Semana Venus & Kunzite 2018 escrita por Pandora Imperatrix


Capítulo 3
Dia 3 - Circo


Notas iniciais do capítulo

UA em que as Senshi foram capturadas pela Nelehenia e o Shitennou luta protegendo a princesa e o príncipe. A fic é sobre o primeiro encontro do Kunzite com a Venus.



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"The circus arrives without warning. No announcements precede it. It is simply there, when yesterday it was not."

― Erin Morgenstern, The Night Circus

O céu se encheu de luz, ele só teve tempo de pegar Mamoru pela mão com urgência e dizer para ele fechar os olhos.

Despreocupado com a possibilidade de ter suas retinas derretidas pela luz da estrela cadente, ele observou com atenção sua trajetória até uma parte da cidade que ainda não havia sido transformada em selva de pedra. E, para sua surpresa, a luz não enfraqueceu após o fim de sua jornada, o fulgor permaneceu cegante mesmo de longe, num tom azulado que só poderia significar perigo.

Mas o que quer que aquilo tenha sido, não foi a única coisa a cair do céu naquela noite, e logo uma chuva de papéis azuis começou a cair sobre suas cabeças, flutuando e rodopiando até chegar ao chão. Mamoru pegou um ainda no ar e leu:

DEAD MOON CIRCUS

SEXTA-FEIRA

MEIA-NOITE

— Quem iria ao circo tão tarde?

Saitou apenas pegou o papel das mãos de seu protegido e enfiou no bolso no paletó do uniforme antes de arrastá-lo pela mão para longe do Parque de Juuban e para longe da luz azulada no horizonte.

— Compramos tickets ou aquelas pulseiras? – Jun perguntou com a animação de um Golden Retriver jogando cada um dos braços em volta dos ombros de Izou e Masato.

— Jun, eu tenho que te lembrar novamente que não estamos aqui para brincar? – Reclamou Izou sem cerimônias em desfazer o contato ao caminhar para longe do loiro.

— A gente não pode fazer um pouquinho dos dois? Eu nunca fui a um circo...

— Pois eu poderia jurar que você tinha fugido de um. – E a risada ácida que era sua marca registrada pôde ser por trás de uma das mãos.

Jun revirou os olhos, seu peso quase todo jogado em cima do muito mais alto Masato.

— Izou, suas piadas são tão pão com ovo quanto você.

Toda a felicidade se esvaiu do rosto do mais novo dos Shitennou.

— Você não me chamou disso!

Foi a vez de Masato empurrar Jun para longe ao ver que Izou vinha na direção dele – e por consequência de sua própria – para o que parecia ser mais uma de suas brigas.

— Olha aqui, Kun, ou você controla esses dois idiotas ou eu vou embora, eu já disse que tenho trabalho amanhã cedo e nem deveria estar aqui.

Saitou fechou os olhos e respirou fundo tentando se lembrar que se ele matasse seus homens, não teria mais em quem mandar.

— Calma, gente, vamos comprar pulseiras – sugeriu Mamoru ao sentir que as coisas já estavam se encaminhando para desgraça – assim todo mundo pode ir várias vezes nas mesmas atrações. Bem, pelo menos é assim que deveria ser, esse lugar é tão estranho...

E ele não estava errado, quando se pensa num circo, o que vem à mente é uma grande tenda colorida, atrações sendo gritadas e anunciadas em letreiros faiscantes, pessoas com formas e roupas estranhas para todo lado, animais performando truques. Mas, o que haviam encontrado ao entrarem através dos portões de ferro trabalhado do Dead Moon Circus, eram inúmeras tendas em tons monocromáticos de preto, branco e prata, em nenhuma delas letreiros revelavam seus segredos, na verdade, as fontes de luz vinham de pequenas lâmpadas de luz branca cujos fios se enrolavam pelos topos das tendas unindo-as como uma teia de aranha e que brilhavam faiscantes, cobrindo o céu parecendo estrelas. E as únicas pessoas andando por entre as tendas eram outros visitantes que conversavam curiosos entre si.

— Isso – disse Saitou com um suspiro cansado – compre pulseiras, mas não para você.

Mamoru se voltou para Saitou com uma expressão de horror como se ele houvesse acabado de dizer para ele que o natal havia sido cancelado.

— Porque não pra mim?

— Porque é perigoso.

— Mas eu quero ir também!

— E eu queria que meu Master e meu Shitennou não fossem um bando de pirralhos que tiveram que fugir de casa pela janela para agora ficar de picuinhas idiotas num local perigoso como esse, mas nenhum de nós dois está recebendo o que deseja.

Ele jurou ouvir um muxoxo que soava muito como "quem ele está chamando de pirralho? Ele é só um ano mais velho que a gente" vindo dos outros, mas não comentou, sua prioridade era, como sempre, Mamoru, então manteve seu olhar fixo no mesmo até que este desviasse o olhar, aceitando a derrota.

Saitou não queria deixar Mamoru sozinho naquele lugar, mas não tinha como eles investigarem um local tão grande sem se separarem e ele também não queria que Mamoru entrasse em nenhuma daquelas tendas, já que não tinha ideia do que esperar delas. Ficou resolvido então que o príncipe ficaria perto bilheteria nos portões, onde ele teria mais chances de fugir se as coisas dessem errado. Ele havia discutido e no final mesmo conseguido que ele obedecesse, Saitou deu às costas a seu protegido sentido como se houvesse perdido a discussão.

Ele e os três demais decidiram que cada um iria em uma direção tomando a grande fogueira de chamas brancas no centro do circo como ponto de referência, deviam se encontrar ali em meia-hora não importasse o que acontecesse.

Saitou decidiu ir em direção oeste. Ele acabou de frente a uma tenda que era dramaticamente maior que as outra e que, diferente dos padrões listrados de suas vizinhas, era puramente prateada – a cor que o definia, quase como um convite – e parecia uma joia sobre o veludo da noite.

Ele entrou.

O choque de luz o forçou a fechar os olhos instantaneamente e demorou alguns instantes para que, aos poucos, ele começasse a abri-los novamente.

Mas, antes que começasse a distinguir formas em meio a cacofonia visual, ele sentiu vontade de tirar o casaco de lã que o havia protegido do gélido ar noturno que outubro havia trazido, mas, mesmo com o desconforto ele não o fez, usando seu desconforto para centrá-lo na realidade e distingui-la do ambiente de sonhos que avia adentrado.

Não dava para ver o céu da tenda, mas dele caíam metros e metros de fitas douradas e pálido amarelo, algumas de pesado cetim como ouro líquido outras de material diáfano e leve que se moviam conforme o ar morno da tenda as balançavam. Ainda olhando para o topo, Saitou notou que era dele que parecia ser a fonte da luz quente que tomava toda a tenda. Afastando as fitas, ele continuou andando, não havia ninguém a sua volta embora ele jurasse que outras pessoas haviam entrado antes dele, ao andar percebeu que estava caminhando em meio a globos brilhantes que pareciam conter imagens fugidias em alta saturação, mas quando ele apanhou uma para examinar, apenas viu o reflexo de seu próprio rosto assustado.

As paredes também não eram visíveis e quando ele olhou para trás a abertura da tenda também havia desaparecido, seu coração batia descompassado e parte de seu cérebro lhe gritava para correr na direção de onde havia vindo e procurar uma saída. Mas ele continuou em frente. Aquela tenda ou do que quer que ele podia chamar aquilo, era uma armadilha e ele já havia caído nela, mas em vez de se desesperar, ele estava disposto a pagar para ver qual era o objetivo da pessoa que havia criado tal espetáculo apenas para tê-lo em seu poder.

Ele marchou em direção ao que deveria ser o centro da tenda olhando para frente e lados em busca de qualquer sinal de saída, quando a música começou. Eram acordeões e algum instrumento de corda, talvez um bandolim, quando o metal do chocalho fez presente, ele notou que assim como a luz, o som vinha de cima e foi para lá que ele olhou.

Havia um enorme círculo dourado sendo descido por faixas de fita da mesma cor e sentada no meu do círculo havia uma mulher.

A mulher mais absurdamente linda que ele já havia visto na vida.

Seus olhos azuis no meio daquela imensidão dourada pareciam quase alienígenas, ele poderia jurar que nunca havia visto aquele tom de azul antes.

O corpete sem mangas que ela vestia faiscava mais do que tudo naquela tenda que parecia ser feita de pura luz e a saia esvoaçante que não lhe cobriam as nuas pernas, mas que longas flutuavam a sua volta conforme ela descia dos céus eram de alaranjado tecido transparente que não parecia ser feita do ar morno da tenda que havia resolvido se tornar mais consistente apenas para realçar a beleza daquele que a vestia. E, para surpresa de Saitou, ela não foi descida até o chão, mas no meio da trajetória, deixou o corpo cair, suas mãos ainda no círculo de metal dourado e saltou fazendo uma acrobacia que lembrou a Saitou que, afinal, ele estava num circo. As mãos dela a seguraram mais uma vez e ela pegou impulso, passando por dentro do círculo na direção contrária, a saia a acompanhando, ele olhava mesmerizado, uma última acrobacia lhe arrancando palmas, mas no próximo salto, ela não se segurou no círculo e aterrissou na frente dele que automaticamente ergueu as mãos para recebê-la, a pegando no ar.

Quando ela estava no mesmo nível dele e seus lábios vermelhos se contorceram num sorriso cruel que ele percebeu a meia-lua negra semioculta pela franja de cabelo dourado e foi aí que Saitou Kun soube que jamais veria o que quer que fosse fora daquela jaula dourada.


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Notas finais do capítulo

N/A: O objetivo dessa fic para mim foi treinar narrativa, eu sou uma escritora que nasceu no romantismo e a cada ano se torna mais realista e não sei se gosto disso, tentei me distanciar aqui da minha tendência a diálogos e me forçar a mobiliar minha cena o máximo o possível. Você julgarão se eu me saí bem.



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