Haven't we met? escrita por liz doolittle


Capítulo 14
Capítulo 14


Notas iniciais do capítulo

Me desculpem pela demora para atualizar, estive sem tempo nos últimos dias :(
Aproveito a oportunidade para agradecer pelos comentários: muito obrigada por me acompanharem ao longo desta "jornada"!
Fico muito, muito, muito feliz de saber que vocês estão gostando desta história!



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Apesar de sempre ter sido reservado e pouco conservativo, em raras situações Darcy se viu completamente sem palavras. Esta era uma dessas circunstâncias.

Elisabeta o amava.

Ela o amava.

Se os anjos mais bonitos descessem do céu e cantassem para ele, ele não teria se surpreendido mais do que ao escutar o que Elisabeta revelara.

Ela correspondia seu amor. Darcy já suspeitava que Elisabeta também sentia aquela estranha conexão que havia entre eles desde que se conheceram e que apenas crescia com o tempo, mas ele não tinha certeza da intensidade do afeto dela e não esperava que ela dissesse as palavras naquele dia.  Por isso, elas haviam chegado ao coração dele com uma tremenda força. Devia ser exatamente assim que Romeu se sentia ao lado de Julieta.

Observando o rosto de Elisabeta, Darcy concluiu que nunca a tinha visto tão feliz, e isso a deixava tão surpreendentemente bonita que ele não pôde fazer nada além de admirá-la. Naquela noite, ele era ao menos um dos motivos da felicidade dela. E por Deus que ele passaria o resto da vida se esforçando para que aquele sorriso nunca deixasse sua feição.

— Não sei se esse silêncio é um bom sinal ou não. — Elisabeta gracejou.

Darcy riu e colou sua testa na dela.

— Ah, Elisabeta. Você é um furacão que invadiu meu coração, Elisabeta!

Elisabeta jogou sua cabeça para trás, rindo.

— Senhor Darcy! — Ela então depositou um selinho nos lábios dele antes de perguntar: — Estas palavras significam o que eu acho que significam?

— Significam. — Ele suspirou e ficou sério. — Eu amo você, Elisabeta. Eu te amo, eu te amo, eu te amo. E eu não quero me separar de você nem um minuto sequer pelo resto de nossas vidas.

E como se um soubesse exatamente o que se passava na cabeça do outro, Elisabeta firmou com mais força seus braços ao redor do pescoço de Darcy e ele a tirou do chão para que girassem juntos. Aquele ato, que havia acontecido apenas uma vez antes, já parecia ser algo tão deles, tão perfeito para os dois.

Quando Darcy colocou Elisabeta no chão novamente, o riso de ambos foi se desfazendo à medida em que os olhos se Elisabeta penetravam o dele com antecipação. O corpo de Darcy ardeu pelo reconhecimento do que aconteceria a seguir, e por isso ele não a deixou esperando muito tempo: seus lábios logo procuraram os dela.

Foi um beijo suave e ao mesmo tempo profundo. Eles se beijaram como se fosse a primeira e a última vez. Se beijaram com todo o amor que sentiam. Se beijaram com toda a paixão que haviam reprimido durante os dias que haviam passado longe um do outro. Se beijaram com toda a certeza de que o futuro deles estava apenas começando.

Quando estavam quase sem ar, se separaram a contragosto.

— Acho que devemos voltar para a festa. — Elisabeta murmurou.

— Tem certeza? Aqui fora está muito agradável.

Elisabeta olhou para o céu.

— Por causa das estrelas e da lua, é claro. Nada mais. — ela provocou.

— Nada mais? — Darcy arqueou as sobrancelhas e forçou uma expressão ameaçadora.

Elisabeta se desvencilhou dele e começou a caminhar para trás, sem tirar os olhos dele.

— Absolutamente nada. — Elisabeta respondeu, desafiadora.

Quando Darcy alargou os passos em direção a ela, Elisabeta começou a correr, rindo, mas não conseguiu chegar longe, pois Darcy era muito maior que ela e a alcançou em um segundo, abraçando-a por trás.

— Você acha que pode escapar assim depois de dizer aquilo? — ele perguntou.

Elisabeta suspirou.

— Tem razão, não posso. Acho que preciso me retratar.

— Uma infratora que nem hesita em confessar seus erros. Hmmm, isso é novidade.

Ela bufou, indignada.

— Quer me fazer mudar de ideia?

— Céus, não. Então, me diga… — ele aproximou seu nariz do pescoço dela e inalou o perfume que sentiu ali, o que a fez estremecer. — Como a senhorita irá se retratar?

Elisabeta se virou e ficou de frente para ele. Com uma mão, acariciou o rosto dele.

— Hmmm… talvez assim. — E então Elisabeta o puxou para mais perto e o beijou novamente.

Darcy estava  perdido. Ele a desejava, e ainda mais quando estavam próximos desta maneira. Ele nunca havia sentido algo desta magnitude antes: quando se beijavam, ele facilmente perdia a razão. As mãos dele, que estavam na cintura dela, primeiro desceram para seu quadril, aproximando Elisabeta ainda mais, e por fim subiram até a altura de seus seios, onde repousaram suavemente. Seus dedos, no entanto, continuaram fazendo movimentos circulares.

— Darcy... — Elisabeta sussurrou Ela jogou seu pescoço para trás, permitindo que ele a beijasse ali. E ele o fez, e seus lábios foram descendo até alcançar a clavícula dela. A pele de Elisabeta era macia, e Darcy jurava que podia viver preso naquele momento para sempre.

Ela gemeu de prazer e ele, se tornando consciente da situação em que se encontravam em um lugar quase público, interrompeu o contato.

— Acredito que realmente devemos voltar para dentro.

Elisabeta assentiu, respirando profundamente. Eles deram as mãos e caminharam em direção ao salão da casa de Julieta.

— Darcy, você se importa de manter… — Ele observou os olhos hesitantes dela irem de um lado para outro, procurando as palavras. — … o que há entre nós como um segredo, por enquanto?

Darcy assentiu e perguntou-lhe:

— Você precisa de um tempo?

— Sim. Um tempo para me acostumar com a ideia de… — ela esboçou um sorriso tímido no rosto. — … ter alguém ao meu lado.

Darcy beijou a têmpora dela.

— Tudo bem, eu te entendo. — Darcy respondeu.

Elisabeta agradeceu e eles continuaram em um silêncio confortável por um tempo, até que Darcy disse:

— Eu estava planejando ficar aqui no Vale do Café para irmos juntos para São Paulo, mas Charlotte me ligou hoje e me disse que um investidor precisa conversar comigo com urgência. Precisarei ir para a cidade amanhã, mas eu volto para te buscar.

— Imagina, não precisa! Há pessoas daqui que vão para São Paulo frequentemente. Eu consigo uma carona, como fiz da primeira vez.

Darcy parou e levantou a mão dela para beijar seus dedos.

— Eu faço questão.

Elisabeta balançou a cabeça, rindo.

— Não se incomode, meu amor. Nos encontramos em São Paulo.

Não importa o que Darcy estava pensando, ele esqueceu tudo quando escutou as palavras meu amor. Ah, a vida podia ser realmente maravilhosa.

Com muito pesar, eles se despediram e disseram o quanto sentiriam saudades nos dias em que não se veriam. Voltaram para o salão e praticamente não se falaram mais durante a noite, uma vez que Elisabeta ainda não estava pronta para contar a sobre o relacionamento que estavam começando a construir. Mas, mesmo quando estava longe, Darcy achou impossível manter seus olhos em qualquer coisa que não fosse Elisabeta.

Ele a admirou durante toda a noite. Quando ela ria enquanto conversava com alguém, era como se Darcy sentisse o som chegando ao seu coração. Quando ela dançou com Felisberto, a memória de tê-la em seus braços se reacendeu. Ele respeitava a decisão dela, mas tudo que Darcy queria era contar ao mundo que eles estavam juntos, de modo que pudesse passar o resto da noite ao lado de sua…

Namorada?

Darcy percebeu que eles ainda não haviam dado nome ao que tinham. Seria namoro? Ele a procuraria no dia seguinte para perguntar, pois ele simplesmente precisava saber… ou talvez ele precisasse apenas de uma desculpa para vê-la antes de partir.

 

~~~~~

 

Elisabeta se perguntava, no dia seguinte, antes mesmo de sair da cama, se ela e Darcy podiam ser considerados namorados.

Namorados.

Ela nunca pensou que teria um namorado. Bom, na realidade, ela até imaginou que isso aconteceria algum dia, mas não tão cedo e definitivamente ela não sonhava em sentir algo tão bonito e especial por alguém. Quando era mais jovem, Elisabeta acreditava que, quando uma pessoa se apaixonava, acontecia num instante e a vida dela poderia ser dividida entre antes e depois daquele exato momento; que a certeza do sentimento a atingia com tanta força que ela não poderia ter dúvidas sobre qual sentimento era aquele.

Mas, ao menos com Elisabeta, foi diferente. O sentimento foi crescendo tão gradualmente que ela dificilmente saberia quando começou, mas a certeza de sua existência era agora percebida por ela com a mesma facilidade que uma pessoa sabe que o céu é azul ou que as águas do Vale do Café são cristalinas: o que havia entre ela e Darcy simplesmente não podia ser nada mais além de amor.

Elisabeta ainda estava deitada divagando quando escutou o que parecia ser o barulho de um automóvel. Ela franziu o cenho e aguçou os ouvidos para escutar melhor. Não podia ser. Darcy era uma das únicas pessoas que tinha carro no Vale do Café, e certamente a única pessoa que tinha carro e que visitaria sua casa.

Ela se levantou rapidamente e se dirigiu para sua penteadeira para se arrumar. Seria realmente Darcy? Mas eles haviam combinado no dia anterior que se veriam em São Paulo, e ele sabia que ela ainda não iria contar para sua família sobre os dois. A presença dele ali deixaria sua mãe ainda mais desconfiada (com razão), o que traria ainda mais pressão sobre casamento e Elisabeta ainda não estava pronta para lidar nem com sua mãe, nem com a perspectiva de se casar.

Talvez ele tinha alguma notícia para ela. Ao pensar nessa possibilidade, Elisabeta se preocupou e se apressou em direção a sala. Quando chegou lá, descobriu que realmente era Darcy que havia vindo à sua casa fazer uma visita.

Mas não era apenas isso…

Em toda sua vida, Elisabeta nunca tinha visto suas quatro irmãs e sua mãe com expressões idênticas, pois uma sempre discordava da outra em relação a alguma coisa. Esta foi a primeira vez. Todas elas olhavam para Darcy completamente encantadas. Ele estava entregando a cada uma um pequeno buquê de flores.

Para Ofélia, margaridas.

Para Mariana, lírios laranjas.

Para Jane, peônias envolvidas num laço azul.

Para Cecília, gardênias que se perdiam no verde de suas folhas.

Para Lídia, orquídeas rosadas.

Elisabeta não percebeu que Darcy havia notado sua presença no canto da sala, mas ele se virou para ela e estendeu, mesmo de longe, um buquê de rosas vermelhas.

Ela ficou alguns segundos olhando primeiro para as flores, depois para Darcy e então para sua família. Por fim, ela suspirou, indignada.

— Eu digo que vou fazer uma coisa, você vem aqui e me obriga a fazer exatamente o oposto. — Elisabeta bufou.

Darcy ficou boquiaberto, mas antes mesmo que ele se perguntasse o que havia feito de errado, ela continuou:

— Olha o que você fez com elas. — Ela apontou para suas irmãs e mãe, que ainda estavam emocionadas. Jane, inclusive, estava limpando uma lágrima. — Porque se você as deixa emocionadas assim, imagina o que seu gesto não faz comigo? Eu tinha um plano, mas agora eu preciso mudá-lo.  Você me deixa sem escolha.

Elisabeta caminhou em direção a Darcy e pegou o buquê de flores. Era verdade: ela simplesmente não tinha escolha.

Ela simplesmente precisava beijá-lo.

Ela precisava beijá-lo e isso precisava ser feito imediatamente, bem ali na frente de sua mãe. O que mais ela poderia fazer depois de vê-lo ser tão encantador e gentil com sua família?

Então ela o fez. O beijo suave, breve e superficial, mas foi o suficiente para Ofélia quase gritar no meio da sala:

— Eu sabia!!! Eu sabia! Eu sabia que tinha algo entre vocês!

Elisabeta cheirou as flores e passou um braço ao redor da cintura de Darcy, que fez o mesmo com ela.  

— Sim, mamãe. Eu até tentei, mas não resisti.

Darcy nem teve tempo de pronunciar uma palavra, pois logo Ofélia desmaiou no sofá e ele, como bom genro, correu para ampará-la.

Elisabeta apenas riu. Seu futuro avassalador tinha começado muito antes do previsto.


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Notas finais do capítulo

"Devia ser exatamente assim que Romeu se sentia ao lado de Julieta."
Esta frase foi adaptada da música que serviu de inspiração para o nome desta história, "Haven't we met?". É um jazz muuuuuito lindinho que eu estava escutando enquanto pensava em ideias para esta fanfic!
https://www.youtube.com/watch?v=TwjLx5SJmFw