So much for a wedding cake... escrita por Aquarius


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Olha ieu aqui de novo!! hehehe x)
Acharam que não ia ter mais casal de Fairy Tail? Pois acharam errado.
Eu sou totalmente apaxionada pelo casal Gray x Juvia e acho sim um dos melhores se não o melhor casal pela conexão e química que rola entre eles. Então eu precisava escrever algo, e aqui está.
Então, sem mais delongas, até mais ver e boa leitura! ♥



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— Gray-sama!!! – a voz de Juvia ecoou pelo salão da guilda, acompanhada pelo som de suas botas correndo em direção ao mago de gelo.

Gray virou-se de onde estava sentado na banqueta do bar de Mirajane, se perguntando o que teria causado a euforia na voz de Juvia dessa vez, quando ficou sem voz ao se deparar com a cena diante de si.

Em suas mãos, Juvia carregava um enorme bolo, de três andares e camada dupla de glacê, de casamento, com dois bonecos equilibrados em cima dele: um homem e uma mulher vestidos de preto e branco, que se pareciam terrivelmente com ele e Juvia.

— Mas o que é isso?!? – gritou, assim que ela o alcançou e depositou o bolo com um sonoro “BUM” em cima do balcão diante dele.

Juvia, com um grande sorriso e ofegante pelo esforço da jornada, tirou os olhos do bolo para encará-lo. Seu sorriso aumentou.

— O que é? Ora, Gray-sama, nosso bolo de casament-

— ISSO EU PERCEBI!! Mas por quê você tem uma coisa dessas??

O sorriso de Juvia congelou. Sua expressão mudou.

— Gray-sama disse que... no outro dia, durante aquela missão, quando Juvia derrotou todos aqueles oponentes, Gray-sama disse que poderia casar com Juvia ali mesmo, se pudesse. Foram essas as suas palavras, Gray-sama.

— Juvia, eu estava BRINCANDO! Era um exagero, eu estava feliz que você tinha acabado de vencer a missão pra gente, e falei sem pensar. Não achei que você fosse realmente levar a sério!

Juvia parecia acabado de ter seu coração arrancado do peito e pisoteado. A expressão em seu rosto era de pura tristeza e decepção. Algo dentro de Gray se apertou. Por algum motivo, aquilo apenas o deixou mais nervoso. Ele queria machucá-la. Antes que pudesse pensar, as palavras estavam saindo de sua boca.

— Ficou maluca, por quê eu precisaria de um bolo de casamento? Quando foi que eu te passei a ideia de que passaria o resto da minha vida do seu lado? Você tem que superar essa obsessão por mim, Juvia, ou senão eu não sei se vou conseguir mais ter paciência com todas as suas... baboseiras e ilusões sobre nós.

Assim que as pronunciou, Gray quis engolir o que disse. Quando viu a primeira lágrima escorrendo pelo rosto de Juvia, ele soube que tinha ido longe demais. Seus ombros relaxaram, um sentimento de culpa revirando seu intestino. Ele baixou a voz.

— Olha, Juvia, eu não quis...

— Tudo bem, Gray-sama. A culpa é de Juvia. Juvia não vai te incomodar mais.

Com isso, a mulher tomou o bolo nas mãos e virou-se, não antes de despedir-se com uma reverência, e saiu pela porta, sua cabeça sempre baixa de forma a esconder seu rosto.

Um silêncio instaurou-se na guilda. Gray olhou em volta: Natsu o encarava, e Mirajane, que limpava um copo com um pano em algum lugar atrás de Gray, balançava a cabeça de um lado para o outro, reprovando-o, e suspirava. Ele bufou.

— O que é que vocês estão olhando?

— Ei, cuequinha de gelo. – chamou Natsu.

— Do que é que você me chamou, cabeça de fósf-

— Por quê a Juvia te irrita tanto?

Gray ficou em silêncio. Não esperava por essa. Estava pronto para acertar um punho na cara estúpida do amigo, mas a pergunta desavisada o pegara de surpresa. O que restava da raiva arrefecida de cinco minutos atrás voltou à superfície, e ele fuzilou Natsu:

— Como assim por quê?! Natsu, você acabou de ver, ela comprou um bolo de casamento pra mim!

Natsu não pereceu impressionado.

— E daí, cabeção? É só um bolo. Ela saiu daqui chorando. Você poderia ter feito a cara de imbecil entediado que você sempre faz e explicado o mal entendido, e então teríamos todos comido um pedaço de bolo. Aliás, eu queria muito um pedaço do bolo... – murmurou Natsu.

Gray resmungou.

— Não é só um bolo. Ela é intensa demais, o tempo todo.

Natsu revirou os olhos.

— E Luce também é. E eu também. Mas você nunca reage desse jeito. Quer dizer, é claro, a gente não fica babando por você o tempo inteiro, mas você acha mesmo que tudo aquilo foi necessário?

Gray fez menção de protestar, mas Natsu o antecipou.

— E mesmo quando você fica puto, você nunca fala coisas tão cruéis, principalmente não para uma garota que sempre te apoiou e defendeu. Até eu posso ver que você exagerou com ela.

Gray estava sem palavras. Levar um sermão já era ruim, mas vindo de um cabeça-oca como Natsu era dez vezes pior.

— Cala a boca, cabeça de fósforo – cuspiu, levantando-se bruscamente da banqueta.

— Sabe, Natsu-san está certo. – era a voz de Mirajane. Gray se virou e encarou seus olhos azuis, uma expressão rígida de mãe refletida neles a qual ele já estava acostumado. – Você é duro demais com ela, Gray.

O mago semicerrou os olhos, encarando os colegas.

— Tanto faz. Eu vou embora.

Deixando um dinheiro sobre o balcão para pagar pela bebida (e mais umas gorjetas para pagar por qualquer transtorno que ele possa ter causado, mas Mirajane não precisava saber), Gray se dirigiu para o portão de saída.

— E não esperem que eu vá me desculpar. Até mais! - gritou.

 

Gray não sabia por quê estava tão alterado. É só que Juvia o tirava do sério. Ele não deva desculpas a ninguém, certo? Afinal, ela tinha mesmo exagerado com o bolo. E não era a primeira vez, também. Juvia, em diversas ocasiões, o havia feito passar vergonha e causado confusões em nome de seu “amor por ele”. Ele tinha o direito de se irritar, certo?

Exceto que Gray se deparou com seus pés o levando até a casa dela, e quando viu, estava tocando a campainha.

Ele aguardou, trocando o peso de um pé para o outro e rearranjando o colarinho de sua camisa, pensando no que diabos ele deveria dizer.

Após alguns minutos, uma Juvia desalinhada e de olhos inchados abriu a porta, enrolada num robe de cetim. Ao ver quem era, seus olhos escuros se arregalaram, e ela tentou em vão ajeitar seu cabelo enquanto gaguejava um cumprimento.

— G-Gray-sama! O que está fazendo aqui?

Gray Deu-lhe uma segunda olhada, absorvendo sua aparência.

Dos cabelos azuis desgrenhados, olhos enormes e escuros e lábios partidos e rosados até às curvas dos seios e dos quadris sob o cetim e longas pernas pálidas apoiadas em pequenos pés descalços, Gray não conseguia tirar os olhos. O fato é que Juvia o atraía com uma intensidade absurda, e ele daria tudo naquele momento para beijá-la. Droga.

Por quê Juvia o confundia tanto? Ele queria gritar com ela, morder seu lábio, abraçá-la. Por quê ela era sempre tão certa dos sentimentos dela? E ainda por cima bem na cara dele, esnobando-o por não conseguir entender suas próprias emoções! E por que ela tinha que ser tão bonita?

Ele percebeu que estava encarando há tempo demais sem dizer nada. Olhou-a nos olhos. Juvia parecia assustada.

— Gray-sama?

Por quê Juvia não podia só deixa-lo na solidão que estava antes dela chegar? Por quê sempre insistia nele? Por quê não desistia? Por quê o amava tão incondicionalmente, se ele nunca havia feito nada para merecê-lo?

— Gray-sama, você ainda está bravo com Juv-

Em três passadas, Gray venceu a distância entre eles, e beijou Juvia em cheio nos lábios, com força suficiente para empurrá-la para dentro de casa, fechando a porta atrás de si.

Com uma mão em seu peito, Juvia o afastou , ofegando, seus traços moldados em total confusão.

— Gray-sama...

Gray olhou-a nos olhos, encostando sua testa na de Juvia, uma mão encontrando cabelos azuis e a outra entrelaçando seus dedos nos dela.

— Juvia, você me enlouquece. O jeito que você age comigo...

Beijou-a de novo, delineando os contornos de sua boca com a língua, seus dedos percorrendo o comprimento dos fios de cabelo azuis e enroscando-se na ponta.

—... não faz sentido. Por quê – outo beijo – por quê você sempre me persegue, se eu – mais um beijo – sou tão frio com você?

A mão que segurava a dela soltou-se e subiu pela coxa de Juvia, enganchando-se nela e colocando-a em volta de sua cintura.

— Você nunca... tem medo... de dizer... coisas embaraçosas... e declarar seus sentimentos. – disse em voz rouca, entre beijos.

Juvia podia ouvir sua própria pulsação em seus ouvidos. Sua cabeça girava, talvez pela falta de ar ou pela intensidade de tudo o que estava acontecendo. Ela achou dificuldade em processar as palavras de Gray, jamais conseguiria bolar uma resposta, seria impossível. Então tudo o que ela fez foi entregar-se às sensações, e, assim, enroscou sua outra perna em volta de Gray, que segurou-a contra a porta.

Um longo beijo se seguiu, profundo, cheio de curiosidade. Gray explorava sua boca, cobrindo cada canto, fazendo-a arfar. Ela sentia a mão fria dele, enroscada em suas mechas, acariciando seu pescoço. Agradeceu silenciosamente por estar sendo segurada, já que seus joelhos certamente não a suportariam sozinha naquelas condições.

— Eu te invejo tanto, Juvia... tanto...

Os beijos de Gray desceram de sua boca por seu pescoço, e Juvia sentiu sua respiração parar.

— Gray-sama...

— Porque eu nunca vou poder te dizer tudo o que eu sinto. Eu sou travado, sou um idiota pra lidar com sentimentos. E aí vem você e me traz um maldito bolo de casamento – ele riu, o nariz resvalando em sua clavícula e soltando ar, fazendo arrepios correrem a espinha de Juvia – na frente da guilda toda. Quero dizer, como você consegue? E pelo amor de Deus, o que é que você viu em mim?

Nisso, Gray ergueu a cabeça, e seus olhos encontraram os dela, e Juvia viu. Por trás das pupilas dilatadas, o olhar de Gray era triste e fatalmente sério. Juvia mal pôde acreditar: Gray genuinamente não sabia por quê ela o amava. Gray era inseguro, e não sabia se expressar. Um sorriso hesitante se abriu no rosto dela.

— Gray-sama, eu te amo – ela enroscou ambas as mãos nos cabelos negros de Gray, forçando-o a encará-la – porque você é incrivelmente forte, e corajoso, e tem um lindo coração. E se importa com seus amigos mais do que qualquer coisa, e Juvia viu isso desde a primeira vez que o conheceu, na torre do paraíso, e Juvia não conseguiu lutar com Gray-sama. Além do mais, Juvia não se importa se Gray-sama não disser que a ama...

Juvia desceu suas mãos, percorrendo o pescoço, ombros e braços do menino, até encontrar onde estavam ao mãos dele, segurando-as. O olhar de Gray era intenso no seu.

— Porque Juvia sente. Agora, aqui.

Gray respirou fundo e recostou sua cabeça no ombro de Juvia, a intensidade do momento sendo demais para aguentar. Soltou o ar, trêmulo.

— Mas você não pode ser feliz assim, Juvia. Você vai acordar um dia e se cansar, procurar alguém emocionalmente resolvido. Você e eu nunca vamos durar.

Num sussurro quase inaudível, que Juvia pensaria ter imaginado se não estivesse tão perto de sua boca, ele acrescentou:

— Você vai me deixar, eventualmente.

— Gray-sama.

Gray levantou o rosto para encará-la, os olhos sombrios e marejados.

Juvia jamais vira Gray chorar, exceto por aquela única vez há alguns meses, quando ele a agradeceu por libertar a alma de seu pai e agarrou-se a ela, desesperado por apoio. Naquele dia, seu coração de partira ao vê-lo, e agora a sensação se repetia. Era demais, e ela precisava fazer as lágrimas pararem. Afinal, ela tinha de se provar digna do amor de Gray-sama.

— Juvia jamais poderia deixá-lo. – declarou.

Assim, ela segurou ambas bochechas do moreno e o beijou, esperando que pudesse tomar toda a tristeza para ela.

Gray ficou parado por alguns segundos, deixando-se ser beijado, e então retribuiu.

O beijo de Juvia era carregado de sentimento, e Gray sentiu sua cabeça ficar leve e zonza com ele.

Devagar, tomou-a nos braços e carregou-a pela casa adentro, até encontrar o quarto de Juvia, onde deitou-a nos lençóis e engatinhou por cima dela.

Parado, Gray encarou-a, e Juvia encarou de volta.

Alguns segundos se passaram em que os dois apenas tomaram o tempo para absorver um ao outro, jamais desviando o olhar.

Gray foi o primeiro a quebrar a tensão, descendo seus lábios sobre os dela. Lentamente, sua mão desceu até a fenda do vestido dela, e escorregou por debaixo do pano, tocando-a. Juvia arfou.

— Então você se recusa a me deixar... – sussurrou ele em sua orelha, mordendo-a em seguida.

— Sim – ofegou Juvia – é uma promessa.

Gray sorriu.

— E se brigarmos e eu for muito, muito grosso com você? – continuou, descendo sua língua pela jugular de Juvia e sugando num ponto fixo, marcando-a no processo.

Sem ar e levemente engasgada, Juvia respondeu:

— Continuo... – arquejo – ao seu lado, Gray-sama.

— Hmm... Bom.

Com um movimento dos dedos, Gray tocou num ponto especial, e Juvia mordiscou seu queixo a fim de segurar um gemido.

Juvia então desenroscou suas mãos de onde se agarravam aos lençóis e desceu-as pelo peito de Gray, desabotoando sua camisa.

— E Gray-sama... – suspiro – vai ficar... – gemido – com Juvia também, não importa o que aconteça, não vai?

Nisso, Gray parou e olhou-a, sério.

— Você nunca vai me perder. Nunca.

E Juvia soube, então, que Gray a faria estupidamente feliz.

 

— // -

 

Deitados sobre o cobertor, Gray podia sentir o corpo desnudo de Juvia pressionado contra seu próprio corpo, os seios da garota subindo e descendo com o ritmo constante de sua respiração adormecida.

Juvia lhe parecia ainda mais bonita dormindo, seu semblante livre de qualquer preocupação com “rivais do amor” ou inimigos que ameaçassem a vida de Gray. Ele sorriu. Uma mão no topo da cabeça dela e outra em sua cintura, Gray sentia que Juvia, naquele momento, lhe pertencia, e ninguém poderia tomá-la. Não que ele admitiria isso a ela algum dia.

Mas talvez ele devesse, pensou.

Porque depois de Ur, ele sempre fora um lobo solitário. Às vezes, a angústia o mantinha acordado à noite, e, quando dormia, seu sono era perturbado por imagens de uma mulher se tornando gelo e se esvaindo bem diante de seus olhos. Seu pai e sua mãe, lado a lado, batalhando contra Deliora e sendo destruídos. Em noites assim, Gray acordava aos gritos e suando, secretamente desejando que alguém pudesse lhe dizer que tudo ficaria bem, e que ele podia voltar a dormir.

E então Juvia apareceu, e os pesadelos se foram. No início, eles foram apenas substituídos por sonhos estranhos, em que mulheres feitas de água o perseguiam e declaravam seu amor por ele repetidamente. Mas ao menos ele não mais acordava em lençóis molhados de suor. Depois, quando Gray fez o Unison Raid com ela pela primeira vez, os sonhos mudaram. Neles, Juvia o tomava pela mão e o levava até a Fairy Tail, onde seus amigos o esperavam para recebê-lo com bebidas e risadas. Mas então, passado um tempo, os sonhos mudaram novamente, e, quando Gray se deu conta, suas noites eram permeadas por memórias de Juvia, vezes em que ela o salvou, vezes em que ela aniquilara oponentes da guilda, e sacrifícios que ela fizera por todos. E logo começaram os sonhos com cabelos azuis, silhuetas curvilíneas, uma voz aveludada e aguda, olhos puxados e enormes, olhando de soslaio para ele, fazendo sua boca secar.

Em algum ponto, Gray deduzira que ele (provavelmente) estava apaixonado por ela. Mas então os Jogos Mágicos vieram, e Tartaros, e END. Não sobrava tempo, e, assim, ele reprimiu seus sentimentos e enterrou bem no fundo de sua alma.

Com o tempo, mesmo depois que toda a guerra havia acabado, Gray olhou para seus sentimentos e quis sumir com eles. Afinal, Juvia havia arriscado sua vida por ele em mais de uma ocasião, e tudo o que ele fizera fora rejeitá-la. E então Gray decidiu-se: não ficaria com Juvia, pois ela merecia melhor do que um pateta que não sabia se expressar e nem sequer havia conseguido dizer que a amava, e muito menos conseguia protegê-la.

E a cada vez em que ela o via e dizia coisas que o faziam pensar num futuro romântico, ou fazia poses que mandavam sinais direto para o meio de suas pernas, ele se irritava. Uma raiva corria em suas veias, pois se convencera de que jamais mereceria ficar ao lado dela, e se enfurecia com a chance bem ali em sua frente, se esfregando em seu nariz, sem que ele pudesse aproveitá-la.

Mas Gray devia saber que falharia tentando se manter longe.

Porque agora ela estava ali, em seus braços, e tudo o que ele podia fazer era assistir enquanto meses de barreiras sentimentais eram derrubadas pelo subir e descer do peito de Juvia.

Lentamente, como se pudesse ouvir seu monólogo interno, Juvia abriu os olhos sonolentos, encontrando seu olhar.

Vendo-a tão frágil e tão sua, finalmente ali, com ele, Gray pensou ser o melhor momento para tentar ser menos tapado e mais aberto:

— Eu te amo. – disse Gray.

Juvia ruborizou, desviando o olhar.

Ela parecia não saber como responder. Gray achou-a adorável. Juvia decalarava-se todos os dias, mas, no minuto que era correspondida, ficava tímida.

— Juvia não está sonhando, está? - sussurrou ela.

Os cantos da boca de Gray se ergueram. Fazendo uma pinça com os dedos, ele beliscou a pele de seu ombro, e ela fez uma careta.

— Por quê Gray-sama fez isso? – resmungou ela, fazendo biquinho.

— Agora você sabe que não está sonhando.

Juvia sorriu, olhando-o nos olhos.

Alguns segundos se passaram com os dois se entreolhando, com sorrisos nos rostos.

E então, o de Gray se desfez, e ele virou-se para um ponto fixo no lençol, onde seus dedos se remexiam no tecido, inquietos.

— Juvia... me desculpe por hoje mais cedo.

A expressão de Juvia se tornou levemente sombria, como se ela estivesse tendo flashbacks.

— Tudo o que eu disse era mentira, sabe. – completou rapidamente Gray, percebendo a alteração de humor da outra – Eu não estava pensando direito.

Juvia encarou-o, mas Gray se recusava a encontrar seus olhos.

— Na verdade... – continuou Gray – eu... não me importaria de passar a vida ao seu lado.

O coração de Juvia bateu um pouco mais rápido. Ela tentou não fazer nenhum movimento brusco, como se um simples estalar de dedos pudesse assustar Gray e fazê-lo mudar de ideia, mandá-lo correndo porta afora para longe dali.

Ela olhou em seu rosto, procurando por sinais de que talvez aquilo fosse mais uma brincadeira, mas Gray parecia sério. Um rubor adornava suas bochechas, e ele ainda olhava fixamente para lençóis.

— Ok, talvez isso seja um eufemismo. Pra ser honesto, eu não sei se imagino minha vida sem você nela, Juvia.

A voz grave de Gray retumbava pelo peito da garota, e ela sentia que aquele momento estava durando tempo demais e no entanto não era tempo o suficiente. Ela poderia criar uma pequena cabana e trazer suprimentos e água e ficar ali, naqueles instantes, para sempre.

A lua já brilhava alto no céu, e a luz prateada entrava pela janela do quarto de Juvia, lançando sombras sobre o rosto de Gray. Juvia pensou que ele nunca esteve mais bonito, cabelos negros recaindo sobre olhos que pareciam pretos, mas eram, na verdade, acinzentados assim, de perto. A corrente prateada que sempre carregava consigo descansando sobre seu pescoço, a pele pálida afundando-se e elevando-se nas linhas delineadas dos músculos de seus braços, peitoral e abdômen, cabelos escuros formando uma trilha a partir de seu umbigo, descendo, descendo, descendo...

Juvia esticou uma mão, contornando as silhuetas das sombras no corpo de Gray com a ponta dos dedos, apoiada sobre um braço para encará-lo melhor.

— Juvia também não imagina uma vida sem Gray-sama.

Gray a olhava intensamente nos olhos agora. Seu olhar parecia queimar-lhe a pele, penetrando fundo em sua alma.

Agora que sabia como era beijar Juvia, era difícil para Gray olhar para ela e não pensar em como seus lábios encaixavam nos seus, e como tinham gosto de chuva, e esquentavam algo dentro dele. Era quase impossível não lamber os próprios lábios em antecipação, não inclinar-se para frente, buscando o toque.

Quando deu-se por si, Gray traçava o lábio inferior de Juvia com o dedão, para depois apoiá-lo ali, semi-partindo sua boca. Estava hiptotizado, não sabia se pela boca da maga ou pelos olhos.

 

— // -

 

Lá fora, no céu, a noite veio e se foi, mas nenhum dos feiticeiros da Fairy Tail naquele quarto notou a passagem de tempo, perdidos mais uma vez um no outro.

Na manhã seguinte, Gray tomou café da manhã na casa de Juvia. Eles comeram bolo.

Numa gaveta do armário da cozinha, estavam guardados dois bonecos de cera, terrivelmente parecidos com um certo mago do gelo e uma maga da água.

Afinal, Gray havia murmurado, talvez eles fossem ser necessários no futuro.


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Notas finais do capítulo

Eeeeee fim! hehehe
Gostaram? Não gostaram? Comente!
Muito obrigada por ler e até mais, nos vemos por aí! ;)

??” Kissus ♥