Haven't we met? escrita por liz doolittle


Capítulo 6
Capítulo 6




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É uma verdade universalmente conhecida que uma jovem solteira, em posse do sonho de desbravar o mundo, não está à procura de um marido.

Elisabeta não tinha planos de se casar — ao menos não por um bom tempo, até que tivesse seu futuro planejado e em parte encaminhado. Havia feito esta decisão desde que era muito nova, contrariando todos os desejos de sua mãe que insistia em arranjar-lhe um marido.

As táticas casamenteiras de Ofélia eram direcionadas principalmente a Elisabeta, que, segundo a matriarca, seria a mais filha que teria mais dificuldades de conseguir um marido. É claro que a senhora Benedito também planejava casar as outras quatro filhas: era seu projeto de vida. Mas ela sabia que Jane, Mariana e Lídia não teriam problemas para formar uma família, pois possuíam ideias românticas e desfrutavam da companhia de rapazes cuja personalidade fossem interessantes e compatíveis com as suas. Nos bailes, sempre eram convidadas para dançar e aceitavam de bom grado.

A única que dividia esporadicamente com Elisabeta as preocupações de Ofélia era Cecília, que frequentemente ficava doente e, segundo sua mãe, vivia no mundo da lua por ser mais interessada em livros que em qualquer outra coisa. Mas Cecília ainda era alguns anos mais jovem que Elisabeta e Ofélia tinha fé que conseguiria colocar algum juízo em sua cabeça para que ela pudesse fisgar um bom marido.

Quando Elisabeta ainda morava no Vale do Café, sua mãe constantemente convidava os rapazes da região para jantar em sua casa, deliberadamente reservando-lhes lugares ao lado dela e introduzindo assuntos entre eles para que conversassem e, quem sabe,  desenvolvessem alguma relação mais íntima.

Entretanto, se Elisabeta havia herdado de sua mãe algum traço de personalidade, era a obstinação. Se Ofélia falava bem da filha para algum rapaz, Elisabeta propositalmente emitia opiniões que o desagradassem. Se Ofélia oferecia a filha mais velha para valsar, Elisabeta propositalmente derramava alguma bebida em seu vestido e se ausentava do salão de festa. Se Ofélia convencia Ema a ajudá-la encontrar alguém por quem Elisabeta fosse capaz de se apaixonar, Elisabeta dissuadia a amiga da ideia, ameaçando fazer o mesmo por ela — ela sabia que Ema não planejava se casar. Desse modo, Elisabeta e Ofélia viveram em um eterno desentendimento em relação aos assuntos do coração.

Até Elisabeta se mudar para São Paulo.

Desde o primeiro momento na cidade, ela se sentiu aliviada por não mais precisar tentar convencer sua mãe de que era um espírito livre, que não precisaria se casar para ser feliz e se sentir realizada. Seu futuro avassalador incluía apenas um emprego que gostasse e um salário que a permitisse se sustentar e juntar dinheiro para viajar o mundo assim que possível. E um marido era incompatível com estes planos: caso ela se casasse, precisaria dedicar grande — se não a maior — parte de seu tempo à vida a dois. Ela sabia que um marido não aceitaria ocupar o segundo lugar em suas prioridades, atrás de seus planos e desejos de independência. Elisabeta até gostaria de ter alguém com quem compartilhar as alegrias da vida; ela inclusive pensava em formar uma família algum dia, mas… não por agora. Por enquanto, seus sonhos vinham em primeiro lugar.

Ela tinha tais ideias são fixas em sua cabeça que, mesmo quando tinha a companhia de rapazes interessantes, ela não via nenhum atrativo neles.

E então ela conheceu Darcy.

E, pela primeira vez, ela começara a prestar atenção em um homem.

Era um domingo à noite, praticamente duas semanas depois de Darcy ter começado a ajudá-la com as aulas de inglês. Ela estava começando a se aprontar para encontrá-lo para jantarem juntos fora do cortiço pela primeira vez — ele havia mandado um cocheiro com um convite naquela manhã — enquanto relembrava os dias que haviam passado juntos, chegando à conclusão de que não poderia haver outra palavra além de insanidade para descrever a maneira como ela se sentia perto dele.

E insanidade era também a explicação para o fato de que, em duas edições do jornal que comprara na semana anterior, haviam anúncios de tutores de inglês e datilografia que possuíam, inclusive, bastante experiência como professores. Mas ela sequer considerou procurá-los para conhecer mais de seu trabalho e descobrir se poderia pagar pelo serviço.

Mas sua curiosidade em relação ao sexo oposto poderia explicar toda essa insanidade, não? Ela nunca havia sido amiga próxima de um homem antes. Nunca havia tido um rapaz com quem conversar abertamente. E por isso também nunca havia se perguntado como seria beijar alguém. Mas o destino colocou Darcy em sua vida.

Devia ser isso que a fazia prestar tanta atenção nele. Devia ser curiosidade, e curiosidade apenas, que a fazia querer tocá-lo e ser tocada por ele; que a fazia querer sentir o toque dos lábios deles no seu; que a fazia sentir-se inebriada pelo cheiro dele cada vez que ele estava próximo dela, o que acontecia praticamente todo dia.

Eles se encontravam, sem combinar, todos os dias de manhã na praça onde se viram pela segunda vez: ambos iam ao lugar para ler o jornal antes do trabalho. Em todas as ocasiões concordaram em ficar sentados lado a lado em silêncio enquanto liam, mas não conseguiam passar mais que poucos minutos sem se falar.

A conversa se iniciava com um deles contando algo interessante que haviam lido e pedindo ao outro sua opinião. Quando determinado assunto chegava ao fim, um deles suspirava, indicando cansaço de continuar a leitura. E então o outro perguntava: “não está lindo este dia? O que acha de dar uma volta na praça?”. Caminhavam juntos, compravam doces que vendedores ambulantes ofereciam e dividiam os quitutes entre si. Passar o início das manhãs juntos havia se tornado uma rotina que eles estabeleceram em um acordo silencioso, mas qualquer um deles insistiria em descrever como coincidência o fato de se encontrarem no local.

E depois eles se encontravam à noite para as aulas de inglês. Darcy sempre levava algo para comerem e Elisabeta preparava alguma bebida, como chá, café ou suco, e eles jantavam após terminarem de estudar o que haviam proposto para o dia.

Na última sexta-feira, última vez que se viram antes do fim de semana, Darcy trouxe vinho pela primeira vez para que bebessem após a refeição, sob a justificativa de que faltava apenas uma semana para a entrevista de Elisabeta e que o progresso dela no inglês e datilografia estava sendo admirável. Deveriam, portanto, comemorar. Neste dia, se esqueceram das obrigações e conversaram mais animadamente que o de costume.

Elisabeta contou a Darcy sobre sua família, sobre as personalidades tão diferentes e complementares de cada uma de suas irmãs, de suas aventuras pelo Vale do Café com sua melhor amiga Ema, sobre a relação que tinha com seus pais e de sua certeza em relação à vida independente que queria ter.

Darcy contou a Elisabeta sobre a falta que sentia de sua mãe, sobre como havia sido ocupar um lugar de destaque na vida de Charlotte, uma vez que seu pai era um homem muito ocupado por conta dos negócios da família. Ele relatou como havia sido sua vida acadêmica em Eton e Oxford e confessou sobre sua dificuldade em desenvolver algum assunto ou amizade com pessoas desconhecidas.

Conversaram sobre seus livros e comidas preferidos, compartilharam suas visões sobre política e economia e se divertiram como não acontecia há muito tempo. Como se não existissem companhias melhores. Como se nada existisse além daquele dia.

E isso tudo aterrorizava Elisabeta.

E isso tudo era insanidade porque ela sequer queria que algo acontecesse entre eles: ela tinha outros planos para sua vida e ele não era mais que um amigo para ela. Seu melhor amigo. 

Elisabeta estava segura de que a amizade de Darcy estava se tornando muito importante em sua vida. Ele a escutava e a apoiava, e ela gostava imensamente de tê-lo por perto. Sentia que, quando a entrevista no jornal acontecesse no fim da semana que estava prestes a se iniciar, ela sentiria falta muita de vê-lo todos os dias — possivelmente mais do que sentia do Vale do Café. Ela poderia apostar que ele agora já a conhecia mais que Ema, não fosse por um aspecto específico: ela não tinha contado a ele sua decisão de não se casar tão cedo. Ela não era capaz de explicar o porquê, mas preferia omitir o fato e simplesmente não falar sobre isso.

Ela balançou sua cabeça para deixar de pensar em tudo que haviam passado juntos, voltando a se concentrar no fato de que ela precisava terminar de se arrumar. Ela escolheu o melhor vestido que havia trago do Vale do Café, de cor vermelho escuro, sedoso e justo em sua cintura. Deixou seu cabelo semi preso de um lado e solto do outro. Quando terminou de passar seu perfume, escutou batidas em sua porta.

Darcy estava deslumbrante, como sempre. Usava um traje fino e seus cabelos estavam perfeitamente alinhados. Ela sorriu. Ela nunca o tinha visto de outra forma que não impecável. Os olhos dele percorreram todo seu corpo e ela sentiu um calafrio atingi-la. Sua boca ficou seca e ela então pigarreou, procurando palavras para quebrar o silêncio que havia surgido desde que se viram.

— Sempre pontual, Darcy Williamson. Por acaso você é inglês? — ela disse, sorrindo.

— Eu não poderia fazê-la esperar, Elisabeta. Sei como você fica mal-humorada quando está com fome. — ele caçoou.

Elisabeta ficou boquiaberta, fingindo surpresa pela audácia dele.

— Mal-humorada, eu? Mas é claro, você sempre come a melhor ou a maior parte dos doces. — ela mentiu. Darcy seria incapaz de fazer isso, pois era extremamente educado e gentil com ela. Ela sabia que, para agradá-la, ele seria capaz de prejudicar a si mesmo.

— Sei. — ele ficou sério. — Você está linda.

— Obrigada. Você também. — ela respondeu com sinceridade, e ele estendeu seu braço para que ela pudesse apoiar-se nele. Quando estavam no carro, Elisabeta perguntou a qual restaurante estavam indo.

— Uma vez você me disse que tem vontade de experimentar pratos típicos de outros países. Ainda não conheço um restaurante cuja culinária seja tão diversa, mas sei de um que serve ao menos uma dúzia de diferentes pratos europeus.

Ela se surpreendeu pela amabilidade dele, pois não esperava que ele fosse se lembrar de algo que ela havia dito vagamente há mais de uma semana. Ela sentiu borboletas em seu estômago. Que sorte a dela ter uma pessoa como ele por perto.

— Ema que não me escute dizendo isso, mas você é um amigo maravilhoso, Darcy. O melhor de todos. — ela disse, e ele tirou a atenção do trânsito momentaneamente para fitá-la. Ela pensou ter visto uma pontada de decepção em seus olhos, mas devia estar enganada. Porque ele se sentiria decepcionado com o elogio dela?

 

~~~~~

 

Amizade. Era isso que sentia por Elisabeta? De alguma forma, a palavra não parecia descrever bem os sentimentos que nutria por ela. Ela havia se tornado, sem dúvidas, sua melhor amiga nos últimos dias — exceto por sua participação no jornal, ela já sabia tudo em relação a sua vida. Diferentemente do que acontecia com os demais, ele se sentia ávido por conversar com ela. Gostava do fato de que ela era uma das primeiras pessoas com quem falava pelas manhãs, na praça, e uma das últimas com quem falava à noite, após as aulas. Mas era apenas amizade a relação deles? Não podia ser. Amizade não poderia explicar a vontade que ele tinha de beijá-la até perder todos os sentidos. Amizade não poderia explicar como o corpo dele parecia arder quando ela o tocava mesmo que brevemente. Amizade não poderia explicar a maneira como ele ficava hipnotizado por ela quando estavam juntos.

Ainda assim, ele não sabia o que era. Era um sentimento novo e, por isso, difícil de ser compreendido. Possivelmente era admiração. mútua Ela era uma mulher interessante, forte, linda e divertida, como nenhuma que ele já havia conhecido e, por isso, desfrutar de sua companhia era mais do que esperado. Qualquer um se sentiria desta maneira perto de Elisabeta, provavelmente. Pensar nisso fez surgir um incômodo no peito de Darcy. Estranho.

Antes de obter respostas para suas dúvidas, chegaram ao restaurante. Elisabeta não esperou Darcy sair do carro para abrir a porta para ela. Ele sorriu ao presenciar, mais uma vez, o espírito de independência dela: ela era deveras prática. Quando ele se aproximou dela, ela logo encaixou seu braço no dele, num gesto já tão comum entre os dois.

Darcy havia reservado uma mesa no terceiro andar perto de uma janela que tinha vista para a principal avenida da cidade e de onde também era possível observar o céu estrelado.

Elisabeta analisou o ambiente ao redor e finalmente disse:

— Se a culinária daqui for tão boa quanto este lugar é lindo, terei um problema: vou querer comer de tudo.

Um garçom trouxe os cardápios, que era realmente variado. Elisabeta escolheu uma entrada italiana, um prato principal francês e uma sobremesa também francesa. Darcy pediu uma entrada francesa, um prato principal espanhol e uma sobremesa inglesa. Para acompanhar, se deliciaram um vinho do Porto. Enquanto jantavam, conversaram despretensiosamente.

Elisabeta não resistia às delícias do restaurante e vez ou outra até mesmo roubava um pedaço da comida de Darcy, que, segundo ela, estava tão apetitosa quanto a dela. Ela inclusive o persuadiu a deixá-la comer uma parte considerável de seu crumble, sob o argumento de que, como ele era inglês, já havia comido o quitute diversas vezes. Ela, pobrezinha!, jamais havia experimentado a saborosa sobremesa.

A noite transcorreu tranquilamente e logo após o jantar Darcy levou Elisabeta até o cortiço, estacionando o carro do lado de fora do conjunto. Quando ela estava prestes a sair do automóvel, ele segurou gentilmente seu braço.

— Posso te acompanhar até a porta de seu quarto? Está muito tarde e não deve haver ninguém nos pátios do cortiço. Eu me sentiria melhor tendo certeza que o breve trajeto daqui até seu quarto transcorreu em segurança. — ele disse com sinceridade. A cada dia, surgiam mais casos de violência nas ruas de São Paulo.

Elisabeta respondeu afirmativamente, agradecendo a preocupação dele. Seguiram em direção ao quarto, conversando sobre o jantar no caminho.

— Você tem um telefone em casa, não tem? Será que não poderia se comunicar com a Inglaterra para conseguir com alguém uma receita de crumble? Eu sinto que será impossível viver sem aquela sobremesa.

— Se você prometer dividir comigo quando preparar… Sim, eu consigo a receita para você. — Darcy disse.

Ela revirou os olhos.

— Não sei se a troca é justa, mas aceito.

Quando chegaram à porta do quarto, Darcy perguntou:

— Bom, a senhorita está entregue. Nos vemos amanhã? — Neste momento, ele notou que Elisabeta o olhava fixamente. Sem obter uma resposta, se aproximou dela e depositou um beijo em sua testa em despedida. Quando começou a se virar para ir embora, sentiu uma das mãos dela no seu antebraço.

— Darcy… — ela murmurou. Elisabeta parecia não saber o que dizer. Ela olhou para baixo e então para ele novamente. — Fica? Só alguns minutos. Eu… — Novamente ela procurava palavras. — Eu gostaria de tomar mais uma taça de vinho, e não gosto de fazer isso sozinha.

Darcy percebeu só então que estava segurando sua respiração desde que ela o chamara pelo nome. Ela queria que ele ficasse. E ele queria ficar.

— Claro. Eu adoraria.

Elisabeta se afastou um pouco para que ele entrasse em seu quarto pela primeira vez, e então fechou a porta. Ele estivera ali mais cedo para buscá-la, mas não havia adentrado o ambiente. Apesar de ser bastante pequeno e possuir espaço apenas para uma cama, uma escrivaninha e alguns pertences, o lugar parecia aconchegante, mas ele suspeitava que qualquer lugar perto dela seria assim.

Elisabeta estava caminhando em direção a Darcy quando de repente parou e fechou seus olhos. Ele a ouviu respirar fundo antes de abri-los novamente, com uma expressão constrangida.

— Muito bem. Eu acabo de me lembrar que não tenho vinho.

Darcy percebeu que Elisabeta tinha uma fisionomia acanhada que raramente fazia parte de seu semblante, e isso o fez rir.

E ela riu junto com ele.

Darcy não tinha certeza se estava rindo da situação, ou se era apenas uma demonstração da felicidade que sentia quando estava junto a ela. Ele se perguntou se Elisabeta saberia a resposta. À medida que os risos foram diminuindo, ela se aproximou dele e pegou sua mão.

— Vamos precisar deixar o vinho para outra ocasião. Me desculpe por ter feito você ficar aqui atoa.

Darcy não conseguia parar de pensar como Elisabeta estava linda esta noite. Que ela era extremamente atraente ele havia notado desde a primeira vez que a viu na praça, mas hoje havia algo diferente nela. Um brilho no olhar mais ousado. Seu perfume de jasmins estava mais forte. Os lábios dela se encontravam mais rosados que o usual, devido ao vinho que haviam tomado.

De repente ele soube que não tinha escolha.

Precisava beijá-la.

Não havia qualquer outra coisa que pudesse fazer naquele momento.

— Eu acho que há algo que podemos fazer, já que estou aqui. — Darcy disse com uma voz rouca e se aproximou mais, colando sua testa na dela. Seus olhares se encontraram: ele procurava alguma objeção, mas a expressão dela parecia indicar expectativa. Darcy soltou a mão de Elisabeta que ainda segurava e com seu dedo foi traçando seu braço até encontrar a curva de seu pescoço. Com o polegar, acariciou aquela região e suavemente elevou o queixo dela em sua direção. Com o toque, Elisabeta fechou seus olhos.

A princípio foi apenas um leve roçar de lábios, como se eles não tivessem certeza de como proceder naquele momento. Mas logo as respirações de ambos começaram a se acelerar e a se misturar. Quando Elisabeta suspirou e entreabriu seus lábios com o objetivo de aprofundar o contato, eles se perderam um no outro e se beijaram apaixonadamente.  

Instintivamente, os braços de Elisabeta envolveram o pescoço de Darcy. Ele acariciou os cabelos dela com uma de suas mãos e colocou a outra em sua cintura, puxando-a para mais perto. Darcy a ouviu suspirar nos breves momentos em que se soltaram para recuperar o fôlego e isso o fazia gemer. Ardia por ela. Ele queria tocá-la, explorar todo seu corpo, sentir cada parte de sua pele na dele.

Quando Darcy sussurrou o nome de Elisabeta, ela pareceu despertar de um transe. Se afastou dele bruscamente, empurrando-o. O sobressalto inesperado o fez desequilibrar-se, caindo sentado na cama de Elisabeta.

— Darcy! — Ela cobriu seus lábios com os dedos, surpreendida. — O que estamos fazendo?

Ele estava confuso pelos acontecimentos recentes.

— Nos beijando?

— Isso não pode ser certo. Eu nunca fiz isso antes. — Ela respondeu, franzindo suas sobrancelhas.

— Bom… — ele murmurou e se levantou. — Tudo tem uma primeira vez.

Ela direcionou a ele um olhar desconfiado. Ele percebeu que ela estava avaliando as palavras dele, procurando razão nelas. Então disse:

— Eu acho que, como a senhorita gostaria de se tornar jornalista algum dia, está mais que justificada a curiosidade por coisas novas,  desconhecidas.

Ele havia dito as palavras certas. Ela relaxou sua postura, e agora estava se segurando para não sorrir. Darcy continuou:

— E eu acho também que seria uma desfeita a senhorita querer viajar o mundo sem antes conhecer as coisas boas que há em São Paulo, como a culinária, os museus, os parques e, é claro… — ele deu um sorriso de lado. — … meus beijos.

Elisabeta sorriu abertamente desta vez e diminuiu a distância entre os dois, envolvendo seus braços ao redor do pescoço dele.

— Você sempre tem os melhores argumentos.

Desta vez, foi ela quem iniciou o beijo.

E ele descobriu que tinha razão: não era amizade o que sentia por ela.

Era amor.


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