O Herói da Profecia escrita por Zarana


Capítulo 12
Discrição Acima de Tudo




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— Bem-vinda à Abeorn. Agora, a cidade mais importante do reino...

    Disse Alex, enquanto seguiam para os portões da cidade. Abeorn era grande, e se parecia muito com a capital de Fairth. Era uma cidade quase completamente voltada para o comércio, e diziam que, era possível encontrar qualquer coisa que quisesse comprar, em seus mercados. Em volta de toda a cidade, havia um muro enorme, que ficava maior, à medida que eles se aproximavam. Quando já estavam a poucos metros da entrada, Arya percebeu que haviam dois guardas no portão, vigiando a passagem.

— Não devia ter guardas aqui... - Ela sussurrou para Alex.

— Aposto que é coisa do Zoran...

    Ele sussurrou também, sem olhá-la nos olhos. E ao se aproximaram dos guardas, eles logo bloquearam a passagem com suas lanças enormes, fazendo os dois cavalos pararem.

— Por ordem de seu novo rei Zoran, essa cidade está sendo reclamada!

— O que vocês querem em Abeorn? - Indagou o outro guarda.

    Assim que ouviu aquelas palavras, a raiva cresceu dentro de Arya. Alex sentiu que ela havia ficado tensa, e notou que suas mãos seguravam com força a rédea de Thunderbolt. Ela ergueu a cabeça para dizer algo, mas ele não podia deixá-la falar. E antes que qualquer palavra saísse da boca dela, ele interrompeu.

— Nós viemos... - Alex pensou por alguns segundos, mas continuou com firmeza. - Visitar um tio que está doente.

— Visitar um tio é...? - O guarda olhou desconfiado para os dois. - Tudo bem... Podem passar.

    Alex se sentiu aliviado, mas provavelmente, ainda teriam muito mais guardas dentro da cidade. Arya por outro lado, estava indignada "Como ele pôde tomar a cidade tão rápido??". Assim que finalmente saíram do alcance dos guardas, Alex virou para ela e disse:

— Você ainda está com aquele seu manto?

— Sim...

    Arya não entendeu a pergunta súbita.

— Eu quero que coloque ele.

— Mas por...

— Só faça o que eu disse.

    Ela olhou perplexa, mas ele continuou olhando em frente, sem parar nem um segundo. "O que deu nele?" Por sorte, o manto estava fácil de alcançar, e conseguiu coloca-lo sem muita dificuldade, tomando cuidado para não se desequilibrar da sela. Já estava quase caindo a noite, e os dois seguiam pelas ruas da cidade, até que Alex parou o cavalo, em frente a um edifício velho, e que parecia estar quase abandonado. A placa perto da porta de entrada dizia: "Estalagem". Descendo do cavalo, ele logo prendeu as rédeas de ambos os animais, pegou uma das bolsas presas em Saphira, e entrou no imóvel, seguido por Arya. Se aproximaram do balcão para falar com a dona do local.

— Eu quero um quarto, por favor.

    Alex colocou um pequeno saco de moedas em cima do balcão. A mulher abriu e examinou, e por fim, pegou uma chave por trás do balcão e entregou à ele.

— Quarto 7. - Ela apontou para um corredor ao lado.

— Obrigado.

    Alex seguiu para o corredor. Arya ia logo atrás dele. Enquanto andavam pelo corredor, ela tirou o capuz da cabeça.

— O que foi aquilo do manto?

— Você tem que ficar o mais discreta possível.

— O quê? Isso é ridículo!

— Acho que você não percebeu, mas a cidade está cheia de homens do Zoran! O que eles farão quando descobrirem que é a princesa? - Ele mesmo se corrigiu. - Ou melhor... A rainha!

    Os dois pararam em frente à porta. Era o quarto em que iriam ficar. Alex foi logo destrancando a fechadura.

— Ótimo! Então agora somos fugitivos?!

— O que você quer que eu faça?! Deixe eles te pegarem e te matarem?? A culpa não é minha!

— Nem minha!

    Arya bufou com raiva e sem pensar, entrou no quarto, batendo a porta com força. Alex correu a mão pelo cabelo, nervoso, e finalmente resolveu abrir a porta com calma. Ela observava o quarto. Que na verdade não tinha nada demais, era simples, velho e parecia estar empoeirado. Mas ela não se importava com isso.

— Só tem uma cama.

    Ela falou num tom ainda aborrecido.

— Eu vou dormir no chão. - Ele colocou a bolsa em um canto do quarto. - Além disso... Não temos dinheiro para gastar com essas coisas.

    Ela olhou para ele, mas não quis retrucar. Ela se aproximou da cama e se jogou nela, cansada. Ainda não era muito tarde, a lua havia aparecido no céu não fazia muito tempo, mas ela estava cansada. Não queria mais pensar em problemas. Alex sentou-se no chão, perto da bolsa, encostando a cabeça na parede. Seu machucado estava quase o matando de dor, e não era apenas isso, sua cabeça também doía, e sabia que algo não estava certo. Mas esperava que após descansar, tudo ficaria melhor.

(...)

    Alex acordou ressaltado. A luz da lua entrava pela janela. Um pesadelo havia acordado ele. Um pesadelo com Arya. Ainda sobressaltado, e ofegante por causa do susto, ele olhou para a cama. "Arya..." Mas ficou pasmo ao ver que estava vazia. Se levantou depressa chamando pelo nome dela, mas não teve resposta. Empunhou sua espada e foi correndo para fora do quarto.

— Ary...

    Ele parou ao vê-la, no fim do corredor, em uma espécie de sacada. Respirou aliviado e foi até ela. Arya estava de costas para ele, mas percebeu que chegava perto dela. Ainda virada de costas para ele, ela disse:

— Também não consegue dormir?

    Ouvindo o que ela disse, parou imediatamente. Estava prestes a repreendê-la por ter saído sozinha, daquela maneira, mas suas palavras soaram tão desoladas, que ele pode sentir o sofrimento que ela passava. Por um instante tentou se colocar no lugar dela. A jovem princesa tinha acabado de se tornar órfã, perdido o reino... E agora estava numa corrida maluca até uma suposta cidade élfica para tentar poupar o reino de um grande caos.

— Não se preocupe, ninguém vai me reconhecer aqui... A cidade inteira está dormindo agora. - Ela fez uma pausa. - Me desculpa por hoje cedo... Eu... Sou responsável por essas pessoas agora...

— Tudo bem...

    Alex embainhou a espada, e percebeu que a voz dela começou a estremecer. Ela estava chorando.

— Não quero ser a culpada por elas serem escravizadas ou mortas por Zoran, ou quem quer que seja... Eu... Não sei o que fazer...

— Nós vamos achar um jeito de parar Zoran, eu prometo. - Ele pegou a mão dela. - E você vai governar esse reino. Como deve ser.

    Arya olhou para ele, com os olhos ainda cheios de lágrimas. O que ele tinha acabado de dizer, fez com que ela se sentisse muito melhor. Ela olhou fundo nos olhos dele e um sorriso fraco começou a querer se formar em seus lábios. Ele se aproximou dela devagar. E mais uma vez seu coração começou a bater rápido. "Ele está muito perto...".

— A-Alex...?

    Continuando imóvel, ela só conseguia olhar para os olhos dele. Mas algo estava estranho. Havia algo de errado. Ele respirava com certa dificuldade. Parecia cansado. Ela largou sua mão preocupada, ignorando completamente o que estava acontecendo segundos atrás.

— Você está bem?

— É só uma dor de cabeça...

    Ele fraquejou por um momento, colocando a mão sobre o seu ferimento no abdômen. Arya correu para tentar ajudá-lo.

— Alex!

    Ela olhou preocupada para ele. E como que por impulso, levou a mão até a testa dele. "Está queimando!"

— Meu Deus, Alex! Está ardendo em febre! - Ela o ajudou a ficar de pé. - Vamos, você tem que deitar agora!

    Arya o ajudou a ir até o quarto, da maneira que conseguiu. Com muito esforço ele finalmente sentou na cama. Mas estava muito relutante.

— Eu estou bem... Temos que ir para Galedhva...

— Alex, você está delirando.

    Ela deitou ele à força, e foi correndo até o banheiro, pegou um pano e encharcou com água. Voltou para o lado da cama e rapidamente colocou sobre a cabeça de Alex. Agora ela precisava ver como o ferimento do Drakmon estava. "Espero que não esteja infeccionado." Levantando a camisa dele, ela viu o ferimento. Não estava tão ruim quanto no dia em que foi feito, e para seu alívio, não parecia ter infeccionado. Mas mesmo assim, estava com um aspecto bem feio. Era o resultado de dois dias sem cuidados necessários.

    Depois de vários minutos, limpando e passando a pasta de Efil, que felizmente, Elga lhes deu, para que levassem na viagem. Ela finalmente o enfaixou de novo. E embora tivesse abaixado um pouco, a febre não queria ceder de jeito algum. Ele ainda estava bem quente.

— Como você sabe tanto sobre ferimentos e curativos?

    Alex perguntou, enquanto observava ela trocando o pano úmido de sua testa.

— Quando eu era pequena, meu pai sempre voltava de batalhas cheio de machucados como esse, e era minha mãe que cuidava dele... - Ela sentou na beira da cama. - Eu ajudava ela, então acabei aprendendo algumas coisas. Mas depois que ela... Morreu. Ele parou de ir para guerras... - Ela fez uma pausa. - Eu sinto tanta falta deles...

    Arya se lembrou de tantos momentos que passou junto de sua família. "Só em pensar que nunca mais vão ter outros momentos assim..." Ela enxugou uma lágrima que escorreu em seu rosto.

— Você está cansada... Não vai dormir?

— Não... Eu vou esperar até a sua febre abaixar...


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