Cem Anos de Guerra escrita por Romanoff Rogers
Steve sabia que não conseguiria dormir essa noite. Estava incrivelmente quente, e isso piorava tudo. Sentado na varanda, o loiro levantou os olhos para as estrelas, tendo uma visão bonita da lua cheia e dos inúmeros pontos luminosos.
Nem se deu o trabalho de trocar o pijama, permaneceu com sua bermuda azul marinho e sua blusa de manga preta.
E quando o relógio em seu pulso bateu meia noite, fogos de artifício branco, azul e vermelho estouraram no céu por dez minutos inteiros. A cada estrondo, ele se lembrava de um dos seus aniversários. Sobre como seu pai ecomomizava para dar-lhe um pequeno presente como uma blusa ou tintas novas. Chamavam Bucky, cantavam parabéns e jantavam juntos. Sarah deixava ele faltar a escola. E depois, assistiam os fogos. Joseph sempre brincava sobre como o governo mandou estourar os fogos para o pequeno Steve.
E agora é verdade. O escudo do Capitão América brilhou no final. Foi lindo. Foi para comemorar a independência dos Estados Unidos. Foi para comemorar o aniversário centenário do Capitão América.
— Parabéns para mim. - Ele murmurou, e a porta atrás de si bateu algumas vezes.
— Steve, você está aí, cara?— A voz de Sam o chamou, junto com a cornetinha irritante que Tony com certeza animadamente tocava.
— Vem ver os fogos, capicolé! Estão no céu pra você!
— É seu aniversário, Rogers, tira essa bunda da cama! - Wanda grita, tentando ultrapassar o som da corneta.
— Acho que ele está dormindo ou saiu. - Ele ouve a voz de Natasha, e dá graças por ela. Ele sempre dá graças por ouvir a voz de Natasha.
— Ele dormiu por 70 anos, pelo amor de George Washington. - Tony murmura, antes da porta ficar silenciosa.
Ele soltou a respiração devagar. Só queria ficar sozinho. Os amigos consideravam seus 100 anos especiais, mas não era. Não de verdade. Ele queria estar morto mais que tudo.
Não é querer morrer, nada a ver com suicídio. Ele só queria ter chegado aos 100 anos como qualquer outra pessoa: morto. É só isso. Ele estava cansado. Sua armadura estava lascada a muito tempo e entrava cada vez mais água no navio. Ele estava inundado por dentro.
O loiro apenas deu meia volta, e deitou na cama virado para a porta. Uma sensação amarga subia sua garganta. Ele só queria sumir. Mas não podia.
Ele não tem pra onde ir. Os amigos precisavam dele. O país precisava dele.
Mal passaram cinco minutos e ele sentiu algo o observando pela janela. Nem se deu trabalho de virar. Eram olhos frios tão magoados quanto os dele. Se não conhecesse o cheiro dela a quilômetros de distância, não teria percebido ela se aproximando. Devagar, o peso da cama ao seu lado se alterou, e ele sentiu dedos delicados percorrendo sua pele debaixo da camisa até seu peitoral, e pararam ali.
— Feliz aniversário, Ste.
Rogers fechou os olhos. Lembrou que ele sempre tinha para onde ir: o abraço de Natasha. E era dela mesmo que ele tirava forças para continuar lutando.
Devagar, ele se virou para a ruiva, encarando seus olhos no escuro, e apenas se encolheu em seus braços, com o nariz colado no dela, se sentindo o pequeno, raquítico e asmático Rogers. Era isso que ele é acima de tudo.
A sensação aterrorizante na garganta foi se dissolvendo a medida que as lágrimas caíam silenciosamente no travesseiro e os dedos da ruiva acariciavam suas costas.
Depois de poucos minutos, ele parou de chorar. Aquilo não era necessário. Natasha está ali, e estará por mais um século.
— Canta pra mim? - ele mururou, vendo-a dar um pequeno sorriso, antes de beijar seus lábios calmamente. E depois, sem mexer muito, começou a cantar qualquer canção em russo que se lembrou naquele momento.
Foi o suficiente para deixa-lo feliz por estar vivo por mais um ano. Foi o suficiente para transformar a certeza de que não iria dormir em certeza de que ele queria passar o resto da vida com a mulher ao seu lado.
Ficaram assim por muito tempo, Steve sempre demorava a pegar no sono e ela sabia. Ele sempre vigiava ela dormir, mas hoje era a vez dela. Natasha sabe exatamente como ele se sente em seus aniversários, ele sorria e ia nas festas para não magoar Tony, mas depois sentava com uma garrafa de whisky vendo fotos antigas a madrugada inteira, completamente sozinho. Em aniversários antigos, ela já tinha visto ele ir ao museu do Capitão América ver Bucky. A sua casa antiga no Brooklin. Ao túmulo de seus pais. E hoje, ele só dormiu com Natasha.
Mas ela tinha um presente para ele.
— Ste?
Ela murmurou quando Steve estava quase dormindo. Ele não se importou, abriu os olhos e encontrou-a encarando-o com um sorrisinho.
— Hum?
— Eu estou grávida.
Steve instantaneamente sentiu um estalo, e quando se viu já estava sentado de frente para ela. Seu mundo inteiro foi explodido e compressado para voltar do avesso, e ele engasgou com o ar, sentindo-o parar de descer.
— O que? - um sorriso começou a crescer nos lábios de Natasha, e lágrimas brotaram nos olhos do soldado.
— É seu.
— O que? - ele balbuciou de novo, completamente atônito e anestesiado. Um misto de emoções indescritíveis o atingiam naquele momento, mas poderia ser resumido em felicidade. Uma felicidade plena e descrente. Ele não conseguia acreditar. Meu Deus, ele vai ser pai? Esse é o melhor presente que ele poderia pedir.
— James ou Sara? - Natasha riu de como ele estava descrente... e feliz. Ela tinha de admitir que ficou completamente assustada quando descobriu, e a dúvida atacou-a por dias. Ele reagiria bem? Ela conseguiria fazer isso?
Mas ele estava ali.
— Puta merda. - Steve disse, antes de abrir um sorriso enorme. - Puta merda.
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