Meu vaqueiro. escrita por Mari Barros


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Essa é minha primeira fanfic original, confesso que estou com um friozinho na barriga e muito ansiosa em publicá-la. Eu ainda estou a procura de um(a) beta, por isso, caso haja algum erro, em alguns dias estarei corrigindo.
Espero que vocês gostem, fiz com muito amor!



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CAPÍTULO 1

Mais uma segunda típica como todas as outras. Escritório gelado, um monte de gente com sono andando de um lado para o outro e meu chefe gritando incansavelmente com a máquina de café, que há dias não funciona e ele ainda insiste.

Eu estou na minha mesa bebendo chá de erva doce enquanto confiro meus e-mails e espero a lista de atividades da semana carregar. Vejo os e-mails e de imediato reviro os olhos, não tem nada de interessante, apenas anúncios de roupas que não vou comprar, dietas que não vou fazer e notificações repetidas do Facebook.

Quando finalmente a lista da semana atualiza, vejo que tenho dietas para serem confeccionadas e entregues até quarta-feira no zoológico para o departamento de aves e felinos da cidade e quinta havia sido marcada uma viagem para uma fazenda, pelo que entendi, o gado havia sido atacado por algum animal desconhecido.

Estava ainda lendo o relatório do caso quando Alice veio pulando e gritando em minha direção:

— MEL, VOCÊ VIU QUE TEMOS VIAGEM JUNTAS? – ela disse me sacudindo enquanto eu ria. Alice é totalmente empolgada com as coisas, ela é a pessoa mais expressiva que eu conheço. Nos conhecemos desde a época da faculdade, pegamos algumas matérias na mesma turma e quase que ela me fez mudar pra medicina veterinária por conta desse jeitinho doce, fofo e alegre dela.

— Calma Ali, respira. – eu disse rindo, enquanto ela sentava numa cadeira ao meu lado – E não, eu não vi, não cheguei na parte da equipe técnica ainda. – ela me deu língua – Eu estava lendo o relatório do caso, enfim, quem mais vai com a gente?

— Eu, você e Luma, que a propósito, está atrasada. – quando Alice terminou a frase, Luma entrou com a maior cara de ressaca e se jogou na cadeira mais próxima a nós:

— Como é que vocês conseguem chegar no horário em plena segunda feira? Isso vai contra os princípios humanos.

Eu e Alice rimos. Toda segunda é a mesma coisa, lamúrias e mais lamúrias vindas da pessoa mais ranzinza que já vi na vida. Luma é uma das biólogas que trabalham aqui com a gente, no início, eu e Alice detestávamos ela, mas depois que ela me salvou de ser picada por uma cobra, a amizade simplesmente aconteceu.

— Iai? Quais as novidades da semana? – Luma perguntou coçando os olhos e se endireitando na cadeira.

— Teremos uma viagem quinta feira, eu, você e Mel, ou seja, o trio silvestre entrará em ação. – Alice disse toda eufórica – E antes que você me pergunte o que a gente vai fazer lá, já vou avisando, é trabalho pesado. Algum animal, que o dono da propriedade acredita ser uma onça, vem atacando o gado dele. Alguns animais foram feridos e outros mortos. Então temos curativos pra fazer, talvez cirurgia, não sei a gravidade. Além de analisar os cadáveres, fazer pesquisa de pegadas, de fezes, vigiar, essas coisas.

— Tomara que o dono da fazenda tenha pinga das boas, não sou capaz de trabalhar tanto sem uma boa gota de álcool. – Luma disse enquanto levantava da cadeira e ia em direção à mesa dela – Agora deixa eu ir trabalhar, vocês conversam demais.

Demos risada, o clima entre nós era sempre muito leve e eu amava ter elas como amigas justamente por isso.

A semana em si passou rápida, a quarta feira chegou e eu já estava com todas as dietas prontas e entregues no zoológico, ainda aproveitei para matar a saudade do Tommy (o leão que havia perdido o movimento das patas dianteiras por conta de um tumor), enchi ele de denguinho. E finalmente estava em casa. Eram 9 horas da noite e eu ainda não havia arrumado minha mala. Depois de ler tudo sobre a viagem, descobri que ficaríamos o tempo necessário para descobrir o que estava acontecendo, o prazo era de duas semanas mas poderia estender se fosse preciso.

Tomei um banho, deixei a cafeteira se encarregando de fazer um café gostoso e forte enquanto eu preparava uns sanduíches de atum, cenoura e ricota. Assim que finalizei, fui pegar no armário uma xícara pra tomar o café. Porém o armário é muito alto, então fiquei nas pontas dos meus pés tateando até encontrar algo que parecesse uma xícara e puxar. Para meu azar veio uma xícara que meu ex havia me dado. De imediato a cabeça foi pra longe e uma onda mista de boas e más lembranças me tomou e só consegui voltar ao presente quando o barulho de algo quebrando me assustou. Numa fração de segundos eu consegui me teletransportar para a minha vida de quase dois anos atrás. A melhor e consequentemente a pior fase da minha vida veio a tona de uma forma que meu coração apertou.

— QUE DROGA! – eu gritei vendo que os cacos da porcelana tinham se espalhado por todo lado além de ter cortado meu pé. Recolhi os pedaços da xícara no chão e enrolei o pé numa toalha e fui até a casa dos meus vizinhos para que eles me ajudassem com o ferimento.

Nana e Tuti são um casal de idosos que moram no prédio desde quando os meus pais vieram morar aqui e depois do meu nascimento eles passaram a ser parte da família. E a partir do momento que aprendi a falar, eles deixaram de ser Natália e Túlio para serem minha Nana e meu Tuti.

Depois que meus pais foram morar em outro estado eles ficaram encarregados de cuidar de mim, mesmo eu já tendo idade suficiente para me cuidar sozinha (pelo menos é o que eu acho).

— TUTIII, NANAAA, PRECISO DE AJUDA! – eu gritei enquanto tocava a campainha.

Eles vieram desesperados me amparar. Nana me colocou sentada no sofá enquanto Tuti foi buscar um pano molhado pra limpar o sangue, depois retirar os caquinhos de vidro que estavam grudados.

Depois que já estava de curativo feito no pé, e de convence-los de que eu estava maravilhosamente bem eu voltei para casa, comi meu sanduiche, bebi o café e fui dormir, o dia amanhã começaria cedo.

Acordei as quatro horas da manhã com o despertador do celular estrondando nos meus ouvidos:

— Merda, já? – Eu falei enquanto tentava desligar o despertador. Assim que consegui, abri o WhatsApp e já tinha mensagem de Alice desejando bom dia e perguntando no grupo se eu e Luma estávamos animadas. Eu dei risada, Alice tinha a animação de uma criança de cinco anos em época de Natal.

Eu respondi que estava escuro demais para empolgação e Luma respondeu com “Lindíssima, disse tudo. Deixa de ser louca, Alice”, Alice respondeu com emoticons revirando os olhos e outro dando dedo. Eu enviei alguns emoticons rindo:

Eu levantei da cama ainda rindo, fui fazer minha higiene pessoal e em menos de vinte minutos eu já estava pronta, o que foi um milagre que eu não entendi só agradeci. Vesti minha calça jeans favorita com meu cinto de fivela (amava quando tínhamos trabalho na fazenda que aí eu podia soltar a garota rural que vivia dentro de mim), minha bota preta com oncinhas e uma blusa básica em tom marrom claro, prendi meu boné na alça da minha mochila e saí de casa.

Passei em Nana e Tuti para avisar que iria viajar a trabalho, dei um beijo em cada um e fui embora. Quando finalmente cheguei no trabalho já eram 5:25 e iriamos sair as 5:30. Luma e Alice já estavam me esperando. Registramos no sistema nosso horário de saída as 5:30 em ponto, peguei a chave do carro da empresa e saímos.

Assim que entramos no carro, Alice e Luma já começaram a reclamar enquanto eu tentava conectar o bluetooth do celular com o som do carro:

— Pelo amor do meu bom Deus, Mel, nada de colocar sua playlist de modão.

— Primeiro: quem escolhe a playlist é quem dirige – eu disse e elas já iam começar a reclamar de novo, então emendei – Segundo, se vamos para uma fazenda temos que entrar no clima.

Conectei minha playlist “modão” do spotify e partimos. Como todas as vezes, cinco minutos depois delas pararem de reclamar das músicas, já estávamos todas aos berros cantando “saga de um vaqueiro”.

Levamos quatro horas até chegar na cidade e depois pegamos mais 40 minutos de estrada de barro para chegarmos a propriedade. Quando finalmente chegamos, havia uma senhora de cabelos negros sentada na varanda da casa lendo uma revista enquanto fazia carinho numa gatinha muito fofa. Assim que ela nos viu, veio nos receber com um sorriso largo e uma abraço caloroso e nos mandou entrar.

Assim que entramos, logo descobrimos que ela era esposa do Sr Manoel (o fazendeiro que solicitou nossos serviços), ela se chamava Ana. Ela nos ofereceu biscoitinhos, pães, broas, doces, etc e pediu que sentássemos enquanto ela passava um café fresquinho e conversávamos:

— Achávamos, meu marido e eu, que estávamos sonhando quando acordamos e vimos nosso pasto sujo de sangue. – Ela começou a contar sobre o caso, e Luma foi logo anotando o que ela achava ser importante.

— E vocês não ouviram nada há noite? – Eu perguntei.

— Não, nadinha. Só sei que pela manhã muitos animais estavam feridos, alguns, infelizmente, tivemos que sacrificar, outros, minha sobrinha deu um jeito, ela é medica veterinária também – Ana disse sorrindo pra Alice – mas no geral foi um horror. Meu filho ficou furioso.

— Filho? – Luma perguntou interessada.

— Sim, eu e Manoel temos dois, Joaquim que é o meu mais velho e Francisco, meu caçula. Vocês vão conhecer eles mais tarde, saíram um pouco antes de vocês chegarem para irem a feira com pai.

— Certo, mas voltando Dona Ana, vocês acham que tenha sido uma onça? – Eu mudei o foco da conversa e olhei feio pra Luma, que me ignorou completamente.

— Eu não sei, pode ter sido, mas se foi onça, com certeza foi mais de uma. Joaquim tirou fotos do ocorrido, assim que vocês verem vão entender do que estou falando. – Eu assenti – Bom, o café está pronto, assim que vocês terminarem, peço para um dos nossos vaqueiros levarem vocês até os animais.

Depois de termos tomado um café reforçado fomos até o pasto. Em alguns pontos ainda tinha sangue e eu colhi umas amostras para enviar para o laboratório, se tivesse um pouco de sangue do animal que atacou o gado, descobriríamos rapidamente que bicho ele era. Depois fomos até os estábulos, os bichinhos estavam bastante assustados, os cavalos eram os mais agitados.

Alice analisou alguns dos ferimentos, e segundo ela, diante da mordida parecia mesmo ter sido uma onça, mas eu não estava certa daquilo e nem Luma, ela disse que não é do comportamento de onças atacarem só por atacar, elas atacam para se alimentarem, e nenhum animal da fazenda havia sido morto, então a intensão era outra e nós precisamos descobrir qual era.

Passamos o restante da manhã colhendo informações, tirando fotos para montarmos nossos relatórios de caso. Quando já estávamos finalizando, um rapaz, que devia ter no máximo uns 20 anos, chegou para nos chamar. Ele era extremamente bonito. Ele era alto, provavelmente uns 1.80 de altura, tinha olhos castanhos, moreno, tinha cabelos pretos na altura do maxilar, e era altamente malhado, ele estava de calça jeans sem camisa. Assim que ele percebeu que eu, Luma, principalmente Luma, e Alice olhávamos para ele com olhar de admiração ele deu um sorriso, o sorriso mais safado que já vi alguém conseguir fazer:

— Calma meninas, nem sou isso tudo. – Ele disse em tom brincalhão.

— Você é quem mesmo? – Eu disse em tom de deboche tentando amenizar a situação constrangedora que com certeza fez o ego dele ir lá para cima.

— Francisco, prazer – ele disse sorrindo para mim – vocês são as moças que vão exterminar as onças daqui, não é mesmo?

— Não temos certeza se é mesmo uma onça. – Alice disse estendendo a mão para ele, que logo pegou e deu um beijo, fazendo ela corar. – Enfim, prazer Francisco, eu sou Alice, essa é a Melissa – ela apontou para mim e ele pegou minha mão e também deu um beijo – e essa é a Luma. – Ele fez o mesmo com ela.

— Bom moças, é um prazer conhece-las. Mas agora preciso que vocês venham comigo, por que estou varado de fome e minha mãe não deixou que tocássemos na comida até vocês chegarem para almoçar com a gente. – Nós três rimos – Então, se não for incomodo por favor vamos logo.

Ele foi andando na frente e nós seguimos ele. Luma olhava para mim e pra Alice, apontava para a bunda do cara e gesticulava com as mãos um sinal de positivo. Eu tentava não ter uma crise de riso enquanto Alice falava baixinho “gatooo, muito gatooo”. Eu tinha certeza que o tal do Francisco sabia que estávamos falando dele mas achei melhor ignorar e continuar a brincadeira.

Assim que chegamos a casa, um cheiro de feijoada invadiu nossas narinas, se a comida tivesse tão gostosa quanto o cheiro eu ia me esbaldar.

Após o almoço eu estava completamente cheia, minha barriga não tinha espaço para mais nada, nem mesmo para o pudim maravilhoso que dona Ana nos ofereceu de sobremesa. Francisco comeu uns cinco pratos e ainda estava de olho num segundo pedaço de pudim, Luma, nem se fala, comeu parecendo que passava fome á dias e Alice comeu praticamente toda salada da casa (já que ela é vegetariana) com um macarrão de forno que dona Ana fez só para ela.

Joaquim, o filho mais velho do casal, tinha saído assim que Francisco foi nos chamar, pelo que entendi, tinha um almoço na casa da noiva dele. Eu achei estranho que ela tivesse vindo se reportar a mim sobre isso, como se, de alguma forma, eu precisasse saber.

Depois de ajudarmos a retirar a mesa e lavar os pratos, fomos para o nosso quarto tirar um cochilo.

Ás 19 horas estávamos terminando de digitar nossos relatórios quando Sr Manoel bateu na porta do quarto:

— Pode entrar! – Alice gritou sem nem tirar os olhos da tela do notebook.

— Meninas, eu, Ana e Francisco estamos indo para vaquejada que vai ter na cidade, vocês querem ir?

— Bebida, aposta, homens e sertanejo? TO DENTRO! – Luma disse gritando e Sr Manoel fez uma força absurda para não rir (ele não era muito de gracinhas).

— Luma!! – Eu a repreendi.

— Oh Sr Manoel me desculpe – ela disse rindo.

— Tudo bem – ele deu uma risadinha leve – estaremos esperando vocês na sala.

— Luma pelo amor de Deus isso lá são coisas de dizer ao homem? – Alice disse rindo.

— Ah, já disse, agora adiantem que temos festinhaaa!!!

Assim que ficamos prontas, tiramos uma selfie. Eu estava de calça jeans, uma regata preta por dentro, um colete de fitas marrom e uma bota marrom. Alice vestiu um vestido branco de mangas e furinhos, uma bota marrom e um chapéu bege e Luma colocou um shortinho jeans azul, uma cropped branca, uma bota preta e um casaco de fitinhas marrom.

Depois da sessão de fotos, nos encontramos com Manoel e Ana na sala e fomos para o carro que Francisco já estava nos esperando. Assim que ele nos viu de dentro da caminhonete, ele saiu pela janela e gritou:

— Arre éguas sô, vocês tão gatas demais! – Ele disse e assobiou como um lobo. Todo mundo deu risada. Subimos na parte de trás da caminhonete e fomos em direção ao evento.

Quando finalmente chegamos, Luma reclamava de dor na coluna e eu ria enquanto Francisco tentava tirar Alice do fundo da caminhonete. Depois de estarmos na entrada, compramos nossos ingressos e fomos para nossos lugares. O local estava lotado de pessoas, gente subindo e descendo, pessoas vendendo batata fritas, churrasquinho no espeto, cerveja, tinha de tudo.

Algumas bandas começaram a tocar, eu, uma boa amante do sertanejo, comecei a gritar e cantar loucamente. Luma e Francisco tentavam dançar no pequeno espaço que estávamos e Alice conversava aos berros com Sr Manoel e Dona Ana. Depois do show, algumas bebidas, eu já estava animada demais para o normal. A vaquejada começou e a gritaria era ensurdecer qualquer um.

Os vaqueiros começaram a ir, um por um, mas quando chamaram no microfone JOAQUIM, a plateia foi a delírio. Pelo visto, ele era o favorito da multidão, e por isso fiquei de olhos vidrados nele. Esse tal de Joaquim era realmente muito habilidoso, em poucos segundos ele havia derrubado o boi na faixa e ganhou o primeiro o lugar na competição.

No final do evento, fomos todos cumprimentar o Joaquim. Quando chegamos perto dele, sabe lá Deus por que, meu coração acelerou de um jeito que a muito tempo não acontecia. Quanto mais perto eu chegava dele, mas bonito ele ficava. Ele tinha olhos pretos e o cabelo dele também era preto e na altura dos ombros, ele tinha um jeito sério e concentrado que o tornava mais atraente e charmoso que deixaria qualquer mulher fora de si.

Eu fiquei realmente muito encantada, tanto que dona Ana percebeu e tocando no meu ombro ela disse sorrindo:

— Lindo, não é? Esse é o meu filho mais velho, aquele que te falei mais cedo. – Eu não consegui falar nada, apenas assentir e quando dei por mim, ela já estava me levando puxada pelo braço em direção a Joaquim. Pude ver numa fração de segundos que ela com certeza me faria passar vergonha.


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Notas finais do capítulo

Iai? O que acharam?
Deixem comentarios para eu saber o que vocês acharam da historia e o que esperam que aconteça!
Um grande beijo e até o proximo capitulo ♥



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