Novos Rumos escrita por nrodlobato


Capítulo 9
Capítulo 9




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Por Elisabeta
No dia seguinte à minha discussão com Darcy eu andava pelas ruas pensativa. Repassava na minha mente toda a nossa discussão, cada palavra, conclui que fui muito dura com Darcy, ele não parecia agir naturalmente, era como se algo o dominasse e fosse mais forte que ele, parecia que ele estava travando um luta interna, e ele acabou me falando coisas que acabaram por me irritar e eu não consegui me segurar, despejei toda a raiva de anos em cima dele. Agora não sabia se estava satisfeita, por achar que ele merecia tal tratamento, ou se sentia remorso por ter sido tão dura. Acho que a segunda opção. Resolvi focar no trabalho pra tentar me distrair e quem sabe, aplacar essa angústia que sentia por não conseguir parar de pensar no dia anterior.
Já estava chegando o fim de mais um expediente e me preparava para ir embora quando ouvi uma voz bem conhecida, e agora eu só esperava que as coisas não se complicassem mais:
— Oi! - dessa vez ele dizia sorridente, parecia estar com um ótimo humor, e preciso confessar, era muito bom ver aquele sorriso novamente.
— Oi! - respondi receosa mas no fim retribui o seu sorriso.
— Você já está de saída? Pensei que podíamos conversar.. - ele continuava amável, eu realmente não esperava esse humor vindo dele depois do que houve ontem, este homem realmente era o único que conseguiu bagunçar com a minha cabeça.
— Nós estamos conversando. Não estamos?
— Elisa.. eu não quero brigar com você. Você mesmo disse que poderíamos conversar em outra hora.
— Sim, e o senhor disse que não me procuraria mais - falei com certa ironia na voz buscando provocá-lo -. Mas pode falar!
— Nós dissemos muito coisa sem pensar ontem, eu mesmo disse coisas que não deveria - ele continuava com aquele sorriso nos lábios, aquilo definitivamente era golpe baixo, o sorriso de Darcy sempre teve o poder de me desestabilizar - mas eu não quero brigar novamente com a senhorita. Mas precisamos esclarecer essa situação entre nós, e gostaria de fazê-lo em um local mais reservado, que tal irmos almoçar agora? ou então um jantar?
— Darcy, eu não posso agora, preciso voltar pra casa tenho um compromisso - ele não sabia, mas precisava voltar por causa do nosso filho, combinei de almoçar com meu anjinho. E pensar em Thomas com Darcy a minha frente me enchia de culpa, mas no momento certo eu revelaria a ele sobre o filho.
— Então posso ao menos te acompanhar até o cocheiro? - ele pedia me lançando um olhar de súplica que me lembrou o olhar que Thomas fazia quando queria muito alguma coisa, eu não resisti, eles eram tão parecidos. E constatei o que já sabia, Darcy ainda mexe comigo profundamente.
— Pode! - disse sorrindo de volta a ele.
Dei um passo à frente para sair da sala, mas não contava que ele daria um passo contrário à saída, na direção em que eu estava, quando dei por mim já estávamos muito próximos um do outro, de modo que já sentia o seu perfume, era amadeirado, forte mas bom, era cheiro de.. de Darcy Williamson, aí meu Deus eu estou completamente perdida. Ainda estava um pouco atordoada pela proximidade, e então ele levantou as mãos e parecia que faria algo comigo, cheguei a ansiar pelo seu toque, mas ele não veio.
— Posso te ajudar com isso? - ele apontou para os livros que estavam no meu braço.
— Ah, claro! - falei um pouco decepcionada, voltando à realidade. E quando ele pegou os livros seus dedos passaram suavemente pelos meus braços e novamente aquela eletricidade tomou conta de mim, e assim que senti olhei fixamente para os olhos de Darcy e ele para os meus, mas quando senti ele se aproximar mais me obriguei a voltar para a realidade e me afastei.
— Vamos? - eu disse estourando a bolha que havia nos envolvido.
— Sim, claro. O que você tem feito aqui na biblioteca? Além de carregar livros pesados, é claro. - ele dizia fazendo graça e eu não pude evitar de sorrir.
— Organizando os livros, atendendo os leitores, ajudando em pesquisas.. também aproveito algum tempo livre para ler e escrever também.
— Claro, você não poderia deixar de escrever.. sua escrita é maravilhosa e seus textos incríveis, sempre te dizia isso. Você é uma escritora excepcional! - ele dizia olhando fundo nos meus olhos e depois para minha boca. Meu Deus eu precisava sair de perto dele antes que fizéssemos uma besteira.
— Obrigada! - foi só o que consegui falar.
Continuamos conversando e quando estava chegando próximo ao cocheiro ele falou:
— Elisa - seu tom mudou para sério, ele parecia inseguro - jante comigo hoje na minha casa, preciso te contar algumas coisas e esclarecer.
— Darcy, não sei se isso pode dá certo, sei que precisamos conversar mas .. nós dois sozinhos na sua casa, eu não sei.. - a verdade é que estava com mais medo do que eu faria, do que ele, caso ficassemos sozinhos. Darcy sempre foi mais contido, agindo sempre com a razão, era muito 'certinho', já eu sempre ouvi meus impulsos e até hoje deixo que eles guiem as minhas atitudes, por isso meu medo não era de Darcy, meu medo era de mim e desse sentimento, dessa saudade que me consumia.
— Uma conversa, um jantar.. que mal há nisso? O que pode dar errado? - e novamente ele me lançava o olhar de súplica.
— Tá bom, mas jantar é um pouco mais difícil pra mim, que tal um almoço amanhã?
— Tudo bem, então amanhã eu te espero às 12hs.. e sabe de uma coisa Elisa, eu prefiro te ver e brigar com você, do que te evitar. Eu estava com saudade. - ele disse isso com um sorriso sereno nos lábios e passando o polegar no meu rosto, como fazia antes, em um carinho que beirava a adoração. E dizendo isso se virou e foi embora.
Fiquei alguns segundos parada para só então subir no coche, e durante todo o trajeto não parei um segundo de pensar no que aconteceu. Mas eu tinha que tomar cuidado, não poderia me deixar envolver novamente, Darcy disse que precisava esclarecer coisas, o que será que ele teria para me dizer? Estava curiosa e também estava bem encrencada, esse breve momento que passei com Darcy foi suficiente para despertar todo o sentimento que sentia por ele e que estava adormecido dentro de mim. Adormecido. Essa era a palavra, pois eu nunca fui capaz de esquecê-lo e nem do que sentia por ele. Mas devia pensar primeiro em Thomas, se tudo correr bem, no nosso almoço mesmo contarei a Darcy sobre nosso filho, tenho medo que ele não me perdoe por ter omitido algo tão importante, mas depois de tudo que passei, que inclusive ele tinha grande parcela de culpa, espero que ele entenda meus motivos.


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