conversa de beco escrita por yuanfen
é um ódio súbito que me sobe à garganta
um daqueles que faz a gente queimar por dentro, sabe?
com raiva
e vergonha
de todas essas palavras pretensiosas
que por mais que eu tente nunca vão conseguir expressar
a simplicidade
dos meus complexos
(ah, mas tanto faz.
não vale a pena.)
é o que eu digo o tempo todo
eu me paro o tempo todo, eu me contenho o tempo todo.
com medo de não corresponder
ao que os outros querem
(sim, é verdade, a senhora pode admitir,
você liga sim pra opinião alheia
mas acima de tudo,
a tua própria)
(não adianta apontar o dedo
os críticos sempre estiveram por aí
mas a pior mesma é você)
quando foi que
ser a melhor se tornou tão importante?
ou ainda, uma necessidade?
(creio que foi aos 5, ou talvez antes disso)
ah, mas lá vem ela analisar a infância
(seria o fato de ser a mais nova?)
era atenção que você queria?
e atenção você sempre teve,
na forma de elogio ou censura
mas teve.
se destacar nunca foi um problema
(pelo menos não antes)
mas as coisas se complicam, as crianças crescem, e a mediocridade chega à todos
(pra que fazer algo se você nunca vai ser a melhor?)
a gente diz que não tem medo da mediocridade
de ser mediano
a gente diz que não liga
pra opinião dos outros
e a gente diz que não importa o que se faz, contanto que se faça o melhor que puder, a gente diz que é pra fazer o que se gosta, que é pra se dedicar a uma vida confortável, não se concentrar muito em exceder as expectativas, que é pra andar rápido, mas nunca correr, confiar, mas não ser ingênuo, amar, mas com sensatez, a gente diz e diz e diz muita coisa. e a gente faz tudo errado. de novo e de novo.
tudo besteira.
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