60 Minutos de Paixão escrita por Lara


Capítulo 20
A Audiência


Notas iniciais do capítulo

Oii Cupcakes ♥! E aqui estou eu com mais um capítulo novinho para vocês. Antes de tudo, quero dizer que eu não faço ideia de como funciona um julgamento, então usaremos a minha licença poética aqui. Espero que entendam. Eu quero agradecer pelo comentário da Nick 10 no capítulo passado. Espero de verdade que gostem do capítulo. Boa leitura...



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CAPÍTULO XIX - A AUDIÊNCIA

...{♕}...

O dia da audiência finalmente tinha chegado e eu não poderia estar mais nervoso. Sentado no banco do corredor do lado de fora do tribunal, acompanhado de meus pais, Dan e meu padrinho, eu sentia como se fosse enlouquecer e ter uma crise nervosa a qualquer momento.

Mexo na gola da minha camisa social, incomodado com a gravata me apertando, pelo que deveria ser a décima vez e sinto cada poro do meu corpo suar frio. Por muitos meses eu esperei por esse momento e agora que estava prestes a acontecer a audiência, eu temia acabar estragando tudo por causa de alguma palavras dita de maneira errada.

— Max?

Meu primo se aproxima e coloca a mão sobre o meu ombro. Meus pais continuavam a conversar com tio Dig sobre os procedimentos da audiência e o que podíamos esperar da parte do estado que defenderia a vítima, já que a família de Nathan resolveu não aparecer.

Levanto meu olhar e encontro os olhos verdes de Dan brilhando em preocupação. Forço um sorriso e ele suspira, sentando-se ao meu lado. Permanecemos alguns instantes em silêncio, observando o vai e vem das pessoas do tribunal de justiça da cidade. Encaro meu padrinho e tento prestar atenção no que ele dizia aos meus pais.

— O grande júri vai ser compostos de cidadãos comuns, que assentados em júri, passam a ouvir as apresentações acusatórias da promotoria. A função do grande júri é principalmente a de determinar se existe "causa provável" no sentido de estabelecer que o réu realmente cometeu o delito que está sendo acusado. Nesse caso, essa audiência é basicamente para o grande júri decidir se o Max é responsável ou não pela morte de Nathan. – Explica meu padrinho, enquanto meus pais assentem, visivelmente nervosos. – Com o vídeo que conseguimos, podemos provar que Max não estava mentindo sobre a dama que o acompanhou até o quarto e ainda mostrar que ele é inocente. No entanto, precisamos estar preparados para lidar com as acusações da promotoria sobre Max estar envolvido de alguma forma nesse crime, já que ele e Nathan discutiram no mesmo dia que o assassinato aconteceu.

Suspiro, frustrado. Um ponto que havia escapado da minha mente foi da minha briga com Nathan por causa da mente ciumenta do rapaz. Ele acreditava que a namorada dele e eu estávamos tendo um caso. Eu fiquei tão furioso que fui capaz de bater a porta do laboratório com força o suficiente para quebrar o vidro dela e empenar a porta.

— Você está bem? – Pergunta Dan, chamando a minha atenção.

— Sim. Eu só estou um pouco nervoso. Mesmo sabendo que eu não sou o assassino, o fato de saber que alguém armou isso para mim me deixa inquieto. Não sei como reagir e estou com medo de estragar tudo com os jurados. – Respondo, suspirando mais uma vez. Dan passa o braço pelos meus ombros e me puxa para um abraço forte.

— Você vai ser inocentado. Não se preocupe. Eu tenho certeza de que o tio Dig não vai parar até conseguir provar que você também é uma vítima dessa situação. – Afirma meu primo, encostando a cabeça dele na minha.

— Eu sei. Mas isso não me faz...

Interrompo a mim mesmo quando noto uma linda garota loira de olhos castanhos brilhantes se aproximar de nós apressada. Levanto-me de uma vez, chamando a atenção da minha família, e sem me importar com nada, corro até Jenny. Eu sentia um desejo inexplicável de abraçá-la e ouvir de sua boca que tudo ficaria bem.

— Max! – Exclama a garota, abraçando-me com intensidade. – Eu finalmente encontrei vocês. Está um completo caos lá fora com todas os repórteres e paparazzis ansiosos por um furo.

— Eu não acredito que você está aqui. – Sussurro, inspirando seu perfume que servia como uma espécie de droga para me acalmar. Aperto-a ainda mais contra o meu peito e sinto seu coração bater tão descontrolado quanto o meu. - Você realmente veio.

— Eu não perderia isso por nada. - Afirma, apertando o tecido de minha camisa. - Eu não aguentaria de ansiedade na escola, esperando por notícias suas.

— Obrigado por ter vindo. - Agradeço, afastando-me para encarar seus lindos olhos. Ela estava sem seus característicos óculos, mostrando com ainda mais clareza cada detalhe de seu lindo e delicado rosto.

— Fernanda! - Grita Dan, correndo até nós com os olhos levemente arregalados. Eles se abraçam com intensidade, mas sinto o olhar de meu primo sobre mim. - Você não deveria ter vindo. E se alguém da mídia descobre que você e eu supostamente estamos namorando? Será realmente problemático. 

— Não se preocupe. Eu usei uma peruca e óculos de sol para me esconder enquanto eu entrava aqui. - Responde, abrindo a bolsa que ela usava. Jenny levanta levemente a peruca e os óculos que escondia na bolsa. Dan suspira, parecendo ainda inconformado com a situação. - Desculpe a demora. Josh estava particularmente grudento hoje. Mesmo Juju se esforçando para atrair a atenção dele, meu irmão parecia estar mais carente que o normal. Acho que ele está tão preocupado com você que não sabe como disfarçar. 

— Depois de ontem, eu realmente não me surpreenderia com isso. - Concorda Dan e Jenny dá uma fraca risada anasalada.

— Fernanda! Que bom que você veio! - Comenta minha mãe, aproximando-se de nós com um grande sorriso no rosto. Ela nem conseguia disfarçar o quanto ela gosta da garota. - Você está linda. Fica tão diferente sem óculos.

— Obrigada, Felicity. - Agradece Jenny, cumprimentando minha mãe com um abraço caloroso. Elas se afastam e a loira encara meu pai. - Como vai, sr. Queen?

— Ansioso e sentindo meu estômago se revirar, mas acho que tirando isso estou muito bem. - Responde meu pai, usando um tom cômico, ainda que eu soubesse que ele dizia a verdade.

— Vai dar tudo certo. Max finalmente vai ser inocentado e vocês finalmente se verão livres desse pesadelo. - Responde Jenny, sorrindo com compadecimento. Meu pai suspira e sorri, correspondendo ao gesto. A loira então se vira para meu padrinho e o encara com curiosidade. - Acho que nós ainda não nos conhecemos.

— John Diggle. Sou o padrinho do Max e advogado dele. - Meu padrinho se apresenta, estendendo a mão para a garota que corresponde ao aperto imediatamente. - E você deve ser a namorada do Max, certo? Vocês formam um casal muito bonito. Acho que nunca vi esse cabeça dura tão apaixonado.

— O quê? Não! Não! - Nego no mesmo instante, enquanto Jenny tossia engasgada. - Ela é a namorada do Dan, padrinho.

— Isso! Eu... eu namoro com o Max... digo, com o Dan. Eu sou a namorada do Dan. - Jenny se atrapalha, ficando com o rosto extremamente vermelho. Minha mãe abre um sorriso divertido, enquanto meu pai parecia confuso assim como meu padrinho. Dan segura o riso, mas posso ver que ele queria nos matar. - Enfim, eu sou a Fernanda Freitas.

— Eu nem mesmo sabia que o Dan estava namorando. - Comenta tio Dig, pensativo. Seus olhos nos encaravam com desconfiança. No entanto, não demora muito para que ele abra um sorriso animado. O homem negro, careca e de sorriso fácil puxa meu primo para um forte abraço, fazendo com que eu suspirasse aliviado. - Parabéns, Dan! Muitas felicidades aos dois.

— Obrigado, tio Dig. - Agradece Dan, falando com dificuldade por estar sendo esmagado pelos braços fortes de meu padrinho. Ele finalmente o solta e encara meus pais como se eles fossem os piores seres da face da Terra.

— Por que não me contaram do namoro de Dan? - Indaga tio Dig, indignado.

— A gente esqueceu. Tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo... - Comenta minha mãe, lançando um olhar significativo para Jenny e eu. Encolho-me sem saber o motivo de me sentir tão vulnerável diante do olhar que Felicity Smoak Queen me direcionava naquele momento. - Mas Fernanda é uma garota adorável. Ela e meu menino são tão próximos que todo mundo acha primeiro que Fernanda namora o Max e não o Dan.

— Eu realmente achei que eles namorassem. - Comenta meu padrinho, desconfiado. Jenny e eu nos encaramos, mas não temos coragem de dizer nada.

— É que eles são igualmente pegajosos. - Brinca Dan, forçando uma risada, mas não parecia o suficiente para convencer minha família.

— E quando nós vamos entrar para a audiência? - Pergunta minha mãe, mudando de assunto. 

— Em breve. A audiência anterior a de Max já terminou. Agora eles estão conversando com os jurados e passando as orientações para eles. A promotoria ainda não chegou também, para a nossa sorte, já que a nossa testemunha está atrasada. - Comenta tio Dig, pegando seu celular no bolso. - Ah, ela me mandou mensagem.

— Testemunha? - Questiono, surpreso. - Quem vai depor a meu favor?

— Você vai ver. - Responde meu padrinho, sorrindo de maneira misteriosa.

— Será que vão me deixar entrar? - Indaga Jenny com preocupação.

— Não se preocupe, querida. Se questionarem, nós dizemos que você é da família. - Afirma minha mãe, acariciando os cabelos ondulados de Jenny.

— Ei, aquele rapaz não estudava com você e com o Dan, Max? - Questiona meu pai, apontando discretamente para algum ponto atrás de mim. 

Viro-me para saber de quem ele estava falando e me surpreendo ao ver Elliot Goodman se aproximando acompanhado de uma mulher loira que eu não fazia ideia de quem era. Dan arfa e me encara com terror. Aperto em sua mão, tentando dar algum tipo de apoio a meu primo. Respiro fundo para me manter calmo também. Jenny nos encara confusa, mas parece entender que aquele rapaz se tratava de alguém que mexia e muito com o coração de meu primo, pois logo está apertando sua outra mão.

Elliot e Dan tiveram um caso rápido na escola, mas por causa do medo de meu primo de assumir a sua orientação sexual, eles acabaram terminando. Não havia sido um término fácil. Seus olhos se encontram e eu posso ver o quanto eles ainda compartilham de fortes sentimentos um pelo outro. Sinto o olhar de Jenny sobre mim e toda a curiosidade que ela sentia. Balanço a cabeça, esperando que ela entendesse que conversaríamos depois sobre esse assunto.

— Elliot. - Dan é o primeiro a falar, assim que o rapaz nos alcança. Ele solta a minha mão e a de Jenny, e se aproxima de Elliot com uma postura rígida. - Você é a testemunha contra o Max?

— Dan... - Elliot suspira e nega. - Eu não queria...

— Você não precisa se explicar sr. Goodman. - A mulher loira interrompe o rapaz, parecendo entender que havia algo acontecendo entre Dan e Elliot naquela troca de olhares intensa. Ela encara tio Dig com desprezo e vira o rosto. - Tudo será esclarecido em tribunal.

— Ah, por favor, Janet. - Bufa meu padrinho, impaciente. - Deixe suas implicâncias e hostilidade para o tribunal. 

— Srta. Vernable para você, sr. Diggle. - Retruca a mulher de cabelos loiros que iam até a altura dos ombros. Nesse momento, as portas da sala onde ocorreria o julgamento são abertas. Ela coloca a mão sobre o ombro de Elliot e nos encara com nojo. - Vamos, sr. Goodman. Está na hora de entrar.

— Eu não tive escolha, Dan. - Informa Elliot, encarando meu primo com os olhos brilhando em culpa. - Eu juro.

Dan não tem a chance de responder, pois logo Elliot é praticamente arrastado pela mulher para entrar na sala. Meu padrinho bufa e posso sentir toda a tristeza que deveria estar mexendo com o meu primo naquele momento. Suspiro e coloco a mão sobre seu ombro em apoio. Eu queria dizer a Dan que ele não deveria culpar Elliot e que deveria ter uma explicação para ele estar depondo, mas era difícil dar esse apoio, enquanto estávamos com meus pais e tio Dig.

— Quem é essa? - Indaga meu pai, lançando um olhar significativo para seu melhor amigo.

— Alguém que tenho enfrentado muito mais vezes no tribunal do que eu gostaria e a nossa promotora, pelo visto. - Responde meu padrinho e pela forma como meu pai o encara, eu sabia que tio Dig não escaparia da conversa demorada que eles teriam ao fim do julgamento.

— De qualquer forma, é melhor nós entrarmos. - Responde minha mãe, alternando seu olhar entre Dan, Jenny e eu. 

— Tem razão. - Concorda meu padrinho. - Daqui a pouco vão começar a chegar o público e vocês vão acabar ficando em um péssimo lugar.

Meus pais assentem e começam a andar junto com o meu padrinho, meu primo, Jenny e eu. Antes entrarmos na sala onde ocorreria meu julgamento, puxo o pulso de Dan e o faço parar de andar. Ele me encara com o pensamento distante, provavelmente relembrando todos os momentos em que passou ao lado de Elliot.

— Não o julgue sem antes ouvir a versão dele da história. Ele gosta de você, então tenho certeza de que deve ter um motivo para ele estar aqui. - Aconselho e Dan dá de ombros, visivelmente magoado. - Elliot e eu sempre nos demos bem. Duvido muito que ele fizesse algo para te prejudicar ou me prejudicar.

— Eu realmente espero que seja verdade. Ele não me deve mais satisfações, mas se ele estiver pensando em atingir você, eu definitivamente irei quebrar o pescoço dele e o farei pagar amargamente. - Retruca Dan, passando a andar em direção a Jenny, meus pais e tio Dig.

— Teimoso. - Resmungo, frustrado. 

Respiro fundo e noto que Jenny estava próxima. Ela me encara com preocupação e eu dou de ombros, enquanto adentrávamos a sala. Surpreendo-me ao ver o seu tamanho. Era tão grande e intimidadora. No tribunal, havia uma mesa grande no meio onde o juiz provavelmente sentaria e duas mesas menores aos seus lados. A sua frente havia outras duas mesas grandes paralelas, onde tio Dig e eu ficaríamos, enquanto a promotora estava sentada na outra.

Elliot estava sentado logo atrás dela, no local onde o público que assistiria a audiência era separado por uma espécie de proteção de madeira com uma porta. Observo os jurados sentados nas laterais da sala em completo silêncio. Sinto-me extremamente nervoso, enquanto observo seus rostos imparciais.

— Max... - Sussurra Jenny, chamando a minha atenção. Viro-me para encará-la e vejo que ela estava tensa.

— O que houve? - Pergunto e ela hesita. Olho em volta para confirmar que ninguém prestava atenção em nós. - Jenny?

— Quando a audiência acabar, preciso contar algo a você. - Responde, dando um sorriso nervoso. - Não se preocupe que não é nada de tão ruim assim, mas acho que é bom para nos deixar em alerta.

— Aconteceu alguma coisa? - Insisto e ela balança a cabeça, como se dissesse que tinha acontecido, mas que ela não sabia como dizer. - Você sabe que...

— Max. - Meu padrinho me interrompe, aproximando-se de mim. Suspiro frustrado e o encaro. - É melhor assumirmos o nosso lugar. Preciso te passar todas as orientações antes da audiência se iniciar.

Desvio o olhar para encarar Jenny e ela sorri, como se dissesse que estava tudo bem. Suspiro mais uma vez, sentindo meu lado impaciente e ansioso me embrulhar o estômago por causa de todo o seu mistério.

— Vai. Nós conversamos depois. - Responde, pegando em minha mão, enquanto sorri com doçura. - Eu vou estar torcendo por você. Se for difícil demais para suportar toda a pressão, basta olhar para trás e verá que você não está sozinho.

— Obrigado. - Sussurro, comovido por suas palavras. 

Ela deixa um beijo demorado em minha bochecha e se afasta para se sentar ao lado de Dan, antes que tivesse a chance de ter qualquer reação. Meu coração dar algumas cambalhotas e uma sensação estranha em meu estômago. Inspiro fundo, repreendendo meu corpo por se agitar tanto por um simples beijo na bochecha.

— Tem certeza de que ela é namorada do Dan? - Indaga meu padrinho, encarando-me com desconfiança. 

— Sim... - Respondo, suspirando. Inspiro e expiro fundo algumas vezes e o encaro, seguindo para os nossos lugares. Eu me entenderia depois com o meu coração, mas naquele momento, eu precisava me concentrar em minha audiência. - Vamos. Nós temos um julgamento para ganhar.

[...]

— De pé. – Pede um policial, assim que o juiz aparece no tribunal. Seguindo as ordens, todos presentes se levantam e encaram o homem negro de cabelos grisalhos e óculos de grau.

— Sentem-se, por favor. – Fala o juiz, sentando-se em sua cadeira. Ele bate seu martelo duas vezes e encara a promotora com seriedade, iniciando a sessão. – Iniciaremos o tribunal de júri para julgar o crime do assassinato de Nathan Piers de 17 anos, durante uma festa ilegal em uma casa abandonada no subúrbio de Star City no dia doze de novembro do ano passado. O réu, Maximus Queen, foi encontrado na cena do crime com a arma usada no homicídio em mãos e foi comprovado pelos exames toxicológicos que estava sob efeito de entorpecentes. Chamo agora a promotora, srta. Vernable, para iniciar o pronunciamento das testemunhas do crime.

A mulher loira de cabelos curtos se levanta e exibia uma expressão que me deixava apreensivo. Ainda que eu soubesse que eu era inocente, temia que a pessoa que tinha armado para mim, tivesse interferido de alguma forma na investigação para me incriminar. Balanço a perna de forma inquieta e sinto logo em seguida a mão de meu padrinho sobre meu joelho. Ele dá um sorriso discreto, como se dissesse para eu manter a calma.

— A promotoria chama Elliot Goodman. – Responde a promotora, aproximando-se do juiz. Nesse instante, Elliot se aproxima do tribunal e para de frente ao policial que segurava uma bíblia.

— Coloque sua mão direita sobre a bíblia e erga a sua mão esquerda. – Orienta o policial. Elliot assente e segue as orientações. – Você jura dizer a verdade, somente a verdade, nada além da verdade, em nome de Deus?

— Eu juro. – Responde Elliot com seriedade.

— Muito bem, sr. Goodman. Sente-se, por favor. – Pede a promotora, enquanto o rapaz se aproxima da bancada de testemunha. – Sr. Goodman, você, o sr. Queen e o sr. Piers estudavam na mesma escola, correto?

— Sim. Foi assim que eu conheci Nathan e Max. Nós éramos da mesma turma de literatura e química. – Explica Elliot, encarando a promotora com seriedade.

— E como era o relacionamento do sr. Queen e o sr. Piers? – Questiona a promotora, começando a andar de um lado para o outro.

— Eles se davam bem na maioria das vezes. Max era sempre muito tranquilo e brincalhão, enquanto Nathan era mais estourado e impaciente. Então as brigas deles eram mais por causa do temperamento explosivo do Nathan, que não aceitava muito bem as brincadeiras e popularidade de Max. – Responde meu antigo colega de escola, começando a ficar nervoso.

— E você se lembra a última vez que eles discutiram, sr. Goodman? – Indaga a mulher, parando de frente para Elliot, que parece desconfortável com a pergunta. Seus olhos recaem sobre mim e eu entendia perfeitamente o que se passava em sua mente.

— Eles... – Elliot se remexe desconfortável na cadeira. – Eles discutiram no dia da morte de Nathan.

— E poderia nos dizer o motivo da discussão, sr. Goodman? – Instiga a promotora, sabendo a resposta.

— A ex-namorada de Nathan estava a fim de Max. Eu não tenho certeza, mas Stacy tinha terminado com Nathan, porque ela estava gostando do Max. Nathan ficou furioso e foi tirar satisfação. As coisas saíram um pouco de controle, mas eles se resolveram antes de irem para a festa. – Responde Elliot, encarando as próprias mãos. – Eu não sei como a briga se iniciou ou como terminou, porque a discussão aconteceu durante o intervalo e eu só vi o que estava acontecendo quando o sinal tocou para o fim do intervalo.

— Mas como o sr. Queen ficou depois da briga? – Questiona a promotora, voltando a andar de um lado para o outro.

— Ele ficou bem... irritado. – Conta Elliot, desconfortável.

— Irritado? Quão irritado o sr. Queen parecia, sr. Goodman? – A mulher não estava satisfeita com a resposta amenizada de Elliot.

— Bem... – Elliot coça a nuca, desviando o olhar para os próprios pés. – Eu não acho que a ponto de matar o Nathan...

— Responda a minha pergunta, sr. Goodman. – Insiste a promotora com seriedade. Elliot se encolhe, amedrontado.

— Protesto, Meritíssimo. A srta. Vernable está intimidando a testemunha. – Meu padrinho se levanta, mostrando-se irritado com a atitude da mulher.

— Protesto deferido. – Responde o juiz, encarando a promotora com repreensão. – Srta. Vernable, peço que mantenha a compostura no tribunal.

— Perdão, Meritíssimo. – Lamenta a mulher, desconsertada.

— Por favor, sr. Goodman, queira responder à pergunta feita pela promotora. – Pede o juiz, encarando Elliot com intensidade.

— Ele estava muito furioso. – Responde Elliot, suspirando. – Max não era muito de se envolver em problemas, mas todos sabiam que quando ele saia do sério, poderia ser um pouco... intenso.

— Intenso a ponto de quebrar uma porta, sr. Goodman? – Questiona a promotora e sinto um frio subir pela minha espinha.

— Sim. – Sussurra o rapaz, encarando-me com preocupação. Eu não podia Elliot por dizer a verdade. Ele não tinha feito nada de errado. Eu que tinha sido um idiota por não conseguir controlar os meus impulsos, cansado das acusações e implicâncias de Nathan.

— Isso é tudo que tenho para perguntar ao sr. Goodman, Meritíssima. – Informa a promotora, voltando a se sentar em sua mesa paralela a que meu padrinho e eu estávamos.

— Muito bem. Pode voltar a se sentar em seu lugar, sr. Goodman. – Orienta o juiz, fazendo com que Elliot assentisse e se levantasse para retornar a parte onde estavam o público que assistia ao julgamento. – Solicito agora a defesa do réu para prestar seu depoimento. Sr. Diggle.

— Obrigado, Meritíssimo. – Meu padrinho agradece se levantando, depois de dar duas batidinhas em meu joelho. Ele arruma seu terno e se vira para o público. – A defesa traz a srta. O'Donnell.

Surpreendo-me com o chamado de meu padrinho. Viro-me para trás e vejo Stacy se levantar e se aproximar do tribunal. A garota de cabelos lisos loiros e franjinha, olhos castanhos, estatura mediana e lábios carnudos passa por mim, encarando-me com intensidade. Observo-a realizar o mesmo procedimento de Elliot e se sentar para enfrentar o interrogatório de meu padrinho.

— Srta. O'Donnell, você tinha terminado recentemente o seu namoro com Nathan Piers quando o crime ocorreu, correto? – Inicia meu padrinho, aproximando-se da garota.

— Correto. – Concorda Stacy, visivelmente nervosa. – Nós terminamos no dia anterior a morte de Nathan.

— E por quanto tempo vocês estiveram juntos? – Questiona meu padrinho, encarando Stacy com intensidade.

— Nós namoramos por seis meses, mas já ficávamos desde o ano anterior. – Explica a garota, encarando-me, antes de desviar o olhar. – Nós nos conhecemos através de Max.

— Então você conhecia o sr. Queen antes de ter conhecido o sr. Piers? – Pergunta meu padrinho, como se quisesse confirmar a informação para usar posteriormente.

— Sim. Max e eu já nos conhecíamos há alguns anos. Frequentávamos as mesmas festas e ficamos algumas vezes. Em uma dessas festas, Max nos apresentou e passamos a nos conhecer. Demorou algum tempo até que a gente começasse a namorar. – Responde Stacy, parecendo um pouco mais calma. Ajeito-me em minha cadeira.

— Certo. E como era o relacionamento entre sr. Queen e o sr. Piers? – Pergunta meu padrinho, passando a andar pelo local. – Por acaso o sr. Queen se mostrava alguém violento, agressivo?

— Nunca. Max é uma das pessoas mais divertidas e fáceis de lidar que eu conheço. Ele era o tipo de garoto que se dava bem com todo mundo, então era difícil não gostar dele. Por outro lado, Nathan era muito mais estourado. Estava sempre envolvido em confusão. Todas as vezes em que saíamos, era preciso que Max ou eu segurasse o Nathan para ele não sair brigando com todo mundo por causa de besteira. Isso foi um dos motivos que me levou a terminar com ele. – Explica Stacy, suspirando em seguida.

— Então o motivo do término não foi o sr. Queen? – Indaga tio Dig, encarando o júri.

— Bom, eu gostava do Max, mas todo mundo sabia que ele nunca se prende a ninguém. Então se você está me perguntando se eu terminei com o Nathan porque tinha esperança de ficar com o Max, a resposta é não. Mas meus sentimentos por ele também tiveram influência em minha decisão. – Responde a loira e eu acabo me encolhendo diante dos sussurros do público que acompanhava o julgamento.

— Silêncio! – Exige o juiz com a voz intimidante. Todos se calam no mesmo instante. – Continue, sr. Diggle.

— Srta. O'Donnell, o sr. Piers sabia dos seus sentimentos pelo sr. Queen? – Questiona meu padrinho, passando por mim antes de voltar para Stacy. Ele parecia calmo e confiante.

— Eu acho que ele suspeitava. Mas desde que começamos a namorar, Max e eu nunca tivemos nada. Na verdade, ele se afastou de mim ao ponto de só conversar comigo na presença de Nathan. – Conta Stacy, arrumando sua postura. Seus olhos – Mas Max é bonito, inteligente e divertido. É difícil não se apaixonar por ele. Qualquer garota é capaz de notar que ele é um perigo para os nossos corações. Nathan deve ter percebido que o nosso relacionamento não estava indo tão bem e que eu via Max de maneira diferente. Então, enquanto a gente brigava pela última vez por causa do comportamento babaca dela, eu terminei com o Nathan.

— Nathan seria capaz de realizar alguma vingança contra Max? – Pergunta o homem, encarando Stacy com seriedade.

— Eu não tenho dúvidas. Nathan era vingativo. Ele vivia brigando e armando para as pessoas. – Conta Stacy com sinceridade. – Nathan tinha problemas com o pai e sempre acabava descontando na bebida e se metendo em brigas para esquecer dos problemas que ele enfrentava em casa.

— E você acha que o sr. Queen seria capaz de fazer algo contra o sr. Piers? – Questiona tio Dig, andando em frente aos jurados.

— Não. Max não é assim. – Responde a loira, dando de ombros. – Ele tem um bom coração e é justo. Max é aquele tipo de pessoa que coloca toda a culpa da situação em si e tenta ao máximo proteger as pessoas que ele ama, ainda que tente fazer o papel de desinteressado cafajeste. Quem conhece Max, sabe que ele jamais mataria alguém.

— Isso é tudo, Meritíssimo. – Avisa tio Dig, voltando a se sentar ao meu lado.

Stacy é liberada pelo juiz para que retornasse ao seu lugar. Ela então faz como Elliot e passa a andar em direção ao público. Ao passar por nós, sussurro um agradecimento, que é negado com um discreto balançar de cabeça. Suspiro e volto a prestar atenção na audiência.

Agora que as principais testemunhas tinham sido ouvidas, eu seria o próximo a ser interrogado e eu não poderia estar mais nervoso. Eu sentia que meu coração poderia sair pela minha boca a qualquer momento. Olho para trás a procura daquela que sempre parecia ser meu ponto de equilíbrio. Jenny me encara com confiança e assente. A força presente em seus olhos é o bastante para me fazer esquecer que meu destino estava prestes a ser decidido.

— E agora, nós ouviremos o réu Maximus Queen. – Anuncia o juiz, chamando a minha atenção. Vejo Jenny sussurra um "você consegue" e "boa sorte". Sorrio, sentindo-me muito mais confiante. Respiro fundo para controlar as batidas de meu coração e me viro para frente. Sinto o aperto em minha mão de meu padrinho, que sorri caloroso, transmitindo toda a sua segurança. – Sr. Queen, aproxime-se, por favor.

Levanto-me e olho para minha família mais uma vez. Meus pais, Dan e Jenny me encaravam com intensidade e sorriam confiantes. Ter o apoio naquele momento era tudo o que eu precisava. Aproximo-me do guarda que me esperava com a bíblia em mãos e digo a mim mesmo que hoje eu finalmente provaria a minha inocência. 

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Notas finais do capítulo

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