“Ela não merece sofrer…” a frase de Jay voltava a mente de Greg Gurwitch, o Mouse, toda vez que começava a pensar na oferta de retornar ao exército como um ranger novamente.

Essa foi a vida que ele conheceu e que sentia falta, não que os traumas que surgiram da última vez sejam algo que ele sinta saudade, mas a cada dia trabalhando com a polícia de Chicago mais os problemas de quem está certo ou errado assombra o loiro. Trabalhando com Hank Voight, o policial que foi preso mais de uma vez e que tem métodos pouco ortodoxos e por receber suborno na hora de investigar e principalmente interrogar os suspeito trouxe muitos problemas e muito falatório com as visitas da corregedoria que fica em cima não só do sargento Voight , como também  de todos os demais policiais da Unidade de Inteligência.

“Pelo menos lá eu sei que eu estou do lado certo” Mouse reclamou quando Jay tentou fazê-lo desistir da ideia de retornar ao exército.  No entanto era em momentos como aqueles, sentado na cabine da roda-gigante que subia, assistindo o pequeno garoto de olhos claros e cabelo escuro fascinado com a paisagem da cidade do lado de fora da cabine, que o loiro realmente considerava toda e qualquer chance de retornar ao exército.

O sorriso de Elliot faz o coração do homem se aquecer todas as vezes, assim como o sorriso da mãe do menino o faz querer ficar.

Há exatos sete meses o moreno  descobriu ser pai de um menino de nove anos com a amiga de infância, os dois conviveram durante anos. Inicialmente ele e Cassy conviviam por causa dos irmãos Halstead, Will sendo o melhor amigo dela e Jay o dele, mas com o tempo as quatro crianças se tornaram muito próximas a ponto de Jay, Mouse e Cassy entraram juntos para o exército e os três conseguirem serem ranger na mesma época. Mas tudo mudou quando depois de saírem do serviço militar Cassy se mudou para a Europa  enquanto os outros dois lidavam com seus traumas em Chicago.

Depois do velório de um homem do regimento dos três,  em Las Vegas e uma noite de bebedeira Mouse e Cassy acabaram juntos, hoje eles saem juntos ao menos uma vez por semana com Elliot, fazendo-o se acostumar com a existência do loiro.

Greg nunca pensou em ser pai e agora tem um filho que o chama de tio. Mas aquele dia é diferente, Cassy não está com eles. Nesta diaMouse via passar algumas horas com o filho porque a morena precisava resolver alguns problemas e precisava de uma babá e convenceu a loiro de ficar com o garoto.

Mouse nem pode reclamar porque a presença do menino o fazia parar de pensar nas merdas do passado e em parte das incertezas do futuro. Tudo no que ele pensa é na alegria do menino.

Então naquela manhã de um calmo dia de folga, Mouse levou o menino até um parque de diversão que estava na cidade naquele mês.

— Posso comer algodão doce? — o garoto levantou o rosto para olhar nos olhos de Mouse, juntando as mãos na frente do peito — por favor.

Com o inglês meio arranhado ainda, o menino podia pedir qualquer coisa que Mouse e os Halstead fariam. Cassy andou reclamando bastante no último mês porque os outros três andam mimando muito o menino.

Greg olhou para o garoto com um pequeno sorriso, vendo o menino hesitar ainda com as mãos juntas e olhar de cachorro carente, tudo o que o loiro conseguiu fazer foi concordar assistindo um enorme sorriso voltar ao rosto de Elliot.

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Cassy estava ouvindo a reclamação de um velho policial enquanto assistia ele e outro homem brigando por ela ter pedido demissão, ambos argumentando que ela era uma agente boa demais para a Interpol para ela simplesmente ir embora. Ela já teve esse tipo de discussão outras duas vezes, meses atrás antes de se mudar para Chicago novamente.

Mas isso não importava, depois de ficar sequestrada por meses e ter a vida do filho arriscada mais de uma vez, Cassy não queria mais estar envolvida nisso, sem mais missões, sem mais viagens ao exterior, sem mais exército e mortes. Ou pelo menos reduzindo as probabilidades disso.

A morena teve tempo o bastante para pensar e perceber que essa não é uma vida que gostaria de dar ao seu filho, crescer como filho de soldado não é nada fácil, ela descobriu isso depois de conhecer várias crianças que cresceram sendo obrigadas a se mudar sempre que o pai ou/e a mãe eram transferidos. E ainda que eles tivessem um lugar específico para ficar, sem seguir o familiar soldado, também há o estresse precoce trazido pelo medo da morte dessa pessoa.

Cassy não quer que seu filho viva com medo, mesmo que tenha falhado um ano atrás, não seria algo que ela queira repetir. E também existia Mouse, o idiota por quem ela foi apaixonada por anos, e acabou sendo o pai de seu filho, ele tentava se fazer presente, tentava manter uma convivência pacífica entre os dois, mesmo ambos tendo em seus sangue o desejo por discordar e discutir. Os dois gostavam desses momentos, ela sabia disso, mas não era o suficiente para construir uma família, e estava longe de ser um tipo de estabilidade na qual Elliot poderia viver.

E todas as vezes que ela via seu filho ao lado de Mouse, ambos sorrindo e o homem apenas tentando ser próximo do filho dos dois ela não podia fazer mais nada além de sentir o coração acelerar e a alegria tomar conta de si, mas isso ainda poderia se tornar algo incerto e essa incerteza a fazia ficar apreensiva pelo bem de Elliot e do seu próprio coração.

Aquele dia era um desses momentos de incerteza, graças a reunião ela teve que deixar Elliot com Mouse, ainda que confiasse no amigo algo dentro dela parecia estar inquieta, como uma apreensão ou suspeita de que algo estava preste a acontecer, algo talvez nada bom.  E tudo o que ela pedia é que tal coisa seja no máximo, o filho ficar menos a vontade com o pai e não algo grave que pode colocar a vida de qualquer um deles em perigo.