Sem Truques no Amor escrita por Hunter Pri Rosen


Capítulo 10
Epílogo Destiel


Notas iniciais do capítulo

Olás! Feliz 2020!

Eu tinha marcado a história como finalizada, mas escrevi um epílogo para mostrar o que aconteceu depois que o Gabriel, querendo um momento a sós com o Sammy, estalou os dedos e mandou o Dean diretamente para o bunker.

Boa leitura ♥



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Tudo aconteceu tão rápido que demorei um bom tempo para apor as peças da minha mente a mil por hora no lugar. Num instante, eu estava na estrada, com a Baby, vendo o reencontro do Sammy com o engraçadinho do Gabriel, chegando a fazer uma piadinha inocente para provocar os idiotas apaixonados. No outro, o arcanjo decidiu que meu comentário não tinha a menor graça, estalou os dedos com seu arzinho trapaceiro de sempre e o jogo virou completamente.

Foi assim que Gabriel conseguiu a privacidade que queria com o meu irmão e aprontou para cima de mim ao mesmo tempo. Porque, segundos atrás, eu estava a bons quilômetros do bunker e debochando dos dois, mas agora...

— Olá, Dean.

Agora estou em casa, num dos sofás da sala principal, sem conseguir me importar com o Impala que ficou para trás porque vim parar, nada mais nada menos, do que sentadinho no colo do...

— Cass!

Engulo em seco, tomado pela surpresa da situação embaraçosa e por uma inconveniente emoção que faz meu pulso dar um salto estratosférico. O olhar azul cristalino, intenso e cravado no meu rosto desperta outras sensações em cada pedaço do que sou. É perturbador. E incrivelmente bom ao mesmo tempo. E perturbador justamente por isso.

Eu deveria me levantar agora mesmo e, sem pestanejar, colocar uma boa distância entre mim e o anjo de sobretudo. Uma distância segura. No entanto, tudo o que faço é me segurar melhor em seus ombros, apertando-os com certa força, numa reação instintiva para não deslizar por suas pernas entreabertas e cair de bunda no chão do bunker.

Tudo bem, eu admito que não é apenas por isso que me agarro mais ao anjo. A verdade é que, apesar do constrangimento, uma parte de mim não quer se desvencilhar desse momento. Simplesmente não quero me desvencilhar do Cass. Ainda mais porque ele me segura de volta no mesmo instante, as mãos rígidas na base das minhas costas, perigosamente próximas do meu traseiro, e um arrepio muito gostoso se espalha pelo meu corpo inteirinho.

Confuso, ouço-me resmungando:

— Mas que diabo...

Um sorriso mínimo estica o canto dos lábios dele e um brilho de diversão reluz nos olhos que me escrutinam com um interesse tocante.

— Anjo do Senhor, na verdade.

Abro a boca, porém me dou conta que não sei o que dizer. Justo eu que tenho sempre uma piada pronta na ponta da língua. Bem, pelo visto nem sempre, não para esse momento, não quando a proximidade indecente e doce entre Cass e eu me deixa tão desnorteado.

Sem saber o que dizer, mal sabendo definir o que estou sentindo, fecho e abro a boca outras vezes. É como se eu tivesse virado um peixe articulado muito do patético. Um peixe que caiu na rede do anjo encantador sob meu corpo...

Maldito Gabriel por me colocar nessa saia justa! E bendito seja ele também pelo mesmíssimo motivo...

Estou remoendo isso, dividido e ainda mais confuso, quando Castiel estreita o olhar, inclina a cabeça para o lado e logo deduz:

— Ele voltou, não foi? Gabriel?

Solto um riso nervoso e tento fazer uma piada para descontrair o clima tenso entre nós:

— Para felicidade do Sammy, aquele palhaço emplumado está de volta sim.

Castiel me encara de um jeito ainda mais intenso. Por um longo e significativo instante.

— Ele fez isso com você? Te enviou para cá? Direto para mim?

Engulo em seco de novo. Mais uma vez, sinto que eu deveria me afastar dele. O problema é que seu colo é tão delicioso e aconchegante... Sinto que estou exatamente onde preciso estar.

Apesar do tom retórico nas perguntas que ele fez, acabo respondendo tão logo reencontro o fio do raciocínio:

— Bingo... Isso aí.

O sorriso discreto ressurge e o anjo me deixa completamente embasbacado ao confessar:

— Nesse caso, eu também estou feliz que Gabriel voltou. Adorei essa surpresa, Dean. Ou eu deveria chamar de... presente?

Adorou? Ele adorou? A surpresa? O presente? Que sou eu? É o quê?!

Finalmente rompendo o estranho encanto que me prendia aos seus braços, eu levanto depressa e recuo bons passos para trás, tropeçando um pouco pelo caminho. Esfrego a nuca de um jeito nervoso e solto um riso carregado de nervosismo também.

— Foi mal, Cass. Você sabe como aquele arcanjo irritante é metido a Trickster. Adora pregar qualquer tipo de peça idiota e...

— Eu conheço Gabriel há milênios. Sei exatamente quem ele é. — Sou interrompido por um tom de voz muito firme e fico arrepiado no mesmo instante. — Mas eu não lamento por ele ter nos pregado essa peça, Dean. Na verdade, estou grato que tenha feito isso.

Meu pulso volta a acelerar e meu estômago afunda alguns andares numa resposta natural às palavras que ouvi e ao fato de Castiel ter levantado do sofá também, aproximando-se de mim com passos tímidos e, ainda assim, decididos.

— Você lamenta, Dean? Ou, como eu, sente gratidão?

Procuro o que dizer, porém mal consigo assimilar o ultimato. Assim, o maldito peixe articulado está de volta em todo o seu esplendor! E os segundos de silêncio se arrastam de maneira pesada.

Minha hesitação em confessar que também estou profundamente grato  ao engraçadinho filho-da-mãe por ter armado isso faz o olhar reluzente do anjo vis-à-vis comigo esmaecer pouco a pouco.

Sinto-me péssimo ao perceber o quanto foi difícil para o Cass dar esse passo, fazer tal confissão, flertar de uma maneira mais direta e receber o meu silêncio como única resposta.

O engraçado é que, há poucos minutos, eu confessei como me sinto para o Sammy. Disse, com todas as letras, que gosto sim do meu anjo de sobretudo. Cheguei a prometer a mim mesmo que confessaria isso a ele um dia. Então, por que diabos esse dia não pode ser hoje? Por que eu não faço isso agora?

Penso, penso, e a única coisa que consigo concluir é que estou com medo. Muito. Justo eu! Dean Winchester! O homem que ainda menino viu o sobrenatural incendiar sua casa e destruir sua família! O homem que vem lutando contra o mal desde então! O homem que já morreu e voltou mais vezes do que consegue contar! O homem que viu o pai, o irmão e vários amigos morrerem, e se sentiu um fracasso toda vez... O homem que passou quarenta anos no inferno e só saiu de lá por causa do anjo na sua frente. O homem que tem medo de estragar tudo porque sempre acabou estragando as poucas chances que teve de ser feliz. O homem que, por tudo isso, está apavorado agora.

Muito sem jeito, Cass desvia do meu olhar e começa a se afastar com ar derrotado e perdido. E a constatação de que eu o magoei e posso perder essa chance de ser feliz também finalmente me fazem responder ao medo com tudo o que tenho. Com um desejo forte que não consigo mais fingir que não está aqui há tempos. Com um sentimento puro que faz o meu coração disparar mais uma vez. Disparar por ele. Com algo muito forte que nunca senti pelas mulheres que passaram pela minha cama. Com amor de verdade.

— Espera aí, Cass...

Reviro os olhos e seguro a mão do anjo, detendo-o exatamente onde precisa ficar. Comigo.

Ele olha para as nossas mãos. Depois, me encara com uma mistura encantadora de confusão e expectativa.

Esboço um sorriso leve, e seus olhos ganham uma nuance azul ainda mais doce. Percebo que é maravilhoso me ver refletido neles e me sentir vivo de verdade.

— Gratidão não chega nem perto. Depois de hoje, acho que eu devia construir um altar para aquele arcanjo.  — Pondero por um instante e ressalvo: — Coisa que não vou fazer, claro, porque é do Gabriel que estamos falando. Ele pode ter feito algo bom, mas ainda é um tremendo idiota.

Um sorriso escapa de Castiel, ao mesmo tempo em que seus dedos se entrelaçam aos meus com uma ternura que aquece o centro do meu peito.

Ele estreita o olhar e pergunta com um falso ar sério:

— Então, ter caído em cima de mim foi algo bom?

Um calor muito malicioso se espalha no meu corpo ao relembrar a cena em si com detalhes, ao deixar o medo para trás de vez, ao superar o constrangimento bobo que senti ao me ver no melhor lugar do mundo. No colo e nos braços dele.

Sentindo-me seguro do que quero, não consigo conter um sorrisinho torto ao insinuar:

— Tão bom que eu não vejo a hora de repetir a dose. E fazer direito dessa vez.

Um brilho de surpresa e felicidade toma conta dos olhos azuis cravados em mim. E isso é a última coisa que eu vejo antes de vencer a distância que ainda nos separa, fechar os meus olhos, mergulhar as mãos na nuca do anjo e capturar a boca dele com a minha. Com fome e ardor.

Com certa timidez, Castiel busca o meu rosto também e corresponde ao beijo com uma paixão doce. Pouco a pouco, ele se solta mais. Bendito seja...

A cada movimento delicioso dos nossos lábios, a cada resvalar indecente das línguas, a cada arrepio provocado e a cada onda insana de calor, me pergunto por que eu demorei tanto para admitir o quanto estava louco por ele, louco para beijá-lo assim, para tê-lo colado ao meu corpo, para possui-lo e me deixar possuir de mil maneiras possíveis.

Quando exatamente o sentimento tão avassalador surgiu, eu não sei dizer. Acho que foi aos poucos pois, quando percebi, já tinha criado raízes mais fortes do que qualquer paixão que senti antes dele. Eu resisti até onde pude, mas agora? Não dá mais.

Ele não podia imaginar, nem eu, porém, ao me resgatar do inferno, me segurar firme e me arrancar da perdição, Castiel acabou abrindo caminho para que eu me perdesse de novo. Por ele. Dessa vez, sem chance de resgate.

E assim, totalmente perdido, guio o meu anjo de volta ao sofá, empurro-o com determinação e me posiciono em cima dele com a malícia de um predador faminto.

— Dean...

A voz rouca, cheia de um desejo nada celestial, escapa de sua garganta. Silencio sua voz e respondo ao seu desejo com um novo beijo. Profundo e voraz, enquanto braços se estreitam ao meu redor e atiçam ainda mais as chamas que já ardem poderosas em mim.

Suas mãos me apertam por toda a parte. A princípio com incerteza e a encantadora timidez; depois, sabendo exatamente o que desejam para si. Meu corpo. Porque meu coração, tenho certeza, Castiel já sabe que pertence a ele.

Busco seu olhar mais uma vez, me perco nele mais uma vez e, abraçando de vez nossa chance, começo a afastar o seu sobretudo bege e prometo:

— Isso vai ser divertido.


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Notas finais do capítulo

Agora sim, FIIIIIIIIIIIIIIIIIM! Hahahahahah



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