60 Minutos de Paixão escrita por Lara


Capítulo 8
Consequências de um Crime


Notas iniciais do capítulo

Oii Cupcakes ♥! Desculpa a demora para atualizar. Quero dedicar esse capítulo a minha cunhadinha Drama Queen Feh (SweetPrincess19) que fez aniversário dia 19, mas eu só pude postar hoje. Feh, espero realmente que você goste desse capítulo. E também quero agradecer pelos comentário do capítulo passado a Juliana Lorena e a Nick10. Fiquem com o ponto de vista do nosso amado Max. Boa leitura...



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 CAPÍTULO VII - CONSEQUÊNCIAS DE UM CRIME

...{♕}...

 A chuva caia intensamente pela cidade, enquanto nos encontrávamos presos em um engarrafamento. O carro estava parado há mais de uma hora, devido a um grave acidente que havia ocorrido entre vários carros e motos, e pela quantidade de viaturas policiais e de bombeiros, eu tinha certeza de que o trânsito de Miami não melhoria tão cedo. Não quando apenas uma das três faixas estava funcionando.

Ao meu lado, Dan dormia tranquilamente, cansado pela provável noite mal dormida. Meu primo havia ficado bastante inquieto com a visita da falsa namorada acabar sendo um fracasso e agora que tudo havia saído melhor que o esperado, ele finalmente tinha conseguido descansar.

No banco de trás, Jenny observava os carros, cantarolando a música que tocava na rádio. Observo-a pelo retrovisor, relembrando do almoço de mais cedo. Eu jamais imaginei que ela pudesse lidar tão bem com a situação e que o branco lhe caísse tão... tão bem. Por mais que odiasse admitir, ela realmente estava bonita com o vestido branco rendado e salto alto de altura mediana.

A garota de repente vira o rosto e me encara pelo retrovisor. Constrangido por ter sido pego encarando-a de maneira nada discreta, desvio o olhar para a fila de carros a nossa frente, no entanto, ainda sinto o olhar curioso da loira sobre mim. Dan se remexe no banco e balbucia algumas palavras desconexas.

— Ele parece cansado. – Comenta Jenny, sorrindo compreensiva.

— Foi um dia cheio. – Concordo, suspirando. – E parece que não sairemos tão cedo daqui. O trânsito de Miami consegue ser pior que o de Star City.

— Você e Dan já comentaram que moraram boa parte da vida de vocês em Star City. Por que voltaram para Miami? – Questiona a loira, encarando-me com curiosidade pelo espelho retrovisor.

— É uma longa história que não interessa a ninguém. – Digo, sentindo o peso das lembranças de meu passado sombrio.

— Certo. – Murmura Jenny, provavelmente notando que aquele assunto era delicado para mim.

O clima tenso toma conta do carro e eu logo me arrependo de ter respondido de forma tão grosseira. Suspiro. Por mais que eu tentasse me fazer de indiferente quanto ao que havia acontecido, eu ainda me sentia frágil e exposto demais ao relembrar que por minha culpa, a minha família acabou sendo prejudicada. Encaro Dan por alguns instantes e suspiro mais uma vez.

— Desculpa. – Lamento quase em um sussurro, esperando que a garota no banco de trás que encarava a paisagem pela janela do carro tivesse ouvido.

Jenny desvia o olhar do temporal que caia pela cidade e passa a me encarar com seriedade. Eu não sabia o que se passava em sua mente, mas a intensidade de seu olhar me intimidava. Era como se ela conseguisse ler a minha alma, como se eu estivesse totalmente exposto.

— Eu não sei o que aconteceu com você, Max, mas imagino que tenha sido algo realmente ruim. No entanto, você tem razão. Isso não é da minha conta. – Responde Jenny e a mágoa em seus olhos não me agrada em nada.

— Eu não deveria ter sido tão ríspido. – Digo, incomodado com o clima que havia ficado entre nós e mais ainda com o nítido desconforto da loira. – É que eu não quero que você...

— Que eu? – Insiste Jenny, encarando-me com curiosidade.

Suspiro. Eu sempre fui bastante confiante e nunca me importei com a opinião das pessoas que não fossem meus pais e meu primo. Mas diante do olhar inocente e curioso de Jenny, eu me sentia inseguro para contar sobre o meu passado. Eu não quero que ela me odeie. Não quero o olhar de nojo dela sobre mim. Tampouco desejo ver o medo e a decepção, assim como todos me encaravam quando ouviam sobre o que tinha acontecido. E ainda que eu não entenda o que se passa dentro de mim, eu também não posso arriscar a única chance de Dan se livrar das armações de minha avó.

— Apenas não quero que acabe se envolvendo em problemas por saber demais sobre a família Queen. Acho que você já percebeu que a minha família não é exatamente o exemplo de normalidade. – Respondo, desviando o olhar. Por algum motivo, eu não me sentia à vontade por mentir para a garota, ainda que fosse necessário.

— Se você não quer falar, Max. Está tudo bem. Eu não vou te forçar e sei que nem mesmo tenho direito a isso. Mas se quiser conversar, eu estarei aqui. Compartilhar um fardo deixa as coisas mais fáceis. Eu não vou te julgar e prometo tentar entender o seu lado, independente do que tenha acontecido. Nós somos amigos, certo? Então confie em mim e quando estiver preparado para falar, eu prometo te ouvir. – Afirma a garota, dando um sorriso gentil e de alguma forma, eu sentia que ela estava sendo sincera.

— Obrigado. – Agradeço, sorrindo levemente. Infelizmente, eu ainda preferia não arriscar que Jenny se afaste de nós. Não enquanto eu não puder garantir que Daniel poderá se casar com quem ele quiser e se ele quiser.

Volto a encarar a fila de carros a minha frente e a chuva intensa que caia. Surpreendentemente, aos poucos, o trânsito começa a andar. Dan balbucia mais algumas coisas, fazendo com que Jenny e eu riamos. Eu me sentia aliviado pelo clima entre nós ter melhorado. A melodia das risadas da loira era agradável e aquecia me coração de uma maneira assustadoramente boa.

— Max... – Jenny me chama, quando estamos próximos da rua de sua cunhada.

— Sim? – Respondo, olhando-a brevemente, antes de voltar minha atenção para a rua, não demorando a estacionar meu carro em frente à casa mais chamativa da rua com seus dois pavimentos em um amarelo vivo. Ao notar a sua hesitação, viro-me para Jenny e vejo-a encarando as próprias mãos com nervosismo. – Jenny?

— É só que... bem... – Jenny então respira fundo e finalmente me encara. – Dan pode continuar fingindo ser meu namorado na escola?

Observo Jenny por alguns instantes, assimilando sua pergunta. Não que fosse algo tão absurdo assim, mas essa atitude não combinava em nada com a loira. Repreendo-me mais uma vez. Não é como se eu a conhecesse tão bem e ela já havia me dado provas o suficiente para eu saber que Jenny está longe de ser uma pessoa fácil de ler. A suas atitudes imprevisíveis continuavam a me instigar e a despertar a minha curiosidade.

— Você quer me dizer o motivo disso?

Ainda que eu soubesse que não conheço Jenny tão bem assim, mas algo dentro de mim não consegue acreditar que Jenny mentiria sobre estar namorando com Dan para seus amigos. Não depois dela insistir tanto que é péssima em mentiras. E minhas suspeitas se confirmam ainda mais ao ver a hesitação da loira dar lugar a vergonha e a incerteza. Suas bochechas assumem a coloração rosada e, de repente, ela se tornou ainda mais bonita. Balanço a cabeça, negando. Eu só poderia estar ficando louco.

— Eu... eu preciso mesmo dizer? É tão estranho assim que eu queria que Dan continue fingindo ser meu namorado?

— Não precisa. Mas confesso que não esperava esse pedido vindo de você. Seria interessante saber o motivo desse pedido tão incomum. Principalmente vindo de alguém que disse que é péssima com mentiras e odeia mentir. – Digo e ela se encolhe ainda mais no banco.

— Eu gosto de um garoto. – Confessa Jenny em um tom quase inaudível. Por algum motivo, aquela afirmação faz meu estômago se revirar e um gosto amargo vir a minha boca. – E vamos dizer que uma pessoa descobriu e isso complicou tudo. Em resumo, eu estou no meio de um triângulo amoroso nada agradável.

— Deixa eu adivinhar. O garoto que você gosta é um príncipe encantado metido a besta que tem a atenção de todas as garotas da escola. Típico de uma princesinha sonhadora que se ilude achando que a vida é um conto de fadas e que irá viver o seu felizes para sempre com o cara mais popular da escola. Não sei porquê eu estou surpreso. – Ironizo e seu rosto se torna ainda mais vermelho, mas não era de vergonha e sim de raiva. Não preciso de muito tempo para saber que estava certo e isso me deixa estranhamente ainda mais irritado.

— Você é um idiota! – Exclama Jenny, saindo do carro, fazendo questão de bater com força a porta do veículo.

— Max? - Resmunga Dan, acordando. – Nós já chegamos?

— Volta a dormir, Dan. Eu já volto. – Digo, desligando o carro e abrindo a porta para ir atrás da garota.

Ainda chovia forte pela cidade. Jenny atravessa o portão e segue pelo bonito jardim em direção a porta da casa da cunhada. Ela tremia intensamente e eu não sabia dizer se era de raiva ou de frio pelo temporal que nos atingia. Corro até ela e puxo levemente seu braço, impedindo que ela alcançasse a porta de entrada. Irritada, Jenny puxa o braço bruscamente e se solta de mim.

Por causa dos óculos embaçados pelos intensos pingos de chuva, eu não conseguia ver seus olhos, mas eu tinha quase certeza de que ela chorava. Constatar que eu era o culpado de manchar seu bonito rosto de lágrimas faz com que eu me sinta ainda pior por meu ataque sem sentido. A garota desvia o olhar e se afasta.

— Você é um idiota! – Repete e sua voz sai repleta de mágoa em meio a um soluço. – Um idiota!

— Eu sei. – Respondo, sem saber o que fazer.

— Eu sou ainda mais idiota por estar chorando de raiva por algo ainda mais idiota. – Repreende-se, tirando os óculos para limpar os olhos.

— Olha, está frio aqui fora e está chovendo muito. Vamos voltar para o carro e conversar. – Digo e ela nega, veemente.

— Vai embora, Max. Eu nem sei o porquê que achei que poderíamos ser amigos e que eu poderia pedir sua ajuda. Está claro que nunca nos daremos bem. Eu e você somos tão diferentes que nem mesmo conseguimos ficar no mesmo lugar sem irritar um ao outro ou magoar os nossos sentimentos. E olha que nem nos conhecemos direito. – Fala Jenny, encarando-me irritada.

— Olha, me desculpa. Eu sou um idiota. Eu não sei o porquê de ter falado aquelas idiotices. Às vezes eu sou um completo estúpido, mas prometo tentar melhorar. – A minha sinceridade parece chamar a atenção de Jenny, que respira fundo e me encara, ainda com os olhos transbordando raiva e mágoa. – Eu sou impulsivo e tenho tendência a fazer piadas em momentos inconvenientes. Eu não sou bom em fazer amizades e as únicas pessoas que me suportam e sabem lidar com a minha personalidade é a minha mãe e meu primo. Eu não sei lidar com sentimentos e menos ainda com pessoas. Então me desculpe por ser um babaca.

— Você não é um babaca. – Responde Jenny, suspirando.

— Não? – Questiono, confuso.

— Não. Só é um grande idiota. – Afirma e eu reviro os olhos. Ela dá um leve sorriso e encara a chuva que caia sobre nós. – Acho melhor nós sairmos dessa chuva ou ficaremos doente.

— Então você me desculpa? – Pergunto, cauteloso.

— Para sua sorte, eu tenho um coração mole e não consigo resistir a um garoto que se faz de fortão implorando pelo meu perdão. – Responde Jenny, com um sorriso divertido em seus lábios.

— Eu não me faço de fortão e não estou implorando perdão. Eu apenas pedi desculpas por ter agido como um babaca. – Afirmo e ela me encara como se achasse engraçado a minha tentativa falha de me justificar.

— Se isso ajuda a acariciar seu orgulho de macho alfa. – Ironiza a loira, dando de ombros. – Eu vou te dar mais uma chance, Max, mas não pense que só porque você é bonito que eu vou te perdoar se ficar brincando com meus sentimentos.

— Você me acha bonito? – Questiono, sorrindo. Os olhos de Jenny dobram de tamanho e seu rosto fica ainda mais vermelho do que estava antes.

— Max! Eu estou falando sério! Foca no que realmente importa! – Exclama, visivelmente envergonhada.

— Tudo bem. Eu prometo que não irei mais fazer piada de seus sentimentos. – Garanto, fazendo o gesto dos escoteiros para confirmar minha promessa. Ela revira os olhos diante de minha infantilidade. – E tudo bem me achar bonito, Jenny. Todas acham isso. Você não é a primeira e nem será a última.

— E lá vamos nós para a versão convencida de Max Queen. Eu e minha boca grande. – Resmunga Jenny, seguindo em direção a porta de entrada da casa que possuía apenas uma das luzes do andar superior ligada.

— Ei! Calma aí, estressadinha. – Digo, puxando Jenny para que sentássemos no banco de balanço que havia ao lado da porta de entrada da casa. – Você ainda me deve uma explicação sobre esse seu príncipe encantado e o triângulo amoroso em que você se meteu.

— Eu nem deveria te contar nada depois de tudo. E você ainda continua fazendo pouco caso de mim. – Afirma a garota, cruzando os braços como uma criança quando é contrariada pelos pais.

— Eu não estou fazendo pouco caso de você. Vai me dizer que você não sonha em viver uma história de amor como nos contos de fadas? – Pergunto, sentando-me ao lado dela no banco. Ela me encara pelo canto do olho e solta um grunhindo, irritada.

— Não pode me julgar. Toda garota sonha em viver um amor como em um conto de fadas. Quem não quer um cara que arriscaria sua vida e faria de tudo pela garota que ama? Ser capaz de enfrentar qualquer perigo para garantir a segurança de sua amada e viver o seu tão esperado felizes para sempre. É claro que eu sonho com um amor tão puro e intenso quanto esse. – Conta Jenny, encarando as próprias mãos, enquanto brinca com os dedos, uma mania que já percebi que ela faz quando está envergonhada.

— Certo. E quem é esse cara que você acha que o príncipe encantado que arriscaria sua vida para te salvar se você estivesse em perigo? – Questiono e ela revira os olhos. – Vamos lá! Eu realmente estou curioso.

— Ian. – Sussurra Jenny, dando-se por vencida.

— Quem? – Pergunto, apenas por não acreditar.

— Ian Nikers. Satisfeito? – Responde a loira à contragosto.

— Você gosta do melhor amigo do seu irmão? – Indago, surpreso.

— Para inicio de conversa, ele também é o meu melhor amigo. Ele se tornou meu amigo antes de conhecer o meu irmão, então tecnicamente, ele é mais meu amigo do que de Josh. – Afirma Jenny, nervosa.

— Isso é ainda pior. Você está apaixonada pelo seu melhor amigo? Uau! Que clichê. – Rio, um pouco incomodado. – Mas ele não gosta da Melissa...? Espera! A pessoa que descobriu que você gosta dele é a sua melhor amiga? E me deixa adivinhar: ela gosta dele! E é por isso que você quer que Dan continue fingindo ser seu namorado na escola também. Porque você quer convencer os dois que você gosta do Dan e não do Ian.

—  Até que você é inteligente. – Resmunga Jenny, suspirando mais uma vez. – Sim. Eles se gostam. Ian até mesmo se confessou para Mel, mas foi rejeitado, porque ela não quer magoar meus sentimentos. Eu já disse que ela pode ficar com ele e que eu desistir de gostar do Ian, que eu não me importaria, mas ela me conhece muito bem para saber que eu ainda gosto dele. Enquanto eu não der o primeiro passo e seguir em frente, eles nunca ficarão juntos.

— Acha mesmo que eles irão acreditar que você se apaixonou pelo Dan e que da noite para o dia você esqueceu o Ian? – Pergunto, encarando a garota com seriedade.

— Eu não sei. Mas eu ao menos quero tentar. Eu não aguento mais essa situação e a culpa está me consumindo. Juh disse que só se esquece um amor com um novo amor. Dan é bonito, inteligente, esforçado, responsável e é uma ótima pessoa. É exatamente o tipo de pessoa por quem eu poderia me apaixonar. Meu irmão até aceitou facilmente que eu saísse com ele. Todos os meus amigos sabem que eu fui almoçar com a família de vocês. Talvez não seja tão difícil assim deles aceitarem que eu comecei a gostar do Dan. Podemos dizer que foi amor a primeira tombada. – Ela brinca e tenta sorri, mas vejo que a situação ainda não a agrada.

— Bom, não podemos negar que a maneira como vocês se conheceram foi bem clichê. – Digo, escondendo o fato de que eu havia empurrado meu primo para cima dela de propósito.

— Acha que Dan me ajudaria nisso? – Pergunta, receosa.

— Tenho certeza que sim. Ainda mais que você está o ajudando. – Respondo com sinceridade. Jenny sorri e antes que me dissesse algo, espirra. – É melhor você entrar e se agasalhar. Não quero que fique doente.

Eu me levanto e estendo minha mão para ajuda-la a se levantar. Sorrindo agradecida, ela pega em minha mão e como mais cedo, sinto um como se ondas elétricas se espalhassem pelo meu corpo. Sua mão pequena e delicada se encaixa perfeitamente dentro da minha. Engulo em seco e desvia o olhar, enquanto a puxo para se levantar. Eu realmente devo estar perdendo o juízo. Por que um gesto tão simples quanto pegar na mão dela mexe tanto comigo? Isso não faz o menor sentido.

— Obrigada, Max. – Agradece Jenny, levantando. – Nos vemos na segunda.

— Certo. – Respondo, ainda atordoado pelas reações de meu corpo. Encaro a loira vendo-a se dirigir a entrada da casa da cunhada. – Até segunda.

Jenny acena rapidamente e entra na residência. Permaneço parado, observando a porta de entrada com a mente em branco e somente quando o som forte de um trovão ecoa pela cidade é que me lembro que meu primo permanecia dentro do carro sem entender o que estava acontecendo. Suspiro fundo e massageio minha nuca. Por algum motivo, todas as vezes que estou perto de Jenny Moon é como se eu estivesse em uma montanha russa. Eu acabo por experimentar diversos sentimentos complexos demais para que eu conseguisse entender. Decido deixar meus pensamentos e sentimentos estranhos de lado e corro na chuva até alcançar o carro.

— Finalmente! O que aconteceu? – Questiona Dan, assim que entro. Ele me encara preocupado e repleto de expectativa.

— Eu fui um idiota com a Jenny e tive que ir me desculpar. – Resumo, dando partida no carro.

— O que você aprontou, Max? Vai me dizer que deu em cima dela? – Dan me lança um olhar repreendedor.

— Não! Você sabe que temos um trato. – Nego, suspirando. – Mas não importa. Nós fizemos as pazes e somos amigos de novo. E vocês serão namorados na segunda.

— O quê? Por quê? Nossa avó aprontou alguma coisa de novo? – Pergunta Dan em desespero.

— Não. Por enquanto, a megera acredita mesmo que vocês estão namorando. Mas Jenny gosta de Ian, que gosta da Melissa, que gosta dele. Eles não namoram porque Melissa está preocupada com a melhor amiga, então Jenny pediu que você fingisse ser o namorado dela na escola também. – Resumo para Dan o que Jenny havia me contado. O garoto me olha surpreso.

— Como assim a Jenny gosta do Ian? Melissa e Ian? – Balbucia Dan. – Isso realmente é surpreendente.

— Nem tanto assim. – Respondo, dando de ombros. – Ian e Josh são como os príncipes da escola. Jenny é a típica garota sonhadora. Ela não vai se apaixonar pelo irmão, então já era de se esperar que ela gostasse do Ian. E ele nem faz questão de esconder que gosta da Melissa, que é muito parecida com a Jenny.

— Você não parece satisfeito com isso. – Comenta Dan, encarando-me com um sorriso presunçoso no rosto.

— Eu não tenho nada a ver com isso. – Afirmo, dando de ombros.

— E isso não te impede de estar incomodado com essa situação. – Provoca meu primo, ajeitando os óculos. – Vamos lá, Max. Você sabe que não consegue esconder nada de mim. Fala logo que você está interessado na Jenny desde que conheceu ela. Eu te conheço e não é de hoje, primo.

— Andou bebendo ou se drogando, Dan? Enlouqueceu de vez? Eu? Interessado na princesinha? É claro que não.

— Então por que você parece decepcionado?

Paro em um sinal vermelho e suspiro, incomodado. Nem mesmo eu sabia dizer o que estava acontecendo comigo. Encaro meu primo que possuía um sorriso presunçoso no rosto. Ele estava adorando me perturbar. Reviro os olhos e volto a encarar o semáforo a nossa frente.

— Eu apenas esperava que ela fosse mais original, mas no fim, ela realmente é uma garota bonita, nerd e inocente que sonha em viver em um conto de fadas. E nós dois sabemos que na vida real, isso está longe de acontecer. Na vida real, as pessoas são más e o poder é quem manda. O mundo é uma droga e o mal fala mais alto. Na vida real, pessoas inocentes são condenadas por crimes que não cometeram e outras morrem por motivo algum. – Digo, amargamente.

— Max... – Sussurra Dan, provavelmente entendendo ao que eu me referia. – Por que não me conta o que aconteceu? Você sabe que eu não vou te julgar. Eu posso te ajudar, primo. Confie em mim.

— Esqueça isso, Dan. Eu não quero você envolvido nessa merda. – Respondo, observando o sinal abrir. – E é tarde demais. Seja pela justiça ou seja pela megera da nossa vó, eu serei eternamente um prisioneiro.

E pelo meu tom de voz, meu primo havia entendido. A conversa estava encerrada. Dan suspira e passa a encarar a paisagem pela janela do carro. E assim ficamos até chegarmos em casa. Meu primo vai para o quarto, provavelmente ler alguma coisa ou assistir algum filme. Ele sabia bem quando eu queria ficar sozinho e eu grato por isso.

— Max. – Chama Gina, assim que começo a subir as escadas para ir para o meu quarto. Paro de andar e encaro a mulher que cuida de minha família desde muito antes de meu nascimento. – Seu pai pediu para avisar que quando você chegasse fosse direto ao escritório dele.

— Sabe o que ele quer comigo, Gina? – Pergunto, cansado. Tudo o que eu queria no momento era trocar de roupa e ir malhar. Fazer exercícios físicos impediria a minha mente de relembrar memórias que eu gostaria de apagar de minha mente.

— Infelizmente, não. – Responde, sorrindo gentilmente. – Mas creio que seja algo sério. Ele estava bastante inquieto.

— Certo. Obrigado, Gina. – Agradeço, sabendo que nossa conversa não seria nada agradável. A governanta da casa conhecia meu pai e minha tia desde que eram crianças. Então se ela suspeitava que a conversa seria sobre algum assunto sério, eu não tenho dúvidas de que ela está certa.

A mulher sorri mais uma vez e deixa o hall de entrada, provavelmente indo para a cozinha para preparar o jantar. Sem alternativas, sigo para o escritório do meu pai. E assim que estou próximo, já consigo ouvir sua voz nada feliz. Ele provavelmente conversava com alguém pelo telefone sobre algo que não lhe agradava.

— Dig, nós estamos nessa investigação há meses. Não é possível que não exista nenhuma pista. Tem que ter alguma coisa! – Insiste meu pai, conversando com John Diggle, seu melhor amigo e um investigador de Star City. – Minha mãe está nos deixando louco. Eu não sei quanto tempo mais iremos aguentar essa situação... Eu sei que está fazendo o seu melhor, mas tem que ter alguma coisa que estamos deixando passar... Eu sei que tenho que ter paciência, mas é sobre o bem-estar da minha família que estamos falando. Felicity, Max e Dan não merecem viver sobre os constantes venenos de minha mãe. E enquanto esse crime não for solucionado, nós estaremos nas mãos dela... Certo. Tudo bem. Eu ficarei no aguardo para qualquer notícia. Tudo bem... Obrigado, Dig.

A ligação é encerrada e meu pai parece notar a minha presença. Hesitante, aproximo-me de sua mesa e me sento de frente para ele, assim como havia indicado. O homem toma um gole de whisky e suspira, cansado. Ele massageia a nuca e desabotoa um botão de sua camisa. Meu pai então joga o corpo para trás, fazendo sua confortável cadeira se inclinar um pouco. Ele coloca o copo de whisky sobre a mesa e rodeia a boca do copo com o dedo, pensativo.

— Parece que não temos boas notícias. – Comento e ele balança a cabeça, concordando. – Gina avisou que você queria conversar comigo.

— Uma nova audiência foi marcada. Teremos que ir ao tribunal em dois meses. Se não conseguirmos provas que possam ao menos provar que havia mais uma pessoa no quarto além de vocês dois, a juíza poderá encerrar a investigação e você pode ser condenado. – Conta meu pai e sinto meu corpo gelar. – Parece que as medidas usadas pela sua avó não foram o suficiente para adiar por mais tempo a investigação.

— Minha mãe sabe disso? – Pergunto, sentindo minha garganta fechar.

— Ainda não. Eu preferi contar para você primeiro. Sabe como sua mãe fica obcecada para descobrir sobre aquele dia todas as vezes que a atualizamos sobre esse assunto. Ainda mais depois da cena que sua avó fez no almoço de hoje. – Relembra o homem, dando mais um gole de sua bebida em seguida. – Filho, você realmente não se lembra de nada além do que nos contou? Pode ser qualquer coisa, por mais boba que pareça ser.

— Desculpa, pai. Por mais que eu tente, eu não consigo lembrar de nada. – Respondo, frustrado. – Eu juro que estou tentando. Já pensei em diversas formas de resolver essa situação, mas eu não estou conseguindo.

— Tudo bem, filho. – Responde meu pai, suspirando cansado, voltando a encarar o teto do escritório.

Permanecemos em um silêncio desconfortável. Meu pai sempre foi um homem um pouco fechado, ainda que fosse carinhoso. Minha mãe diz que ele tem o péssimo hábito de esconder um baú de emoções dentro de si. E tudo piorou ainda mais depois de tudo o que aconteceu no ano passado. Era como se meu pai se culpasse pelo que aconteceu conosco. E constatar isso só me deixava ainda pior.

— Desculpa, pai.

— Está tudo bem, Max. Eu sei que você está tentando. – Afirma o homem tão parecido comigo, tentando me tranquilizar.

— Não é isso. Quer dizer, é sobre isso também. Mas me desculpe por ter estragado a vida de nossa família. Eu... eu... – Respiro fundo, tentando controlar a imensa vontade de chorar. Eu odiava ser tão inútil. Odiava ter colocado minha família nessa situação e não ter controle para mudá-la.

— Você não estragou nossa família, filho. – Afirma meu pai com uma certeza que jamais tinha visto antes. – Você não matou seu amigo, Max. Eu sei que não, filho. Eu te conheço e sei que jamais seria capaz de assassinar Nathan Piers, então não se desculpe por algo que você não fez.

— Mas pai, por minha culpa, nós estamos sendo obrigados a viver com a megera da minha avó. Se eu tivesse ouvido o Dan e não tivesse...

— Não mudaria nada, Max. Alguém queria te incriminar. Fosse naquela noite ou em qualquer outra festa, você acabaria sendo o culpado de algum crime que cometeu. – Meu pai suspira e dar um sorriso pequeno, assim que bufo, frustrado. – Você se parece tanto com a sua mãe que às vezes eu fico assustado com essa semelhança.

— Do que está falando? – Pergunto, curioso.

—  Essa mania de assumir as responsabilidades por coisas que vocês não possuem controle. – Comenta, encarando-me com os olhos brilhando intensamente. Era sempre assim quando ele começava a falar sobre a minha mãe. O amor e o orgulho que ele sente pela esposa sempre me fez admirar o relacionamento de meus pais. – Essa não é a primeira vez que passamos por uma situação que parece não ter saída, filho. No entanto, sua mãe nunca desistiu. Nunca desistiu de lutar pela justiça, de acreditar em mim, de acreditar que tudo daria certo.

— Quando isso aconteceu? – Questiono, interessado em saber mais uma história sobre meus pais.

— Quando Felicity e eu ainda namorávamos, nós enfrentamos muitos problemas e o principal deles era a minha mãe. Obviamente que ela não ficou nada feliz em ver que o filho não a obedeceria, assim como Thea fez ao se casar para fechar um negócio. Sua avó sabia que não adiantava ameaça a sua mãe para que ela se separasse de mim, porque já havia feito. Então ela resolveu me chantagear. Se eu não terminasse com a sua mãe, ela faria com que o tratamento de câncer de Donna fosse cortado. Eu não podia arriscar a vida de sua avó materna, então terminei com ela. Felicity não aceitou a minha desculpa esfarrapada de que havia deixado de amar ela, então passou a investigar. Ela me conhecia bem para saber que eu havia mentido. Surpreendentemente, não demorou muito para descobrir as armações da minha mãe, mas ainda continuamos sem saída. Ela também não podia arriscar a saúde de Donna. – Conta meu pai, pensativo. – Aquele tempo foi um inferno. Eu sempre adorei a Donna e sua personalidade brilhante. E sabe o que é mais surpreendente? Sua mãe se culpou por essa situação.

— O quê? Mas a culpa não era dela. – Digo, surpreso.

— É, mas na visão dela, a culpa de ter colocado a saúde da mãe era dela, por não poder dar uma vida melhor para ela. Nem mesmo a mim, Felicity culpou. Mas apesar disso tudo, sua mãe continuou acreditando que tudo daria certo. Ela acreditou em mim quando eu disse que daria um jeito de parar a minha mãe. E mais do que isso, ela confiou que juntos nós dois conseguiríamos. Por sorte, Donna conseguiu fazer a cirurgia para retirar o tumor que tinha na cabeça e se curou completamente. Minha mãe não podia mais nos chantagear. E como resposta as suas armações, sua mãe e eu nos casamos...

— Em Las Vegas, sem ela poder impedir vocês. – Completo, rindo. Eu adorava as loucuras da minha mãe. Logicamente que se casar em Las Vegas logo depois das ameaças de Moira Queen foi ideia de minha mãe, que conseguiu convencer meu pai facilmente. E para o desespero da minha avó, meus pais ainda fizeram questão de anunciar o casamento deles para a mídia, ficando impossível para a minha avó armar alguma coisa para desfazer a união dos dois.

— Sim. – Concorda meu pai, rindo. – O que quero dizer, Max, é que assim como no passado, nós não vamos desistir. Vamos provar a sua inocência e descobrir quem teve coragem de mexer com a nossa família ou eu não me chamo Oliver Queen.

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Notas finais do capítulo

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