Coração que Cura escrita por Carolina Muniz


Capítulo 27
28


Notas iniciais do capítulo

Oiiiiiiiiii, obrigada pela liinda recomendação Robertadupio ♥



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× Capítulo 28 ×

Ana usava uma saia azul, uma regata preta e um body da mesma cor por cima, nos pés sapatilhas azul marinho e sua tornozeleira inseparável. A garota estava no carro de Christian, analisando novamente sua roupa, se não estava demais ou pouco para ir a casa dos Grey. 

Mesmo depois de Christian lhe dizer que estava linda, ela ainda se perguntava se não era melhor trocar de roupa.

Mas na verdade aquilo era uma distração, apenas um atalho de desvio de caminho dos seus pensamentos sobre ir estar indo a casa dos Grey, onde Teddy estaria.

Era um misto de emoções que ela não sabia onde começava, mas sabia que não tinha fim, eram todos de uma vez só.

O carro parou em frente a uma mansão luxuosa e clássica da Boulevard, o tipo de lugar que uma criança adoraria crescer. 

— Vamos? - Christian chamou quando Ana permaneceu no lugar mesmo depois dele ter aberto a porta para ela.

— Acho que é melhor não... - ela começou.

— Já eu acho que é melhor sim, e como sou o mais velho eu quem estou certo - ele brincou e piscou para a garota em seguida, fazendo-a rir. - Vamos, gatinha - ele a pegou pela mão e a puxou para fora do carro.

— Christian - a garota reclamou.

— Você é realmente baixinha, sabia? - ele comentou quando a garota ficou parada a sua frente e mediu em seu peito.

A morena revirou os olhos e bufou.

— Você acha que porque estamos na frente da casa dos seus pais eu não vou brigar com você? - ela resmungou.

— Eu estava contando com isso - Christian falou enquanto a levava em direção a casa.

— Chris, é sério - ela começou novamente, travando quando chegaram em frente a porta principal.

— Amor, por que esta tao nervosa? Você queria ver o Teddy, então vai vê-lo. E nós vamos conversar sobre ele também, não quero você se sentindo do mesmo jeito que ontem.

Ana se virou para ele.

— De que jeito? Daquele jeito? - questionou sugestivamente.

Christian levantou uma das sobrancelhas.

— Desse jeito aí eu quero - ele comentou, agarrando-a pela cintura. - Mas só quando estivermos na minha casa - sussurrou contra seu ouvido.

Ana sentiu o corpo inteiro se arrepiar e engoliu em seco.

— Eu ia adorar te agarrar na frente da casa dos meus pais, mas não seria legal fazer isso com a minha mãe olhando para nós - ele disse, colocando a garota ao seu lado.

Ana arregalou os olhos quando percebeu Grace bem ali, com um bebê nos braços e um sorriso enorme no rosto.

— Grace - ela murmurou, sentindo o rosto corar.

— Oi, querida, estava ansiosa. Carrick nem foi trabalhar - a mulher comentou.

Ana sorriu de lado, não conseguindo não olhar para o amontoado azul nos braços da Grey.

— Entre, Theodore acabou de tomar seu banho agora está na hora da mamadeira - ela comentou enquanto da espaço para eles passarem.

— Oi, para a senhora também, mãe - Christian resmungou, fechando a porta atrás de si quando sua mãe já arrastava Ana escada a cima.

— Filho, eu te vejo todos os dias, não faz drama - a mulher brincou.

Christian revirou os olhos e seguiu as duas.

— Ana, que bom que chegou - Carrick cumprimentou a menina.

— Oi - Ana murmurou, logo procurando Christian que já estava atrás de si.

Eles estavam no corredor, seguindo Grace que parou em frente a uma porta branca com um grande "Theodore" escrito. 

Ana não perdeu a outra com o nome de Christian no meio.

— Esse aqui é o quarto de Teddy, Ana - Grace apresentou, abrindo a porta em seguida.

Era um clássico quarto de bebê, as cores alternavam no branco e o cinza, diferente do azul costumeiro, tendo verdes em alguns pontos. Havia fotos também, espalhadas pelas prateleiras e Ana se surpreendeu ao ver uma de si ao lado do berço.

Não sabia daquela foto, e pelo ângulo que estava com certeza não vira alguém tirando-a, estava sentada no balanço do jardim de sua casa, um livro nas mãos concentrada nas paginas e sua barriga de aparentemente oito meses estava visível num vestido cor de rosa.

Ela não comentou sobre a foto, apenas continuou olhando ao redor, os ursos de pelúcia espalhados de forma organizada, e até brinquedos já tinham por ali, um tapete verde no canto de uma das paredes e um closet aberto na outra. Era um quarto realmente grande para um bebê. 

— Este era o quarto de Mia - Grace informou, perto de Ana dessa vez. - Acho que foi um bom motivo para se desfazer das coisas - ela comentou.

Ana se virou para a mulher e baixou os olhos para o bebê que resmungava nos braços dela, as mãos agitadas no ar.

— Ele está com fome. É sempre assim, acaba de sair do banho e já quer a mamadeira - Grace disse, brincando com a mãozinha do bebê.

Ana sorriu, ainda encarando o bebe que agora olhava para ela com atenção.

— Você quer fazer isso? Claro que quer, aqui, pega ele - Grace estendeu o bebê para a morena.

— Eu não sei... Eu... - Ana começou.

— Sabe sim, não se preocupe, não é nenhum mistério. Sente na poltrona e segure ele - Grace instruiu.

Ana mordeu o lábio inferior e se virou para a porta, onde Christian deveria estar, mas não estava, a mesma estava fechada e sem sinal do homem ou de Carrick. A morena engoliu em seco e se sentou na poltrona, logo Grace voltou a estender o bebê que ameaçava chorar.

Mesmo com o coração acelerado e estando nervosa, Ana prontamente o segurou com firmeza e cuidado, como se tivesse feito aquilo a vida inteira, seus braços eram perfeitos para Teddy.  Ele pesava 3.943g e media 56cm. Grace fez questão de informar Ana sobre aquilo, ele também já sorria e orgulhou a mulher ao mostrar a Ana assim que a garota pegou a mamadeira.

Era engraçado, ele parecia já conhecer o objeto, e sua boca se abriu automaticamente, fazendo Ana rir.

O pequeno sugou com rapidez o leite, mantendo uma das mãos sobre a mamadeira, olhando atentamente para Ana sem desviar os olhos azuis dos dela.

— Ele é tão perfeito - se encontrou sussurrando de repente.

— Ele é mesmo - Grace concordou no mesmo tom.

Ana a encarou, sorriu minimamente e voltou a admirar o bebê.

Grace contornou a poltrona e pegou uma cadeira no canto do quarto, sentando-se de frente para a garota.

— Acho que eu nunca me desculpei verdadeiramente com você, Ana - a mulher começou, tendo completa atenção da morena. - Nunca me desculpei por ter violado seu corpo e sua vida desse jeito, sem pedir permissão e mesmo tendo sua permissão concedida, eu nunca cheguei a pensar de fato no que aconteceria com você. Te dei a responsabilidade de formar uma criança quando você era apenas uma. Eu entendo o quanto gerar Theodore te fez amadurecer sem querer, sem uma espécie de parâmetro, você apenas teve de crescer quando não sabia nada sobre a vida. Então, me desculpe por isso, por ter tirado sua liberdade e eu sei que o que fiz irá atingir sua vida para sempre.

— Não foi sua culpa, Grace. Eu entendo. Eu passei meses culpando você e a minha mãe, mas era um momento difícil, eu não sei o que faria nessa situação. Não estou dizendo que não foi errado, claro que foi, só estou dizendo que não sei o que eu faria, então eu não quero ficar pensando ou culpando desse jeito. É uma vida inteira que eu coloquei no mundo, não existe culpa ou erro nisso.

Grace sorriu e fez um carinho na cabeça de Teddy, admirando o olhar encantado da morena sobre o bebê.

— Eu sei que ele não é meu, mas eu não consigo evitar sentir tantas coisas por ele - confessou a morena. - Sinto muito por isso.

— Ana, você deu a luz ao meu neto e eu nunca vou poder te agradecer por isso - Grace disse sincera enquanto a observava com Teddy nos braços, que já terminava com a mamadeira. - Meu amor, você teve um bebê se formando dentro de você e é claro que se sente responsável por ele, sente amor. Eu acho que fiquei tão concentrada em Theodore que não me preocupei com mais nada, não consegui pensar em outras pessoas. Me desculpe, minha querida - ela tocou a mãozinha do bebe e a segurou no ar, sorrindo para Ana. - Eu quero deixar claro para você que pode ver Teddy quando quiser e pode cuidar dele tambem. Theodore é meu neto, mas sei que o criarei como filho, meu e de Carrick. E eu tenho certeza que ele tambem irá amá-la como mãe se esse for o seu desejo.

Ana sorriu e apertou um pouco mais o bebê contra si. Estava adorando tê-lo em seu colo, sentir o cheirinho de bebê e brincar com suas mãozinhas. 

Ela queria fazer aquilo todos os dias, mas queria ter a responsabilidade de ser uma coisa rotineira? Ela queria mesmo não poder mais dormir quando queria, não poder fazer o que queria... Ela tinha tanta coisa que queria fazer.

Grace tocou seu rosto gentilmente, fazendo-a encará-la.

— Você é tão nova ainda, tem um mundo inteiro lhe esperando. E Teddy também irá te esperar - garantiu ela.

Ana deixou as lágrimas escorrerem por seu rosto.

— Eu o amo - declarou. - Eu sei que amo. Mas eu quero ter uma vida, fazer tudo o que eu sempre quis. Não é que ele iria atrapalhar...

— Mas você não precisa complicar - Grace completou.

Ana mordeu o lábio inferior. A mulher limpou suas lágrimas com as costas da mão e colocou seu cabelo atrás dos ombros.

— Então nós fazemos assim: Teddy é nosso. Você vai viver sua vida como sempre quis, finalmente pode começá-la, e não se preocupe pois Teddy estará em todos os momentos com você, conosco. Não precisa ter essa responsabilidade, vai ter tempo para isso depois, mas saiba que Teddy estará sempre com você.

É possível amar de longe. Ana descobriu durante os meses que se passaram. Ela via Teddy na maioria dos dias da semana, Grace também aparecia do nada muitas vezes para fazer uma visita e exibir o neto esperto que tinha. E nessas horas, Ana sequestrava o menino para o jardim e ficava horas o mostrando tudo o que existia no seu mundo ali. De longe era possível ver a ligação dos dois, se Ana estava por perto, não existia quem pudesse tirá-lo dela.

Era noite de sexta, o aniversário de vinte e um anos de Ana, e ela não sabe da onde veio a ideia, mas era nove e cinquenta e dois do dia 10 de setembro e ela estava recostada no peito de Christian, no meio de centenas de pessoas que a amavam e ela amava, no jardim da casa dos Grey, segurando uma taça de champanhe como todos.

— Um brinde a Ana - disse Grace, com o silencio absoluto de todos prestando atenção a si - alguém que nunca vou cansar de agradecer.

A garota sorriu largo e mordeu o lábio inferior, sentindo-se emocionada.

— Nós te amamos, querida, como uma filha - foi Carrick quem falou dessa vez, fazendo as lágrimas escorrerem pelo rosto de Ana.

Teddy estava no colo de Carla, ao seu lado, tocando como podia hora o rosto de Ana hora seu cabelo, chamando sua atenção como sempre.

— À Ana - todos brindaram e a garota se virou para Teddy, escondendo o rosto por estar corada.

— Um brinde ao futuro incrível que vamos ter - Christian sussurrou em seu ouvido, batendo a taça na dela levemente.

Era a comemoração de seu aniversario, mas também uma despedida. Eles iriam viajar na manha seguinte, rumo a algum lugar que Christian não deixou nem Ana suspeitar. 

Mas já aviso logo: eles vão para a Europa.

Ana olhou atentamente para Teddy, que ainda segurava uma mecha de seu cabelo e tentava colocar seu cordão na boca, fazendo a garota morrer de amores e pega-lo no colo em seguida. A morena apertou o bebê contra si e o mesmo sorriu, mostrando a gengiva com os dentes quase aparecendo, e a covinha única no lado esquerdo da bochecha, e então deitou a cabeça em seu ombro, mirando Christian, seu tio favorito.

Ana deixou Grace e Carrick lhe abraçarem, logo tendo Kate - a enfermeira que havia se tornado amiga - lhe agarrando também.

— Vinte e um, caramba, nem parece com tamanho tão pequeno - disse a loira.

Ana revirou os olhos e bufou, se afastando da garota enquanto Christian ria atrás de si.

— Vê se trás alguns presentes para mim aonde quer que você vá - continuou Kate.

— Até parece - Ana desdenhou sorrindo, mas logo o sorriso se fechando quando o namorado de Kate parou ao lado da garota.

Era uma coisa cômica, mas também um pouco trágica para Ana: Elliot Grey. O homem ainda não ia muito com a cara da garota, ele se esforçava para não demonstrar ainda mais depois de se tornar namorado de Kate que era melhor amiga da morena. Ana estava acostumada a ser paparicada, amada e ser o centro das atenções para todo mundo, era um pouco desconfortável quando Elliot apenas dizia 'bom dia' e então ia para o outro lado do recinto em que ela estivesse.

— Meus parabéns, Ana, eu sei que você vai ter muitos desses ainda - ele falou e então para a surpresa de muita gente que olhava, se inclinou e beijou a bochecha da morena, tocando a cabeça de Teddy num carinho.

— Obrigada - disse a garota.

Kate sorriu largo e agarrou no braço do namorado, logo saindo com ele porque tinha uma fila de gente querendo abraçar Ana.

Após ser simpática e paparicada põe todos, Ana foi levada por Christian para fora da casa, tendo de deixar Teddy com Grace confessando em voz alta que era conta sua vontade.

Eles caminharam pelo jardim, Christian a guiou em direção a ponte do lago e parou a garota bem no meio, fazendo-a franzir o cenho e encara-lo em expectativa.

— Eu quero te dizer uma coisa - ele falou contra seu cabelo e a garota se virou para ele, lhe dando total atenção como sempre. 

— Vai me contar para onde vamos? - ela tentou, um sorriso atrevido nos lábios.

— Não - ele respondeu direto, e a garota bufou, cruzando os braços.

— Então eu não falo mais com você - ela resmungou.

Ele sorriu e descruzou os braços da menina, beijando suas mãos em seguida.

— Eu só preciso que você diga sim ou não.

Ana balançou a cabeça e deixou claro que estava prestando atenção.

— Eu amo você.

A morena sorriu enquanto brincava com os botões de sua camisa, recostada na ponte e tendo o corpo dele colado ao seu.

— Eu amo seu sorriso - ele sussurrou.

Ana sentiu o rosto esquentar.

— Eu amo quando você cora também - ele ressaltou, tocando em seu rosto com carinho.

Ela mirou seus olhos ainda sorrindo, era impossível não sorrir com Christian bem ali na sua frente dizendo aquelas coisas. Seu coração mesmo já estava disparado.

— Eu estou sentindo seu coração bater rápido - ele falou, apertando-a contra si e encostando o peito no dela, sentindo mais ainda o coração. - E eu nunca pensei que ficaria tão feliz em sentir um coração bater desse jeito - confessou. - Nossa, eu amo mesmo você, cada detalhe em seu rosto, no seu corpo, o seu jeito... Eu amo suas cicatrizes - ele tocou com o indicador e trilhou a linha vertical em seu peito. - Tudo pedacinho por pedacinho. Cada defeito. Completamente tudo. E eu quero passar o resto da minha vida amando. Eu quero ficar com você para sempre, e quero que esse para sempre seja literalmente para sempre. Eu quero... Quer saber? Eu não vou ficar enrolando. Eu quero me casar com você.

A garota arregalou os olhos já molhados e embaçados com as lágrimas, o coração todo descompassado já nem sendo digno de se chamar coração com o toque desenfreado que ele causava em seu corpo.

— Então... Casa comigo?

Anastasia sorriu. Um sorriso de verdade. Do tipo que faz todas as coisas ruins do mundo se tornarem pó, que faz os anjos cantarem e... E Christian saber que era um sim para sua pergunta.

E não foi um sussurro, não foi difícil de ouvir e muito menos de dizer. Foi uma palavra clara e em bom tom, como se para provar que não existia o porque de não ter escutado direito ou ter alguma dúvida de sua palavra, a certeza absoluta em cada letra.

— Sim - Ana pronunciou o que não levou nem um segundo inteiro depois da pergunta feita.

Christian levantou uma das sobrancelhas e riu.

— Sim? Você nem vai pensar? - ele questionou.

Ana não conseguiu tirar o sorriso dos lábios, era impossível, ela jogou os braços em volta do pescoço de Christian e praticamente se pendurou nele.

— É claro, por que eu teria que pensar? A gente pensa quando tem duvida, e de você eu nunca tive, então... É melhor você não ficar me enrolando com um noivado de dois anos.

— Eu prometo - ele disse antes de beijá-la com vontade, tirando a garota do chão.

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Notas finais do capítulo

Sem comentários, deixo com vcs, ta acabando, penúltimo cap já, eu espero q vcs tenham curtido a fic como eu ;)



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