão preocupada com Hermione. Tony sabia que ela estava lendo a mente dele. Draco não estava gostando nada disso. Simplesmente saiu andando, deixando-os para trás.

–Eu te vejo depois. – Lucy dissera para Anthony seguindo Draco.

When you cried I'd wipe away all of your tears

Quando você chorou, enxuguei suas lágrimas

When you'd scream I'd fight away all of your fears

Quando gritou, espantei seus medos

And I held your hand through all of these years

E segurei sua mão todos estes anos

But you still have all of me

E você continua tendo tudo de mim.

A canção terminara, mas Hermione ainda sentia um bolo formar-se em sua garganta. Deixou as lágrimas continuarem a vir. Como se pudesse fazer com que toda a dor fosse embora com elas. Mal percebeu quando alguém entrou na sala.

–Vá embora... – ela falara baixo.

–Não posso. – Anthony dissera aproximando-se dela. – Não posso deixar uma amiga quando ela precisa.

Hermione fechou os olhos e sentiu ele a abraçar, fazendo-a chorar mais ainda, ainda que aquilo não aliviasse em nada sua dor.

–Hermione... – Harry chamara da porta, vendo os dois abraçados e não entendendo nada.

A presença do amigo passou segurança a ela, Anthony soltou-a e deixou Harry tomar seu lugar. O moreno aproximou-se e abaixou-se na frente dela, que ainda estava sentada, olhando-a nos olhos.

–Harry... – ela sussurrara rouca – me desculpe... eu deveria ter te ouvido. Você sempre estava certo. – Ela dissera abraçando-o.  

Harry não soube o que fazer senão abraçá-la também, lançou um olhar interrogativo para Anthony, mas este apenas deu de ombros.

–O que aconteceu, Hermione? – o moreno perguntou, mas ela nada falara.

Harry sabia, tudo aquilo tinha haver com Malfoy. Somente com ele.

–O que o Malfoy fez?

–Nunca mais diga o nome dele, em hipótese alguma – ela dissera com raiva, afastando-se dele e levantando-se da cadeira.

Por breves segundos Harry viu uma sombra perpassar os olhos dela, e no momento em que ela retomava o que dizia, ele teve certeza que Hermione estava diferente. Talvez mais fria.

–Draco Malfoy está morto – dissera sem emoção – e acabei de mudar de planos, não vou com você e Rony para a Toca nesse Natal. Vou à França.

–O que vai fazer na França? – Harry perguntou estranhando-a.

–Vou à Roquefort procurar informações sobre a pedra do destino. – Ela dissera simplesmente e lembrou-se de que não contara a Harry sobre a relação dela e da pedra.  

Tudo vinha à tona para Hermione agora, tudo parecia ter sido jogado em cima dela, como se, sem Draco, ela pudesse concentrar-se somente em seu poder agora. Só lhe restava estabelecer uma ligação.

Pedra do destino... Melanie Moore... Visões... Roquefort... Preciosidade... Futuro... Passado... Presente...

Ela tinha que tentar desvendar esse mistério, tinha que buscar, sem desistir, mesmo que a dor em seu peito fosse forte, mesmo que as lágrimas a cegassem, mesmo que o amor sufocasse seu coração, mesmo que suspiros representassem mais mágoa, mesmo que seu pulmão explodisse suplicando mais ar, mesmo que Draco Malfoy não se importasse mais com ela. Mesmo que ele tenha ido embora. Pra sempre.

– Harry, eu sou a guardiã da pedra. – Ela dissera dessa vez admitindo não para ele, mas para si própria.

E dissera tão naturalmente, de modo tão debochado, que ele não sabia se acreditava ou não, mas depois de uns segundos, ele percebeu que era verdade. Mas estava surpreso demais para falar algo.

–Roquefort... esse é o lugar da sua visão? – Anthony perguntara confuso e ela confirmara. – Bom, pelo menos você terá um guia com você – ele disse divertido.

–Como assim?

–Moro lá com meu avô desde meus doze anos. – Tony respondeu sério – Pode viajar comigo. E de qualquer maneira, podemos aparatar, você é maior de idade mesmo.

Harry estava perdido, aquela Hermione não era sua amiga. Era apenas uma garota fria, que estava aceitando viajar sozinha com um garoto que mal falava com ela. Mesmo tentando discutir, ela não lhe daria ouvidos. Era espantosa a transformação dela. Em uma hora, estava em prantos e na outra, indiferente. Ela, decididamente, não estava bem.

:::  :::

–Draco! Pare de fugir de mim – Lucy dissera seguindo o loiro e entrando atrás dele no salão comunal, mas ele a ignorara. – Me ouça!

–O que quer, Lucy? – ele virou-se irritado, assustando-a – quer me dizer o quanto eu sou idiota? Vá em frente! DIGA!

As palavras dele eram tão frias que a assustou, mas não deixaria que ele a subestimasse.

–Eu sei porque você fez isso, não preciso perder meu tempo dizendo o quão estúpido foi. Eu só não acreditava que você teria coragem...

–Você lê minha mente, no entanto pouco me conhece, para uma amiga deveria saber do que sou capaz. – Draco dissera com raiva jogando-se no sofá da sala.

Isso a irritara, ele não devia ter dito aquilo. Mas sabia que Draco só estava com raiva. Logo passaria.

–Escuta aqui, Malfoy, sou a única nessa escola que sabe quase sua vida inteira. E não fico por aí me exibindo disso, como aquelas vadias que você pega de vez em quando. Também não sou a Granger para você brincar depois jogar fora. NÃO! Eu sou sua amiga. E ou você percebe isso, ou eu vou ser outra que irá embora e te deixará para trás.

Lucy mal falara aquilo, dera um passo para trás, mas Draco a segurou pela mão, como se tivesse se arrependido por descontar nela, seus erros.

–Me desculpe... – dissera olhando para o chão, sem ter coragem de olhá-la nos olhos – É que... eu a perdi, Lucy. Para sempre.

Lucy, então, sentou-se no sofá ao lado dele, deixando-o deitar a cabeça em seu colo. Naquele momento era apenas isso que ele precisava. Ficar quieto, descansar, porque a realidade seria pior assim que o dia amanhecesse.

–Não, Draco. Isso não é para sempre. Eu posso apostar que não. – Lucy sussurrara vendo o loiro fechar os olhos, cansado.    

Ela percebeu que havia algo na mão dele, algo que Draco não tinha largado ainda. Era o colar que Hermione lhe devolvera. Parecia estranho, mas Draco não o havia soltado, desde que ela lhe entregara.

:::  :::

O dia havia nascido lentamente, e não nevava naquela hora. Estava em Hogsmeade, pronta para embarcar no expresso. Não iria para casa. Não seu iria com seus amigos. Iria para um lugar novo, em busca de seu destino. Seus olhos inchados de chorarem tanto a incomodavam. Não iria mais demonstrar fraqueza. Havia jurado isso. Estava seguindo para um novo caminho. Era um recomeço. Sem Draco. Sem preocupar-se com Voldemort. Sem ter que ser alguém que ela não era.

Já na cabine que dividia com Harry, Rony e Gina, ela fitava o céu pela janela. O trem estava partindo, levando-a para longe da escola e mais perto de sua jornada. Estava tão fria, como o céu do inverno. Chegara meses antes, como uma garota ingênua, achando que o que mais importava era a inteligência, e agora sabia que não era somente isso que fazia dela Hermione Granger. Aprendera da pior forma: Vivendo. E continuaria a aprender tudo o que precisasse para tornar-se forte. Não seria mais uma menina assustada. Era uma mulher. Senhora de seu destino.  

"Dentro da noite que me cobre Negra como as Profundezas, de um pólo ao outro, Agradeço aos deuses, se é que existem, pela minha alma indômita. Nas garras ferozes das circunstâncias não me encolhi, nem fiz alarde do meu pranto. Golpeado pelo acaso, minha cabeça sangra, mas não se curva. Longe deste lugar de ira e lágrimas só assoma o Horror da sombra, Ainda assim, a ameaça dos anos me encontra, e me encontrará sempre, destemido. Não importa quão estreita seja a porta, quão profusa em punições seja a lista, sou o mestre do meu destino. Sou o capitão da minha alma."

(William Ernest Henley)


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Notas finais do capítulo

Nossa, nem acredito que acabei a fic, é triste isso, mas mais do que isso, me deixa tão feliz, foi tanto tempo com vcs e espero que continuem comigo em mais uma temporada da fic, (uau, não é seriado, mas vamos chamar de temporada suhsuhus).
Espero que tenham gostado da fic e não me culpem pela separação do nosso casal preferido, mesmo que tenha sido triste e mto dramática. Talvez ainda haja humanismo em mim e eles ainda tenham chance, torçam por isso.
Espero todos vcs na continuação, quem quiser ser avisada quando eu postar me avise por MP ou pela review mesmo.

As músicas desse cap são:
Save me - Hanson
Against All Odds (Take A Look At Me Now) - Phil Collins
My Immortal - Evanescence

Bom, obrigada a todos que leram a fic nesses meses, e a quem ainda vai ler. Foi ótimo distraí-los com essa história.

Quem tiver um tempinho, passe no meu perfil, deixei um aviso por lá.

bjos,
Beeh