Reconhecimento escrita por Yammy


Capítulo 2
II ‧ Aperfeiçoamento


Notas iniciais do capítulo

Eu disse que postaria no dia seguinte, mas a faculdade ME MATOU :( Tristeza
Seja como for, aqui está o final dessa coisinha soft de dois capítulos. Espero que gostem e bom feriado!!



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O quarto da enfermaria estava iluminado pela cor alaranjada do pôr do sol. Pequenos e brilhantes feixes de luz atravessavam as persianas, fazendo com que a garota sentada na cama brilhasse de forma quase etérea.

 

Seu cabelo estava solto, coisa que ele não tinha a chance de ver frequentemente. Todoroki não sabia se era o sol dentro do quarto ou coisa do tipo, mas seu peito se aqueceu com a visão.

 

Entretanto, a expressão no rosto dela não era tão pacífica.

 

Quando Yaoyorozu Momo o viu entrar no quarto e encostar-se na parede sem dizer palavra alguma, ela sentiu a necessidade de preencher o silêncio.

 

Ele estava ali para vê-la e, algumas horas antes, ela queria mais do que tudo vê-lo também.

 

— Todoroki! Sinto muito não ter assistido a sua luta. — ela brincava com seus dedos nervosamente e evitava contato visual a todo custo, mas seus lábios se curvaram em um sorriso que fez com que seus olhos sorrissem junto. — Mas tenho certeza de que você foi bem. Como foi?

 

Sua voz era gentil, como sempre.

 

— Tudo correu bem.

 

O silêncio caiu no quarto mais uma vez, mas não de um jeito desconfortável. Ele tinha se acostumado a não precisar dizer muito, e mesmo que ela compensasse diariamente por todas as palavras que ele não queria dizer, a atmosfera entre os dois era leve o suficiente para não precisar de muita coisa.

 

Todoroki não era de se meter e só dizia algo quando sentia que aquilo precisava ser dito. Por esse mesmo motivo, ele disse — porque ele sabia que ela guardaria para si mesma.

 

— Você lutou bem. — o tempo aos poucos ia o ensinando a se expressar e ele olhou fundo nos olhos dela. Ela sabia que ele não mentiria, mas Shouto sentiu que precisava assegurá-la.

 

Não era nada demais e Todoroki não queria fazer parecer o contrário, mas ela precisava saber de um jeito ou de outro.

 

Só por precaução.

 

Ele tinha votado nela porque ela era capaz, mas ver a dúvida que pairava sobre sua cabeça era algo que secretamente acabava um pouco com ele. Ainda faltava muito para que se tornasse um especialista em sentimentos, mas havia algo agonizante em saber que ela não se enxergava do mesmo jeito que ele.

 

— Acho que sim? Mas não deu muito certo no final. — ela apontou para a cama e os curativos que cobriam seu corpo.

 

Tenho certeza de que você foi bem, ela tinha dito sobre sua luta. Todoroki sabia que ela gostava de dá-lo mais crédito do que merecia e era frustrante saber que ela não via todo aquele potencial em si mesma.

 

— Foi um bom plano. Sabe o que dizem sobre batalhas e guerras… — alguma nuvem tinha passado pelo céu, escondendo os feixes de luz. Na hora certa, pensou, porque a expressão no rosto de Yaoyorozu escureceu.

 

— Você sempre diz essas coisas com uma naturalidade… —  ela suspirou e Todoroki não conseguiu ler sua expressão.

 

— Mas é isso. Sua confiança voltou a ser o que era antes e por isso você conseguiu chegar a esse ponto.

 

— Acho que posso te agradecer por isso. — os olhos viraram gentilmente para ele.

 

— Eu posso ter te dado o empurrão, mas o crédito é todo seu.

 

Ela suspirou mais uma vez, derrotada. Dessa vez, com uma luz diferente em seu rosto. As engrenagens em seu cérebro provavelmente tinham começado a trabalhar, como ele pensava que elas iriam, eventualmente.

 

— Acho que você está certo. Mas tem sempre espaço para aperfeiçoamento…

 

Então Yaoyorozu começou a murmurar, não muito diferente de Midoriya, sobre todas as várias coisas diferentes que ela gostaria de criar o mais rápido possível e todas as enciclopédias ilustradas que ela gostaria de ler e, por mais adorável que aquilo fosse, com os feixes de luz mais uma vez iluminando seu rosto, quase como se a confiança tivesse sido recuperada, Shouto sentiu a vontade de interromper:

 

—  Yaoyorozu.

 

— Sim?

 

— Você criou um canhão.

 

A garota riu e sua expressão ficou mais leve ainda. Momo encostou no travesseiro e olhou para o teto com algo no seu rosto indecifrável até mesmo para ele.

 

— Criei, não é? Uau…

 

Ele pôde ver que ela estava falando consigo mesma e por mais que, como sempre, gostasse de conseguir ajudar e poder ver aquela expressão sonhadora em seu rosto, Shouto imaginou que já tinha feito sua parte e deixou o quarto.

 

Tinha esquecido sobre sua própria luta. Aquela era a guerra que valia a pena vencer.


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