Legados-Legacies escrita por Erin Noble Dracula


Capítulo 3
Procuradas


Notas iniciais do capítulo

https://youtu.be/tEbMmsMIQlc-Kat toca The Scientist.
https://youtu.be/6wTZLYuoyNY-Kat e Hope dançam.



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P.O.V. Príncipe Romeu.

Meu pai, o Rei Henry deseja conhecer as talentosas irmãs que cantam na taberna. Ele deseja ser testemunha de seu talento.

—Com licença.

—Pois não?

—Sua majestade, o Rei ouviu muito falar de vosso espetáculo e deseja que lhe façam uma apresentação.

—Imagino que negar não seja uma opção.

—Não. 

—Ótimo.

Ela estava puxando água do poço. Usava um vestido azul de linho, pude ver as meias eram de seda e lã. Como uma camponesa arrumaria dinheiro para comprar seda? E a capa era feita numa cor de vermelho intensa, havia um capuz. Seu traje tinha muitas anáguas.

—Como consegue dinheiro para comprar estas vestes?

—Trabalhando.

—Nenhuma outra serva que eu conheça consegue algo assim.

—Eu faço algumas das minhas roupas. Como a capa por exemplo.

—Porque vermelha?

—Eu gosto de vermelho. E de onde eu venho tem um conto. De uma garotinha cuja vó fica doente e a mãe lhe manda que leve para ela doces. No conto a avó faz a capa de presente de aniversário para a garotinha, a capa ficava tão bem nela que... a apelidaram de chapeuzinho vermelho. Quando a mãe dá a cesta de doces pra menina levar para a vó, manda ela ir pelo caminho mais longo que é contornando o vilarejo e não pelo mais curto que passa pelo bosque, mas... a menina é desobediente. No fim ela e a vovó viram comida de lobo e fim.

—É um bom conto.

—Charles Perralt é o cara.

—Charles Perralt?

—Ele é francês, nasceu em Paris em doze de janeiro de mil seiscentos e vinte e oito. Sou boa com datas.

—Mil seiscentos e vinte e oito é daqui a trinta e sete anos!

—Oh, porcaria.

Ela olhou nos meus olhos.

—Esqueça tudo o que eu disse sobre Charles Perralt.

—Porque a capa vermelha?

—Eu gosto de vermelho. Isso parece uma coisa só, mas é como o monstro de Frankeinstain. Tem um monte de peças de roupas separadas que parecem uma peça só.

—Como você tem os cabelos vermelhos?

—Eu até poderia tentar te explicar genética e DNA, mas eu prefiro a resposta mais popular. Foi a vontade de Deus.

—Genética e DNA? O que é genética e DNA?

—Metade do seu DNA veio do seu pai. A outra metade, veio da sua mãe. Se ambos os seus pais tem cabelos e olhos castanhos, então... a única explicação para a cor do seu cabelo é que eles são heterozigóticos. Se ambos os seus pais são loiros de olhos claros, então ou você é adotado ou é um filho fora do casamento. O gene de olhos e cabelos claros é uma característica recessiva, só se manifesta se vier em dose dupla. Um do papai e um da mamãe. O mesmo para o gene MC1R, gene do cabelo ruivo. Apesar dos meus dois pais terem cabelos e olhos castanhos, na minha linhagem tem umas complicações envolvidas.

—Complicações?

—Isso.

—O meu mestre deve saber sobre isso.

—Não. Ele não sabe. Procure onde quiser, no livro que quiser... você não vai achar nada disso.

—E onde você achou isso?

—Eu nasci num mundo e numa família que você... com certeza, não compreenderia.

—Num mundo? Está me dizendo que veio de outro mundo?

—Mais ou menos isso.

—Mais ou menos?

—Você faz muitas perguntas. Quando o Rei quer me ver?

—Amanhã. Ao cair da noite.

—Que gênero musical ele quer?

—Gênero musical?

—Ele vai querer que eu cante apenas? Que eu toque apenas? Que eu cante e toque?

—Imagino que tudo isso.

—Ele vai querer que eu dance?

—Sabe dançar?

—Sei.

—Como é o mundo de onde você veio?

—É bastante diferente deste. A maioria dos países vive em regime democrático, as mulheres podem votar, casamento não é necessariamente pra vida toda, a noite é tão clara quanto o dia, existem construções tão altas que são chamadas de arranha céus, música que toca sem orquestra. Infelizmente quase não há mais árvores ou florestas. Carruagens que não precisam de cavalos para se mover. Enormes pássaros de metal construídos pelo homem que voam por sob as nuvens e transportam pessoas, carga. Daqui até a China, leva umas dez horas.

—Horas?

—Isso.

—Daqui até a China?

—Sim.

—Me parece um tanto irreal.

—Imaginei que diria isso.

—Você fala inglês, porém o seu inglês é diferente do meu.

—É. Mas, veio do seu. O seu inglês, é inglês galego.

—Inglês galego?

—Não vim de outro mundo, mas de outra época. Por isso eu sei tudo o que está por vir. As coisas boas e as ruins também. Não pode contar isso a ninguém.

Nós viajamos até o Palácio de Saint James.

—É o Palácio de Saint James. Mas tá diferente. É claro! O incêndio de mil oitocentos e nove. Não aconteceu ainda, devido ao incêndio teve que haver reformas.

Disse ela, mas ela disse mais para si mesma do que para mim.

P.O.V. Rei Henry.

Ela era bela, tinha uma marca no pescoço. Mas, era dona de uma beleza exótica.

—Então, o que vai apresentar?

—O que quer ouvir?

—Você canta?

—Sim. Entretanto, vou avisar logo agora que algumas das músicas do meu repertório podem ofender algumas pessoas embora essa não seja a intenção. Vou tentar ser suave.

Ela tinha uma voz igualmente exótica. Era suave, porém não tão suave assim.

—I see your red door, I wanna paint it black. No colors anymore, I want them to turn black.

A música tinha um tom sombrio, a sua voz exprimia raiva e a sua dança tristeza.

—Cante algo animado.

—Como quiser.

Ela começou a tocar um de seus instrumentos e a letra da música falava de magia e amor. Mas, era relativamente animada.

A melodia era estranha, porém era interessante.

P.O.V. Kat.

Magic, do Coldplay. Uma das minhas músicas favoritas.

Então, decidi que Coldplay era uma boa pedida. As letras eram lindas, a melodia era produzível.

P.O.V. Hope.

A Kat era uma ótima cantora e pianista e violinista, arpista e violoncelista.

Eu gosto mais de desenhar e pintar. A Kat gosta de cantar.

—Kat! Canta a da moça francesa.

—Madamoseille Noir? Mas, é uma tragédia!

—Mas, a melodia é legal.

—O que acha, vossa majestade?

—Tudo bem.

Eu sempre fico com raiva nesta música. Gentinha ignorante.

P.O.V. Rei Henry.

Num determinado ponto, ela tocava e cantava furiosamente. Exprimindo toda a sua raiva.

E então ela usou outro instrumento.

—Don't shy from the light. It will never harm you.

As letras eram... maravilhosas. Porém, eram sempre músicas calmas tocadas ao piano ou com aquela viola.

—Mais ânimo!

—Tudo bem. 

P.O.V. Hope.

Ela começou a tocar Everybody hurts da Avril Lavigne. Era uma música mais agitada, animada com uma letra bonita.

P.O.V. Príncipe Romeu.

Ela não ficava só no centro do palco, ela se movia por ele e sorria sempre que conseguia. E a irmã dela sabia todas as letras de cor.

—It's Okay. É uma expressão desconhecida.

—Significa está tudo bem. Está tudo bem ficar com medo, está tudo bem sentir.

O meu pai aplaudiu.

—Soube que sabe dançar.

—Sei.

—Gostaria que me mostrasse.

—Claro.

—Kat! Canta Fly. Da Hillary Duff.

—Vem me ajudar então. Mas, Fly não é muito dançante.

—Vamos tocar a do se ela dança eu danço.

—Tudo bem. É melhor e é instrumental. Eu vou trocar de roupa.

—Trocar de roupa?

—Lembra que eu disse que algumas das minhas músicas acabariam ofendendo alguém? Olha só, sua majestade. Isso é apenas figurino, nada de mais. E os meus passos, não são como nada que você já tenha visto.

—Muito bem.

Elas saíram e quando voltaram... a roupa era brilhante, cheia de jóias porém era curta demais. Mas, nada nos preparou para aquela melodia, coreografia. Era uma coisa fenomenal.

Passos de ballet clássico, misturados a passos e acrobacias inéditas. Não sabia que o corpo de uma pessoa era capaz de fazer movimentos como aqueles.

—Sirvam o banquete!

—A gente vai poder comer também, majestade?

—É claro.


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