Coração que Cura escrita por Carolina Muniz


Capítulo 5
4


Notas iniciais do capítulo

Hey ♥



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× Capítulo 4 ×

Foi um dia difícil para Ana a partir daquele minuto, e foi uma semana horrível para Christian e sua família.

O homem não voltou ao hospital e Ana não voltou para seu quarto.

Seu coração estava piorando e talvez a expectativa de ter um novo tenha feito com que o órgão estragado se apressasse em si desintegrar.

Ela teve uma conversa com seus pais - o casal sempre fora aberto com ela, e contava tudo o que os médicos não queriam deixá-la saber.

Então agora ela sabia que havia um coração para si, mas a pessoa que o tinha estava em coma.

Era complicado esperar. Ela tinha um coração compatível disponível, mas a família ainda não se decidiu se iria desligar os aparelhos.

Ana não gostava de pensar naquela situação. Ela esperava pela morte de alguém, foi ensinada assim, e ela não queria admitir que agora estava esperando pelo assassinado.

Não importava muito o que os médicos diziam sobre o coma, ela sabia que a pessoa estava viva. Era isso, era uma pessoa viva dormindo profundamente sem motivo aparente.

Ana queria viver. Queria muito.

Mas ela estava ali a tempo demais para já ter visto de tudo. Coisas boas e coisas ruins aconteciam. Milagres e mais milagres que a faziam querer viver a cada dia mais. 

Ela viu um homem que ficou doze anos em coma acordar lúcido e perfeito, ela viu uma criança que levou três tiros no peito e um na cabeça sair daquele hospital andando.

Então, ela acreditava que alguém pudesse acordar de um coma depois de um acidente de carro, e ela não iria admitir em voz alta - e muito menos em sua mente - que queria o coração dessa pessoa.

Mas ela não podia dizer nada para os seus pais. Eles estavam na expectativa.

Ninguém podia julgá-los.

Muito menos Ana. Não era apenas ela quem sofria.

O pior sentimento do mundo é quando algo está matando você por dentro, e você tem que agir como se tudo estivesse bem.

Ana se sentia uma sonâmbula e não fazia ideia de como acordar.

O médico havia acabado de sair, ele havia decretado algo que Ana já separava - assim como seus pais.

Seu coração estava chegando num impasse de batidas lentas - aquilo era normal. O problema é que as batidas lentas estavam sendo menores a cada dia.

Ele estava parando. E parando. E parando.

Ana assentiu e fingiu que havia acreditado na desculpa de sua mãe de que ia buscar um café. Ela também assentiu quando seu pai deu a desculpa de que havia esquecido de que queria um café sem açúcar.

Ela assentiu e deu um sorriso bonito para que eles entendessem que eles podiam sair do quarto.

Eles podiam sair do quarto para chorar em silêncio, longe de suas vistas para que ela não piorasse.

Eles nunca choraram na sua frente.

Ana não sabia como aquilo poderia fazê-la piorar, mas sempre respeitava as decisões deles em fazer aquilo.

Ela também nem saberia o que , nunca se deu muito bem em acalmar as emoções de outras pessoas. Ela sempre teve suas emoções no limite, não tinha como pensar nos outros naquele quesito.

Então seus pais saíram e Ana encarou o teto, sentindo aquele sentimento conhecido, muito conhecido por si lhe cobrir até lhe afogar.

Ás vezes, Ana odiava as pessoas. Aquilo com certeza era bem ruim para sua saúde mental. Mas era a verdade. Ela odiava.

Tudo estava bem antes daquela droga toda, antes de toda aquela expectativa sobre um coração disponível. 

Seus pais não choravam o tempo todo, eles não estavam lamentando por não poderem fazer nada.

Ana queria apenas que a família da outra pessoa decidisse logo, dessem o seu decreto do sim ou não. Esperar já estava se tornando uma coisa horrível.

Ana havia ido para o seu quarto na noite passada. E naquela manhã ela acordou irritada.

Os médicos diziam que aquilo era efeito colateral de se estar muito tempo no hospital. 

Fosse aquilo ou não, a situação sempre acontecia. Ana sempre explodia de repente. Às vezes devagar, às vezes rápidos, mas sempre explodia.

Não ter o controle da própria vida a fazia pirar, por ela e por seus pais. Sem contar que a morena realmente achou que Christian Grey poderia voltar.

Mas é claro que ele não voltou.

Afinal, por que ele voltaria?

Ele com certeza tinha um coração saudável que não o fazia ir para o hospital, ele tinha uma vida muito diferente da de Ana, e fosse qual fosse o motivo dele ter estado ali há uma semana, já havia passado e não era uma coisa corriqueira.

Mas ainda assim, dentro dela, a expectativa cresceu.

E naquele momento, bem naquele ali em que ela se deu conta de que ele não veio e teria mil motivos para não ir, ela sentiu vontade de quebrar todo o seu quarto, todo o hospital. Tudo. Ela queria quebrar todas aquelas maquinas que lhe davam esperança de uma vida melhor, ela queria todos aqueles médicos que viviam dizendo que tudo ia ficar bem, queria quebrar os pastores que iam até o seu quarto e lhe diziam na cara dura que aquilo tudo era um plano de Deus e que no final tudo ia se acertar.

Mas ela não fez nada.

Ela apenas continuou na cama, olhando para o teto branco em seu estado deitada, ouvindo o som nunca ritmado do seu coração pelo monitor cardíaco.

Ana entendia que tinha todo o direito de estar com raiva - ouviu aquela frase durante toda a sua vida - mas ela não tinha o direito de ser cruel.

Okay, ela não acreditava nas máquinas, não acreditava nos médicos. Ela apenas se esforçava com tudo. Mas muitas pessoas não eram assim, muitas pessoas acreditavam, sentiam, depositavam sua fé. E não era ela quem iria acabar com aquilo.

Então ela decidiu: as máquinas, os médicos e todos os pastores ficariam intactos se dependesse dela.

A garota inspirou o ar profundamente. A raiva estava ali ainda, mas ela tinha um propósito de não atacar.

Ela se concentrava naquela equação quando uma batida em sua porta a fez desviar os olhos do teto.

— Entre - disse alto o suficiente para quem quer que fosse.

E quem quer que fosse era quem ela não imaginava que seria.

× ×


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Notas finais do capítulo

Huuuuum sei nem quem é :D



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