Quand vient l'été... escrita por Liralov


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Eu recomendo que vejam o filme antes de ler, assim vocês poderão se familiarizar com os personagens. "Les Chansons d'Amour"(Canções de Amor) é um filme francês em estilo musical muito bom, aliás, filmes franceses são excelentes. Não é mesmo?

Espero que gostem.

Obs.: Diálogos entre aspas e em itálico.



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"Ismaël, é Jeanne. Estaremos almoçando esse domingo e...

 

Ismaël joga o celular. Após duas semanas saindo do escritório às 3 da manhã, ele não está de bom humor. Ele tira a cueca, fica ao lado da cama de frente para a janela e vai dormir de costas para Erwann, que dorme tranquilamente.

 

A luz do sol que passa por uma abertura nas cortinas, o acorda primeiro. A dor de derrubar uma pilha de livros ao se esticar, faz Ismaël abrir os olhos. Odiava o verão.

 

"Não tem aula, Aluno?", ele geme.

 

Erwann faz um barulho, enquanto rola na cama. "Hoje não", ele insulta, de alguma forma  tentando parecer convencido, porque, enquanto o trabalho consumia Ismaël, ele acabara de terminar seus exames. Então, Erwann acrescenta: "Isso não aconteceria na sua casa."

 

Por isso, Ismaël não estava esperando. Ele fecha os olhos com força, querendo que o momento passe. Um silêncio constrangedor assola o quarto, por causa de uma pergunta que ele não pode responder. Porque não é como se ele ainda estivesse apaixonado por Julie. Só que não parece certo, deixar Erwann em seu apartamento. Não quando Jeanne está lá a metade do tempo e  quando aquele costumava ser o lugar de Julie. O espaço dela.

 

Ismaël se segura, mas a resposta nunca chega. Em vez disso, ele sente Erwann se aproximando. Logo, ele está colado a si. Erwann afasta uns fios de cabelo de sua testa. "Me beije", pede o rapaz loiro, seus lábios roçando no pescoço do moreno.

 

Ismaël leva um tempo, até finalmente se virar nos braços de Erwann para dar a ele o beijo mais fraco e desanimador desde o início dos tempos. O que é uma droga, e o loiro não hesita em dizer isso. Ismaël balança a cabeça, mas ele já está sorrindo.

 

"Sempre pedindo mais", diz ele, beijando Erwann corretamente.

 

Jeanne o liga novamente. Umas cinco vezes até que Ismaël finalmente atende.

 

"Você é como ela. Nunca atende”, diz ela em tom de saudação.

 

O moreno revira os olhos. “Ouça, Jeanne, não tenho certeza se posso ir. Eu tenho muito trabalho e..."

 

"Você fez seu aniversário, seu miserável."

 

Ismaël permanece em silêncio por um segundo a mais. Quando ele finalmente fala, sua voz soa rouca. "Eu não."

 

Então, Jeanne percebe que  cruzou a linha porque, em seguida,  está dizendo em um tom gentil: "Não, não, você não fez. Então, me desculpe. Eu não quis dizer..."

 

"Eu...eu nunca gostei muito do verão", diz o rapaz, porque ele sabe que Jeanne parece estar se esforçando para não chorar.

 

Há uma risada no final da linha de Jeanne. "Eu não tenho certeza se gosto mais do verão", diz ela. “Mas nós queremos você lá no domingo. Por favor."

 

Ismaël suspira. "Claro."

 

***

 

Parece errado dormir com Erwann antes do almoço com os Pommerayes, então o moreno volta para seu apartamento na sexta-feira. O creme, que ele pretendia jogar fora da última vez que ele estava lá, estava ruim o suficiente para fazer tudo na sua geladeira cheirar mal. Ele acaba jogando tudo fora no sábado de manhã.

 

Sábado à noite, Ismaël está no meio do seu apartamento à olhar em volta. Suas gavetas estão deprimente vazias, e não apenas porque Jeanne era implacável com as coisas de Julie. Depois da morte de Julie, ela começou a ir em um grupo de apoio que a convencera de que esvaziar o apartamento era uma parte importante de lidar com o luto. Ela continuou falando sobre isso por tanto tempo que Ismaël se cansou de explicar que ela estava esvaziando a metade dele do apartamento.

 

Ele suspira. Metade de suas coisas não estão no apartamento. Ele não pretendia sair de seu apartamento e entrar no minúsculo quarto de Erwann. Apenas aconteceu. Entre tentar escapar de Jeanne e todas aquelas madrugadas, começou a fazer sentido estar com o loiro. O inverno tornou-se primavera e a primavera tornou-se verão e agora Ismaël não pode mais esconder que esteve usando as mesmas roupas por três dias seguidos. As roupas que Erwann lhe emprestava sempre ficavam pequenas nele. 

 

É o meio do verão agora e, como já está no apartamento, aproveita para pegar o que pode levar para ficar mais uma semana no cafofo de Erwann. Ele olha para suas gavetas, tentando decidir quantas camisetas ele deve levar.

 

No domingo, ele não está com disposição para o café da manhã. Toma um banho rápido e deixa a bolsa perto da porta para pegá-la quando voltar do almoço.

 

***

 

Está muito quente lá fora e quatro grupos diferentes de turistas o detêm. Então o moreno olha desanimado para quem pergunta o caminho para a Tour Eiffel. Ele realmente despreza o verão.

 

O almoço é tranquilo. Não que fosse animado, não desde que Julie morreu, mas hoje está ainda mais tranquilo. Ismaël não faz piadas, nem o pai de Julie  tenta discutir os méritos de Flaubert. Está tão quieto que Ismaël não sabe o que fazer consigo quando a comida termina e as mulheres pegam os pratos. Não há bolo, porque Julie não está mais lá para apagar as velas. Mas ele os segue até a cozinha, porque era isso que ele costumava fazer quando namorava Julie.

 

Ele lava os pratos com eles, decide ficar até  que todos terminem. Fecha a porta e acende um cigarro. A última vez que ele esteve nessa cozinha, ela ainda estava viva. Ismaël se lembra dela de pé sobre a grande janela da cozinha. Lembra de Julie olhando para a mesma rua. Estava chovendo na última vez que ela fez isso. E agora a luz do sol está brilhando através do vidro e as pessoas na rua não estão usando preto.

 

Ele fica lá  tempo suficiente até alguém ir até ele.  Está esperando que Jeanne venha buscá-lo, ou o pai de Julie, mas é Jasmine quem empurra a porta e pede um cigarro. Eles estão quietos enquanto fumam.

 

Jasmine quebra o silêncio primeiro. "Todos nós sabemos, Ismael".

 

Há um milhão de coisas que eles poderiam saber, mas a mente de Ismael o leva á Erwann. Seu estômago revira. "Todos vocês sabem?"

 

Jasmine dá a ele um olhar que aprendeu com Julie e, por um momento, Julie parece estar bem na frente dele. E ela está dizendo, você realmente acha que eu sou tão estúpida?

 

"Que você está vendo outra pessoa", Jasmine esclarece.

 

"Como..."

 

"E estamos felizes por você", ela continua. “Você parece… mais feliz. Talvez até mais feliz do que você estava com Julie.

 

"Jasmim..."

 

Ela coloca a mão no braço dele e aperta com força. "Está tudo bem. Nós te amamos."

 

Sua garganta fica apertada. "Sim?"

 

"Sim. É por isso que você deve trazê-la. Meus pais gostariam que você viesse aqui com mais frequência."

 

"Eu..." Ismaël começa, mas não sabe como continuar.

 

"Não tem que ser amanhã, Ismael", diz Jasmine, salvando-o de si mesmo. "Mas...você é da família, para nós."

 

Ele solta um suspiro que até então, não sabia  estar segurando. Então diz: "Para mim também". E por sentir-se pronto para ser honesto com Jasmine,  ele acrescenta, "E é ele."

 

Com isso, Jasmine abre um sorriso. "Bem, estamos ansiosos para conhecê-lo."

 

Eles acendem mais dois cigarros em silêncio.

 

O que Jasmine disse não sai de sua cabeça o resto do dia. Ele ainda está absorto em pensamentos quando  volta para casa e cai de cara na cama. Havia sido um bom dia, no fim das contas.

 

O moreno acorda tarde na manhã seguinte, ainda pensando nisso. Ele pega sua mochila e olha para o seu apartamento meio vazio e meio vívido.

 

Um segundo depois ele está correndo lá embaixo e virando a esquina, onde há uma loja de ferragens. E mesmo que seja uma segunda-feira e que já devesse estar no trabalho, Ismaël percorre o caminho até o apartamento de Erwann. Da rua ele pode ver que as cortinas ainda estão fechadas, o que significa que o loiro está em casa, dormindo. Enquanto sacode a cabeça e pensa: Estudantes...

 

Sobe as escadas depressa, abre a porta e entra no quarto de Erwann. O moreno está fazendo barulho suficiente para o outro acordar. Ele pisca sonolento para Ismael.

 

"Que hora é essa?", pergunta Erwann.

 

"Dez da manhã."

 

"Você não deveria estar no trabalho?"

 

Ismaël acena com a cabeça, caminhando para a cama. Senta na beirada e tira o novo conjunto de chaves do bolso.

 

"Eu fiz uma cópia para você", diz Ismael, oferecendo as chaves.

 

Ele não precisa explicar para que servem. Erwann olha para ele, com a boca aberta e com o cabelo bagunçado. O loiro pega as chaves e as coloca em cima de uma pilha de livros.

 

"Eu pensei que talvez pudéssemos ficar lá hoje à noite, se..." Ismaël não consegue terminar, porque sente o choque do corpo do outro ao jogar-se em seus braços.

 

As chaves não eram desculpa para o que vinha á seguir. Eles não poderiam, até porque Ismaël já está atrasado para o trabalho. Mas então, Erwann se senta sobre ele. E, embora este não fosse o plano original, Ismael não consegue resistir.

 

Mais tarde, nada poderá esconder o  chupão em seu pescoço, exceto uma blusa gola alta. Ele sorri  frente ao espelho. Era hora de seguir em frente e ele estava realmente feliz.

 

Fim

 

 


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Notas finais do capítulo

Tradução do título: Quando chega o verão...



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